“Você não faz nada sozinho. Ou faz junto com o seu time, ou não faz”. Com essa ideia na cabeça, Rodolfo Medina, escolhido o Publicitário do Ano pelos jurados do Prêmio Colunistas Rio 2016, chegou à presidência da Artplan e à vice-presidência do Rock in Rio há mais de 10 anos. De lá para cá, se firmou como um dos executivos de maior destaque do mercado publicitário.
Rodolfo fala rápido e é bastante objetivo, mas ainda guarda a característica principal dos cariocas: o sorriso largo e a descontração. Chegou, pontualmente, para ser entrevistado pela Janela vestindo jeans, camisa para fora da calça e tênis, no sofisticado escritório da Artplan, na Barra da Tijuca, de onde comanda uma equipe de 350 funcionários divididos entre o Rio de Janeiro – onde está a maior parte, 200 deles -, São Paulo e Brasília. Coisa aparentemente simples para um profissional que, segundo ele mesmo, trabalha quase todas as horas que está acordado e, com a correria do dia a dia, só responde e-mails entre 10 da noite e meia-noite. “É quando dá. As pessoas já se acostumaram com meus e-mails tarde assim”, conta rindo.
Ele nasceu em 3 de outubro de 1975 e recebeu o nome de Rodolfo como uma homenagem que começou com seu avô, Abraão, para sua avó, Raquel, dando aos filhos do casal nomes com a letra “R”, mesma inicial dela. Os filhos de Abraão e Raquel – Roberto, Rubem e Rui – estenderam a homenagem aos seus filhos.
A vida acadêmica de Rodolfo começou no Colégio Anglo-Americano, também na Barra da Tijuca, de onde saiu para estudar Comunicação na PUC, mas não concluiu o curso. Embora reconheça que deveria falar inglês bem melhor, garante que manda bem no espanhol.
Aos 14 anos de idade, Rodolfo viveu uma trágica situação, que se tornou manchete nos principais jornais, revistas e telejornais da época aqui do Brasil, marcando a vida da família Medina. No dia 6 de junho de 1990, seu pai, o conhecido empresário Roberto Medina, fundador da Artplan e criador do RIR foi sequestrado ao sair da agência, que à época ficava na Lagoa, bairro da zona sul do Rio de Janeiro. Roberto foi mantido em cativeiro por 16 dias e libertado depois de a família pagar um valor equivalente a US$2,5 milhões.
“Eu fui um dos mais impactados”, relembra Rodolfo, e continua “A nossa casa virou um bunker, lotado de amigos que queriam ajudar. A negociação com os sequestradores foi feita de lá. Foi muito confuso, mas graças a Deus o final foi bom.” O episódio, é claro, modificou a vida de toda a família: “A gente passa a dar valor a quem é mais próximo. Percebemos que as coisas podem mudar muito rapidamente…num dia está tudo bem e no outro, não. Você passa a cuidar mais das relações pessoais.”
Rodolfo entrou para o negócio da família sete anos depois disso, quando o Rock in Rio Café foi inaugurado. “A gente tinha o sonho de fazer um projeto temático e perpetuar a marca do RIR. Foi o Café que ajudou a conquistar o principal patrocinador do festival de 2001- a terceira edição -, a American Online.”
O SUCESSOR
As relações pessoais, mais especificamente as familiares, foram fundamentais para Rodolfo Medina se tornar o empresário de ponta da comunicação que é hoje. “Seguir o mesmo caminho que o Roberto seguiu foi natural para mim e para a minha irmã, Roberta. A família tinha o hábito de jantar junta todas as noites. Ouvíamos as histórias da Artplan, do Rock in Rio, dos negócios, então, naturalmente, a gente acabou caminhando na mesa direção que nosso pai. Tudo girava em torno dos projetos que ele criava.”
Como Rodolfo cuidava dos eventos do Rock in Rio Café com seu meio-irmão Jomar Junior – filho de Maria Alice Medina em seu primeiro casamento com o também publicitário Jomar Pereira da Silva Roscoe -, acabou estendendo sua atuação ao próprio festival de música, em 2001, e depois de muito bem sucedido, seguiu para a Artplan, onde cuidava dos Novos Negócios. Levava com ele a experiência de importantes negociações com patrocinadores. “Em 2004, fizemos o RIR Lisboa, quando o Roberto teve que focar sua atuação no mercado da Europa. A minha entrada, e posterior subida para a liderança da agência, aconteceu de forma bastante natural”, relembra Rodolfo.
“Substituir o Roberto é sempre um peso, principalmente porque nós dois temos características muito diferentes. Roberto é um gênio! Ele é de criação, eu não tenho nada a ver com isso. Ainda bem, porque se eu tivesse, seria ainda mais cobrado”, avalia Rodolfo, que tem absoluta clareza da situação: “Eu sei que cheguei mais rápido à presidência da Artplan porque sou filho do Roberto Medina. mas você só se mantém lá se conseguir se provar o tempo todo. E eu mesmo me cobro isso. A responsabilidade por um grupo tão grande é enorme. Agora ninguém me cobra mais, mas eu me cobro.”
Poucos têm tanto cacife para avaliar Rodolfo, quanto Roberto Medina, que falou com exclusividade para a Janela: “Rodolfo hoje é, sem dúvida, um dos melhores executivos de agências do Brasil. Soube aprimorar o conceito de uma agência com uma visão holística de todo o processo de comunicação dos clientes, sem perder o DNA da Artplan, que se destacou nesses quase 50 anos por pensar fora da caixa, apresentando as ideias novas e quebrando paradigmas. Me orgulho como companheiro de trabalho e, principalmente, como pai.”
Com a comunicação no sangue e muita determinação, Rodolfo tornou-se o nome por trás do estrondoso sucesso na captação de R$55 milhões do Rock in Rio em 2011. O valor foi um recorde em termos de eventos no Brasil e já foi superado pela edição do festival que acontece este ano. E é ele quem revela: “Fora Olimpíadas e Copa do Mundo, que têm patrocínios de valores bem altos e são projetos pontuais, o RIR é o projeto de maior receita de captação de patrocínio do país.”
Aliás, quando o assunto é Artplan, Rodolfo também não para de testar seus limites. Até o próximo ano, a meta é estar entre as dez agências mais desejadas por anunciantes e profissionais do mercado brasileiro. “Por isso investimos tanto na capacitação do nosso pessoal”, conta Medina, que define sua administração como investimento em pessoas: “O mercado publicitário investe muito pouco em formação de pessoal. Em 2014, criamos uma academia corporativa dentro da agência, deu tão certo que já estamos indo para a terceira turma.”
Questionado se a publicidade já foi mais divertida, Rodolfo é direto: “Não tenho a menor dúvida, foi! Ficou tudo mais duro, mais complexo. As novidades que surgiram, em termos de meios, o mercado ainda não domina totalmente e, além de tudo isso, surgiu o politicamente correto, ou seja, barreiras que engessaram a nossa atividade”. Apesar disso, para ele, é possível mudar esse quadro. “Tem que haver uma relação de parceria entre clientes e agências. Ainda acredito que ideias poderosas terão sempre espaço e prevalecerão.”
Para o futuro, o atual presidente da Artplan se imagina como líder do mesmo grupo. Seu objetivo é servir de inspiração para os profissionais que lidera e continuar trazendo novos negócios para o grupo e para seus clientes.
EM FAMÍLIA
Rodolfo é casado há 10 anos com a atriz Lívia Rossy, há seis no papel. Eles se conheceram em Portugal, num show dos Rolling Stones, apresentados por amigos comuns. Apesar disso, o início do namoro só aconteceu meses depois: “Para engrenar deu trabalho”, lembra Rodolfo rindo. A cerimônia civil aconteceu no Museu de Arte Moderna, num significativo 11/11/11, data que a noiva sempre imaginou casar. A festa movimentou as classes artística e empresarial.
Lívia e Rodolfo são pais de Bruna, de dois anos, motivo da mudança de horários na vida do pai. Durante a semana, Rodolfo faz questão de chegar em casa até às oito e meia da noite para, às nove, dar a mamadeira de Bruna, ficar um pouco com a filha e colocá-la para dormir: “É a parte mais legal do dia!” entrega o pai de primeira viagem.
E se a Bruna decidir trabalhar com publicidade? Rodolfo ri e acha prematuro demais imaginar qualquer coisa nesse sentido, mas acredita que no momento certo, a crise atual terá sido ultrapassada e a filha poderá desfrutar de um mercado bem menos inseguro e oscilante.
Nos planos de Lívia e Rodolfo, ao menos mais um filho, sem data prevista para chegar.
Para aliviar as tensões do dia a dia Rodolfo ouve U2 e Rolling Stones – suas bandas preferidas – , vai à academia duas ou três vezes por semana, gosta de viajar, jogar tênis e receber amigos, dele e de Lívia, além da família. O primo Rodrigo, diretor-executivo da Artplan, é um deles. Os dois fazem uma dobradinha na vida pessoal e profissional: “O Rodolfo é um parceiro de trabalho inspirador, tem energia para motivar as pessoas e levou para a agência seu pensamento estratégico de negócios. Ele tem uma capacidade de trabalho enorme, além de uma visão de negócio.” São tão próximos fora da Artplan, que Rodolfo e Lívia foram os responsáveis por apresentar a Rodrigo, sua mulher, a atriz Karen Junqueira.
Além do primo Rodrigo, a irmã Roberta e Jomar Júnior também trabalham com Rodolfo. É fácil trabalhar com a família? “Depois que você aprende, sim. É um aprendizado mesmo. Porque no início, até você aprender os limites, não é fácil. Com menos maturidade corre-se o risco de ultrapassar esses limites. Depois que você entende quais são eles, tudo se ajeita”, responde Rodolfo rindo.
Os Medina são conhecidos pelo estilo low-profile que, segundo Rodolfo, vem da formação da família. “O importante, o que deve aparecer, é o nosso trabalho, o trabalho dos nossos funcionários e dos nossos clientes. Se o cliente entender que está indo tudo bem, a gente aparece junto. Não tenho problema em me expor, em falar com as pessoas, mas só se fizer sentido, se precisar. Do contrário, é melhor que apareçam os profissionais da agência.”
obrigada por me ajudar no trabalho da faculdade!
Fique à vontade para utilizar o conteúdo da Janela. Mas não se esqueça de dar o crédito! 🙂