Não sei se é verdade, mas tendo a achar que sim: o ego de um publicitário só não é maior do que o de um jornalista. Difícil ver um jornalista elogiar o “coleguinha”, mais ainda um jornalista elogiar o texto alheio. Eu, que amo um texto descomplicado, de linguagem fácil e envolvente, sou daquelas que se derretem por uma boa leitura.
Flávio Medeiros, diretor de Criação da 3mais, é uma dessas pessoas que escreve fácil, descomplicado e prende a nossa atenção do início ao fim de seus textos sempre tão bem-vindos aqui na Janela. Neste, ele consegue expressar muito daquilo que eu penso, sinto e adoraria dizer sem parecer estar puxando a sardinha pra minha brasa. Principalmente, em tempos de redes sociais que fizeram tanta gente “achar” muito e pensar tão pouco.
Neste texto, Flávio me levou de volta à infância, ao jornal na mesa do café, sobre a delícia de se debruçar em análises profundas e de quem realmente conhece sobre determinado assunto.
“Nos últimos dias, decidi voltar a assinar um jornal impresso. Em um primeiro momento, o que parecia apenas um gesto nostálgico, se tornou um hábito com impacto real na minha rotina e na dinâmica da casa.
O jornal impresso devolveu o tempo da leitura com calma. Agora, os cafés da manhã são acompanhados por reportagens extensas, análises mais profundas e artigos que exigem atenção. Essa pausa analógica se contrapõe ao consumo fragmentado de informação nas telas. Ao dividir os cadernos pela manhã, criamos um espaço de convivência em torno das notícias.
As crianças passaram a ter um mínimo contato com a informação de forma natural, ainda que seja apenas na procura pelos quadrinhos do jornal, e os comentários passaram a surgir à mesa, como acontecia em outras épocas.
Quando eu era criança, meus pais assistiam ao Jornal Nacional na TV da sala e liam o jornal impresso, gerando conversas que envolviam a família. O que acontecia no mundo fazia parte da rotina da casa. E, mesmo as notícias ruins, ajudavam a gente a desenvolver o diálogo e o senso crítico. Hoje, com os meios digitais, as notícias se transformaram em posts, reels, stories, opiniões de influenciadores (muitas vezes duvidosas). O consumo da informação também passou a ser uma experiência silenciosa: dividir notícias virou compartilhar links por mensagem.
O impresso recupera, em parte, essa experiência coletiva de dividir cadernos e comentários.
Há também uma dimensão institucional nesse gesto. Assinar um jornal é apoiar a imprensa e o trabalho dos jornalistas, profissionais que asseguram a qualidade da informação em tempos de excesso de ruído e superficialidade.
Voltar ao jornal impresso, portanto, não é um exercício anacrônico. Diminui o tempo de tela, traz equilíbrio e é uma forma de resgatar a leitura atenta e compartilhar um pouquinho visões críticas do mundo entre um gole de café e outro.”
Maravilhoso! Aqui em casa sempre fizemos isso!
Na adolescência da minha filha discutimos vários assuntos importantes. De Anorexia , Gravidez, até Guerras.
As noticias discutidas em família nos da a oportunidade de crescer. . Obrigada
Ele tem toda a razão.
Aqui na Alemanha não me resta outra alternativa a não ser ver “drops” de noticias na Internet, que nem sempre consigo ler, pois são cortadas por anuncios, pedidos de assinatura , etc.
Na maioria dos casos não consigo ler a noticia inteira.
Acho que não ha nada como acordar de manhã, abrir a porta, pegar num jornal, sentar numa poltrona e ler o que se quer.
Eu sempre achei que o jornal impresso nunca devia ser abandonado, tanto em banca, como assinatura. Como não foi o rádio, é a tv.
Se informar só de Internet não dá.
Há lugar pra todos.
Flávio, não voltei ao jornal impresso porque nunca saí dele. Alem disso, ele ativa – além da mente! – o tato e o olfato!
Bacana e estimulante a matéria. É de uma riqueza tamanha a experiência com a mídia impressa, além, obviamente, de um contato físico menos frio e superficial do que uma tela digital.
Sou publicitária e adorei o comentário. Abração, colega!