• Movimento quer mudar radicalmente o Young Lions no Brasil

    Young Lions Brasil sob críticas

    Está nascendo no Brasil o movimento “Fair Lions”, pedindo mudanças no processo de escolha dos Young Lions brasileiros, a premiação em que jovens criativos têm a sua inscrição e viagem pagas na primeira vez que forem ao Festival de Cannes.

    O grupo responsável pela iniciativa acusa a seleção de seguir regras ultrapassadas e limitar as chances de quem não trabalha em uma grande agência. Segundo manifesto divulgado à imprensa e na internet, “os vencedores acabam sendo, em sua maioria, sempre os mesmos: homens brancos das principais agências do Brasil. Em 2018, por exemplo, dos 50 classificados para o shortlist, apenas 5 eram mulheres. Os oito escolhidos para representar o país em Cannes são homens, quase todos brancos”, dizem.

    Os idealizadores do projeto, Gabriela Guerra e Leandro Bordoni, acreditam que mudar o processo seletivo é uma medida urgente. Para divulgar suas sugestões, o Fair Lions criou um site em fairlions.co e abriu uma petição no change.org. Na organização, se identificam “profissionais que acreditam na urgência na mudança e que trabalham para trazer diversidade ao mercado como Ken Fujioka, Consultor e Presidente do Conselho do Grupo de Planejamento (GP), Laura Florence, VP da LOV e fundadora do More Grls, Daniela Albuquerque, Felipe Silva, Isabela Pipitone, Lara Thomazini e todas as pessoas que já assinaram a petição no Change.Org”.

    As mudanças propostas para a competição Young Lions Brazil na categoria Criação são:

    • Mudar o método de avaliação. Hoje as duas rodadas da competição são feitas a partir da análise do portfólio dos participantes, priorizando profissionais que trabalham com grandes clientes (e grandes verbas). A nova proposta, inspirada no método de competição de muitos outros países, é que seja dado um briefing para ser respondido entre 24h e 48h. Vence a melhor ideia, independente de onde venha.
    • Trazer mais diversidade para o júri. Hoje os jurados são todos ex-Young Lions – majoritariamente homens brancos. A nova proposta é que sejam convidados outros profissionais do mercado – mulheres, negros, pardos e a comunidade LGBT+ – para enriquecer os pontos de vista sobre os trabalhos avaliados.
    • Garantir anonimato no processo. Hoje o nome dos candidatos é exposto, o que acaba facilitando o voto político. A nova proposta é que todo o processo corra em anonimato para que a ideia seja avaliada e não o candidato escolhido por razões outras que não o seu talento.
    • Tornar a inscrição gratuita. Hoje a taxa é de 250 reais, o que chega a ser 25% do salário de alguém em começo de carreira, tornando-se assim a primeira importante barreira de entrada na competição. A nova proposta é que a inscrição seja mais acessível ou gratuita, custeada por patrocínios ou pelas agências.
    • Criar programas de mentorias. As agências hoje se envolvem pouco no processo, seja para pagar inscrição, seja para compartilhar inteligência que possa enriquecer a competição. A nova proposta é que sejam criados programas de mentoria, privilegiando grupos subrepresentados no mercado.

    Em conversa com a Janela, Armando Ferrentini, presidente da Editora Referência, que promove há mais de 20 anos o Young Creatives no Brasil, informou que está totalmente disponível para, na volta do Festival de Cannes, se reunir com as lideranças do movimento e o responsável pela organização do Young Lions Brasil, o publicitario Emmanoel Publio Dias:

    – Acredito que temos sido muito bem sucedidos em viabilizar a ida dos publicitários brasileiros a Cannes. Este ano, imaginávamos conseguir patrocínios para destacar 11 profissionais e conseguimos chegar a 19. Mas nada impede que possamos sempre melhorar o processo, para adequá-lo aos novos tempos — completou o empresário.

    Marcio Ehrlich

    Jornalista, publicitário e ator eventual. Escreve sobre publicidade desde 15 de julho de 1977, com passagens por jornais, revistas, rádios e tvs como Tribuna da Imprensa, O Globo, Última Hora, Jornal do Commercio, Monitor Mercantil, Rádio JB, Rádio Tupi FM, TV S e TV E.

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