Janela Publicitária    
 
  Publicada desde 15/07/1977.
Na Web desde 12/07/1996.
 

Janela Publicitária - Edição de 25/JAN/1980
Marcia Brito & Marcio Ehrlich

 

Janela Publicitária
Esta edição da Janela Publicitária foi publicada originalmente no jornal Tribuna da Imprensa.
O seu conteúdo foi escaneado e transcrito para ficar à disposição de consultas pela internet.


ABP, ABAP e ABA no IAA.

Edeson Coelho, presidente da ABP­ Associação Brasileira de Propaganda, Petrônio Corrêa, presidente da ABAP – Associação Brasileira de Agências de Propaganda, Luiz Fernando Furquim, presidente da ABA - Associação Brasileira de Anunciantes, além de Geraldo Alonso e Mauro Salles, estão agora Integrando o Capítulo Brasileiro que faz parte do Conselho Mundial do IAA - International Advertising Association, que gerirá a entidade até 1981.
Em 19 de maio próximo, todos estarão no Encontro do Conselho Mundial da IAA, em Durban, África do Sul, que precede o 27º Congresso Mundial da entidade, lá realizado nos dias 20 a 23 seguintes.

Luiz Fernando Furquim: É preciso repensar tudo em propaganda.

A convite da Associação Argentina de Agências de Publicidade, o presidente da ABA - Associação Brasileira de Anunciante -, Luiz Fernando Furquim, realizou a conferência de encerramento da Semana Mundial da Publicidade, em Buenos Aires, dezembro passado. Apesar da distância do fato, ainda é válido se falar da palestra, cujo tema foi “A Publicidade vista pelo anunciante". Logo ao iniciar, Furquim lembrou que "nós latino-americanos somos - hoje - 330 milhões de habitantes. Desse total, podemos afirmar que não temos mais do que 30 por cento de consumidores efetivos".
A partir deste dado, que por si mesmo revela um aspecto altamente preocupante, o presidente da ABA lançou a seguinte série de questões ao plenário, todas elas tendo como ponto de partida uma ideia chave: repensar.
Por que não repensar a empresa e seus produtos? Por que não repensar o anúncio e seu conteúdo? Por que não repensar as relações anunciantes-agência, agências-veículos, veículos-ouvintes, leitores ou telespectadores? Por que não repensar, enfim, a relação produtor-consumidor?
A qualidade dos produtos manufaturados foi outro aspecto da relação empresa-produto-consumidor salientado por Furquim:
- O que se vê atualmente não é a intenção de ampliar o mercado para novos consumidores, e sim se aplicar a técnica de obsolência planejada, de se explorar unicamente o mercado já existente até levá-lo, quem sabe, um dia, à saturação. .
Para Furquim, os reflexos de tudo isso preocupam seriamente aqueles que se envolvem diretamente com o público consumidor. O que leva a questão a um ponto mais extremo:
- Eu acho que além de observar os padrões éticos codificados em lei ou sancionados pela comunidade das agências, o mundo da propaganda, da comunicação como um todo, deveria dar séria consideração aos sentimentos do público consumidor, uma vez que tais sentimentos podem ser indicações seguras de recentes desenvolvimentos do processo de cristalização da ética comunitária.
"Por outro lado - continuou Furquim - o público, a despeito de resultado dos estudos e pesquisas efetuadas, aceita o que lhe é transmitido. E assim dá respaldo a certas práticas que muitos homens de negócios prefeririam não empregar, mas cujo uso por uma minoria força a maioria a adotá-las também".
No final da conferência, Furquim evocou Frederick Harbison, que depois de estudar os problemas de potencial humano de 75 países, os sintetizou com estas palavras:
"O progresso de uma nação depende primeiro e acima de tudo do progresso de seu povo. A não ser que ele desenvolva seu espirito e potencialidade humanas não poderá desenvolver-se em maior extensão - materialmente, politicamente ou culturalmente. O problema básico da maioria dos países subdesenvolvidos não é pobreza de recursos naturais, mas o sub­desenvolvimento de seus recursos humanos. Assim, a sua primeira tarefa deve ser a de construir o seu capital humano. Em termos humanos, isto significa incrementar a educação, as técnicas e a esperança, e assim a saúde mental e física de seus homens, mulheres e crianças".

Uma conta muito grande.

Não é raro empresas do governo exigirem uma caução para as agências concorrerem às suas contas publicitárias.
Por isso não foi surpresa o IBGE exigir que as agências participantes de sua concorrência depositassem uma caução em sua conta.
A surpresa foi saber que a caução é do valor de Cr$ 500 mil, aceitáveis apenas em espécie ou em ORTN.
Obviamente, isto retira das médias e pequenas agências a possibilidade de concorrer à vultosa verba de Cr$ 250 milhões. O que em nada ajuda a qualquer política de distribuição de renda.
E, por outro lado, se pelo menos dez agências se inscreverem, garantirão ao IBGE nada menos que Cr$ 5 milhões, por mais de um mês, e que, convenhamos, reverterão numa excelente receita liquida se aplicados no open-market.
(N.R.: O valor de Cr$ 500 mil correspondia, na época, a cerca de US$ 11.400, com o dólar a Cr$ 43,89.)

A ser imitado.

Aí está uma iniciativa que se se vê em São Paulo, e bem poderia ser imitada no Rio.
A CBBA realizou esta semana (como em outros anos) um Seminário de Propaganda com a presença de 26 formandos de Comunicação de seis faculdades, no qual os Diretores e Chefes de Departamento deram na agência não só palestras sobre operação de agência, planejamento, atendimento, administração, pesquisa, veiculação, criação e produção, como acompanharam os estudantes a empresas de produção gráfica, cinematográfica e fonográfica.
Ai está uma iniciativa que só se vê em São Paulo, e bem poderia ser imitada, ou pela mesma agência, ou por outras, no Rio. Nossos estudantes bem que precisam.

Agência-escola: será mesmo tão ruim?

Um tempo tão longo de repressão ao direito de reclamar deixou a nós, brasileiros, de tal maneira conformados que, hoje, entre outras coisas também nem mais questionamos as deficiências do nosso ensino universitário. E consideramos perfeitamente normal que o estudante tenha que aprender sua profissão, apenas ao estagiar em alguma empresa de seu ramo.
Ou seja, com a alegação de que "faculdade não ensina, mesmo" o brasileiro aceita pagar a elas mensalmente quase que um salário mínimo para ter direito ao diploma, e depois sai exigindo que as empresas privadas, cuja principal preocupação é faturar para sobreviver e expandir, tenham que dedicar parte de seu tempo a ensinar aos estudantes estagiários, ainda por cima pagando a eles.
Isto não parece um contra-senso?
Para complicar, quando os universitários decidem lutar por um aperfeiçoamento de sua formação, através de empresas-modelo dentro da própria faculdade, criticam-nos sem perdão.
Sinceramente, nos parece Importante repensarmos estas posições.
A existência de escolas e faculdades que ensinem de tudo quanto é assunto, é inevitável dentro desta política cultural do Brasil de regulamentar toda e qualquer profissão (já querem até regulamentar a profissão de executivo!). Neste estupro inevitável, porém, para aproveitar bem não se deve relaxar, mas, pelo contrário, exigir que a faculdade ofereça tudo a que se tem direito.
E quem entra para uma faculdade tem o direito de sair dela preparado, para o exercício profissional remunerado correspondente à sua experiência e talento. Cada um fica sujeito, afinal, às leis naturais do mercado.
O estágio em empresa do ramo, neste caso, funcionária apenas como uma fase de adaptação pré-profissional ao formando. Seria como aquele período de experiência antes do contrato de trabalho virar definitivo.
Por isto tudo achamos ótimo os estudantes de Comunicação pretenderem estruturar estágios em agências-modelos dentro das próprias faculdades. Há muito tempo vimos defendendo a tese de cada faculdade de Comunicação deveria montar uma estrutura completa de jornalismo, publicidade e relações públicas, para utilização exclusiva de seus alunos. É perfeitamente acessível à qualquer universidade montar uma mini-estação interna de TV, um sistema de alto-falantes simulando rádio, e uma pequena impressora off-set para um jornalzinho, além de salas para redação, estúdio etc ...
Facilmente as turmas de publicidade, jornalismo e relações-públicas, bem orientadas por professores gabaritados, encontrariam uma forma prática de se utilizar deste sistema simulado de comunicação, criando anúncios para o futuro mídia inserir na programação da TV, do rádio ou no jornal, que teriam como espectadores os outros estudantes do campos. As próprias atividades da universidade dariam notícias para o pessoal de jornalismo, e em todo esse esquema os estudantes de RP teriam inúmeras oportunidades de atuar.
O único cuidado a se tomar em relação a estas estruturas-modelo é o de se garantir legalmente a impossibilidade delas remuneradamente atenderem a outras empresas desvinculadas da universidade. Não são desconhecidos casos de diretores e professores inescrupulosos que - a pretexto de propiciar treinamentos aos alunos - levaram os trabalhos de seus clientes diretos para a faculdade, garantindo uma produção gratuita em troca da veiculação como autônomo.
Nada impediria, porém, que - a exemplo dos hospitais-escola, que atendem a pessoas pouco favorecidas - as agências-modelo tivessem uma função social. Por que não criarem planos de comunicação que pudessem ajudar asilos, orfanatos, creches e outras entidades sem fins lucrativos?
A realização destes trabalhos garantiria, inclusive, a cada estudante, a feitura de um portfolio, que seguramente facilitaria sua vida quando, após formado, fosse bater na porta de uma agência, de um veículo ou de uma empresa de RP.

Brainstorming • Brainstorming • Brainstorming

Vinte e uma agências retiraram editais para a concorrência da Embratur, mas pouco mais da metade compareceram à reunião da última quarta-feira para esclarecimentos. Foram vistas na reunião Artplan, CBBA, Denison, DPZ, Esquire/Oliveira Murgel, GFM/Propeg, MPM, Norton, Salles, Santos e Santos, SGB, e Super-publicidade.
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Já está em andamento a concorrência para a agência que atenderá a empresa de copiadoras Nashua. O resultado sairá divulgado brevemente com algum dos seguintes nome: Abaeté, CBBA, Esquire/Oliveira Murgel, ITP (Diler & Ellis), J. W. Thompson, Jotaé/Kastrup e Redinger & JG.
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A DPZ montou uma nova empresa de comunicação, atuando na área de relações públicas: a IMK, dirigida pelo jornalista Fraterno Vieira.
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Ainda sobre a DPZ, a agência promoveu Juan Vicente a Gerente Geral do escritório do Rio de Janeiro.
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Elias Kallas é o novo Diretor do Departamento de comunicação da IBM.
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Amanhã, a CBBA se transfere para a Praça Pio X, nº 89 – 7º andar, com entrada pela Rua da Alfândega, 28. Os telefones ainda serão instalados.
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E hoje, Marcos Ehrlich estará representando os colunistas publicitários no Julgamento do Prêmio Jeca Tatu, promovido pela CBBA para distinguir trabalhos publicitários que valorizem aspectos brasileiros.
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Para este ano, as estimativas dos principais fabricantes de bicicletas atingem um consumo de 2 milhões de unidades. A maior dos compradores (75%) se localiza na faixa dos dois aos vinte anos O Brasil ainda possui um dos mais baixos índices de utilização de bicicletas do mundo, como se observa: EUA, 100 milhões; Japão, 47 milhões; Alemanha Federal, 27 milhões; França, 12 milhões; Brasil, 10 milhões.
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Nélson SpineIli, que já foi gerente da Lintas­Rio, e transferiu-se para a Lintas-SP, está agora na Proeme. Continua lnterpublic.
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Começou o recebimento de indicações para o Prêmio "Múltiplo de Criação". Instituído pelo Clube de Criação do Rio para a agência que mais fez pelo setor no Rio de Janeiro. Vai ser uma parada dura.
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A GFM/Propeg foi escolhida Agência do Ano no Prêmio Colunistas Regional de Pernambuco. A Propeg, aliás, está enviando um calendário belíssimo criado para o Banco Econômico, baseado em São Francisco de Assis.
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Um verdadeiro espetáculo a apresentação que a Levi's fez para a imprensa brasileira, com toda a sua linha de produtos. A Levi's ocupa atualmente, no Brasil, 10% de toda a produção de jeans, dirigindo-se basicamente para a classe B, com o approach de A. A empresa está no Brasil há 8 anos.
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Hélio Kaltman, ex-SGB, está assumindo a direção da Cleian Publicidade, agência ligada ao grupo Júlio Bogoricin Imóveis, mas aberta a outros clientes.
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A Abril está sempre dando "dentro" nas promoções de seus veículos. Na última terça, Quatro Rodas reuniu no Copacabana Palace a imprensa, representantes da Riotur, Flumitur e Embratur, além de agências e anunciantes para o lançamento da coleção de mapas turísticos das grandes cidades. Agora. a revista Cláudia Moda, para promover as edições de inverno verão e alto verão, está enviando um champanha acompanhado de três taças, cada uma tendo gravado o nome da revista e o mês da edição. Como tema. "Três edições para as três safras da moda".
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A Garden, após dois anos de existência, decidiu se promover, e preparou um simpático portfólio com seu histórico, relação de clientes e currículo de diretores. E comunica que, apesar do desquite amigável com a Nashua, conquistou as contas, nas unidades do Rio e em São Paulo, de Gilliat Imóveis e Lojas Cisne.
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A AroIdo Araújo também está se promovendo, neste ano de 80, para se apresentar promissor para o mercado publicitário. Aroldo nos envia todo um belo trabalho desenvolvido durante quatro anos para seu cliente Fokker, fabricante de aviões.
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Início de ano, possibilidade de trocas de contas, e as agências se promovendo. A Mendes também. Com um folheto contando que ela "vale por 8 boas agências", já que faz parte da União de Agências.
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A União de Agências é que já poderia mostrar ao mercado e à imprensa especializada a quantas anda. Nunca mais se ouviu falar dela.
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No próximo dia 29 de janeiro, no Hotel Meridien, será lançada a revista "Arte Contemporânea, dirigida por Walmir Ayala e editada por Sérgio Ribeiro Rosa.
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A Kolbe-Druck, empresa alemã de artes gráficas, cujo gerente de vendas esteve no Rio esta semana, está interessada em vender tecnologia para impressão com secagem UV a gráficas brasileiras. Segundo Claus-Peter Bohlmann, o processo é revolucionário. Os interessados podem escrever a ele, no seguinte endereço: Berliner Strabe 10 - 4804 - Vermold. Ou para sua residência a Barnhausen 55/4807 - Bôrgholzhausen.
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A Associação dos Fotógrafos Profissionais de Publicidade comunica que seu novo Conselho de Administração para 1980 é composto de Alfonso Alencar, Cecílio Caldeira, Dick Wilton, Mário Sampaio e Sebastião Barbosa.
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Por absoluto amor à arte, o redator Toni Lourenço e o diretor de arte Antônio Pacot vêm, há vários meses, realizando todos os anúncios que a ESPM-RJ tem necessitado, e que os leitores cariocas têm encontrado nos jornais desta praça.
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A Hydra, que até então só fazia trabalhos de arte, passou agora a veicular, tornando-se Hydra Propaganda Ltda. A nova agência de Sérgio Gianini e Eduardo Atayde já começa atendendo as contas da Beira Alta, Cotebra, Importadora Guanabara, MV Engenharia, entre outras.