NÃO VAI SUBIR NINGUÉM

Uma hora antes de abrir os portões, a fila já dava a volta lá em Olaria. E era só segunda feira.

Era mais fácil colocarem o Capitão Nascimento pra tomar conta de Cannes. Ontem não subiu (quase) nada do shortlist para leão. Até em em print que foi “bom”, teve menos do que o esperado. Dá pra acreditar que os EUA só teve UM leão em print (e criado por brasileiros)? E que rádio só teve 3 ouros, incluindo o GP. É 3x menos do que no ano passado.

Essas cerimônias de premiação normalmente demoram 3 horas. Ontem, com uma categoria a mais do que o normal, durou 1h30.

PROMO LIONS

Rob Reilly

O quarto de Van Gogh no AirBnB

O evento começou com o presidente do júri de promo, Rob Reilly da McCann levantando uma peteca perigosa. Dizendo orgulhosamente que quase não foram premiados pró-bonos (tá na moda falar pró-bono, que na época do Marcio Ehrlich se chamava caridade). Dos 105 leões nessa categoria, só 5 ONGs premiadas.

Rob Reilly, antes que alguém fale alguma bobagem, é um dos maiores criativos dos últimos tempos. O trabalho que ele fez à frente da Crispin até dois anos atrás não cabe em nenhum adjetivo que não seja genial ou brilhante.

Com certeza não ele quem criou essa prerrogativa. Foi algo que discutido pelo júri. Não sei se foi combinado com a organização do festival, mas com certeza, não foi combinado com as agências que investiram alguns milhões de dólares em inscrições esse ano. À toa.

É certo querer privilegiar as marcas e a indústria que gera receita? Claro que é. Só acho que deveriam combinar esse jogo antes. Que tivessem criado uma categoria, o Humanitarian Lion, o White Lion, o que quer que fosse e só permitissem que essas peças sejam inscritas nela. Mas mudar o regulamento assim em cima da hora não é legal não.

O GP da categoria foi anunciado por Rob como “uma das ideias mais corajosas dos últimos 10 anos”: Opt Outside da Venables USA para REI. Falei dela aqui nas minhas predictions. É uma ideia que partiu do marketing do cliente. Uma mensagem interessante para o mercado: vamos pensar juntos no negócio.

A seleção dos ouros estava bem escolhida, com poucas esquisitices. No final, o saldo foi bom. Menos para a conta bancária das agências que acreditaram que ajudar o mundo era um bom argumento para esse ano.

Destaque para a excelente Van Gogh Air BnB, da Leo Burnett para o Art Institute of Chicago que é um dos raros casos de rodo passado em várias categorias esse ano.

DIRECT

Mark Tutssel, da Leo Burnett presidiu a categoria e anunciou, orgulhoso que menos de 2,5% das peças do shortlist receberam leão. No passado esse número nessa categoria chegou a 10%.

Eu achei o GP um ótimo exemplo de “marketing direto” para a Associação de Turismo da Suécia: um número do telefone que conecta você com qualquer sueco aleatório para perguntar como é a vida por lá.

Mas gostei muito também do Sugar Detox, da Marcel Paris para o Intermarché. E é uma marca com trabalho que todo ano está aqui ganhando ouro.

Mark Tutssel	Promoção da Suécia, GP de Direct

PRESS

Metade dos ouros, ou seja, quatro foram para o Brasil. O que diz muito sobre o que aconteceu esse ano. Quando forem anunciados os vencedores de Outdoor logo mais, a presença brasileira também deve ser grande. Não deixa de ser curioso é ver que nos finalistas das categorias digitais hoje, predominam as agências americanas. Parece que Cyber é o novo print dos gringos.

Young & Rubicam	Mais Young & Rubicam
F/Nazca Saatchi & Saatchi	AlmapBBDO

RADIO

O GP de Rádio

Foi tão curto que nem tem muito o que comentar. 3 ouros. Eu soube que houve uma hora e meia de discussão se o GP deveria ir para a peça digital Lola para revista Libero. Na minha opinião, estaria melhor entregue. Seria mais contemporâneo.

GLASS

Beauty Tips by Reshma

Sinceramente? Só essa ideia aí me comoveu.

BRAZUCAS NO EXTERIOR

Sinal dos tempos. Ontem o número de brasileiros no palco recebendo prêmios por agências no exterior foi maior que o número de criativos recebendo pelo Brasil.
	Anselmo Ramos da David recebeu com a equipe de Miami.
André Laurentino recebeu em rádio pela Ogilvy UK.	Os brasileiros Max Geraldo, Gustavo Dorietto e Gabriel Schmitt pegaram ouro pela FCB Chicago.
A dupla Ju Paracêncio e Luiz Vicente "Batatinha" Simões e receberam pela Ogilvy Dubai.	Para completar, Fernando Machado, cliente de Burger King, ex-Dove, também é radicado em Miami e subiu com a Y&R New Zealand para pegar seu GP de print por McWhopper... com um colete do delivery da marca.

ENGORDANDO O PORCO

Do lado de fora do Palais, eu ouvi de um jurado de uma outra categoria que a organização pediu para os jurados darem mais 30 leões. E os jurados resolveram dar mais 5 bronzes e ficou por isso mesmo. O clima nas salas de julgamento não anda fácil.

FESTEEENHA

Cannes está mudando tanto que até a gala de abertura que era caretaça agora tá boa. Embora a seleção musical fosse meio millenial (tá na moda falar millenial) com uma aparição ao vivo de Carly Rae Jepsen (so call me maybe....), bombou. Tirando o fato de que o Accioly entrou vestido feito um mendigo porque as malas dele até agora não foram entregues pela Air France.

Ano que vem, a gente vai pedir pra Air France mandar a mala. E perder o Accioly.

É ritmo de festa!	E tome mais festa!!
A diretora de cena Ivy Abujamra curtindo a gala de abertura.	Serginho Alves da Cheil e Paulo Garcia da Zombie Studio

MIQUITO

No shortlist de Press, esse anúncio para jornal argentino que quis dizer que ouve todas as versões errou o nome do presidente em exercício Michel Temer e lançaram um “Terner”.

Opa, pra um veículo de comunicação, tão sabendo legal.

ACCIOLANDO PELO PALAIS

Miguel Bemfica, da McCann UK e nosso patrocinador querido e gato, pela Escola Cuca	Roberto Vilhena da Artplan, saindo da sua apresentação na categoria Innovation e a jurada Roberta Medina, do Rock In Rio, no intervalo do julgamento de Entertainment
Pedrinho Utzeri (Leo), Guilherme Jahara (F.Biz), Adriano Matos (Grey), Marcinho Juniot (Leo)	Humberto Fernandez, da JWT

Fabio Seid é mais um brazuca no exterior.