O grupo de transição da área de comunicações, encabeçado por André Janones (à direita, na foto) para auxiliar nas primeiras decisões do próximo Governo Lula, não incluiu nenhum profissional originalmente de publicidade ou marketing. Dos 13 membros anunciados (veja abaixo), a maioria é de jornalistas.
Na falta de um interlocutor direto, algumas lideranças do mercado brasileiro têm estudado a produção de uma “Carta de Princípios”, relacionando o que o setor espera da gestão que assume o país a partir de 1º de janeiro de 2023.
Em conversa com a Janela, o publicitário Dudu Godoy, presidente do Sindicato das Agências de Propaganda de São Paulo e vice-presidente da Federação Nacional das Agências de Propaganda (Fenapro), adianta que representantes da Associação Brasileira de Agências de Publicidade (Abap) e da Associação Nacional de Jornais (ANJ) também têm participado destes estudos.
A primeira demanda do grupo, explica Dudu Godoy, é que nos próximos quatro anos seja possível ver mais transparência na prestação de contas das despesas de comunicação do Governo Federal e seus órgãos, inclusive na distribuição das verbas entre os diversos meios.
As entidades também devem chamar a atenção de que os investimentos em mídia precisam sempre seguir critérios técnicos, sem que haja influência de favorecimentos políticos. Vale notar que, teoricamente, seria para isso que os órgãos de governo obrigam as agências a bancarem centrais de mídia com profissionais gabaritados, não apenas para a emissão de autorizações.
Os participantes do grupo das entidades ainda estão ouvindo sugestões dos setores que compõem o universo publicitário, mas eles já têm como claro que será fundamental cobrar do novo governo que, tanto a Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom), hoje vinculada ao Ministério das Comunicações, como os departamentos de publicidade da administração direta e indireta respeitem as determinações do atual Fórum da Autorregulação do Mercado Publicitário (CENP), do qual participam agências, veículos e anunciantes.
Aliás, não apenas as normas do CENP, destaca Godoy, como os termos da Lei 12.232/2010, que agora não só regula como devem funcionar as concorrências para agências de publicidade como as de comunicação corporativa e as de digital.
Como a Janela tem registrado, não são poucos os casos em que órgãos de governo tentam soluções irregulares para suas seleções de agências, como leilões de preço.
Ainda como parte das confabulações daquelas lideranças, revela Dudu Godoy, está definir a melhor estratégia para o destino da Carta de Princípios: o grupo de transição, antes da posse de Lula, ou, esperando um pouco mais, o nome que vier a ser anunciado como o próximo Ministro das Comunicações?
Como o texto final da Carta de Princípios não está fechado, outros empresários ou profissionais que acreditem que possam colaborar devem enviar suas manifestações para as associações da sua área, que, por sua vez, contatariam as regionais das Abap ou do Sinapro, por exemplo.
O grupo de transição
Estes foram os nomes divulgados pelo futuro vice-presidente e coordenador dos trabalhos de transição Geraldo Alckmin para compor o grupo que está discutindo as questões ligadas à comunicação do futuro governo.
• André Janones (deputado federal do Avante-MG);
• Antonia Pelegrino (roteirista e produtora premiada pela Academia Brasileira de Letras e Academia do Cinema Brasileiro);
• Flavio Silva Gonçalves (mestre em Políticas de Comunicação e Cultura pela Universidade de Brasília – UnB);
• Florestan Fernandes Jr. (jornalista e ex EBC em São Paulo);
• Hélio Doyle (jornalista, consultor em comunicação e política, comandou a comunicação em dois governos do DF, Joaquim Roriz e Rodrigo Rollemberg. Foi coordenador das campanhas de Cristovam Buarque e Leandro Grass ao GDF);
• Helena Chagas (jornalista e ex-ministra-chefe da Secretaria de Comunicação Social do governo Dilma);
• João Brant (consultor em políticas de comunicação e cultura);
• Lalo Leal Filho (acadêmico e estudioso da mídia televisão);
• Laurindo “Lalo” Leal Filho (jornalista, sociólogo, professor universitário e escritor);
• Manuela D’Ávila (ex-deputada federal);
• Octávio Costa (jornalista e presidente da Associação Brasileira de Imprensa);
• Tereza Cruvinel (jornalista e primeira presidente da EBC, no governo Lula);
• Viviane Ferreira (advogada, diretora, roteirista, produtora e cineasta brasileira).
[…] Confira matéria no Janela Publicitária […]
Já tivemos conhecimento de que a Abracom, entidade das empresas representantes das agências de comunicação corporativa, também se aliou ao projeto. E isso é muito bom.