Esta edição da Janela Publicitária foi publicada originalmente no jornal Tribuna da Imprensa.
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Qualidade do comercial brasileiro também é responsabilidade dos atores?
Até que ponto a discutível qualidade da maioria dos comerciais brasileiros deve-se a uma deficiência nos trabalhos dos modelos e atores brasileiros?
Esta pergunta ressurgiu este mês, com a exibição dos rolos de comerciais premiados dos festivais Sawa e Clio, em que o Brasil não obteve uma participação muito ampla. Curiosamente, no Festival Sawa, de Cannes, dos únicos quatro filmes premiados brasileiros, três não mostravam atores (Bonecas, Água e Querosene, e Sinfonia Noturna) e o quarto, filme de apresentação da produtora Nova Filmes, apresenta exatamente uma colagem de erros nos trabalhos de atores em varias filmagens de comerciais.
Mesmo sem se considerar a canastrice nos comerciais da Mesbla, das casas da Banha e outros varejões, espanta a repetitividade com que inúmeros atores vêm sendo utilizados pelas agências. Será que não há outro ator gordo capaz como este de bigodes que aparece às vezes até no mesmo intervalo comercial vendendo Elma Chips, viagem de ônibus, autorizado VW, detergente para pisos, chocolate Sem Parar entre outros? Será que não há outra jovem senhora loura além da excelente Lúcia Lins que aparece em Drops Kids, Linguiça com S, Sopas Campbell, Frango Sadia etc.? Será que não há outros locutores além dos da Globo e do desgastantemente usado Paulo César Pereio?
VERBAS CURTAS
João Daniel Tikhomiroff, da produtora Jodaf e diretor do filme "Bonecas", diz que é muito grande o número de comerciais brasileiros que usam iniciantes de modelos, em vez de atores. Segundo ele, isto se deve, entre outros problemas, a uma mentalidade pouco feliz de muitas agências e clientes acharem que os bons atores de televisão são por demais conhecidos, e não poderiam vestir o personagem do comercial. João Daniel lembra que estes mesmos atores fazem vários trabalhos diferentes para a televisão e o público aceita totalmente. Da mesma maneira, nestes filmes internacionais que vemos premiados, os atores maravilhosos muitos são bastante conhecidos em seus países, através de outros trabalhos em cinema ou teatro, daí a qualidade que encontramos.
João acha que, antes de mais nada, no Brasil, em geral, falta verba para se produzir normalmente comerciais de qualidade. Pelo preço cobrado atualmente pelos bons atores, os clientes acabam preferindo não utilizar tais profissionais, preferindo modelos mais baratos, aproveitando para alegar que, com rostos desconhecidos, haverá maior credibilidade.
Uma grande saída para a diversificação de rostos para comerciais, e com qualidade, seria a procura em escolas de teatro. Esta saída, porém, esbarra em outro problema do cliente, segundo João Daniel. Ele conta que vários anunciantes ainda não aceitam atores com "cara de gente comum", tal como se encontra nas ruas, e nos rolos do Sawa. Segundo João, não é raro o cliente brasileiro dispensar bons atores por não achá-los bonitos, ainda que o "bonitinho" escolhido não vá atuar tão bem. De acordo com João, isto dificulta a pesquisa em escolas de teatro, pois lá se encontram facilmente atores que fariam o filme com muito maior qualidade de interpretação, mas sem a imagem de beleza exigida pelas empresas.
PRAZOS CURTOS
José Monserrat, vice-presidente de criação da Caio Domingues, aponta também, como problema para o ator brasileiro de comerciais, a falta de tempo dado a ele para a familiarização com o personagem. Monserrat diz que, como o pagamento das equipes de filmagens e dos atores é por dia, as agências e produtoras são levadas a filmar o comercial no menor prazo possível, que acaba sendo considerado ideal se não passar de um dia apenas. De acordo com ele, isto faz inclusive com que a criação e o diretor fiquem impedidos de tentar novas descobertas para o comercial durante a filmagem.
João Daniel concorda com Monserrat e acrescenta que, além de não poder realizar ensaios prévios, dificilmente uma produtora poderá contar com refilmagens de cenas que não ficaram de excelente qualidade como é comum um longa-metragem e mesmo na produção de comerciais no exterior. Isto leva a que, na montagem, as produtoras se vejam obrigadas a utilizar apenas o material conseguido nas primeiras filmagens. Na opinião de João Daniel, o ideal seria contar com orçamentos com uma maior margem de segurança, para que, nos casos de refilmagens, a agência ou a produtora não arcassem totalmente com os prejuízos.
De qualquer maneira, qualquer espectador medianamente atento pode perceber que é baixa a porcentagem de comerciais com atores que transmitam um mínimo de realidade. Como disse Armando Amorim, diretor de criação da P. A. Nascimento, analisando a participação brasileira no Festival Sawa para a Revista Propaganda, "nossos modelos são verdadeiros bonecos".
E o diretor do filme, infelizmente, não pode fazer nada neste caso. Como terminou afirmando João Daniel, nenhum diretor consegue fazer milagre. É como no caso de um produto. Se for ruim, não vende. E se o ator for ruim, o diretor pode ser o melhor do mundo, que não conseguirá lhe tirar a canastrice".
Marketing escolhe seus Destaques.
A ABM - Associação Brasileira de Marketing escolheu, esta semana, as empresas que receberão sua premiação "Destaques de Marketing". O prêmio maior, o "Mérito de Marketing", foi dedicado à Esabrás Estaleiros Reunidos do Brasil exportadora de navios.
Além desta, dez outras empresas receberão no próximo dia 10 de dezembro, no Hotel Inter-Continental, das mãos do Ministro nos Transportes Elizeu Resende, os seguintes "Destaques de Marketing":
- Produtos para mulher: Linha Sempre Livre, da Johnson & Johnson.
- Produtos para lazer: Fuji Photo Film do Brasil.
- Produtos para uso pessoal: US Top, da São Paulo Alpargatas.
- Produtos para indústria: Linha de embalagens Klabin.
- Produtos para família: Adidas.
- Comércio: Lojas Americanas.
- Desenvolvimento Tecnológico: A Brasileirinha, da Xerox.
- Agricultura: CICA.
- Veículos de Comunicação: Rede Brasil Sul
- Marketing Direto: Sonora Operações Postais.
A comissão de escolha dos "Destaques de Marketing da ABM" foi presidida por Ruy Flaks Schneider, também presidente eleito da ABM.
Casos de RP serão premiados.
Acaba de ser instituído, pelo Conselho Regional de Profissionais de Relações Públicas de São Paulo, o "Prêmio Opinião Pública" que homenageará anualmente os melhores "case-histories" desenvolvidos por profissionais e assessores de RP em beneficio de empresas, instituições ou órgãos governamentais de todo o Brasil. O julgamento do 1º Prêmio Opinião Pública será realizado em agosto de 1980, outorgando premiações em várias categorias, levando em consideração aspectos do planejamento (pesquisa, estratégia e organização), execução (qualidade e eficiência) e resultados (atingimento e mensuração), conferindo diplomas e troféus tanto ao profissional responsável como as empresas envolvidas.
Esta é primeira premiação existente no Brasil exclusiva para trabalhos de Relações Públicas, e para Nemércio Nogueira, presidente em fim de mandato no Conrerp/SP, "é a coroação de nossa gestão, pois é sem dúvida a única promoção do país destinada a distinguir e divulgar exclusivamente campanhas realizadas por profissionais de RP, sem a preocupação de glorificar pessoas ou empresas, mas sim com o objetivo de enfatizar a importância e a amplitude do trabalho profissional de RP.
As informações sobre o Prêmio Opinião Pública podem ser obtidas no Conrerp/SR, à Rua Amaral Gurgel, 447, 7º andar, Conj. 71 - CEP 01221 - SP.
Loucura ou clarividência?
1 - A partir do dia 4 de janeiro, a Salles/Inter-Americana de Publicidade muda-se para a Praia do Flamengo, 200/19º andar, onde ficará durante os 3 anos que levarão para ser construída sua sede própria no Humaitá.
2 - A MPM-Rio, agora está ocupando mais uma casa ao lado de sua sede em Botafogo, para comportar com mais comodidade seus 256 funcionários.
3 - A mídia e a pesquisa da Standard mudarão, a partir de dezembro, para a Rua das Palmeiras nº 7, porque o casarão da Rua São Clemente já estava apertado.
4 - Mozart dos Santos Mello nos diz que está procurando casa no Flamengo, Humaitá ou Laranjeiras para sua agência MM&C, que já precisa de espaço maior.
Se os empresários destas e outras agências no mesmo caso não enlouqueceram, tudo isto só pode significar que o mercado publicitário carioca não anda tão ruim assim como alguns alarmistas afirmam.
Deu no jornal.
Parece que ultimamente Alex Periscinoto não está dando muita sorte em suas declarações.
Recentemente, no 3º Congresso, os criadores revoltaram-se por suas recomendações de que eles "voltassem às pranchetas" e abandonassem a política.
Agora, sua participação no Fantástico, opinando sobre o filme da Ellus, também não foi muito bem recebida, pelo menos pela imprensa. O Jornal do Comércio do Rio, na seção "Jornal Confidencial" da última terça-feira, publicou, assinado por "AJL", e com o titulo "Há um censor dentro deles", a seguinte nota:
''É incrível que os publicitários mais renomados apareçam na televisão, no domingo, no Fantástico, malhando seus companheiros de profissão, dizendo que é uma obra de mau gosto, apelativa. Vale ver a opinião dos telespectadores, que ouvidos, disseram que o comercial é muito bonito. É difícil saber o que é pior: um homem de comunicação a favor da censura ou a inveja contra o que venceu."
Fichário dos anunciantes cariocas - 22
BACARDI
Ron Bacardi S/A
Rua Barão do Flamengo, 22 grupo 601.
CEP 22220 - Rio - RJ
Te!.: 205-2343.
Presidente: Antônio Alberto Planos Soler
Vice-Presidente de Marketing: Oscar Luís Damaso Rodrigues Blanco.
Gerente de Marketing: Karol Sapiro.
Assistente de Marketing: Sérgio Caetano.
Apesar de a fábrica da Bacardi situar-se em Recife, sua diretoria está sediada no Rio de Janeiro (endereço acima). A Ron Bacardi tem 4 filiais no país: Centro (Rio), Sul (São Paulo), Leste (Bahia) e Norte-Nordeste (Recife).
A orientação de marketing e propaganda nacional é centralizada na diretoria, sendo que as filiais dispõem de verba própria para campanhas promocionais locais.
Filial-Rio: Rua Ourique, 415
Gerente da Filial: Fernando Neves
Coordenador de promoções: Cláudio Ferrador.
A Bacardi tem como produtos o Ron Bacardi (Carta Blanca e Carta Oro), Vodca Natasha, Ron 1873. Ron Casino (branco e ouro), Daiquiri, e passou recentemente a comercializar o Conhaque Domecq e os vinhos Vinãs del Marqués, também da Domecq.
No Brasil, o Ron Bacardi é o primeiro em vendas do setor de "rum", com 9,6 milhões de litros vendidos em 1979.
Sua verba de comunicação, este ano, chegará a 55 milhões de cruzeiros, sendo 60 % em propaganda e publicidade, e os restantes em promoções. Da verba de propaganda, 70% são aplicados em TV, 20% em rádio, 5 por cento em cinema e 5% em revistas.
Agências que atendem à Bacardi:
A agência responsável pela conta do Ron Bacardi é a SSC&B:Lintas, de São Paulo, sendo a Sell Promoções (associada à Lintas), responsável por promoções e merchandising.
• Um levantamento Janela Publicitária/TRIBUNA DA IMPRENSA. |
Brainstorming • Brainstorming • Brainstorming •
• A Ceplan Comércio e Planejamento Imobiliário entregou sua conta aos cuidados da Labor.
• A conta dos transportes Fink está sendo atendida agora pela MPM.
• Foi desfeita a negociação da ida de Hélcio Ferreira para a Gazeta Mercantil, de São Paulo, Hélcio continua dirigindo o comercial do Sistema de Rádios Jornal do Brasil.
• O jornal jovem Interview - que surpreendentemente conseguiu um lugar estável no mercado editorial - está se estruturando também no Rio, e contratou Francisco Araújo (exVogue) para seu diretor nesta praça.
• A Siboney Publicidade, de São Paulo, conquistou a conta da "Áudio", a lógica do som. A Siboney conta que, em 1979, conquistou uma média de uma conta por mês, sendo algumas delas como Trol, Rede Bandeirantes e Suzano Kimberly. A Siboney não tem ainda escritório nem acordo com qualquer agência do Rio.
• A Denison comunica que o novo contato da conta recém-conquistada da Helena Rubinstein é Jussara Câmara. Gramaticalmente, achamos que contato, no sentido de profissional, poderia ser substantivo comum-de-dois-gêneros, e com isso Jussara seria o novo contato da conta. É bem menos machista pelo menos.
• A revista Exame lançará em março sua edição "Brasil em Exame", com um levantamento em 300 páginas da economia brasileira na década de 70 e com propostas de caminhos para a década de 80 (a saída, onde está a saída?).
• A Temper inaugura na próxima terça-feira uma nova loja na Penha. A Temper é conta da LintasRio.
• A Associação dos Fotógrafos Profissionais de Publicidade está convocando seus associados para a reunião que realizará quarta-feira, 5 de dezembro, às 21:00hr, no Estúdio Mafra (à Rua 13 de maio, 23), quando serão renovados 2 membros do Conselho.
• Mais uma publicação de moda está sendo lançada: Resenha Moda, quinzenal, editada em São Paulo por Edison Gonçalves e de circulação nacional.
• A Rego Monteiro & Associados contratou Orlando Aguiar como seu novo RTV, e Alberto Hudson como Produtor Gráfico.
• Mais um prêmio Internacional ganho pelo filme "Bonecas", da Lintas e Jodaf para a Pro-Matre: Medalha de Bronze no XXII Festival de Nova York, promovido pela International Film & TV Festival of New York.
• Não percam, na próxima semana, um levantamento das 40 maiores agências de propaganda do mercado carioca, com seu faturamento de 1979, previsão para 1980 e número de funcionários atuais.
• Dia 4 de dezembro, às 7 da noite, o CCRJ inaugura seu Vídeo Clube no Fashion Bar, da Rua Barata Ribeiro, 370/4° andar, onde, uma vez por mês, projetará comerciais estrangeiros no telão. Nesta, Leopoldo Câmara apresentará comerciais americanos e um rolo de demonstrações de desenhos animados.
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