Esta edição da Janela Publicitária foi publicada originalmente no jornal Tribuna da Imprensa.
O seu conteúdo foi escaneado e transcrito para ficar à disposição de consultas pela internet.
Os Conselhos Regionais de Profissionais de Relações Públicas estão se preparando para as eleições do dia 7 de novembro, que elegerão suas diretorias para o biênio 78/79.
Os Relações Públicas de São Paulo estão se movimentando bastante para que a nova Diretoria do CONRERP/SP, seja realmente o reflexo dos anseios da maioria dos profissionais e, a chapa "Iro Nogueira", encabeçada por Nemércio Nogueira está organizada de maneira a proporcionar àquele Conselho, os talentos e a capacidade do trabalho de todos os seus integrantes, de modo que cada um neles - efetivos, suplentes e professores especiais - tenha funções específicas e responsabilidades permanentes. A Chapa "Ilo Nogueira" submete à apreciação dos leitores da "Janela" sua plataforma básica de trabalho, que reúne, entre outros, os seguintes objetivos: Promoção de profissão e das técnicas de Relações Públicas junto ao mercado de trabalho (empresas, órgãos governamentais e entidades), de maneira a lhes demonstrar a importância, a utilidade prática e a necessidade dos especialistas em RP; sensibilização dos setores governamentais estaduais e municipais sob nossa jurisdição, para observância da Lei 5377/77, que determina que o exercício das funções de RP caiba exclusivamente nos profissionais registrados no Conselho: Rigor na Fiscalização, a advertência e aplicação de penalidades aos infratores da Lei 5.377/77; Lutar pelo aprimoramento do Magistério, com exigência de professores capacitados para o ensino de disciplinas especificas de RP e devidamente registrados no CONRERP/SP; Consolidação do Serviço de Estágio daquele Conselho e Implantação definitiva de monitorias junto aos D.A. das Escolas Superiores de RP.
Enquanto isso parece que o Conselho Regional de RP aqui do Rio ainda não se empolgou com as novas eleições. O silêncio de suas chapas sugere a inexistência de qualquer plataforma de trabalho. Isto transmite indiferença aos profissionais registrados e aos que ainda se interessem pelo registro. Será que os relações públicas, como os jornalistas cariocas, também, vão ter de ficar aqui apenas se lamentando por tudo funcionar bem em São Paulo?
BOCA-LIVRE
José Rildo Rocha, diretor de arte da Aroldo Araújo Propaganda, vem se destacando ultimamente pelas belíssimas programações visuais e logomarcas criadas para aquela agência, como as das Calças Cukier e a da Central de Out-Door do Rio de Janeiro, que podemos ver ao lado. Rildo foi nosso convidado para oficializar a seção "Boca-Iivre”, na qual o entrevistado tem toda a liberdade para dar seu depoimento sobre sua experiência profissional. Da conversa que tivemos com Rildo, o resultado foi este:
"Não vejo nenhum problema em que trabalhos de programação visual sejam feitos por agências de propaganda. Sei que se muitas não o fazem é pelo envolvimento que este trabalho exige de toda uma equipe Inteiramente dedicada, desenvolvendo seus aspectos técnicos e estéticos em um prazo mais longo que o da criação de um anúncio. Para o profissional, é mais rentável trabalhar em estúdio próprio especializado, pois a agência não paga-lhe mais por este trabalho, apesar poder cobrar do cliente por ele.
De qualquer maneira, é Importante que a agência oriente o cliente em busca de uma boa programação visual para facilitar a Identificação do produto pelo público. O consumidor gosta de ver uma etiqueta de bom gosto. E uma boa programação seguramente ajuda a vender. Atualmente o empresariado brasileiro já está se conscientizando da necessidade de uma boa programação visual e de uma boa Iogomarca. Isto talvez por influência cultural dos empresários americanos e europeus aqui radicados. E a necessidade da empresa se vender bem faz com que haja mercado de trabalho para todo programador visual. A maioria dos empresários brasileiros, porém, ainda não está acostumado a aceitar e procurar uma programação visual limpa, simples, sóbria, de impacto e bom gosto. Eles fazem questão apenas de um desenhinho para representar sua firma, e se prendem muito a imagens figurativas. Seria, por exemplo, quererem uma sobrancelha naquela logomarca do out-door para evidenciar a identificação do olho ali simbolizado. De certa forma grande parte das agências de publicidade também não está preparada para entender uma boa programação visual. As vinte ou trintas maiores agências estão, mas têm muitas por ai fazendo qualquer coisa e obrigando o programador a correr com o trabalho para entregar no dia seguinte.
Para a central de Out-Door eu fiz uma superposição de vários elementos gráficos ligados àquela entidade. Toda a programação lembra um outdoor, desde a sua forma retangular emoldurada até o tipo de letra grande e atrativo dos cartões, papel de carta e envelopes. A logomarca constitui um monograma onde o C de Central é anotado no retângulo da forma do out-door, e o O de Out-Door é a circunferência na mesma cor do C. E, para simbolizar o sentido da Central como congregadora das empresas de cartazes, utilizei o ponto central, ainda na mesma cor. O olho que surge pela disposição dos elementos simboliza a relação que o consumidor em que com aqueles veículos, ou seja, de predominância visual.
RETOQUE
Este é um país de 110 milhões de técnicos de futebol como todos sabem. Qualquer um entende e dita regras sobre o esporte bretão. Médico também todo mundo é um pouco, assim como músico e louco. E num lugar em que balconista de farmácia é chamado de farmacêutico e receita até antibiótico, por que um jogador de futebol não tem o direito de atestar a qualidade e recomendar, em cadeia nacional e pela televisão, um medicamento?
Se este tipo de coisa chega a ocorrer, é porque a legislação existente nada Impede, nem há qualquer espécie de preocupação com auto-regulamentações
por parte dos responsáveis por aquelas mensagens.
Os danos, porém, que uma peça publicitária como esta do Pelé podem causar são incontavelmente superiores a qualquer possível efeito benéfico que se venha a descobrir no complexo vitamínico denominado "Vitasay”. E tais danos vão se localizar precisamente na saúde psíquica da população, aumentando uma série de distorções de comportamento e crenças que acabam por emperrar qualquer evolução de nossa faixa de população menos esclarecida.
A eficácia da propaganda testemunhal é incontestável, e a publicidade já a vem usando em larguíssima escala. Apesar do prejuízos à livre escolha que ela possa causar suas utilizações no âmbito de produtos de consumo estão razoavelmente aceitas dentro dos padrões sociais e psicológicos da sociedade contemporânea. Para produtos que envolvem a saúde física e mental, o comportamento deve ser obrigatoriamente outro. Tanto que o Código de Ética dos Conselhos de Medicina nos proíbe que nos pronunciemos publicitariamente a respeito de qualquer terapia, por saberem da forte carga de credibilidade que representa a figura de um médico.
Infelizmente, no Brasil, a credibilidade de Pelé foi transcendida das áreas em que sua competência lhe permitiria, se manifestar como atleta e ser humano, recomendando televisores, cafés e refrigerantes. Permitir-se que um jogador de futebol, no momento em que sua carga de empatia está elevada ao máximo pela emoção de sua despedida do futebol se coloque a dar opiniões sobre um assunto de competência eminentemente científica, é provocar em excesso as pessoas que possam ter inteligência entre nossos representantes públicos, que passarão a ter todo o direito de não mais esperar por uma auto-regulamentação da publicidade brasileira para impor um código de comportamento exógeno.
Marcio Ehrlich
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Brainstorming • Brainstorming • Brainstorming
Agora que já está mais do que confirmada a saída de Mauro Salles da Salles/lnterAmericana para ocupar o cargo de vice-presidente executivo nos Diário Associados, podemos refletir com calma no que este fato representará. para a comunicação. Não restam dúvidas que o retorno de Mauro Salles à Imprensa só irá engrandecer, em todos os níveis aquela Cadeia associada. E da mesma forma com que fez na propaganda brasileira, uma das mais brilhantes atuações jamais vistas. Nossa publicidade perde um líder, um profissional que sempre demonstrou o maior carinho, atenção e preocupação com o caminho a ser seguido pela Comunicação no Brasil e que soube aceitar a oferta para tentar recomeçar outro Importante trabalho em beneficio do nosso jornalismo.
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Já está virando moda em filmes publicitários a gag de seres humanos no fim do filme mostrar serem "robôs". Os "robôs" já venderam pilhas, fitas cassetes e agora estão trabalhando para a Telerj, contratados pela Denison. Como esta agência está fazendo aniversário e ainda contratou o Ruy Lisboa, deixamos passar desta vez. Mas a partir de agora, "robô" em publicidade vai começar a parecer falta de imaginação.
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Os médicos foram homenageados na terça-feira passada com uma série de anúncios institucionais comemorativos do Dia do Médico. Algumas peças foram muito boas, mas duas se destacaram pela criatividade e bom gosto de suas mensagens: a da Artplan para seu cliente Roche - "'Hoje, ponha-se na pele dele" e a da Focus para o Sarsa - Laboratório Silva Araújo-Roussel - "Hoje é Dia do Médico. A vida agradece".
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Alzira Afonso voltou a ser assistente de mídia da Premium.
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Luciano Magalhães é o novo mídia da UEB-Publicidade, e está à procura de um (a) assistente de mídia.
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Parece coincidência, mas as três Ilustrações da coluna de Estórias em Quadrinhos, do Dagomlr Marquezi, lá embaixo na página, são de desenhistas que atualmente estão mais ligados à publicidade que aos quadrinhos. Flávio Collin está na Denison, Julio Shimamoto anda fazendo cartazes de KingKong e free-Iances para agências, e Jaime Cortez já foi até dado como prêmio. E a revista de que o Dagomir fala registra o que aconteceu aos antigos (antigos, e não velhos) desenhistas brasileiros de quadrinhos de terror. De 13 nomes, dois já faleceram e oito se ligaram à propaganda, como Gutemberg Monteiro, Getúlio Delfim, Aylton Thomas, Luis Saidenberg e Zezo. Eu, como também já atuei como desenhista de quadrinhos, estou longe de me espantar com tantas mudanças. (ME).
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O Clube de Criação do Rio de Janeiro está procurando urgente uma sede, que tenha, pelo menos, um bom salão para as assembleias. Quem souber de alguma dica, comunique-se com o pessoal do Clube, que eles saberão agradecer. * Ainda do Clube, sua peça sobre o Ruscht foi publicada em dois jornais de Vitória. ES, e motivou a que duas agências de lá (entre elas, a Roicles) também fizessem suas próprias peças. * E os Clubes de Criação estão aumentando. Rosenildo Franco, da Mendes, está lutando pela organização da entidade no Pará.
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A Mendes Publicidade está cheia de novidades. Teve sua peça. "O Banco do Pará acaba de descascar um enorme abacaxi" selecionada pelo júri do "Art Directions Eigth Annual Awards Show" para figurar nessa mostra da propaganda internacional, e no anuário Creativity 77. * E outro anúncio deste banco - "Esta marca está se espalhando por aí" - também participa este ano de um anuário internacional, o "Modem Publicity", da Inglaterra. * Ainda da Mendes, já vi nos supermercados e gostei da programação visual dos rótulos das compotas "Frucalda", sua nova conta.
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O publicitário Carlos Alberto, da Certa, publicará na revista Ficção de novembro seu conto "Creme de Ia creme 77". Aliás, é de se aplaudir a ótima iniciativa daquela revista, que vem prestigiando os novos talentos da nossa literatura.
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A Focus comunica que a General Binding Corporation, do Brasil (ou seria "of Brazil”?, adquiriu uma área em Jacarepaguá para implantar seu parque industrial na América Latina, para a fabricação de filmes de segurança especial para plastificação de documentos. O Geraldo de Andrade (RP da Focus) que me perdoe, mas esta multinacional tinha logo que escolher um lugar lindo como Jacarepaguá para despejar seus resíduos. E estes plásticos são biodegradáveis? Deveria ser uma preocupação de Relações Publica de qualquer empresa preservar áreas como .Jacarepaguá para que não se tornem poluídas como São Cristóvão e tenham a opinião pública voltada contra elas.
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Do último Informativo da Mídia-McCann, verificamos quais as cinco revistas que mais aumentaram de vendagem do primeiro para o segundo trimestre de 77: Homem - agora com 170.592, (+ 23,9%), Ilusão (passou para 165.610 (+ 8,2%), Cláudia - para 194.185 (+ 8.2%), Contigo - para 229.145 (+ 6,9%) e Desfile - para 185.443 (+ 5%), As que mais caíram foram: Figurino Moderno - para 69.230 (- 58,2%), Grande (-16,4%) e Manequim para 193.133 (-13,5%), Hotel - para 75.304 (-26.6%), Supernovelas Capricho - para 63.807.
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A Constata Propaganda comunica que seu cliente "Dacunha Veículos" acaba
de criar mais um veiculo utilitário - o JEG - com mecânica VW.
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A Ítalo Bianchi está lançando a campanha do extrato de tomate Palmeiro?... As peças promocionais (broadside, cartazes, faixa para ponto de venda) e do out-door são excelentes, pois mantêm uma única mensagem para todas elas ("o puro gosto"). Fazem parte, ainda, da campanha, um filme de 50 segundos e um spot de 30". * Ainda da Bianchi, a conta da Loteria do Estado de Pernambuco foi confiada àquela agência, que dará início a seu trabalho publicitário com o Prêmio de Natal.
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O Sindicato das Agências de publicidade de São Paulo, presidido por Luís Sales, está propondo às entidades congêneres de outros Estados a criação de uma Federação de Sindicatos.
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NOTA DA REDAÇÃO (2013) - O "anúncio" ao lado foi produzido pela equipe da Janela para fechar o "Caso Ruy Lisboa".
Ruy era um publicitário que venceu um importante concurso literário em 1977, promovido pelo Unibanco.
Por ter 48 anos e estar fora de agência, o Conselho Nacional de Propaganda (CNP), presidido por Roberto Duailibi, resolveu aproveitar a oportunidade para fazer um anúncio exortando os empresários do setor a continuarem apostando nos criativos de mais de 40 anos.
O título original -- que foi submetido ao próprio Ruy -- dizia "Palmas para o Ruy. Ele está desempregado?".
Mas Duailibi achou que o ponto de interrogação tirava a força da peça e publicou sem ele.
Ruy ficou desesperado com a revelação pública de que ele estaria desempregado. Segundo ele, até vizinhos teriam oferecido ajuda, o que ele considerou uma gigantesca humilhação. E passou a fazer campanhas contra a interferência de Duailibi na peça previamente acordada.
Finalmente, em outubro de 1977, o criativo foi novamente contratado, agora pela agência Denison e, ao que parece, com o compromisso de nunca mais falar nada sobre o caso.
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