Quanto tempo um profissional de publicidade pode precisar para analisar se uma campanha é boa ou não?
Se ele estiver participando da subcomissão técnica da disputa da Cedae, por exemplo, pode ser até mais de cinco meses.
Neste ano de 2024, o mercado publicitário está assistindo um grande volume de processos licitatórios de órgãos públicos que receberam as pastas nas quais as agências investiram fortunas para produzir, mas que ninguém, até agora, teve qualquer satisfação sobre os pontos que fizeram.
No caso da Cedae, que citei acima — e cuja entrega de pastas aconteceu em 27/06 –, estão no limbo as agências Agência Um, Brick, Cálix, E3, Jotacom, Nacional, Nine e Propeg.
Quanto aos Correios, aguardam os resultados nada menos que 37 agências: Artplan, Babel, BCA (Agência Um), Binder, Bolero, BTS, Calia, Calix, CC&P, Debritto, DPZ, E3, EBM Quinto, Escala , Execution , Fields, FLD, GlobalCom, Gpac, Grito, Heads, Ideia 3, Jcom, Lua, Mene e Portella, Moria, Multiface, Nacional, Nova, Objetiva, Octopus, Ogilvy, Propeg, Puxe, View 360, Vivas e Z3. Todas elas entregaram sua documentação em 10/10.
Para tentar a conta de R$ 120 milhões da Embratur, que dividirá a verba entre três agências e recebeu as pastas em 28/08, estão aguardando Propeg, Artplan, Calia, Binder, 3Mais, Nacional, Cafeína, Filadélfia, Fields, Cálix, EBM Quintto, Mene Portella, Ivo Amaral, E3, Nova e Lew Lara.
Tem mais: O Ministério da Educação recebeu 24 agências em 26/09 e não respondeu a nenhuma: Babel, Binder, Bolero, Cafeína, Calia, Cálix, Danza, DeBrito, E3, EBM Quintto, Eclética, Escala, Fields, Klimt, Lua, Mene e Portella, Multiface, MWorks, Nacional, Nova, Octopus, Propeg, Tech and Soul e View 360.
Publicamente, nenhum diretor destas empresas, como se imagina, vai falar nada. Afinal, ninguém quer se desgastar com um possível futuro cliente.
Mas em conversas com a Janela, é natural, nota-se claramente a revolta pela situação. E o inevitável questionamento: por que a demora?
O que acaba levando à suspeitas. Estaria havendo o risco de cancelarem a concorrência e todo o investimento feito acabar no lixo?
Pior: arranjos políticos poderiam estar provocando mexidas nos números inicialmente definidos pelos jurados para favorecer uma ou outra agência originalmente mal pontuada?
Fala-se muito neste momento, em Brasília, sobre a troca de Paulo Pimenta pelo publicitário Sidônio Palmeira (ao lado de Lula na foto) à frente da Secom.
Vamos esperar que, como empresário da área, ele se sensibilize e lembre que estamos em um governo que sempre prometeu mudanças e mais transparência. E isto, definitivamente, não é o que anda acontecendo nos bastidores das licitações.