• Morre Mauro Salles, um dos pioneiros da indústria da comunicação no Brasil

    Mauro Salles

    Faleceu na noite de sábado, 11/02, aos 90 anos, em São Paulo, o jornalista e publicitário Mauro Salles.
    Segundo comunicado de sua família, Mauro estava doente há 16 anos e morreu de causas naturais (falência múltipla dos órgãos).

    Nascido em Recife (PE) em 6 de agosto de 1932, filho mais velho entre os sete do agrônomo — mais tarde senador — Apolônio Salles com Izabel Irene Dias Salles, Mauro Bento Dias Salles veio para o Rio em 1942, quando a família se transferiu para a capital do país.

    Mauro se formou em direito pela PUC-Rio e começou no jornalismo pela sucursal da revista norte-americana ‘Life’, no Rio de Janeiro, no começo dos anos 1950. Foi assistente de diversos fotógrafos como Philippe Halsman, Margaret Bourke-White e Dmitri Kessel. Como repórter, esteve em O Mundo e na revista O Mundo Ilustrado, publicação que chegou a ter tiragem de 140 mil exemplares por semana.

    Em 1955, entrou no Grupo Globo pela Rio Gráfica e Editora e mais tarde no jornal O Globo, onde chegou a diretor de redação. Nas empresas de Roberto Marinho trabalhou por 12 anos e participou do lançamento da TV Globo, inclusive como diretor de jornalismo e programação em 1965.

    Mauro Salles, em 1964 (Foto: Acervo Globo)
    Mauro Salles, em 1964 (Foto: Acervo Globo)

    Mauro Salles também teve incursões no mundo político. Em 1961, licenciou-se da redação para ser secretário do Conselho de Ministros do Gabinete Parlamentar do então ministro da Justiça Tancredo Neves. Em 1963, durante o governo do presidente João Goulart, foi chefe de gabinete do ministro da Indústria e do Comércio, Antônio Balbino, acabando até mesmo como ministro — função em que ficou por três meses — quando Balbino deixou o cargo.

    Em 1966, deixou a Globo para fundar sua própria agência de publicidade, a Mauro Salles Publicidade, inicialmente dentro de um apartamento no Hotel Jaraguá, em São Paulo. A agência acabou se tornando uma das maiores do país, com o nome de Salles/Interamericana, já que, em 1968, incorporou a Interamericana de Publicidade. Na agência também atuou seu irmão Luiz Sales (com um “l” só), que faleceu em 2017.

    Dentro da atividade publicitária, Mauro Salles atuou fortemente na liderança de entidades do setor. Foi presidente da Associação Brasileira de Propaganda (ABP) e da Federação Brasileira de Publicidade (Febrasp), assim como presidente da International Advertising Association (IAA) em 1980. Naquele ano, liderou a criação do Código de Ética da Publicidade Brasileira, sendo redator do primeiro anteprojeto. E, em 1985, ocupou o cargo de diretor do Conselho Nacional de Propaganda (CNP).

    Mauro é também autor de livros de poesia: Coisas de Crianças (1991), O Gesto (1994), Viagem (1994), Recomeço (1999) e Tilápia Galiléia (2004) . Ele deixou a viúva, sua mulher Thereza, 3 filhos, 10 netos e 10 bisnetos. Um de seus filhos foi Paulo Salles (1956-2016), que também chegou a dirigir a agência Salles.

    FOLCLORES SOBRE MAURO

    Mauro Salles não parava quieto e comparecia a diversos compromissos no mesmo dia. Uma das brincadeiras do mercado publicitário era que existiam vários Mauros Salles, já que dava a sensação de que ele era visto em mais de um lugar ao mesmo tempo.

    Seu passado como jornalista o fazia querer estar sempre bem informado. Em tempos que antecederam a internet, como viajava muito de avião, Mauro Salles, antes de embarcar, passava pela loja de jornais e comprava todas as edições do dia de O Globo, Jornal do Brasil, Folha, Estadão etc. E, durante o voo, ele não só ia lendo como recortando e marcando com caneta as páginas das matérias que lhe serviriam, mais tarde, para alguma negociação da agência. Ao desembarcar, ficava no assento a enorme pilha que não havia interessado.

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    Marcio Ehrlich

    Jornalista, publicitário e ator eventual. Escreve sobre publicidade desde 15 de julho de 1977, com passagens por jornais, revistas, rádios e tvs como Tribuna da Imprensa, O Globo, Última Hora, Jornal do Commercio, Monitor Mercantil, Rádio JB, Rádio Tupi FM, TV S e TV E.

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    Discussão

    1. ANTONIO ACCIOLY

      Para quem gosta de automobilismo, como eu, Mauro Salles teve uma importância muito grande já que assinava no jornal O Globo uma coluna (na realidade 1/2 página) semanal sobre automóveis e principalmente sobre a indústria que naquela época (anos 60) graças ao GEIA estava em acelerada produtividade, não só com seus constantes lançamentos como com a proliferação de provas automobilísticas.
      Quando a Willys Overland adquiriu os direitos da fabricação dos veículos Renault no Brasil inicialmente com os Dauphines, depois Gordinis ele foi chamado para testar o esportivo GT Renault Alpine que seria lançado em breve e através de sua coluna propôs para o carro o nome de Interlagos que foi adotado pela fábrica. Não por isto, mas pela sua competência, quando fundou a sua agencia a 1a. conta conquistada foi a da Willys (Jeeps e automoveis Renault), que mais tarde se transformou na Ford do Brasil conta âncora da agencia por muitos e muitos anos.

    2. Luís Vargas

      Grande perda da Publicidade brasileira! Que descanse em paz!

    3. Gustavo Bastos

      Muito triste. Não fosse o Mauro, seu irmão Luis e toda essa família maravilhosa, eu não estaria no mercado publicitário. Em muitos momentos eles me ajudaram muito. Inesquecível Mauro.

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