Esta edição da Janela Publicitária foi publicada originalmente no jornal Tribuna da Imprensa.
O seu conteúdo foi escaneado e transcrito para ficar à disposição de consultas pela internet.
Não deixem de assistir amanhã, às 14h30min, na TV Bandeirantes, Canal 7, o programa "Propaganda e Mercado", no qual Lincoln Martins e Léo Borges, da revista Ele Ela, comentam sobre o boom das publicações masculinas; Silvio Eisenstein, gerente de marketing da Fininvest, fala sobre o marketing de instituições financeiras; e Yuzul Iwamoto e Paulo Roberto, do Grupo de Mídia, contam detalhes do curso de mídia que estão promovendo. Tudo isto e mais o filme americano da Pepsi vencedor de um Leão de Prata em Cannes - 1979, e o filme da Propeg "Quebra-pote", da Campanha do Ano no Prêmio Colunistas, projetados pela 1ª vez na TV carioca. |
Matéria sobre desemprego na propaganda
gera polêmica entre os profissionais de criação.
Provocou uma enorme controvérsia no mercado publicitário a entrevista com Clementino Fraga Neto na Janela Publicitária da última sexta-feira, 4 de julho, na qual o vice-presidente da Esquire, Oliveira Murgel e presidente da seção carioca da ABAP - Associação Brasileira de Agências de Propaganda analisava algumas tendências empresariais e as causas do desemprego na propaganda.
Recebemos várias cartas de diretores do Clube de Criação do Rio de Janeiro com uma série de comentários sobre a matéria, assim como uma carta oficial do CCRJ assinada simplesmente com o nome ao clube, sintetizando as opiniões dos criadores (e que publicamos na seção "Cartas").
No entender o mais imparcial possível destes colunistas, no entanto, as declarações de Fraga Neto toram mal Interpretadas. Relendo a matéria, o leitor poderá verificar que o entrevistado não acusou os empregados de serem "culpados da crise que anda por aí" - como entenderam os missivistas. O próprio título da matéria deixa claro que Fraga considera, sim, a nova politica salarial como "uma das causas do desemprego na propaganda". E o presidente da ABAP-Rio também afirma que, por outro lado, "as verbas dos clientes não estão crescendo tanto quanto a inflação, ou mais que os aumentos na folha de pagamento da agencia".
Clementino Fraga, como está bem claro na matéria, apenas apontou "hipóteses" e "tendências" por ele verificadas como empresário de indiscutível participação no mercado da propaganda no Brasil.
Nenhuma ligação temos com Clementino Fraga Neto. Apenas achamos, como colunistas que nos orgulhamos do conceito de independência e imparcialidade que conseguimos conquistar dentro da imprensa e da propaganda, que é nossa obrigação envidar todos os esforços para que as palavras de qualquer entrevistado desta coluna sejam compreendidas o mais facilmente possível.
Nossos amigos do Clube de Criação nos perdoem: mas não concordamos, quando o CCRJ (na carta abaixo) sugere que não se devam divulgar essas "soluções" -- que afinal são reflexos de uma realidade, ainda que dura e cruel, percebida pelo entrevistado -- porque "a partir de afirmações como essa que se consegue instalar no pais, e nos diversos setores da economia, um clima de terrorismo profissional".
Lembramos ao Clube que esta foi exatamente a mesma justificativa dada pelo governo para implantar a odiosa censura à imprensa, sugerindo que a divulgação dos reais problemas do pais -- por Jornalistas que também foram chamados de "terroristas" -- poderia alarmar a população, comprometendo a chamada "segurança nacional".
A Janela pretende continuar entrevistando empresários e profissionais para avaliar a realidade de nosso mercado. Sem sensacionalismo ou alarmismo, achamos que levando opiniões sobre qualquer problema poderemos contribuir para o mercado encontrar uma solução para ele.
Assim como, nas cartas de hoje, abrimos espaço para as críticas dos criadores às tendências apontadas por Clementino Fraga Neto, esperamos que, em alguma das próximas semanas possamos abrir novo espaço para, então, o Clube de Criação e os criadores darem suas sugestões práticas para a solução (total ou parcial) do desemprego na propaganda, como também propõe, lucidamente, em sua carta, José Monserrat.
Cartas e Bilhetes.
• Por ser um executivo atarefado, é possível que o Sr. Clementino Fraga Neto não tenha tido tempo de repensar e revisar os seus conceitos, resultando dai a perplexidade que atingiu a todos os leitores da entrevista publicada na Janela Publicitária de sexta-feira passada.
De fato, pode-se classificar como espantoso que um empresário -- e justamente um jovem empresário tido como crente do desenvolvimento da propaganda brasileira -- admita como soluções para a crise atual "gerar um aumento no índice de desemprego", "... que poderá ser através da dispensa de funcionários de Staff por serem os mais caros, ou da diminuição do número de profissionais de nível médio".
Cremos que o Sr. Fraga não concorda com essas "soluções". Mas o simples fato de divulga-los, significa dar crédito a uma das falácias do planejamentismo, mal que no momento assola o Brasil e, particularmente, o Rio de Janeiro. É a partir de afirmações como essa que se consegue instalar no país, e nos diversos setores da economia, um clima de terrorismo profissional.
Ninguém chega a posições de destaque no mercado de propaganda se não tiver real valor, talento e experiência para tal. Os funcionários de "staff" ou de "nível médio" referidos pelo Sr. Fraga não receberam nenhum favor para ganhar o que ganham -- e nem Isso é tanto quanto se quer dar a entender. Mas eles valem talvez mais do que recebem, para aqueles que os empregam.
Pelo menos em nosso pais de há muito faleceu o mito do publicitário privilegiadamente remunerado. Afora uma meia dúzia de exceções, sabe-se que agora a classe é tão bem ou mal paga quanto qualquer outra. E mesmo essa meia-dúzia de exceções deve ser olhada com respeito, se é que se deseja fazer do Brasil uma Nação onde o espírito da livre iniciativa tenha algo a oferecer.
Precisamos evitar, todos nós que trabalhamos em propaganda, que equívocos como esse se transformem em dogmas. Definitivamente, é indigno apontar os profissionais como culpados pelas provações por que passam as empresas.
Definitivamente, a suicida política de fusões e demissões injustificadas será em breve lamentada por todos os empresários que agora se imaginam beneficiados por ela.
Queremos despersonalizar esse debate. Sinceramente não acreditamos que o Sr. Clementino Fraga Neto deseje ser veículo de ideias que se confrontam radicalmente com as que ele próprio, seguro, realista e otimista, defendeu há dois anos, por ocasião de sua escolha como Publicitário do Ano da Associação Brasileira de Propaganda.
Conhecemos o Sr. Fraga como dedicado e competente profissional. Estamos certos de que, em tempo hábil, será dada uma explicação mais clara e condizente com os princípios daqueles que acreditam no aprimoramento da propaganda em nosso país.
Mas, sem dúvida, do modo como foi publicada a entrevista, libera-se uma braçada de argumentos enganosos e que provocaram profunda ansiedade nos leitores da matéria: interessados, como nós, em ajudar a resolver os impasses diante dos quais somos diariamente colocados pelas fracas performances, social, econômico e financeiro do pais e do Estado do Rio de Janeiro."
CLUBE DE CRIAÇÃO DO RIO DE JANEIRO
• A propósito do texto do Fraga, acho que tenho uma boa solução para o profissional de nível médio: arranjar dinheiro e comprar a agência onde trabalha.
HAYLE GADELHA
• Li na coluna de sexta-feira, 4/7 o parecer de Clementino Fraga sobre demissões, mercado de trabalho e a troca de gente qualificada por estagiários.
Se os estagiários estão capacitados a fazer o trabalho dos profissionais demitidos, então, estão sendo mal pagos.
E se não podem fizer o trabalho à altura quem perde ê o cliente. Eu pergunto: “e o cliente concorda?".
FERNANDO A. GERARDO
• Agora, os empregados é que são culpados da crise que anda por ai. Pelo menos o que diz Clementino Fraga Neto na coluna de vocês da última sexta-feira. E, ainda por cima, estamos arriscados a ser demitidos por competência - eu disse competência - outra afirmação dele. Já nos reunimos e vamos começar a fazer anúncios e campanhas ruins. Assim, estamos empregados.
RONALDO CONDE
• Pasmem! Além de propor a demissão dos profissionais mais capacitados, o prezado Clementino ainda propõe a exploração dos estagiários (que pagam na maioria das vezes para trabalharem).
Desconhece ele que a proposta de redução salarial e demissões já foi motivo de desmentido de um ministro do nosso estado de coisas.
Desconhece que um profissional não se forma da noite para o dia.
Conhece apenas a filosofia do medo empresarial, da inabilidade do sofisma.
Pasmem! O homem, presidente da seção carioca da ABAP e vice-presidente de uma agência.
Ele desconhece uma porção de coisas. Mas bom mesmo disso tudo é que agora a gente o conhece.
NELSON CINTRA
• Li as declarações do Senhor Clementino Fraga publicadas na Janela. Li e não concordo. As colocações foram superficiais, inoportunas e acho que não levam a coisa nenhuma. Como profissional de criação (redator), me senti atingido juntamente com todos os outros colegas.”
ALEXANDRE MACHADO
• Palpite infeliz esse do Clementino Fraga sobre as perspectivas das agências de propaganda. Ele foi, no mínimo, profundamente injusto com a criação, setor a quem, no fim das contas, sua agência deve os tais louros sempre apregoados. Na realidade, o que ele quer é uma agência criativa, ganhando prêmios e faturando os tubos, com o pessoal de talento f(*) e mal pago.
O que consola é que na prática a teoria do Sr. Fraga não cola. Mas fica a má impressão causada.
NEI LEANDRO DE CASTRO
• Quero registrar aqui meu desacordo com os termos em que o Clementino Fraga colocou o problema de desemprego no mercado de trabalho da propaganda. A seguir pelos caminhos que ele sugere, vamos agravar ainda mais a crise. Trata-se de um enfoque injusto com o talento profissional, que, todos sabem, é a principal matéria-prima da propaganda. Acho que a questão pode e deve ser examinada com mais profundidade, com todos os lados da questão se manifestando e apresentando proposições que atendam os interesses das partes envolvidas. Um diálogo civilizado e construtivo poderia levar a solução mais razoável que simplesmente cortar salários.
Concordo que o problema é complicado. Mas também concordo que não deve ser decidido de forma unilateral.
JOSÉ MONSERRAT FILHO
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Brainstorming • Brainstorming • Brainstorming
A Aroldo Araújo Propaganda conquistou a conta da Control Data, empresa multinacional de processamento de dados, atuando em 16 países, e no Brasil há sete anos.
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Sérgio Grossi, que foi da Revista Bolsa e ultimamente andava na Revista Nacional, agora fundou a empresa GMG & Associados, para editar a revista. "Negócios & Economia", entre outras iniciativas. A empresa já está instalada à Praia de Botafogo, 210 - conj. 305.
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O Ibope adquiriu 8 computadores TD Cobra, e está negociando com a IBM um IBM-4331, para agilizar o processamento das 80 mil entrevistas que realiza diariamente em todo o Brasil. No Rio, inclusive, aumentou em 80% o número de agências de propaganda assinantes das pesquisas de mídia do Instituto.
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Falando em Ibope, o programa "Propaganda e Mercado" deu, no último sábado, 2.3 pontos de audiência, alcançando pelo menos 90 mil espectadores interessados em saber mais sobre propaganda.
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A gravadora Tape Spot, produtora de jingles, está de telefones novos: 240-8966 - 4815 - 6015 - 8918, com Jorginho Abicalil e o Maestro Cipó.
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Falando em telefone, a reclamação que fizemos na coluna passada deu resultado, provando que a relações públicas da Telerj, Maria Antônia, funciona muito bem e que a Telerj, se quiser, também pode funcionar da mesma forma. Nosso telefone residencial, o 286-4876, já está às mil maravilhas. Só continuamos com pena daqueles que não têm, como nós, uma coluna para se queixar à Telerj. De qualquer maneira, a Janela está às ordens.
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A Texaco encontrou uma forma curiosa de comemorar seus 65 anos no Brasil: uma caravana de carros movidos a álcool percorrerá 65 mil km em estradas do país, abastecendo-se em 65 cidades diferentes, todas com postos de álcool Texaco. No entanto, só serão usados 4 carros e não 65.
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A conta da Texaco é da Salles, de cujo departamento de relações públicas desligou-se Nemércio Nogueira, seu principal diretor. Nemércio mudou para cliente, a empresa de alumínio Alcoa.
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O CCRJ está convocando seus associados para o jantar de comemoração do seu 5º aniversário, com adesões pelo telefone 259-2245.
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Paulino Cabral de Melo, Carlos Alberto de Azevedo e Paulo Barbosa estarão dando um curso sobre áudio-visuais de 14 a 25 de julho, na Sociedade dos Engenheiros e Arquitetos do Rio de Janeiro. Inscrições e informações pelos telefones: 225-4038 e 205-6797.
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Apesar de não ser uma decisão definitiva, há quase certeza de que a Standard vai desativar sua filial de Curitiba, passando a cobrir o mercado paranaense através de S. Paulo.
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Antônio Farnezi (ex-Abril) é o novo gerente de publicidade da Editora Vecchi, no Rio.
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