Esta edição da Janela Publicitária foi publicada originalmente no jornal Tribuna da Imprensa.
O seu conteúdo foi escaneado e transcrito para ficar à disposição de consultas pela internet.
A aprovação do Projeto Lindoso é um desrespeito dos senadores para com os publicitários brasileiros.
O Projeto Lindoso, afinal, está aí aprovado pelo Senado, depois de tantos anos arquivado. Enquanto isso, o projeto de nacionalização do cartaz de cinema continua passando de gaveta em gaveta.
Mais uma vez, os nossos “representantes” no poder legislativo discutem a propaganda colocando-a como a única grande inimiga do consumidor, culpada da má qualidade de alguns dos produtos ou serviços que ela anuncia. Como se tais maus produtos ou serviços não tivessem passado pela fiscalização e liberação de outros órgãos do próprio Poder Público.
O mercado, obviamente, está preocupado. E a Janela Publicitária foi ouvir alguns de nossos mais representativos empresários sobre o assunto:
SANI SIROTSKI, presidente da SGB:
“Um absurdo! Um projeto como este é inútil quando já temos o Código de Auto-Regulamentação. Este é o tipo de projeto que foi feito por quem não conhece o problema, nem o negócio da propaganda. Com essa lei, não vai se poder fazer qualquer tipo de campanha. O anúncio de oportunidade, então, nem se fala. Uma lei que cuide de certas propagandas de remédios seria válida, mas o nosso código já prevê.
O que se deve fazer agora é tentar demonstrar aos deputados, que ainda vão examinar o projeto, da coisa horrível que ele é para todos.
ROBERTO MEDINA, presidente da Artplan:
"Um absurdo! Essa lei acaba com a propaganda. Ela tira toda a agilidade de quem trabalha com varejo, onde você só sabe na véspera o que vai anunciar. Como fica o próprio varejo? Verificar os anúncios a posteriori, ainda poderia ser admissível.
Mas verificar antes é muito anti-democrático. É cercear a liberdade de criação.
As associações de classe devem procurar imediatamente os representantes da Câmara para mostrar que o nível geral da propaganda brasileira não comporta mais esse tipo de leis. Acredito que os deputados terão o bom-senso de perceber”.
CELSO JAPIASSU, diretor da Denison-Rio:
“É tipicamente mais um projeto demagógico de véspera de eleição, tanto que só foi desengavetado agora. Além de ter sido aprovado por quem não conhece o problema, demonstra uma indelicadeza do Senado com a classe publicitária em não levar em conta o Código de Auto-Regulamentação.
MOZART DOS SANTOS MELLO, diretor da L&M:
“Se esses projeto já era tão importuno, inoperante e inconsequente há 7 anos, imagina hoje. Não acrescenta nada, e ainda vai gerar emperramentos burocráticos. Logo quando o governo começa a estabelecer aberturas, o Senado aprova um projeto que estabelece a censura na propaganda? E como vão ser desenvolvidas as próprias campanhas dos órgãos governamentais de administração direta? Eles vão ficar isentos desta censura?
Acho que a ABAP e o Sindicato das Agências devem tomar medidas urgentes. Como liderado, espero que eles atuem”.
GUILHERME AUGUSTO DE VASCONCELLOS, Gerente de Comunicações da Globex Utilidades:
“A classe se omitiu por 9 anos, enquanto o projeto tramitava. Se ele for regulamentado será desastroso para o País.
Agora é tentar minimizar os efeitos da lei ainda na Câmara, ou através de uma regulamentação eficiente”.
MAURICE COHEN, diretor da Standard.
“Obviamente é prejudicial. No momento que sentíamos que surgiriam mais aberturas, e a classe se mostrava mais madura, com o Código de Auto-Regulamentação, este projeto nos traz de volta ao momento mais ruim da profissão.
O mercado em si deve fazer um movimento de esclarecimento às autoridades. Mas a verdade é que o mercado foi omisso. Mais uma vez estamos pecando por tentar fechar a porta depois que o ladrão já passou. Lamento que nós, publicitários, que sempre procuramos fazer o máximo por nossos clientes, sempre esquecemos do que fazer para nos defender”.
JOSÉ ALBERTO DA FONSECA, diretor da Salles/Rio.
“Antes de mais nada é extremamente ridículo. Mais uma atividade profissional a entrar no funil da censura. Este projeto será um prejuízo para toda a atividade econômica que necessite de trabalhos de comunicação.
Será que censurando a propaganda, deixando essas decisões nas mãos de um funcionário, que está fora do meio e provavelmente preocupado com outro tipo de detalhes, vai resolver o problema do consumidor? Acho que não.
Agora devemos fazer pressão. As agências e anunciantes devem estabelecer uma campanha para resolver este impasse. Existem lideres votados e eleitos para tomarem esta inciativa. E tentar recuperar a omissão, voluntária ou não, de não ter consertado o projeto antes que ele fosse a plenário.
O que não adianta é a gente ficar esperando que a lei não vá pegar. De repente, ela vigora, e é o fim. E olha que a censura, no Brasil, sempre funcionou muito bem”.
JOÃO MOACIR DE MEDEIROS, presidente da JMM e presidente do Sindicato de Agências de Publicidade do Rio:
“Pensei que o assunto já estivesse morto. Na época, a ABAP e outras entidades haviam dado entrevistas criticando o projeto, e mostrando sua inviabilidade. Mas realmente não me lembro se chegamos a enviar algum documento para o senador Lindoso. Mas agora, esta lei já estaria até superada, inclusive pela Lei do Herbert Levy, no que diz respeito à propaganda de varejo.
Só acho que as entidades não devem tentar agir isoladamente. Já na próxima semana vou procurar os presidentes das outras entidades para estudarmos algum tipo de ação conjunta para evitar que este projeto se transforme em lei, ou para tentar um esclarecimento do legislativo”.
Seleção da Janela
Saiu para a Salles segundo anúncio de cinco estrelas do ano.
(Clique nos anúncios para ver em tamanho maior)
O júri desta Seleção, composto por Helena Lopes (redatora da GFM/Propeg), João Carlos Olivieri (diretor de arte da L&M), José Maria Nova (do atendimento da Artplan) e os responsáveis por esta Janela, examinou os anúncios veiculados na imprensa carioca, nas duas últimas semanas: a de 23 de agosto a 3 de setembro e a de 4 a 10 de setembro.
Na primeira semana, o Júri considerou que nenhuma peça atingiu um nível que merecesse destacá-la nesta Seleção.
Já na segunda, de 4 a 10 de setembro, três anúncios foram selecionados, e, curiosamente, todos eles alusivos a 7 de setembro. Desses três anúncios, um recebeu cinco estrelas, na segunda vez que isso acontece em quase um ano de Seleção, e na primeira em que o anúncio é assinado por uma agência. Na outra vez, foi selecionado com cinco estrelas o anúncio: "Neste Corpus Christi, reze pelo habeas corpus", assinado pelo Clube de Criação do Rio de Janeiro.
"Brasil de A a Z" foi o anúncio que recebeu as cobiçadas cinco estrelas. Realizado pela Salles/InterAmericana para a Sul América Seguros, foi criado pela dupla Delano D'Avila (diretor de arte) e Bernardo Vilhena (redator). O atendimento foi de Carlos Areia e Eduardo Sauwen, tendo sido aprovado por Reinaldo Bierrenbach. Contribuíram, também, de maneira decisiva, Binot e Paulo Cézar (produção), Jorge Valado (montagem), Rezende (ilustração) e Arnaldo Mainardt (chefia de estúdio). Na opinião do Júri, esse anúncio é, antes de mais nada, de utilidade pública, uma vez que traz à lembrança ou conhecimento dos leitores, alguns produtos de nossa cultura popular, hoje em dia tão reprimida por uma colonização cultural que busca alienar o povo de suas legitimas manifestações. Além disso, é uma peça produzida com muito bom gosto e equilíbrio, e que primou por seu excelente lay-out nada tradicional ou bem comportado. Suas ilustrações, bastante apropriadas ao tema, foram criadas com uma técnica que lembra trabalhos populares e forte influência do cordel.
|
|
Recebeu 4 estrelas "Independência, sim, Morte, não", anúncio que a DPZ realizou para a General Motors. Criado pela dupla Washington Olivetto e Francisco Petit, essa peça teve Álvaro Fiocco no atendimento e foi aprovada por Antônio Romeu Neto. O júri é de opinião que esse anúncio foge da badalação tão comum em anúncios alusivos à data, aproveitando elementos dessa mesma data para dar uma mensagem que também é de utilidade pública. Ainda na opinião do júri, esse anúncio tem o mérito de buscar mais a lembrança do feriado para atender às necessidades do cliente, que se limita a uma mera referência histórica. É uma peça de impacto, equilibrada, e criada com bom senso de oportunidade.
"O que Pedro não gritou ..." foi o anúncio que obteve uma estrela. Realização da GFM/Propeg para a Ficap, a peça teve como dupla o diretor de arte Eduardo Cruz e o redator Bjark Rink. O atendimento foi de Viviano Caldas e a aprovação de Hermes Ribeiro. Segundo o júri, uma peça que tem bom titulo, que conduz o leitor ao texto. Este, foi destacado por sua honestidade, também evitando o oba-oba comum a anúncios dessa data, ao admitir que ainda há uma grande independência para o Brasil conquistar: a econômica. Num lay-out muito bem executado, que soube valorizar os elementos visuais, foi utilizado como ilustração um quadro facilmente identificável, ligado ao tema, e que resultou numa solução bem melhor do que forçar alguma foto do produto do cliente.
Brainstorming • Brainstorming • Brainstorming
A JP&S firmou um acordo operacional com a JMM, no qual esta fornece um apoio profissional e material à agência de João Pecegueiro do Amaral.
•
Terão início no próximo dia 18 de setembro mais dois cursos da Escola Superior de Propaganda e Marketing: Tráfego em agências de propaganda e Criatividade (pelo método “Bufallo”), aliás, dizem que por esse método o indivíduo presencia a liberação de seu potencial criativo.
•
“O que aconteceria se os produtos começassem a ser vendidos sem marca?” Este é o tema da conferência que Phillippe Charmet, presidente da SSC&B:Lintas de Paris, fará no dia 19 deste mês, no auditório do Clube Harmonia, infelizmente em São Paulo.
•
A revista Veja está completando 10 anos e está preparando uma série de oito cadernos com depoimentos de várias pessoas sobre as atuais opções políticas, econômicas e culturais de nosso país.
•
A Sell, agência do grupo Lintas, acaba de conquistar toda a conta da Singer, inclusive a parte de Relações Públicas. E também a conta da Gendata, empresa de processamento de dados.
•
O secretário-geral latino-americano da International Advertising Association – IAA confirmou sua participação como coordenador da parte internacional do III Ciclo de Estudos do Grupo de Atendimento, que será realizado em São Paulo de 23 a 28 de outubro.
•
Para reforçar sua área de atendimento e planejamento, a Jotaé contratou Paulo Carvalho.
•
Ainda dando prosseguimento ao excelente trabalho da Salles para a Sul América, a Federação Equestre do RJ e a própria seguradora aproveitam o momento e lançam a 2ª Copa Sul América de Hipismo.
•
E a Mendes, lá do Pará, nos comunica que tem novos clientes: Ron Bacardi, Caderneta de Poupança Credimus, Diário de Pernambuco, Rádio Clube de Pernambuco e Rádio Tamandaré.
•
O publicitário e poeta de vanguarda Hayle Gadelha está convidando estes colunistas e todos o seus colegas publicitários para a noite de autógrafos de seu livro Onomatopoemas, dia 19 próximo, a partir das 20 horas, na Livraria Muro, Rua Visconde de Pirajá, 82, Ipanema. Estaremos lá.
•
A Tribunal Rural, de Campo Grande, será relançada hoje em grande estilo, festejando também o seu jubileu de prata.
•
O jornalista e publicitário Carlos Aculo está lançando seu primeiro livro de contos: “Indecente’s Bar”. Segundo o próprio Aculo, “Indecente’s Bar” repõe a cafajestice do cotidiano na literatura... vê a cidade com olhos próprios, dispensado a ótica norte-americana ou europeia. Um livro descolonizado.”
•
|
Anúncio publicado na edição impressa da Janela.
|
Começa neste sábado o curso “Marcas e Logotipos “com o professor e diretor de arte Paulo Whitaker Penteado, um craque no assunto, na ESPM.
•
Atenção nova diretoria do Sindicato dos Publicitários que toma posse esta semana: A Janela está recebendo denúncias de que algumas agências andam se utilizando de serviços de redatores e diretores de arte exigindo horário integral, cumprimento de ponto e obrigatoriedade de trabalhos extras, por mais de seis meses ou ano, sem sequer assinar a carteira do profissional. Será que isto é permitido pela lei? Com a palavra também a Delegacia Regional do Trabalho.
•
Estes colunistas estarão brevemente na Escola Superior de Propaganda e Marketing apresentando aos alunos as peças que foram premiadas com o Prêmio Colunistas de 1977. Outras escolas, faculdades e/ou universidades que estiverem interessadas, podem nos procurar pelo telefone 286-4876.
•
Aquilo que aparece em nossas TVs e rádios quando menos esperamos, gritando o currículo do candidato, jamais deveria ser chamado de propaganda eleitoral e sim de promoção eleitoral.
|