O voto da ministra Cármen Lúcia no Supremo Tribunal Federal (STF) pela proibição do governo de monitorar as redes sociais foi visto com preocupação pela Associação Brasileira dos Agentes Digitais (Abradi). A entidade, conta Carol Morales, sua presidente, irá iniciar um trabalho junto ao colegiado do STF para buscar reverter uma possível tendência de o órgão seguir pelo mesmo caminho ao responder a demanda feita pelo Partido Verde (PV).
“Parte da inteligência do trabalho que faz uma agência digital será perdida se a gente deixar de fazer o monitoramento”, afirmou Morales em conversa com a Janela, garantindo que “se o serviço for utilizado de maneira técnica e correta, ninguém será perseguido por isso”.
Em seu voto, no último dia 04/02, Cármen Lúcia se manifestou a favor de proibir a Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom) de produzir relatórios de monitoramento sobre atividades de parlamentares e jornalistas em redes sociais.
Além de começar a buscar outras entidades para reforçarem a defesa da atividade, a Abradi está preparando um manifesto em que esclarece que o monitoramento de redes sociais e sites é um trabalho diário para agências de comunicação digital no acompanhamento das repercussões de campanhas e pautas.
Na defesa, a Abradi ressalta que tanto isso é importante para os órgãos públicos, que no edital padrão para Concorrências Públicas de Comunicação Digital, publicado pela Secretaria Especial de Comunicação do Ministério das Comunicações em 2019, o produto “Monitoramento de Redes Sociais e Sites” está entre os itens do que deve ser prestado.
Para Carol Morales, “há um equivoco no entendimento da Carmen Lúcia. Trabalhos técnicos necessários para o dia a dia da operação de uma agência de comunicação digital não podem ser politizados ou até utilizados como ferramenta de perseguição”.
(Foto de Cármen Lúcia por Nelson Jr./STF)