Esta edição da Janela Publicitária foi publicada originalmente no jornal Tribuna da Imprensa.
O seu conteúdo foi escaneado e transcrito para ficar à disposição de consultas pela internet.
O Natal brasileiro não sabe vender.
O Natal passa, mas a Propaganda fica. Tanto que no último número da Revista Propaganda, agora em circulação, há uma bela matéria sobre a Propaganda de Natal. Entre os tópicos, o Natal brasileiro, tão pouco usado publicitariamente em comparação com o Natal importado, cheio de árvores de Natal, Papais Noel e até neve de algodão.
A discussão não é recente, e o número de outubro da revista SuperHiper, preparando os supermercadistas para o Natal, analisa a experiência mal sucedida do PegPag em 1976, em usar o Natal brasileiro, e indaga se "o consumidor não gosta dos símbolos brasileiros ou a empresa não tinha estrutura para inovar". Segundo a matéria, entrevistando Paschoal Baulé, responsável pela campanha, "o resultado foi muito aquém do desejado, pois as vendas não corresponderam às expectativas".
Curiosamente, nestas matérias parte-se do pressuposto de que a ideia é perfeita, e a causa do insucesso ou está no público, ou no anunciante, ambos despreparados para compreendê-la.
Por que não questionar a campanha, ou questionar a adequação de símbolos natalinos brasileiros para a necessidade de verbas?
Nos parece que, neste caso, os comentários publicados estão vendo a figura do Papai Noel apenas como símbolo de Natal, esquecendo-se de sua simbologia comercial. O velho Noel traz presentes e (como diria Nélson Rodrigues) é óbvio ululante que isto sugere compras. Nada mais natural que o anunciante querendo aumentar suas vendas no período natalino, utiliza Papai Noel para dar seu recado.
E em que o Natal brasileiro incentiva o consumo?
Até onde conhecemos a simbologia natalina brasileira não vimos o que pudesse ter esta aplicação. Há muito mais religiosidade, afetividade e humildade no nosso Natal que qualquer apelo de vendas. O que é totalmente oposto à imagem de opulência de Papai Noel.
Da maneira como o Natal brasileiro vem sendo utilizado, só terá eficácia em mensagens institucionais. Se a Propaganda quer que o Natal brasileiro venda, terá que descobrir alguma maneira de incluir nele a filosofia do consumismo, tal como já está impregnada na imagem do Natal europeu e do americano.
Mas aí vem a pergunta fundamental: Será que o preço de deturparmos nossos valores nacionais autênticos compensa?
Com todo o respeito às vendas do cliente, nós achamos que não.
Há uma saída, porém, para o cliente que tiver verba e coragem de assumir a promoção: tropicalizar os símbolos comerciais do Natal: o Papai Noel brasileiro, de bermuda ou equivalente, ou inventar especialmente algum outro personagem presenteiro, substituindo a Noel.
Os comerciais de TV estão cada vez mais inventivos. A última grande novidade é o prato feito do Shelton, da Phillip Morris: "Filé de folha de fumo com filtro rolé"... Não dá para levar a sério a Philip Morris fabricando Shelton em escala industrial cortando "filé de fumo" com bisturi. Nem aumentando preço do cigarro do jeito que ele foi aumentado.
Também exercitando a inventividade, estão as armas cortantes do Galaxy. Já vimos a serra elétrica, a guilhotina, e agora o machado de cortar cabeças, muita tortura. Agora só falta ser usado o atirador de facas ou o chicoteador de circo que cortam de olhos vendados o cigarro da partner.
Será que criatividade é isso? Deve haver alguma maneira melhor de se vender cigarro apelando para a inteligência do comprador (como todos esses comerciais citados se propõem) sem se comprometer a inteligência do espectador. E isto não deve ser difícil para agências como a Artplan (do Shelton) ou a Leo Burnett (do Galaxy).
Para compensar, merece ser elogiado (fora da área de cigarros) um comercial da Amil (qual é a agência?) mostrando um simpaticíssimo velhinho consertador de brinquedos simbolizando a assistência médica. Boa ideia, e melhor produção e direção.
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Propeg mostra o que é que a Bahia tem.
Oito colunistas publicitários de vários Estados do Brasil se reuniram semana retrasada na sede da GFM/Propeg, em Salvador, para o julgamento do Prêmio Propeg de Criatividade. A promoção, que avaliou os trabalhos das 4 unidades da agência durante o ano de 1978, além de servir como um grande incentivo à criação da agência, propiciou aos colunistas tomarem um maior conhecimento do desempenho de muitos daqueles profissionais. No julgamento, representaram o Rio os colunistas Márcia Brito e Marcio Ehrlich; de São Paulo, Eloy Simões e José Cláudio Maluf; de Brasília, Fernando Vasconcellos; do Paraná, Sílvia Dias de Souza; de Salvador, Francisco Bruno; e, presidindo a mesa, Carlos Verçosa, como presidente do Clube de Criação da Bahia.
O grande destaque, nas premiações, foi o desempenho da unidade baiana da Propeg, e em particular de um de seus redatores, Haroldo Cardoso, responsável por mais da metade das peças totais premiadas. Inclusive, vários de seus trabalhos premiados (que reproduzimos aqui) acabaram por também o ser na regional baiana do Prêmio Colunistas: o anúncio "Sem luxo, sem ventilação...", foi considerado o Anúncio do Ano daquele Colunistas.Aí estão três exemplos de trabalho da Propeg Bahia com Haroldo Cardoso:
- Dedique suas próximas curvas, freadas, arracadas e ultrapassagens à memória de quem sabia fazer tudo isso melhor do que você. Ronnie Peterson morreu numa pista. De quantas você já escapou?
- A bola passa mas o jogador fica. Àss vezes, muito mal.
- Sem luxo, sem ventilação, sem varanda, sem vista pro mar, sem playground nem jardim. Mas você nunca mais vai encontrar um apartamento como este. |
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Seleção da Janela
Melancólica, esta última semana. O júri, formado por estes colunistas e Fred Coutinho (redator - Salles), Joaquim Pecego (diretor de arte Caio) e Neil Hamilton (atendimento - Almap), olharam cuidadosamente e com todo carinho os anúncios publicados na imprensa carioca na semana de 29 de janeiro a 4 de fevereiro, e não conseguiu selecionar um trabalho sequer que merecesse ser destacado como exemplar para a propaganda brasileira. De qualquer maneira, não é para se desesperar. É sabido que nos primeiros meses do ano aumenta a frequência de anúncios de varejo e imobiliários, cuja maioria raramente consegue sair do convencional. Sinceramente, porém, gostaríamos muito de poder ter destacado algum anúncio daquela área. Não deu.
Falando em premiações, foi muito justa a premiação dos melhores anúncios do ano de O Globo. Inclusive, é bom lembrar que dos cinco anúncios selecionados quatro já haviam sido bem destacados no Prêmio Janela Publicitária: Brasil de A a Z, da Salles, por exemplo, foi o único anúncio feito por agência a ganhar 5 estrelas; a Fenaseg, cliente da campanha ganhadora da categoria Serviço Comunitário, foi a Janela de Ouro de anunciante do nosso Prêmio; As mais deliciosas coberturas (melhor imobiliário), da Estrutural, já havia recebido 4 estrelas da Janela; e O Carro do Ano, da SGB (melhor de varejo), também recebeu prêmio na Seleção da Janela.
Banco Nacional passará para nova agência.
A partir do próximo mês, o Banco Nacional passará a ser atendido por uma nova agência, que se dedicará exclusivamente a ele como cliente. Apesar disto, a nova empresa não se tratará de uma houseagency, já que 50% das ações pertencerão a Esquire (atual agência do Nacional) e os outros 50% à JMM (agência anterior do Banco), não cabendo ao Nacional nenhuma quota.
Segundo informações de Fernando Barbosa Lima, presidente da Esquire, com este novo esquema a verba publicitária do Banco Nacional se elevaria a 100 milhões de cruzeiros, bastante superior aos 55 milhões (aproximados) de 1978. Na opinião de Barbosa Lima, este será um negócio "bom para Esquire, bom para a JMM e ótimo para o Banco".
A nova agência ainda não tem nome definido, local de funcionamento. Mas Fernando Barbosa Lima adianta que inicialmente deverá ser contratada uma "super-equipe de criação" para se dedicar exclusivamente à conta. Em relação à área de atendimento, será mantida a atual.
Cartas
INFORMAÇÃO SELECIONADA
Rio de Janeiro, 19 de janeiro de 1979.
Caros Márcia e Márcio
De acordo com a Janela de sexta-feira (05/01) está cada vez pior o serviço de recortes do Lux Jornal. Vocês assinalam, inclusive, que tal situação de descaso só possa ser mantida por absoluta falta de concorrência.
E se vocês, talvez, forem assinantes do Lux Jornal, têm todo direito de por a boca no trombone.
Agora, se vocês considerarem como concorrência todos os serviços de informação seletiva, estarão incorrendo numa grave injustiça. Existe, funcionando perfeitamente, um serviço de informações seletivas completamente organizado e atualizado, que pode ser assinado por assunto específico ou em geral, e ainda tem a vantagem de vir preparado para arquivamento. Ou seja, é a evolução dos serviços de informação seletiva.
Chama-se Press Clipping e é cliente da Oliveira, Murgel Comunicação Ltda. A Oliveira, Murgel por sua vez, é cliente dele. E, até hoje, não houve queixas de nenhuma das partes. O Press Clipping era nosso cliente na L&M Propaganda.
Apesar de não considerarmos a Press Clipping concorrente normal do Lux Jornal, por suas características exclusivas, não podíamos deixar de registrar a nossa estranheza.
E, ainda, tomamos a iniciativa de enviar uma pequena amostra do Press Clippings. Para esclarecer quaisquer dúvidas a respeito da concorrência. E para ajudar vocês a se manterem sempre bem informados. Que é o que de vocês a gente espera. Ou não é?
Um grande abraço, Oliveira,
Murgel Comunicação Ltda.
Márcio Ortman
Toninho Lima
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CUMPRIMENTOS
Rio, 05 de fevereiro de 1979.
Sra. Márcia Brito e Marcio Ehrlich
Prezados amigos,
Fiquei muito feliz ao ver os seus nomes dentre aqueles que mereceram do Jornal do Commercio o "Destaque do Ano" pelo que fizeram em 78.
Na minha opinião, foi uma escolha justa e muito merecida.
Os inevitáveis motivos de força maior me impediram de comparecer à festa para abraça-los pessoalmente. Nesta circunstância, peço a vocês que aceitem os meus cumprimentos por mais este prêmio que, certamente, irá figurar na sua galeria.
Cordialmente,
Sani Sirotsky, Presidente - SGB
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Castrol abandona house
Depois de trabalhar cerca de 5 anos como anunciante direto, e com sua houseagency Andes Publicidade, a Castrol do Brasil S.A. Indústria e Comércio decidiu realizar uma concorrência (com apresentação de campanhas) entre agências profissionais de propaganda. De acordo com o Sr. Francis Rebelo, Gerente de Propaganda e Mercado Consumidor, a decisão foi tomada visando valorizar os trabalhos de criação da Castrol.
O resultado da concorrência deverá ser divulgado no final deste mês, e as agências concorrentes, que deverão apresentar seus trabalhos a partir da semana que vem, são: Sheppard-Hilling, Caio Domingues, Herald e Gang.
Após o resultado da concorrência, a Andes Publicidade terá suas atividades congeladas.
Brainstorming • Brainstorming • Brainstorming
Com o remanejamento das contas dos cigarros Souza Cruz que se separaram da Thompson, a MPM ficou com as contas de Minister e Pall Mall, e o cigarro Charm voltou à DPZ, agência que foi a responsável por seu lançamento. Desta maneira, se nota uma progressiva entrega dos produtos Souza Cruz agências ditas "nacionais". Das consideradas "multinacionais", a Standard é a única que ainda atende à Souza Cruz.
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Luís Lobo, do CBPE, felicíssimo porque janeiro, mês habitual de retiradas e perdas nas Cadernetas de Poupança, após a nova investida publicitária do CBPE, pela primeira vez resultou num mês de ganhos.
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Rogério Lima desligou-se da Meio & Mensagem no Rio e entrou para a área comercial da Rede Globo.
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Alzira Afonso Oliveira é a nova responsável nacional da mídia da Premium. Manoel Mendonça está se desligando da agência.
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Segundo notícias internacionais, a Gillette tirou a conta das Thompson no mundo inteiro, porque no Brasil a agência começou a atender a Schick, uma concorrente. Não entendemos. Se no Brasil a GilIette não quis entregar sua conta à Thompson, por que não deixar a agência trabalhar com liberdade?
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A Redinger - J.G. criou para a Cofrelar uma peça explicativa sobre a poupança que tem no verso uma tabela de vacinação infantil, numa boa colaboração ao Ano Internacional da Criança. E esta mesma agência está atendendo a novos clientes: A Marka S.A., Corretores de Câmbio e a ótica Quental.
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Mônica Peixoto está se desligando do departamento de RP da Jovem Pan (RJ) para assumir na Mídia da ITP. Mônica, como se vê pelo sobrenome, é filha de Mário Peixoto, o conhecido e respeitado Mídia da Standard.
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A RP Ângela Boderone está se desligando da CosCom/Grant.
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Atenção estudantes de RP: A Rádio Jovem Pan (RJ) está precisando de um RP. Os interessados ainda podem procurar a Srta. Mônica Peixoto no Tel.: 253-6023.
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A Scala foi agraciada com o Prêmio Colunistas Regional Norte-Nordeste como a Agência do Ano. Além de ter obtido 9 medalhas de ouro, 3 de prata e três de bronze. Como Publicitário do Ano, a escolha recaiu sobre Nazareno Albuquerque, da Mark.
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"A Carbonell foi pro vinagre" é o tema que a DPZ criou para o lançamento do Vinagre Carbonell, com a mesma qualidade do azeite. A criação é de Francesc Petit/Washington Olivetto/Marita Soares.
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O Grupo de Mídia do Rio de Janeiro promoverá na próxima terça-feira, dia 13, às 09:00 hs., na ESPM, na Praia de Botafogo 210 - 11º andar, uma palestra sobre "O Merchandising nos programas de televisão", a cargo do Sr. Jorge Adib, da Apoio Comunicações Ltda.
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A Fundação Brasileira de Marketing ministrará um Seminário sobre Marketing Bancário no período de 12 a 16 de fevereiro, das 20:00h às 23:00h na própria Fundação, à Alameda Santos, 2326 em São Paulo. Informações pelos tels.: 353-3928 ou 853-1653.
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Iniciando uma série de encontros, o Grupo de Atendimento de São Paulo promoveu uma palestra no último dia 6, terça-feira, que abordou "A expectativa da Agência de Propaganda, com relação ao profissional de Atendimento", tendo como conferencistas Luiz Sales, presidente da Salles/lnter-Americana de Publicidade. Geraldo Alonso, presidente da Norton Publicidade e Roberto Duailibi, diretor da DPZ.
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O Clube de Criação comunica aos seus diletos sócios que a anuidade passa a ser, neste ano de 79, 2.200,00 cruzeiros (200,00 x 11 meses), não sendo cobrado o mês de janeiro. Quem pagar tudo em fevereiro fica livre para o ano inteiro por apenas 2 mil cruzeiros. O sócio pode depositar a quantia em qualquer agência da Letra na conta nº 0006941-5, valendo o recibo do depósito como recibo da mensalidade. E mais: quem deve, não será cobrado até novembro. Ai, então, é que dependendo da pontualidade do sócio em 1979, cada caso será estudado individualmente. Ou seja, zero quilômetro para quem estiver devendo e quiser ficar em dia.
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O Sindicato dos Publicitários do Município do Rio vai ingressar com uma ação, na Justiça do Trabalho, contra a revista Bolsa, para que os contatos da revista recebam os atrasados do repouso remunerado ainda pendente.
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Emerson Fittipaldi fará a nova campanha publicitária da Monroe Auto Peças, fabricante de amortecedores, que está desenvolvendo um projeto e amortecedor específico; com know-how brasileiro para uso em Fórmula 1.
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A Janela está gostando do trabalho do departamento de relações públicas da DPZ. O eficiente José Luís Costa Pereira está sempre pronto para transmitir qualquer informação que precisamos sobre a agência e seus clientes.
CLASSIFICADO
Márcia Brito e Marcio Ehrlich estão vendendo uma linda ninhada de cães Tenerife, a raça ideal para publicitários e seus amigos. São carinhosos, compreensivos, peludinhos, simpáticos e inteligentes até para fazer freelances em comerciais. Tratar pelo tel.: 226-0638, durante o horário comercial, e pelo 286-4878 no horário restantes. Urgente.
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