• Sem sede, sem equipe e poucos associados, ABP precisa quem lhe faça renascer

    Quem poderá salvar a Associação Brasileira de Propaganda (ABP), a mais antiga entidade do mercado?

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    Inativa há mais de dois anos, tendo perdido a sua sede própria para pagar dívidas, sem secretaria, sem conteúdo no site e nem mesmo rede social, a entidade, presidida há duas gestões por Bruno Dreux, está às vésperas de uma nova eleição obrigatória — deverá ser em julho — e apenas convocou o processo intramuros, sem qualquer comunicação pública ao mercado.

    É tão triste a falta de transparência da ABP, atualmente, que, solicitada formalmente pela Janela, a diretoria se recusou a informar quantos associados tem. Ou seja, a quem ela representa.

    Não por acaso, até mesmo ex-presidentes da entidade já nos contaram que pediram desligamento.

    Enfim, este editor, como diretor da ABP nos anos 1980, homenageado pela entidade em 2017, e que, em 2019, se ofereceu para encabeçar uma nova chapa, está se dando aqui ao direito de lamentar pelo que aconteceu com a associação.

    E provocar a discussão, já começando com o questionamento óbvio.

    ABP, para quê?

    Se nem a ABAP, hoje chamada Associação Brasileira das Agências de Publicidade, quis continuar usando a expressão superada e dúbia “Propaganda”, a ABP já começa com sua própria identidade questionada.

    Portanto, não só “a quem” representa. Mas ela é uma associação que representa o quê?

    Fundamental quando nasceu e precisava convencer as empresas do século XX a anunciar, a quem emociona agora dizer que defende a “propaganda”, em tempos de conteúdo, data, social media etc?

    Além disso, a ABP, apesar de ter o “Brasileira” no nome — quando nasceu, em 1937, o Rio era a capital, lembram? — faz tempo que absolutamente NINGUÉM, do Oiapoque ao Chuí, reconhece a associação como tendo representatividade nacional.

    Não por acaso, nos anos 1970 — a discussão tem mais de 50 anos! –, chegou-se a pensar em mudar o nome para Associação Carioca de Propaganda, criando-se uma AP’s Brasil para agregar o Rio à Associação Mineira, à Paulista, à Gaúcha etc.

    Como ficou o Rio?

    As diretorias da ABP, até os anos 2000, quando se aproximava o Dia da Propaganda, em 4 de dezembro, faziam grandes festas para homenagear os melhores profissionais do mercado fluminense, os “Destaques do Ano”.

    Aí um diretor disse — “ora, se somos ‘Brasileira’, temos que premiar paulistas também!”. Resultado, esvaziaram a festa de confraternização anual do mercado carioca.

    Só renascendo

    Como citei acima, a ABAP se renovou. Aliás, o CENP se renovou, mudando, inclusive de nome. Os Clubes de Criação se renovaram. O Grupo de Mídia do Rio — a entidade que mais faz eventos no país — se renovou.

    O que falta para o grupinho que sobrou dentro da ABP fazer uma autocrítica, rasgar os laços burocráticos e se perguntar: “O que é mais importante? Ficar preso às glórias do passado ou dar uma sacudida para a marca não afundar ainda mais?”

    Como um líder do mercado comentou recentemente: pra ser reconhecida como relevante nacionalmente, a ABP precisa, antes de tudo, ser relevante no mercado em que está sediada.

    A Janela e este editor, assim como em 2019, seguem à disposição para ajudar a ABP a se repensar e encontrar os nichos em que pode ajudar o mercado, sem apenas ficar criando ações que concorram com os demais players.

    Não estamos mais em tempos de dividir ou de se fechar em seu mundinho. E sim de nos unirmos e nos abrirmos para fortalecer as diversas atividades que hoje compõem a indústria da comunicação de marketing.

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    Marcio Ehrlich

    Jornalista, publicitário e ator eventual. Escreve sobre publicidade desde 15 de julho de 1977, com passagens por jornais, revistas, rádios e tvs como Tribuna da Imprensa, O Globo, Última Hora, Jornal do Commercio, Monitor Mercantil, Rádio JB, Rádio Tupi FM, TV S e TV E.

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    Discussão

    1. Carlos Campana

      Recuperar a ABP é resgatar a história da propaganda, especialmente a carioca.
      O Festival e o Prêmio Destaque Profissional eram referências importantes no mercado.
      Acredito que há vários profissionais que já não estão mais na ativa que poderiam trabalhar em uma força-tarefa para contribuir com essa bandeira que você e a Janela estão levantando.
      Se precisar, conte comigo!

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