• Entidades cariocas propõem que agências boicotem a licitação da Supergasbras

    Supergasbras - Caminhão

    Em carta aberta ao mercado publicitário, três entidades do setor — Abap-Rio, ABP e Sinapro-RJ — estão convocando as agências do Rio de Janeiro a não aceitarem participar da concorrência aberta pela concessionária de gás Supergasbras para a escolha de sua nova agência.

    Além disso, dizem, irão ao Conselho Executivo das Normas-Padrão (CENP) denunciar as atitudes consideradas desleais da empresa pertencente ao grupo holandês SHV Energy.

    A polêmica foi registrada pela Janela na última sexta-feira, 12/11, quando a concessionária convocou dirigentes de 15 agências de publicidade para uma reunião pela plataforma virtual Teams (veja link no rodapé). Entre as estranhezas do mercado, a presença, no mesmo grupo, de agências de grande porte e outras focadas em atuação segmentada, como no digital.

    Vejam  o texto completo da manifestação:

    Rio de Janeiro, 12 de novembro de 2021

    Às Agências de Publicidade do Estado do Rio de Janeiro

    Prezadas agências,

    Por informação de Agência associada, integrante de um grupo de 15 empresas convidadas a
    participarem do certame privado que a Supergasbras está realizando com o objetivo de escolha
    de Agência para atender ao seu programa de comunicação, recomendamos, caso também
    convidada, a analisar com atenção os termos da concorrência, que, a nosso ver, fere todas as
    praxes de mercado e avilta as condições de contratação de publicidade, a começar pela
    desvalorização do trabalho de criação, colocado com peso idêntico, na regra de pontuação, da
    proposta de preço.

    Devemos destacar que reunir 15 Agências para seleção com apresentação de soluções
    criativas indica a prática condenável de contratar sem custo o talento que vai apontar soluções
    para os problemas de comunicação do contratador. A vencedora, qualquer que seja a sua
    remuneração, vai trabalhar usufruindo, queira ou não, da criatividade alheia exposta nas
    propostas apresentadas por todas as outras participantes. No país, como no exterior, o
    contratador de publicidade por meio de seleção de Agências remunera, previamente, pelo
    trabalho apresentado no certame, usufruindo o direito de uso do que for apresentado.

    O mais grave, no entanto, é uma precondição estabelecida para a remuneração dos serviços a
    serem prestados: os pagamentos ocorrerão, apenas, 120 (cento e vinte) dias após a entrega
    do material, supondo-se que a contratante terá tratamento diferente com os veículos quitando
    no prazo correto a veiculação de trabalho realizado pela agência que, de fato, estará pagando
    para lhe prestar serviços.

    Recomendamos à contratante, por seu setor de marketing, consulte as normas da ABA –
    Associação Brasileira de Anunciantes, que, com acerto, tem recomendação de modelagem para
    as concorrências privadas, pelas quais se respeita o trabalho realizado pelas Agências e
    reformule o certame que deseja realizar.

    Diante do absurdo proposto e do risco de contaminação do mercado com práticas de preços
    vís, condenada até mesmo na legislação rígida que rege as concorrências públicas, nenhuma
    Agência deve aceitar o convite da empresa contratante, por ser desleal com os princípios que
    regem a livre concorrência no mercado publicitário.

    O Sinapro-RJ, a ABAP e a ABP estão comunicando os fatos ao CENP, que regula, por lei, as relações
    entre os agentes do mercado publicitário, os fatos lamentáveis desta concorrência desleal.

    Com a atenção devida

    Sinapro-RJ, Abap-Rio e ABP

    A Janela entrou em contato com a assessoria de imprensa da Supergasbras, mas a empresa não se posicionou até o fechamento desta matéria.

    LEIA TAMBÉM NA JANELA

    Supergasbras gera polêmica ao abrir concorrência no Rio (em 12/11/2021)

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    Marcio Ehrlich

    Jornalista, publicitário e ator eventual. Escreve sobre publicidade desde 15 de julho de 1977, com passagens por jornais, revistas, rádios e tvs como Tribuna da Imprensa, O Globo, Última Hora, Jornal do Commercio, Monitor Mercantil, Rádio JB, Rádio Tupi FM, TV S e TV E.

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