Esta edição da Janela Publicitária foi publicada originalmente no jornal Tribuna da Imprensa.
O seu conteúdo foi escaneado e transcrito para ficar à disposição de consultas pela internet.
A propaganda está preparada para a democracia?
Imaginem só se, para decidir os seus relacionamentos profissionais e comerciais, os donos dos hospitais, médicos, enfermeiros, fabricantes de produtos farmacêuticos, balconistas de farmácia, aplicadores de injeção, instrumentadoras etc., precisassem se reunir em um "Congresso Brasileiro de Medicina".
É mais do que natural que as dificuldades para realizar um encontro como este seriam imensas.
Da mesma forma como está sendo historicamente difícil conseguir se organizar com regularidade um "Congresso Brasileiro de Propaganda" que reúna para debater temas de relacionamento comercial partes de interesses tão diferenciados e conflitantes como donos de agências nacionais, representantes de agências multinacionais, diretores de veículos, empregados de veículos, publicitários empregados de agências, marketeiros empregados de anunciantes, diretores de cinema, fotógrafos, diretores de escolas de propaganda, jornalistas especializados etc.
O caso, transposto para outras áreas, como Medicina, Engenharia, ou Direito, parece tão obviamente ridículo que só se torna compreensível que ainda haja alguém que defenda esse evento para a Propaganda unicamente por questões de tradição, já que outros três conseguiram se realizar (mas a que duras penas!).
A Propaganda, hoje, está tão especializada e segmentada quanto as outras atividades econômicoprofissionais. A prova está neste excesso de entidades representativas existentes no nosso meio. Não pode haver uma entidade - como foi há anos a ABP - que represente sozinha todos os setores da propaganda. Por isso as agências se reuniram em uma ABAP, os anunciantes na ABA, os jornais na ANJ, os eletrônicos na ABERT e assim por diante. É lógico que, a partir dai, os interesses comerciais das agências devem ser tratados em um Congresso Brasileiro das Agências de Propaganda, ou nos encontros que elas, os anunciantes e outros grupos vêm realizando, por sua própria conta, e separadamente.
Qual seria a função, então, de um Congresso Brasileiro de Propaganda, caso ele fosse possível?
Ai, concordamos plenamente com Jesus Iglesias, presidente do Conselho Nacional das Associações Estaduais de Propaganda. Um CBP deveria tratar única e exclusivamente de temas que pudessem ser de interesse comum a todos os setores igualmente: a defesa da atividade publicitária em si, o seu relacionamento com os outros setores da sociedade, sua influência política, suas repercussões sócio-culturais, o desenvolvimento técnicoprofissional e dai por diante.
Um congresso como esse dispensaria com a maior tranquilidade um apoio da ABAP, ou qualquer outra entidade, principalmente porque provavelmente a própria ABAP e as outras entidades não se preocupassem em analisar se empresarialmente ela seria indesejável.
O relacionamento comercial, a decisão da percentagem das comissões, os vínculos empregatícios e outros assuntos de maior estudo e de decisão mais dedicada seriam resolvidos em encontros entre as lideranças das várias associações, respaldadas pelas decisões de suas respectivas bases.
Já está na hora de a Propaganda Brasileira assumir a Democracia e resolver seus assuntos através de seus diversos representantes associativos eleitos por votação direta e livre. Pensar num Congresso nacional como forma de pressão seria um "colocar-o-povo-nas-ruas" que dificilmente resolveria alguma coisa. Pelo menos nesta atividade.
Para acabar com decisões arbitrárias de lideranças impostas, a única solução é cada segmento se organizar para aumentar a participação e a representatividade de todos os seus integrantes, sejam de pequeno ou médio porte.
Daí ser possível se obter uma regulamentação de profissão sem a necessidade de um Congresso. Bastando que as partes profissionais estejam maciçamente representadas em seus Sindicatos, e as partes patronais também nos seus. E tal regulamentação será nacional quando estas entidades existirem em todas as praças em que atividade publicitária se desenvolva.
Dai também ser possível se dar uma maior atenção aos aspectos regionais da Propaganda Brasileira principalmente no Norte-Nordeste. Basta que esta região tenha todas suas agências legalmente representadas na ABAP.
Não importa o local em que realize o Congresso ou o debate entre os líderes e representantes dos vários setores. O importante é que nele todas as partes estejam representadas igualitariamente. Democraticamente.
É claro, que não é se transferindo a Câmara e o Senado Federal para o Norte-Nordeste e que os problemas daquela região conseguirão merecer maior atenção nacional.
Os baianos várias vezes acusaram de sermos contrários a realização do IV Congresso Brasileiro de Propaganda em Salvador. É um equivoco. Não conseguimos é ver, bem pragmaticamente, fora de São Paulo, algum debate que envolva a presença indispensável durante alguns dias das principais forças da atividade publicitária, como numa definição do relacionamento econômico entre profissionais X agências X anunciantes X fornecedores X veículos.
Principalmente porque ainda não conseguimos ver àquela representatividade total nas entidades da propaganda que estariam participando dos debates. Com o perdão de seus presidentes.
Democratize-se a propaganda. Elejam-se representantes de entidades que decidam fazer algo por seu setor, e não simplesmente se calar e se curvar por temor aos gigantes autoritários, e estarão terminadas quaisquer discussões e desculpas sobre apoio a este ou aquele Congresso. Que poderá igualmente ser no Rio, em Porto Alegre ou Belo Horizonte.
E até mesmo em Salvador.
Brainstorming • Brainstorming • Brainstorming
• O Sindicato de Agências e a ABAP-Rio estão tentando, junto a Junta Comercial, estabelecer a necessidade de um "Certificado de Regularidade" emitido por aquelas entidades para que as agências de propaganda possam registrar seu Contrato Social naquele órgão.
• A Diler & Ellis conquistou a conta da Polipropileno (que estava na Garden), empresa cujo Diretor de Propaganda é o conhecido publicitário Sérgio Malta.
• A Standard Ogilvy & Mather-Rio conseguiu que a Cinema International Corporation, distribuidora que trabalha com a Universal, Paramount, Metro entre outros, e que só trabalhava com estúdio próprio, lhe entregasse a conta de lançamento de seus filmes. A Standard fará desde a escolha dos títulos traduzidos até a veiculação da propaganda do lançamento.
• Na Standard, aliás, comenta-se que Maurice Cohen teria interrompido suas férias para voar à Europa e de lá trazer uma conta de empresa de aviação internacional. Hoje ainda sairá a confirmação (pauta para os colunistas que ainda saem domingo...)
• José Alves Rodrigues Filho deixou Brasília, onde participava do Consórcio que atendeu anteriormente o GDF, transferindo-se para o Rio, onde pretende atuar.
• Murilo Coutinho deixou a Direção Comercial Nacional da revista Negócios & Economia.
• Dorian (Dodi) Taterka saiu da Standard-SP para montar sua produtora. Dodi era praticamente o último diretor de cinema contratado por agência.
• A Nashua, que na África do Sul detém a liderança do mercado de copiadoras, com uma participação de 60%, comprou com exclusividade o patrocínio do Grand Prix da África do Sul, transmitido sábado passado para mais de 30 países. Por isso toda hora a câmera focalizava cartazes da empresa. O Dome Nashua, nas 78 voltas, foi exibido pelo menos 300 vezes.
• Aroldo Araújo está com a conta do Grupo Inter-Continental de Café.
• No próximo dia 19, às 19h30min, na Rua Felipe Camarão, 138/3° andar, inaugurará a Pointer, Estúdio Fotográfico de Arte e Publicidade, empresa do mesmo grupo da Casa do Desenho/Marketing House.
• A Salles está procurando redator. Luís Fernando Favilla transferiu-se para a Artplan. E na MPM, segundo nos contaram, estariam entrando Liber Mateucci e Paulinho de Tarso, que sairiam respectivamente da Almap e da Denison.
• Encerram-se dia 16 as inscrições para o 14º Prêmio Colunistas. As agências podem retirar o regulamento na Dinâmica de Comunicação, à Praia de Botafogo, 340 grupo 210, ou pedir informações pelos telefones 551-7348 ou 551-5948.
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