Janela Publicitária    
 
  Publicada desde 15/07/1977.
Na Web desde 12/07/1996.
 

Janela Publicitária - Edição de 09/FEV/1979
Marcia Brito & Marcio Ehrlich

 

Janela Publicitária
Esta edição da Janela Publicitária foi publicada originalmente no jornal Tribuna da Imprensa.
O seu conteúdo foi escaneado e transcrito para ficar à disposição de consultas pela internet.

O Natal brasileiro não sabe vender.

O Natal passa, mas a Propaganda fica. Tanto que no último número da Revista Propaganda, agora em circulação, há uma bela matéria sobre a Propaganda de Natal. Entre os tópicos, o Natal brasileiro, tão pouco usado publicitariamente em comparação com o Natal importado, cheio de árvores de Natal, Papais Noel e até neve de algodão.
A discussão não é recente, e o número de outubro da revista SuperHiper, preparando os supermercadistas para o Natal, analisa a experiência mal sucedida do PegPag em 1976, em usar o Natal brasileiro, e indaga se "o consumidor não gosta dos símbolos brasileiros ou a empresa não tinha estrutura para inovar". Segundo a matéria, entrevistando Paschoal Baulé, responsável pela campanha, "o resultado foi muito aquém do desejado, pois as vendas não corresponderam às expectativas".
Curiosamente, nestas matérias parte-se do pressuposto de que a ideia é perfeita, e a causa do insucesso ou está no público, ou no anunciante, ambos despreparados para compreendê-la.
Por que não questionar a campanha, ou questionar a adequação de símbolos natalinos brasileiros para a necessidade de verbas?
Nos parece que, neste caso, os comentários publicados estão vendo a figura do Papai Noel apenas como símbolo de Natal, esquecendo-se de sua simbologia comercial. O velho Noel traz presentes e (como diria Nélson Rodrigues) é óbvio ululante que isto sugere compras. Nada mais natural que o anunciante querendo aumentar suas vendas no período natalino, utiliza Papai Noel para dar seu recado.
E em que o Natal brasileiro incentiva o consumo?
Até onde conhecemos a simbologia natalina brasileira não vimos o que pudesse ter esta aplicação. Há muito mais religiosidade, afetividade e humildade no nosso Natal que qualquer apelo de vendas. O que é totalmente oposto à imagem de opulência de Papai Noel.
Da maneira como o Natal brasileiro vem sendo utilizado, só terá eficácia em mensagens institucionais. Se a Propaganda quer que o Natal brasileiro venda, terá que descobrir alguma maneira de incluir nele a filosofia do consumismo, tal como já está impregnada na imagem do Natal europeu e do americano.
Mas aí vem a pergunta fundamental: Será que o preço de deturparmos nossos valores nacionais autênticos compensa?
Com todo o respeito às vendas do cliente, nós achamos que não.
Há uma saída, porém, para o cliente que tiver verba e coragem de assumir a promoção: tropicalizar os símbolos comerciais do Natal: o Papai Noel brasileiro, de bermuda ou equivalente, ou inventar especialmente algum outro personagem presenteiro, substituindo a Noel.


Os comerciais de TV estão cada vez mais inventivos. A última grande novidade é o prato feito do Shelton, da Phillip Morris: "Filé de folha de fumo com filtro rolé"... Não dá para levar a sério a Philip Morris fabricando Shelton em escala industrial cortando "filé de fumo" com bisturi. Nem aumentando preço do cigarro do jeito que ele foi aumentado.
Também exercitando a inventividade, estão as armas cortantes do Galaxy. Já vimos a serra elétrica, a guilhotina, e agora o machado de cortar cabeças, muita tortura. Agora só falta ser usado o atirador de facas ou o chicoteador de circo que cortam de olhos vendados o cigarro da partner.
Será que criatividade é isso? Deve haver alguma maneira melhor de se vender cigarro apelando para a inteligência do comprador (como todos esses comerciais citados se propõem) sem se comprometer a inteligência do espectador. E isto não deve ser difícil para agências como a Artplan (do Shelton) ou a Leo Burnett (do Galaxy).
Para compensar, merece ser elogiado (fora da área de cigarros) um comercial da Amil (qual é a agência?) mostrando um simpaticíssimo velhinho consertador de brinquedos simbolizando a assistência médica. Boa ideia, e melhor produção e direção.

Propeg mostra o que é que a Bahia tem.

Oito colunistas publicitários de vários Estados do Brasil se reuniram semana retrasada na sede da GFM/Propeg, em Salvador, para o julgamento do Prêmio Propeg de Criatividade. A promoção, que avaliou os trabalhos das 4 unidades da agência durante o ano de 1978, além de servir como um grande incentivo à criação da agência, propiciou aos colunistas tomarem um maior conhecimento do desempenho de muitos daqueles profissionais. No julgamento, representaram o Rio os colunistas Márcia Brito e Marcio Ehrlich; de São Paulo, Eloy Simões e José Cláudio Maluf; de Brasília, Fernando Vasconcellos; do Paraná, Sílvia Dias de Souza; de Salvador, Francisco Bruno; e, presidindo a mesa, Carlos Verçosa, como presidente do Clube de Criação da Bahia.
O grande destaque, nas premiações, foi o desempenho da unidade baiana da Propeg, e em particular de um de seus redatores, Haroldo Cardoso, responsável por mais da metade das peças totais premiadas. Inclusive, vários de seus trabalhos premiados (que reproduzimos aqui) acabaram por também o ser na regional baiana do Prêmio Colunistas: o anúncio "Sem luxo, sem ventilação...", foi considerado o Anúncio do Ano daquele Colunistas.Aí estão três exemplos de trabalho da Propeg Bahia com Haroldo Cardoso:
- Dedique suas próximas curvas, freadas, arracadas e ultrapassagens à memória de quem sabia fazer tudo isso melhor do que você. Ronnie Peterson morreu numa pista. De quantas você já escapou?
- A bola passa mas o jogador fica. Àss vezes, muito mal.
- Sem luxo, sem ventilação, sem varanda, sem vista pro mar, sem playground nem jardim. Mas você nunca mais vai encontrar um apartamento como este.
Propeg Bahia
Propeg Bahia Propeg Bahia

Seleção da Janela

Melancólica, esta última semana. O júri, formado por estes colunistas e Fred Coutinho (redator - Salles), Joaquim Pecego (diretor de arte ­ Caio) e Neil Hamilton (atendimento - Almap), olharam cuidadosamente e com todo carinho os anúncios publicados na imprensa carioca na semana de 29 de janeiro a 4 de fevereiro, e não conseguiu selecionar um trabalho sequer que merecesse ser destacado como exemplar para a propaganda brasileira. De qualquer maneira, não é para se desesperar. É sabido que nos primeiros meses do ano aumenta a frequência de anúncios de varejo e imobiliários, cuja maioria raramente consegue sair do convencional. Sinceramente, porém, gostaríamos muito de poder ter destacado algum anúncio daquela área. Não deu.
Falando em premiações, foi muito justa a premiação dos melhores anúncios do ano de O Globo. Inclusive, é bom lembrar que dos cinco anúncios selecionados quatro já haviam sido bem destacados no Prêmio Janela Publicitária: Brasil de A a Z, da Salles, por exemplo, foi o único anúncio feito por agência a ganhar 5 estrelas; a Fenaseg, cliente da campanha ganhadora da categoria Serviço Comunitário, foi a Janela de Ouro de anunciante do nosso Prêmio; As mais deliciosas coberturas (melhor imobiliário), da Estrutural, já havia recebido 4 estrelas da Janela; e O Carro do Ano, da SGB (melhor de varejo), também recebeu prêmio na Seleção da Janela.

Banco Nacional passará para nova agência.

A partir do próximo mês, o Banco Nacional passará a ser atendido por uma nova agência, que se dedicará exclusivamente a ele como cliente. Apesar disto, a nova empresa não se tratará de uma house­agency, já que 50% das ações pertencerão a Esquire (atual agência do Nacional) e os outros 50% à JMM (agência anterior do Banco), não cabendo ao Nacional nenhuma quota.
Segundo informações de Fernando Barbosa Lima, presidente da Esquire, com este novo esquema a verba publicitária do Banco Nacional se elevaria a 100 milhões de cruzeiros, bastante superior aos 55 milhões (aproximados) de 1978. Na opinião de Barbosa Lima, este será um negócio "bom para Esquire, bom para a JMM e ótimo para o Banco".
A nova agência ainda não tem nome definido, local de funcionamento. Mas Fernando Barbosa Lima adianta que inicialmente deverá ser contratada uma "super-equipe de criação" para se dedicar exclusivamente à conta. Em relação à área de atendimento, será mantida a atual.

Cartas

INFORMAÇÃO SELECIONADA
Rio de Janeiro, 19 de janeiro de 1979.
Caros Márcia e Márcio
De acordo com a Janela de sexta-feira (05/01) está cada vez pior o serviço de recortes do Lux Jornal. Vocês assinalam, inclusive, que tal situação de descaso só possa ser mantida por absoluta falta de concorrência.
E se vocês, talvez, forem assinantes do Lux Jornal, têm todo direito de por a boca no trombone.
Agora, se vocês considerarem como concorrência todos os serviços de informação seletiva, estarão incorrendo numa grave injustiça. Existe, funcionando perfeitamente, um serviço de informações seletivas completamente organizado e atualizado, que pode ser assinado por assunto específico ou em geral, e ainda tem a vantagem de vir preparado para arquivamento. Ou seja, é a evolução dos serviços de informação seletiva.
Chama-se Press Clipping e é cliente da Oliveira, Murgel Comunicação Ltda. A Oliveira, Murgel por sua vez, é cliente dele. E, até hoje, não houve queixas de nenhuma das partes. O Press Clipping era nosso cliente na L&M Propaganda.
Apesar de não considerarmos a Press Clipping concorrente normal do Lux Jornal, por suas características exclusivas, não podíamos deixar de registrar a nossa estranheza.
E, ainda, tomamos a iniciativa de enviar uma pequena amostra do Press Clippings. Para esclarecer quaisquer dúvidas a respeito da concorrência. E para ajudar vocês a se manterem sempre bem informados. Que é o que de vocês a gente espera. Ou não é?
Um grande abraço, Oliveira,
Murgel Comunicação Ltda.
Márcio Ortman
Toninho Lima

CUMPRIMENTOS
Rio, 05 de fevereiro de 1979.
Sra. Márcia Brito e Marcio Ehrlich
Prezados amigos,
Fiquei muito feliz ao ver os seus nomes dentre aqueles que mereceram do Jornal do Commercio o "Destaque do Ano" pelo que fizeram em 78.
Na minha opinião, foi uma escolha justa e muito merecida.
Os inevitáveis motivos de força maior me impediram de comparecer à festa para abraça-los pessoalmente. Nesta circunstância, peço a vocês que aceitem os meus cumprimentos por mais este prêmio que, certamente, irá figurar na sua galeria.
Cordialmente,
Sani Sirotsky, Presidente - SGB

Castrol abandona house

Depois de trabalhar cerca de 5 anos como anunciante direto, e com sua house­agency Andes Publicidade, a Castrol do Brasil S.A. Indústria e Comércio decidiu realizar uma concorrência (com apresentação de campanhas) entre agências profissionais de propaganda. De acordo com o Sr. Francis Rebelo, Gerente de Propaganda e Mercado Consumidor, a decisão foi tomada visando valorizar os trabalhos de criação da Castrol.
O resultado da concorrência deverá ser divulgado no final deste mês, e as agências concorrentes, que deverão apresentar seus trabalhos a partir da semana que vem, são: Sheppard-Hilling, Caio Domingues, Herald e Gang.
Após o resultado da concorrência, a Andes Publicidade terá suas atividades congeladas.

Brainstorming • Brainstorming • Brainstorming

Com o remanejamento das contas dos cigarros Souza Cruz que se separaram da Thompson, a MPM ficou com as contas de Minister e Pall Mall, e o cigarro Charm voltou à DPZ, agência que foi a responsável por seu lançamento. Desta maneira, se nota uma progressiva entrega dos produtos Souza Cruz agências ditas "nacionais". Das consideradas "multinacionais", a Standard é a única que ainda atende à Souza Cruz.
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Luís Lobo, do CBPE, felicíssimo porque janeiro, mês habitual de retiradas e perdas nas Cadernetas de Poupança, após a nova investida publicitária do CBPE, pela primeira vez resultou num mês de ganhos.
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Rogério Lima desligou-se da Meio & Mensagem no Rio e entrou para a área comercial da Rede Globo.
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Alzira Afonso Oliveira é a nova responsável nacional da mídia da Premium. Manoel Mendonça está se desligando da agência.
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Segundo notícias internacionais, a Gillette tirou a conta das Thompson no mundo inteiro, porque no Brasil a agência começou a atender a Schick, uma concorrente. Não entendemos. Se no Brasil a GilIette não quis entregar sua conta à Thompson, por que não deixar a agência trabalhar com liberdade?
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A Redinger - J.G. criou para a Cofrelar uma peça explicativa sobre a poupança que tem no verso uma tabela de vacinação infantil, numa boa colaboração ao Ano Internacional da Criança. E esta mesma agência está atendendo a novos clientes: A Marka S.A., Corretores de Câmbio e a ótica Quental.
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Mônica Peixoto está se desligando do departamento de RP da Jovem Pan (RJ) para assumir na Mídia da ITP. Mônica, como se vê pelo sobrenome, é filha de Mário Peixoto, o conhecido e respeitado Mídia da Standard.
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A RP Ângela Boderone está se desligando da CosCom/Grant.
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Atenção estudantes de RP: A Rádio Jovem Pan (RJ) está precisando de um RP. Os interessados ainda podem procurar a Srta. Mônica Peixoto no Tel.: 253-6023.
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A Scala foi agraciada com o Prêmio Colunistas Regional Norte-Nordeste como a Agência do Ano. Além de ter obtido 9 medalhas de ouro, 3 de prata e três de bronze. Como Publicitário do Ano, a escolha recaiu sobre Nazareno Albuquerque, da Mark.
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"A Carbonell foi pro vinagre" é o tema que a DPZ criou para o lançamento do Vinagre Carbonell, com a mesma qualidade do azeite. A criação é de Francesc Petit/Washington Olivetto/Marita Soares.
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O Grupo de Mídia do Rio de Janeiro promoverá na próxima terça-feira, dia 13, às 09:00 hs., na ESPM, na Praia de Botafogo 210 - 11º andar, uma palestra sobre "O Merchandising nos programas de televisão", a cargo do Sr. Jorge Adib, da Apoio Comunicações Ltda.
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A Fundação Brasileira de Marketing ministrará um Seminário sobre Marketing Bancário no período de 12 a 16 de fevereiro, das 20:00h às 23:00h na própria Fundação, à Alameda Santos, 2326 em São Paulo. Informações pelos tels.: 353-3928 ou 853-1653.
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Iniciando uma série de encontros, o Grupo de Atendimento de São Paulo promoveu uma palestra no último dia 6, terça-feira, que abordou "A expectativa da Agência de Propaganda, com relação ao profissional de Atendimento", tendo como conferencistas Luiz Sales, presidente da Salles/lnter-Americana de Publicidade. Geraldo Alonso, presidente da Norton Publicidade e Roberto Duailibi, diretor da DPZ.
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O Clube de Criação comunica aos seus diletos sócios que a anuidade passa a ser, neste ano de 79, 2.200,00 cruzeiros (200,00 x 11 meses), não sendo cobrado o mês de janeiro. Quem pagar tudo em fevereiro fica livre para o ano inteiro por apenas 2 mil cruzeiros. O sócio pode depositar a quantia em qualquer agência da Letra na conta nº 0006941-5, valendo o recibo do depósito como recibo da mensalidade. E mais: quem deve, não será cobrado até novembro. Ai, então, é que dependendo da pontualidade do sócio em 1979, cada caso será estudado individualmente. Ou seja, zero quilômetro para quem estiver devendo e quiser ficar em dia.
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O Sindicato dos Publicitários do Município do Rio vai ingressar com uma ação, na Justiça do Trabalho, contra a revista Bolsa, para que os contatos da revista recebam os atrasados do repouso remunerado ainda pendente.
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Emerson Fittipaldi fará a nova campanha publicitária da Monroe Auto Peças, fabricante de amortecedores, que está desenvolvendo um projeto e amortecedor específico; com know-how brasileiro para uso em Fórmula 1.
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A Janela está gostando do trabalho do departamento de relações públicas da DPZ. O eficiente José Luís Costa Pereira está sempre pronto para transmitir qualquer informação que precisamos sobre a agência e seus clientes.

CLASSIFICADO
Márcia Brito e Marcio Ehrlich estão vendendo uma linda ninhada de cães Tenerife, a raça ideal para publicitários e seus amigos. São carinhosos, compreensivos, peludinhos, simpáticos e inteligentes até para fazer free­lances em comerciais. Tratar pelo tel.: 226-0638, durante o horário comercial, e pelo 286-4878 no horário restantes. Urgente.