Esta edição da Janela Publicitária foi publicada originalmente no jornal Tribuna da Imprensa.
O seu conteúdo foi escaneado e transcrito para ficar à disposição de consultas pela internet.
Amanhã, às 14h30min, na TV-Bandeirantes, Canal 7, estes colunistas entrevistam Nélson Luiz Souto Jorge, chefe do Departamento de Comunicação Social da Telerj; Kerma Toscano, supervisora de mídia da CBBA-Rio; Márcio Ramos, da Labor, que mostra o único comercial em que Vinicius de Moraes participou; e Antomar Marins, das Sendas, e presidente da Associação Brasileira de Relações Públicas. O programa, é claro, é o "Propaganda e Mercado". E este mês, estreia a coluna de propaganda de EleEla. |
CBBA absorve Franco Paulino e Moraes.
A Franco Paulino, Moraes Propaganda Ltda. anunciou ontem oficialmente sua decisão de encerrar em agosto suas atividades no Rio de Janeiro, alguns meses após a agência também ter desativado seu escritório de São Paulo.
O fato foi comunicado com excelente bom humor pela agência, em uma nota intitulada "Os clientes da Franco Paulino, Moraes aprovaram mais uma excelente ideia da sua agência. A transferência de todos eles para a CBBA", para onde também se transferem os diretores da FPM, Franco Paulino, como diretor de Criação e Genaro de Moraes, como diretor de Contas.
No último dia 3 de julho, a FPM completou cinco anos de existência, com um capital integralizado de Cr$ 2,5 milhões. Em 1979, a agência faturou 62 milhões de cruzeiros com seus clientes: Marcovan Comercio e Indústria S.A., Fabrimar S.A., Editora Nova Fronteira, Casa Titus, Etoile Modas, Auto Industrial, APM Previdência Privada, Associação dos Lojistas do Construshopping e Polipropileno.
Franco Paulino é um dos mais respeitados profissionais de criação ao mercado carioca, com uma atuação também destacada na área musical. Trabalhou na Lince Interamericana, Norton, Itapetininga, AImap e MPM, de onde saiu para criar sua própria empresa. Com menos de 12 meses de vida, a FPM já era
escolhida Agência do Ano pela ABP. Depois, receberia medalhas de ouro e prata do Prêmio Colunistas, 1º lugar na Campanha Nacional de Propaganda de Varejo até, recentemente, ser a única agência carioca a ter um comercial incluído entre os finalistas dos Profissionais do Ano da Rede Globo.
Segundo Franco Paulino, ele e Genaro dedicaram várias horas dos últimos tempos procurando colaborar para que todos os seus profissionais funcionários conseguissem colocações em outras empresas, com o fim de evitar novos desempregados no Rio de Janeiro.
Com a absorção dos clientes da FPM, Jomar Pereira da Silva, presidente da CBBA-Rio, reafirmou à Janela sua pretensão de dobrar o faturamento da agência em 1980, alcançando, ou mesmo superando, os 180 milhões de cruzeiros previstos no inicio do ano.
O Cinema foi a mídia que mais aumentou sua participação no mercado nos últimos 18 anos, crescendo 500%, seguido à distância pela TV, que aumentou no período 116%. Estes dados fazem parte do levantamento anual que o Grupo de Mídia de São Paulo vem realizando desde 1962. Ainda, segundo a pesquisa, o Jornal foi a única outra mídia que viu sua participação ser aumentada, não chegando, porém, a mais de 11 por cento.
A maior queda verificada foi com o Outdoor, que perdeu 67% de participação, seguido pelo Rádio, que perdeu 64% e pelas Revistas, que perderam 52%.
O estudo, realizado com base em 73 das principais agencias do país (apesar do Rio estar pessimamente representado), ainda relata que a verba total de propaganda de 1979 foi estimada em 50 milhões de cruzeiros (0.95% do PNB), dos quais cerca de 55% veiculados através de agências, ficando os 22 bilhões restantes com anunciantes diretos.
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Brainstorming • Brainstorming • Brainstorming
• Petrônio Corrêa, da ABAP, como presidente: Dionísio Polli, da ABERT, como secretário; Luís Furquim, da ABA, como tesoureiro, compõem a nova diretoria da Conar.
• Será terça, no Mikonos, o lançamento do 1º especial da Rede Bandeirantes, que vai ao ar dia 27 numa realização conjunta espetacular da emissora e da Shell do Brasil.
• João Pecegueiro do Amaral é o novo colunista publicitário da praça, no jornal semanal Bom dia.
• A Gang completa 10 anos em dezembro, faturando Cr$ 750 milhões - 120% a mais do que em 1979.
• Brastel comprou a Distribuidora Mercantil, a maior cadeia de lojas de eletrodomésticos do Espirito Santo, e passou a ter 71 lojas.
• Antônio Alaby Pinheiro, mídia da Garden, se forma amanhã pela Faculdade Hélio Alonso, junto com Gilberto Garcia, da SalIes, e Nancy Martins, da MPM.
CARTAS
* Carta enviada por Mauro Multedo para o Clube de Criação do Rio, com cópia exclusiva para estes colunistas:
Prezados Senhores:
Depois de superar o bilhão de dólares movimentados em um ano, motivo de orgulho e foguetes, depois de conquistarmos a presidência da IAA, alguns Clios, Leões de Bronze, CONAR, III Congresso de Propaganda, o mercado brasileiro de propaganda atravessa fase de mau tempo, chuvas, tempestades de raios e ameaças de terremotos.
Dizer que a economia brasileira toda está em crise é ignorar que, em verdade, ela nunca deixou de estar em crise. Ou será que em alguma vez na história, o País teve mais que 30 por cento de sua população como mercado consumidor ativo?
Considerar a indefinição do mercado brasileiro é mais importante. Ninguém sabe o que acontece agora, se investe no mercado ou não, se diminui a produção, se dá férias coletivas ou se aposta no azar dos outros. E é esta indefinição, face às leis econômicas que regulam qualquer mercado, que faz com que as agências ressintam-se e comecem a tomar medidas de contenção, de resto um sinal dos tempos.
Como a maior parcela dos custos operacionais de uma agência é a folha de pagamento, é ai que se concentram os esforços para diminuir despesas. Pensando assim, grandes agências paulistas (seria uma redundância?) fecham departamentos inteiros no Rio, deixando suas filiais quase como escritórios de representação. E tome pessoal na rua.
Reflexo da crise. Qual crise?
Deve ser da crise crônica de um mercado concentrado em 20 grandes agências que passam 12 meses do ano preocupadas em conquistar novas contas, que são as mesmas contas que estão em qualquer outra destas 20 agências.
Será que a conquista da conta da Pepsi pela Thompson é realmente importante para o mercado?
Pode ser significativo, talvez, para a Thompson. Afinal de contas, a Souza Cruz foi para a MPM, e a Pepsi saiu da MPM para Thompson.
E o mercado com isso? Quantas duplas, contatos, assistentes de mídia, produtores foram incorporados ao número cada vez menor de funcionários de Agências de Propaganda?
Teria sido Importante a conquista da conta da Sears, da Mesbla, da Varig-Cruzeiro, da Orsay, da Tele-Rio, da Casas da Banha, da Atalaia Jurubeba, da Divina Dama e outros anunciantes diretos.
Porque desta forma estaria sendo fortalecido o mercado de Agências. Ele estaria crescendo, sem depender exclusivamente do aumento das verbas dos anunciantes ou do lançamento de novos produtos.
E, a partir disto, talvez a ABA não viesse mais a ser presidida por um porta-voz de "house-agencies", evitando que ano que vem os anunciantes fossem representados por alguém da Delphin, URB, Antarctica, Júlio Bogoricin, Mappin, Bamerindus, Sharp, Transbrasil.
Sem precisar de penadas governamentais, nem de violências contra a livre Iniciativa, seria bom que a CONAR tomasse uma atitude simples, para que, por gravidade, as agências convergissem esforços sobre o mercado que deveria ser seu. E não e é por falta de iniciativa e porque é mais fácil mandar gente embora:
1. proibir a solicitação por parte das Agências de contas que estivessem sendo atendidas por Agências filiadas à ABAP. Vamos deixar que os anunciantes decidam quando devem tirar suas contas e para quem entregar.
2. quando os anunciantes quiserem apresentações de Agência, que as solicitem através de carta-convite ou edital.
3. quando, em concorrência, houver necessidade de campanha especulativa, que esta seja previamente orçada e cobrado "fee" por criação e layouts, independente do resultado eventual.
4. que todas as Agências filiadas à ABAP sejam obrigadas a mostrar seus livros contábeis, quando solicitadas, para verificação do perfeito cumprimento da legislação em vigor, principalmente quanto ao comissionamento sobre serviços prestados e veiculação, e à concessão de prazos para pagamento.
Isto faria bem mais pela dignidade do mercado de Agências, e pela sua própria sobrevivência, do que tudo o que se especula sobre achatamento salarial, falta de bons profissionais, crise de Identidade, excesso de formandos em comunicação, recessão publicitária e outras das inúmeras consequências da falta de seriedade e do cinismo com que se encara o negócio da propaganda neste País.
E, com toda certeza, faria com que eu pudesse ficar mais tranquilo exercendo uma profissão de que gosto, ao invés de vir um dia a me preocupar defendendo um emprego de que dependo.
Um bom abraço a todos vocês.
MAURO MULTEDO
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Réplica de Clementino Fraga Neto sobre o desemprego publicitário
Ao ler sua coluna do dia 11, confesso ter ficado mais impressionado com a miopia generalizada do que com as agressões específicas.
Miopia refletida na incapacidade de ver o que existe de perigoso, na atual conjuntura, quando se enxergam apenas ameaças, sem vislumbrar as causas que realmente ameaçam.
Acredito que o debate seja salutar, a polêmica não.
Por Isso não vou ter a preocupação de responder diretamente a acusações ou interpretações apressadas, mesmo porque, se algumas merecem ser aprofundadas, a maioria, no entanto, é no máximo desapontadora por seu primarismo. Acredito por outro lado que as interpretações dadas à minha entrevista foram passionais, apressadas e reveladoras mesmo do clima de tensão que todos os publicitários, empresários e funcionários vivemos hoje. Esta a razão essencial para aprofundar o ponto básico de minha entrevista, que esse estado de coisas possivelmente contribuiu para deixar incólume ou incompreendido por meus críticos.
O que tentei analisar e não sugerir foi basicamente o seguinte: a política salarial posta em prática pelo Governo, possivelmente com a melhor das intenções distributivas, tende a se mostrar, na prática, elitizante. Ou seja: uma correção de cerca de 80 por cento num salário acima de Cr$ 100.000,00 não é relativamente proporcional, em termos sociais ou em termos de poder aquisitivo, a uma correção de 90 por cento num salário de Cr$ 10.000,00.
É fácil entender as distorções que advém desta política salarial, estando inclusive alguns setores do Governo conscientes sobre este fato. Ela contribui para aumentar o hiato entre mais favorecidos e menos favorecidos; ela tende também, a gerar descontentamentos e desemprego nas faixas salariais médias e altas; a sacrificar as empresas que sempre consideraram e reconheceram a força e o mérito do trabalho como um fim em si e os lucros ou resultados como decorrência do trabalho bem feito, e o que é pior: sem trazer benefícios reais às faixas salariais menos favorecidas, que têm seus salários corrigidos apenas aos níveis da inflação.
É preciso ainda esclarecer aos críticos de primeira hora que ao analisar tendências do mercado publicitário, lembrem-se de que o fenômeno do desemprego nos setores salariais, médio e alto da empresa não está apenas ligado à nossa área profissional, pelo contrário está acontecendo ou encontra-se em estado latente em vários setores da estrutura de serviços e de profissionais liberais ligados às empresas, simplesmente porque o problema é conjuntural.
É preciso que as pessoas entendam que vemos o mercado como um todo, ou seja: clientes, veículos, empresários e profissionais do setor publicitário que sofrem, em maior ou menor escala, os mesmos efeitos da política salarial, e analisar realisticamente tendências não se constitui necessariamente em manifestações de capitalismo selvagem.
Muito pelo contrário, é fundamental que entendam que o exercício da análise e do pensamento, na pior das hipóteses, contribui para aumentar a busca de soluções para uma saída que contemple a maioria, enquanto o proselitismo míope apenas contribui para que tudo permaneça como está.
É preciso que entendam que nenhum empresário de Publicidade com um mínimo de perspectiva empresarial, consciência social e formação profissional, sacrifica um emprego, a menos que sirva para manter uma maioria empregada, pois, obviamente, apenas uma empresa sadia tem condições e capacidade para gerar novos empregos.
Se não entenderam, ou não quiseram entender desta vez pior, pois aí estaria mais um sinal de que patrulhas ideológicas estão sendo rearmadas, apenas com menos inteligência e originalidade do que em outros tempos, não multo remotos.
CLEMENTINO FRAGA NETO
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