• Cópia fake de anúncio fake do Winston bomba nas redes sociais

    Winston e a grávida fumante fake

    Um anúncio em português dos cigarros Winston incentivando grávidas a fumar para ter filhos mais magros ganhou milhares de compartilhamentos na última semana pelas redes sociais, com os internautas vociferando contra a insensibilidade histórica da indústria tabagista.

    Naturalmente, a tipologia totalmente inapropriada para um anúncio com layout característico das décadas de 40-50 levantou a dúvida de muitos publicitários, apontando que o anúncio não poderia ser real. O ex-diretor da ESPM, José Roberto Penteado, confirmando a suspeita de falsificação, ainda apontou que Winston jamais fora vendido no Brasil naquela época. Aliás, a R.J.Reynolds, fabricante de Winston nos Estados Unidos, sequer havia chegado ao mercado brasileiro.

    Grupos de publicitários no Facebook, como o “SangueVelhoNaPropaganda“, discutiram o assunto, até que, finalmente, um de seus membros, Hilton Chamis, conseguiu localizar, pesquisando na internet, o anúncio em inglês e esclareceu: “Não é fake. Simplesmente foi traduzido”, para espanto de todos os que não podiam acreditar que a Reynolds jamais tivesse feito algo assim, apesar dos muitos absurdos que já se viu da propaganda de cigarro nos anos 50, com médicos recomendando marcas.

    O espanto, no entanto, não durou muito. O próprio Chamis continuou pesquisando o assunto até perceber que o anúncio original, em inglês, também nunca havia existido. Revelando a versão definitiva da história, Hilton Chamis descobriu que, em outubro de 2017, o site Design Crowd realizou a sexta versão de seu concurso para a escolha dos piores anúncios possíveis criados por seus leitores para produtos reais. E a peça do Winston, desenvolvida por um certo designer gráfico americano que usa o pseudônimo de “kitryne”, foi a vencedora, com seu ultrajante título “Taste isn’t the only reason I smoke”.

    Ou seja, a peça em inglês também era fake!

    A versão original do anúncio fake e a cópia feita no Brasil por quem acreditou que era verdade.
    A versão original do anúncio fake e a cópia feita no Brasil por quem acreditou que era verdade.

    Em tempo, Winston só chegou ao Brasil em 2014, quando a Japan Tobacco International — e não a Reynolds — trouxe o produto.

    E o kitryne, autor do “Bad Ad” de Winston, continua anônimo. Não localizamos qualquer citação a quem possa pertencer o pseudônimo.

     

    Marcio Ehrlich

    Jornalista, publicitário e ator eventual. Escreve sobre publicidade desde 15 de julho de 1977, com passagens por jornais, revistas, rádios e tvs como Tribuna da Imprensa, O Globo, Última Hora, Jornal do Commercio, Monitor Mercantil, Rádio JB, Rádio Tupi FM, TV S e TV E.

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