Janela Publicitária    
 
  Publicada desde 15/07/1977.
Na Web desde 12/07/1996.
 

Janela Publicitária - Edição de 18/NOV/1977
Marcia Brito & Marcio Ehrlich

 

Esta edição da Janela Publicitária foi publicada originalmente no jornal Tribuna da Imprensa.
O seu conteúdo foi escaneado e transcrito para ficar à disposição de consultas pela internet.

BOCA LIVRE

A poucos meses da completa destruição da ABP pelo fogo, e da campanha de captação de fundos para recriá-la, só voltamos a ouvir o nome daquela associação em clima de festa, premiando agências, publicitários, contatos etc. Nossa Janela quis então saber se esse é o verdadeiro clima da ABP, e foi ouvir Paulo Roberto Lavrille (Salles/Inter), seu presidente. E Lavrille nos deu seu depoimento, realmente importante para quem quiser compreender pelo que está passando a associação de nossos profissionais.
Janela - Lavrille, a quantas anda a ABP?
Paulo Roberto Lavrille - Esta é a fase mais difícil que a ABP já passou. É uma fase de renascer das cinzas. E sem jogo de palavras. Estamos precisando da ajuda de toda a classe porque uma diretoria só não vai ter êxito nesta missão. A classe não é muito unida sob o ponto de vista associativo. Inclusive eu não sei o que mais poderá ser falado dos 40 anos da ABP. Nós perdemos todos os documentos que faziam sua história. O que sobrou em termos de patrimônio foi apenas um relatório de 1939, da primeira diretoria e um estatuto atual. As fichas estão sendo reconstituídas, e estamos tendo que apurar para saber quem era sócio. Depois disso poderemos partir para recrutar novos membros. Agora apelo a quem tiver qualquer documento que diga o que foi a ABP, quem foram seus diretores e o que fizeram, por favor, nos mande para reconstruirmos sua história.
- Eu tinha uma plataforma traçada. Antes do incêndio, já tinha mais ou menos a estrutura financeira pronta para deflagrar o processo de uma nova sede. Seria um esquema de permuta, ou seja, conseguir o espaço nos veículo e contatar uma duas ou três construtoras fortes anunciantes, e pagá-las com este espaço. Mas no Rio está se lançando muitos poucos imóveis para escritório, sobretudo nesta área de Botafogo, que ainda é barata. O esquema montado para pagamento ainda tenho, mas não o imóvel. Quanto à bolsa de empregos, eu preciso de um lugar para fazê-la. Estou reconstruindo tudo isso para montar um fichário. Mas as prioridades agora são: 1º - reconstituir o quadro associativo e 2º - partir para a sede.
- Outra coisa muito importante. que já estava fazendo, é saber o que é o mercado do Rio de Janeiro. Hoje não existe ninguém no Rio que saiba dizer alguma coisa sobre esse mercado. Quantos profissionais existem em todos os setores? Já tinha montado um esquema e conseguido a lista de alguns jornais e algumas agências. Estava todo montado um esquema com o Perigault, quando infelizmente esta figura extraordinária morre! A ABP é pobre e não tem dinheiro. Tudo tem que ser na base da troca, porque tudo significa custo. Mas esse é um trabalho da maior importância, e que pretendo apresentar no III Congresso Brasileiro de Propaganda. Evidentemente, nesses dois anos não vai dar pra fazer tudo, mas eu acredito que pelo menos consiga adquirir a sede. Pretendo deixar um patrimônio pra ABP de qualquer maneira. Já que não poderei concorrer às próximas eleições para continuar a reconstrução, pois estatutariamente não é permitido. É uma tarefa difícil. A nossa classe precisa ser sacudida para esse espirito de associação.

SE ACABARIA COM A APP E AS OUTRAS, PARA FICAR SÓ COM A ABP

Janela - A ABP sempre foi acusada de ser uma associação mais carioca que brasileira. Seria agora a oportunidade de se mudar essa mentalidade?
Lavrille - - Do meu ponto de vista (e que pode não ser o da diretoria da ABP e posso até ser derrotado em votação) este nome ABP pode ser usado com um significado amplo para todo o Brasil. Eu vou ter uma reunião com o Luiz Celso de Piratininga, da APP - que está fazendo um trabalho extraordinário em SP - e propor dar o nome da APP para todo mundo. Se acabaria com a APP e outras associações de estados e se criaria a ABP de São Paulo, a ABP do Rio e outras seções. Ainda não pensei num esquema completo, mas basicamente a ideia é essa. A ABP ser nacional, inclusive com rodízios de presidentes estatutariamente, para, não criar suscetibilidades. Em vez de se criar outras associações, vamos usar este nome fortíssimo, que tem 40 anos e merece ser preservado. Ficaria como a ABAP - seção Rio etc. Não sei se o Piratininga vai concordar com esta minha tese. O importante é que estou aberto para qualquer solução elevada para que a ABP - que é a associação que deve congregar os profissionais brasileiros de propaganda - tenha elevados cada vez mais os seus conceitos e reputação.

A CLASSE CRITICA, MAS NA HORA MESMO, ELA PULA FORA.

Janela - Você aceita a ideia de que o surgimento de entidades como o Clube de Criação, Grupo de Mídia, Associação de Contatos etc é propiciada pela inoperância de ABP, Sindicatos etc?
Lavrille - É possível, não tenho dúvida que seja verdade. Mas acho que o CC, o GM e o dos contatos, todas essas pessoas podem enfiar para a ABP no momento em que ela seja fortalecida e ampliada na sua atuação. A ABP tem mais condições de contribuir para o engrandecimento do profissional se congregar em torno dela todas essas outras entidades. E é fácil juntá-los. O próprio Grupo de Mídia está fazendo um dos cursos da ABP. Acontece que nossa classe realmente não tem espirito associativo. Ela critica, mas na hora do negocio ela sai fora. Nossa mensalidade era de 15 cruzeiros. Com este dinheiro, o que eu posso dar? É um circulo vicioso. Não dou porque não recebo. Não recebo porque não dou. No momento está difícil a AEP dar alguma coisa.
Consegui fazer um convênio com o Clube Pontal da Barra da Tijuca, para os sócios da ABP frequentarem se quiserem. Fiz uma circular e não aconteceu nada.
Janela - O que você diz da acusação de que em vez da ABP estar brigando pelo profissional ela está conseguindo desconto em cuecas?
É verdade que nós conseguimos descontos de 10% em várias lojas, mas também estamos brigando. Fazemos parte do projeto de auto-regulamentação da propaganda que deve ser discutido em dezembro. E achamos que deve ser reformulada a Lei 4.680, uma lei hibrida cuja discussão congrega o interesse publicitário e ao mesmo tempo da agência. Mas não é fácil mudar uma legislação. Agora, por exemplo, vamos a reuniões para chegarmos ao III Congresso com pontos de vista parecidos aos de outras associações para não perdermos tempo discutindo na hora, a ABP defendendo uma tese, a APP outra.

AGORA EU NÃO ACEITO MAIS CRITICAS

Lavrille - Nós estamos fazendo a festa da propaganda que é para angariar dinheiro. Mas vejam que mandamos quase 700 convites com espaço para o pessoal votar nos prêmios do ano e recebi, no máximo, 80 respostas. Então eu não aceito criticas dos profissionais neste setor.
Queriam que a ABP se manifestasse contra a contratação de gente de São Paulo. Mas estes profissionais vieram e deram uma mexida nos salários dos profissionais do Rio, e isso foi bom!
Tenho recebido de veículos muito mais apoio do que das agências. E se eu não conseguir dinheiro dentro de dois meses, não vou poder pagar a folha de pagamento de nossos funcionários. Estamos funcionando na Denison, e já tive que ficar o dia inteiro atrás do problema do seguro, como é que ia ser, se ia ser reconstituído ou não! Vai agora depois de três meses de briga e discussões com o sindico e com o sujeito que causou o incêndio no prédio ao lado. Eu quero ver se é fácil. Coloque-se nesta função sente-se aqui na cadeira, e depois vem me dizer que é fácil tratar destes problemas.
Quanto a desemprego de publicitários não acredito que haja. Nem agências que estejam despedindo em massa. Existe é um crime gigantesco que é um negócio chamado Escola de Comunicação. Isto nem vai trazer um problema gravíssimo para o mercado. E tão jogando no mercado profissionais teóricos que não estão preparados, não conhecem a realidade e se formam aos borbotões. Não vai ter emprego é pra eles.

Brainstorming • Brainstorming • Brainstorming

Central de Out-Door - Homenagem a NiteróiA Central de Out-Door preparou este cartaz para homenagear os 404 anos de Niterói. E dentro da campanha de enobrecimento do veículo, mostrando que pode ser utilizado em causas comunitárias, propôs ao Clube de Criação do Rio um concurso de out-doors com o briefing: "Advertir os pais de que as crianças estão sendo aliciadas a usar drogas nas escolas, desde os 10 anos de Idade", O Clube sugeriu à Central uma distribuição de 100 mil cruzeiros de prêmios, mas a Central ainda ficou de estudar esta proposta. Em São Paulo a Central dará o Prêmio Charles Dulley ao melhor out-door veiculado, premiado pelo Prêmio Colunistas. Dulley foi um dos introdutores daquele veículo no Brasil, e passará a pertencer ao Hall da Fama da revista Propaganda.
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O Clube de Criação do Rio está preparando um novo concurso, junto com o Governo do Estado do Pará, que premiará um cartaz comemorativo do centenário de um grande teatro em Belém. O importante na feitura dos cartazes é que será proibida a utilização de fotografias.
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CCRJ - Estou com o III Congressi Brasileiro de Propaganda e não abro.
N.R.(2014): Este anúncio foi publicado na edição impressa da Janela.
A Salles/Interamericana lança hoje no Hotel Intercontinental vinhos produzidos pela casa Pedro Domecq
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No dia 22 no Círculo Militar de São Paulo, serão entregues os prêmios do Hall da Fama e os prêmios brasileiros da SAWA. Neste mesmo dia serão exibidos todos os premiados da SAWA.
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A Associação de Supermercados começou a veicular o anúncio que mostra a complexidade que envolve um produto até que este chegue às mãos do consumidor. Objetivo, bem feito e muito oportuno.
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A Novagência criou a campanha de lançamento do primeiro uísque feito com matéria-prima inteiramente nacional, o "Brazilian Blend". Luiz Ângelo Noronha, o homem de marketing da Bebidas Brasileiras Comércio-Exportação pretende posicionar o produto dentro do conceito de um uísque brasileiro "de rolha ao malte", segundo o release. Obviamente, esqueceram-se de passar pelo nome do uísque.
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A Focus é a agência responsável pelo "Informativo especial" do Leilão da Primavera do leiloeiro Ernani, que ocorrerá dia 21. Vale a pena ver o quadro de Tintoretto e as arcas de navios ingleses.
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Esta coluna sai às sextas-feiras e fecha as quintas, ao meio-dia. Correspondência deve ser enviada à Rua Barão de Itambi, 7/605, Flamengo. Ou pelo telefone 286-4876.