A Agência de Promoção de Exportações do Brasil (Apex Brasil), vinculada ao Itamaraty, abriu concorrência para a escolha da agência de publicidade que sucederá a F/Nazca S&S, responsável pela conta desde 2014. Após cinco renovações de contrato, pela lei brasileira das concorrências, o órgão precisa realizar uma nova disputa que, vale ressalvar, pode ser vencida pela própria agência atual. A verba prevista, segundo o edital, é de R$ 30 milhões anuais.
O processo não deixa de ser curioso, já que, desde o início do governo Bolsonaro, a Apex tem estado no noticiário por conta de brigas entre militares e “olavistas” pelo seu comando, com setores garantindo que ela corre inclusive o risco de ser extinta.
Nos últimos meses, o órgão tem passado por diferentes gestões. Em abril, o embaixador Mario Vilalva foi exonerado do cargo de presidente. Isso, pouco tempo depois de o nomeado anterior, Alex Carreiro, ser destituído com apenas uma semana na função. Atualmente está na presidência o contra-almirante da Marinha do Brasil e engenheiro eletrônico Sergio Ricardo Segovia Barbosa.
A Concorrência nº 3/2019 está marcada para ter a entrega das propostas no dia 08/08, às 10:00h, em Brasília, no SAUN, Quadra 05, Lote C, Torre B, 12º ao 18º andar – Centro Empresarial CNC. O edital será disponibilizado pela Apex na área de licitações do seu site. Selecione “Em Andamento” e “2019”. Depois, em “Participar”, para preencher um longo cadastro até conseguir entrar.
Histórias da Apex no mercado
As próprias histórias da Apex com o mercado publicitário são cheias de turbulências. A F/Nazca sucedeu a Borghi/Lowe, que conquistou a conta enquanto comandada por Ricardo Hoffman, o mesmo condenado em 2015 por corrupção e lavagem de dinheiro. Não por acaso, em 2018, a agência — já com o nome de Mullen Lowe — precisou firmar acordo de leniência com a Advocacia Geral da União (AGU), o Ministério da Transparência, a Controladoria-Geral da União (CGU) e o Ministério Público Federal (MPF), comprometendo-se, entre outras devoluções ao poder público, ao valor de R$ 1,8 milhão do tempo em que atendeu a Apex.
Em 2017, a Agência de Promoção de Exportações do Brasil esteve envolvida em um imbroglio na licitação pela conta digital. Vencida pela Isobar, a concorrência chegou a ser suspensa pela Justiça, com o juiz Flávio Augusto Martins Leite, da 24ª Vara Cível de Brasília, acatando um recurso da agência Plano Digital, por conta de o edital ser extremamente restritivo a participação de agências pequenas e médias. O contrato teria o valor de R$ 10 milhões por ano. Coincidentemente ou não, a Isobar venceu a disputa pela Apex 11 dias depois de anunciar a contratação de Elsinho Mouco, até então marqueteiro de Michel Temer, presidente do Brasil à época.
Por curiosidade, na concorrência anterior para uma agência de mídia digital, em 2013, por uma verba de R$ 3 milhões, a situação foi invertida. A Plano Digital saiu-se vencedora por oferecer uma proposta de preço 59% menor que a da segunda colocada, a AG2, de Porto Alegre. Nesse ano, foi a Isobar (ainda chamada, à época, de AgênciaClick Isobar) que entrou com recurso.
Ainda em 2017, a Apex-Brasil participou de diversos concursos publicitários com o case TweetScripts, criado pela agência F/Nazca, dentro do projeto FilmBrazil, em parceria com a Associação da Produção de Obras Audiovisuais (Apro).
Nesta campanha, voltada para os participantes do festival de Cannes, tweets de nomes conhecidos do mercado publicitário, como Jeff Goodby, Joe Alexander e Colleen DeCourcy, foram transformados em filmes veiculados no próprio Twitter e nas várias redes sociais ligadas às empresas envolvidas. A ação foi premiada no ano seguinte pelo próprio festival.
[…] Fonte da imagem: janela.com 23/05/2024 […]