Publicada desde 15/07/1977.
Na Web desde 12/07/1996.
A Fenêtre é a cobertura da Janela Publicitária em Cannes.
21 de junho
de 2012, quinta-feira
PRESS, DESIGN, RÁDIO,
CYBER
Em Cannes, não é impossível
ver tudo. É impossível
ver 20% do que acontece.
E pelo volume de peças também
acabam rolando constrangimentos como
você não dar os parabéns
para alguém que teve um bom
resultado.
Pior, algumas peças na ala
de exposição do Palais
estão sem a etiqueta de Bronze,
Prata ou Ouro. Simplesmente não
foram colocadas, apesar dos anúncios
terem sido premiados. Mas vamos à
premiação de ontem.
PRESS
A Ogilvy de volta ao palco do
Palais, com Hugo Veiga, Diego
Machado e Anselmo Ramos.
A Ogilvy subiu ao palco de novo, desta
vez com o trabalho para a Claro, Road
Letters. E o GP ficou com o esperado
Unhate, para Benneton. A peça
é assinada por uma agência
italiana, a house Fábrica, e
outra californiana, a boutique, 72andSunny
e até agora eu não entendi
como essa colaboração
aconteceu.
As polêmicas campanhas da Fábrica,
que nos anos 90 tinham a assinatura
do fotógrafo e diretor de criação
Oliviero Toscani (alô, molecada
e estudantes, Google no cara), não
costumavam ser inscritas em festivais,
mas agora voltaram com tudo.
E falando em anos 90, parece que eles
voltaram a ser tendência por aqui.
O que tem de ideia velha reciclada é
uma grandeza. Será a publicidade
sustentável?
Só ontem consegui dar uma bizoiada
nessa categoria e olha, não gostei
muito não.
DESIGN
A categoria é a que trouxe
trabalhos mais diferentes até
agora, e o domínio foi todo
oriental, sobretudo japonês.
Trabalhos geniais como as algas de
sushi com design para aumentar as
vendas do produto da BBDO Tokyo, ou
a colaboração da banda
OK GO com a Hakuhodo para o Google
se destacaram.
Algas de sushi com design da
BBDO Tokyo.
"All is Not Lost",
da Ok Go e Google.
RÁDIO
A dupla brasileira da Talent responsável
pela criação do spot
vencedor do GP não conseguiu
chegar, mas o DC João Livi
estava aqui para recolher o troféu
histórico para a categoria.
É que a discussão sobre
o Grand Prix foi terminar 3h30 da
manhã de Cannes, 22h30 no Brasil,
o que inviabilizou a vinda dos caras.
A ação vencedora é
muito bacana: transmitiram conteúdo
na rádio Bandeirantes na frequência
de um repelente de mosquitos, patrocinada
pela revista de esportes de aventura
Go Outside.
O que se comentou é que o presidente
do júri, da australiana #Network
BBDO, vencedora dos dois últimos
GPs, não estava “satisfeito”
com os argumentos apresentados para
a peça que disputou o prêmio
máximo da categoria com um
spot mexicana e outro...da sua agência.
Foram 4 votações diferentes
até o resultado final. E no
fim das contas, deu Brasil.
A Talent sobe ao palco para
levar o inédito GP de
Rádio brasileiro com
o case "Rádio Repelente"
para a regista Go Outside.
CYBER
Jack Dorsey mostrou seu passarinho
no palco do Palais.
O ponto alto da cerimônia acabou
sendo a homenagem a Jack Dorsey, criador
do Twitter e Media Person of The Year
no festival, que antecedeu a entrega
de cyber. Dorsey fez um discurso que
falou sobre velocidade e objetividade
da informação, tudo que
a cerimônia de entrega dos leões
de Cyber acabou não conseguindo
ter.
É que as peças estão
tão sofisticadas que é
difícil contar num videocase
a ideia, ainda mais sem poder interagir
com ela.
Mas esse é o futuro próximo
da premiação, ter cada
vez mais coisas digitais. Então
como lidar com essas apresentações?
Por que eu insisto em fazer perguntas
retóricas na coluna? Será
que eu acho que vocês vão
responder daí?
CLIMA DE VELÓRIO
Muita gente não conseguiu
tirar onda em Cannes este ano.
Foi esse o termo usado por um criativo
de uma grande agência que não
atingiu aqui o resultado esperado. Para
piorar, outras agências foram
bem. Mas eu escutei outra coisa do Ricardo
Chester mais bacana: tem dias que o
mar não tem onda na sua praia.
É por aí.
DISSE NÃO AOS
PUBLICITÁRIOS, FOI APLAUDIDO
DE PÉ
JR está de olho em você.
JR é francês, faz arte
urbana e fez a melhor palestra de
Cannes até o momento.
O trabalho dele, os cariocas conhecem
bem. Foi ele quem fez a colagem de
olhos em preto e branco nos Arcos
da Lapa e depois imprimiu rostos gigantes
de pessoas e colou nas suas casas,
nas favelas do Rio.
O cara roda o mundo fazendo uma arte
que amplifica os olhares marcantes
em PB e os cola em locais inusitados:
de prédios em Nova Iorque à
comunidades destruídas pela
guerra na África. De trens
na Índia à faixa de
Gaza.
Mostrou suas instalações
aqui no seminário da DraftFCB,
apresentado pelo próprio Howard
Draft que não por acaso, coleciona
trabalhos seus.
O tema era Arte vs. Publicidade e
ele revelou que, apesar da montanha
de dinheiro que os publicitários
oferecem a ele, não tem interesse
em trabalhar com a gente.
Disse ele: “O artista é
livre, não tem prazo, nem precisa
fazer concessões ao gosto dos
outros. O artista cria melhor porque
tem direito de errar, e meu negócio
é a surpresa. Mas sim, tenho
prazer em tirar dinheiro de vocês,
como hoje, quando me dão a
chance.” E saiu aplaudido de
pé.
DIGITAL NO PAPEL
Muita gente estranhou ontem. Por
que o figura Bob Greenberg, lenda
da comunicação digital
e fundador da R/GA, apresentou sua
palestra inteira usando um bloquinho
cheio de rabiscos, e se perdendo nas
folhinhas, ao invés de usar
um tablet ou um Mac, como todo mundo?
PAPEL NA PAREDE
Cantada dos holandeses viralizou.
Comentei aqui do maníaco do Post
It.
Agora, o pessoal está colando
nas paredes etiquetas dizendo o que
merecia Ouro, Prata ou Bronze.
Os papéis, na verdade, eram uma
brincadeira dos Youngs holandeses que
para que o público escolhesse
os homens e mulheres, totosos ou totosas,
que merecessem prêmos. A ideia
para cantada virou outra coisa.
GOODBY ROCKS
Hello Goodby.
A Young Lions Zone, área dedicada
aos Youngs, tinha gente saindo pelo
ladrão. Centenas de pessoas,
a maioria de pé, assistiram o
lendário Jeff Goodby, criador
e criativo da Goodby, Silverstein &
Partners falar por mais de uma hora.
Com seu tradicional rabo de cavalo grisalho,
de bermudão, Goodby falou sobre
como vender ideias matadoras.
Contou seus casos de persistência,
de como colocou a agência para
pensar como um movimento de pessoas
e não como um negócio,
como a confiança pode superar
a arrogância e ajudar no trabalho.
Tudo intercalado por seus trabalhos
para Bud, Hyundai, GM e muito mais.
Genial.
WRONG MEDIA LIONS
Isso é papel que se faça?
Essa casa de tolerância aqui em
Cannes vai ganhar um leão de
mídia errada. Os caras me colocam,
na porta do lugar, um puta cartaz: “Pole
Dance All Night” e ao lado um
papelzinho escrito à mão:
“Precisamos de mulheres”.
Puta ideia ruim. Literalmente.
BOLUDOS
Flagrante dos hermanos dentro
da G Lounge.
Os argentinos de uma produtora podiam
escolher Cannes inteiro para fazer a
sua festa aqui. Na praia, numa das trocentas
boites ou hotéis que tem por
aqui. Ou até no McDonalds. Mas
não, preferiram fazer numa balada
gay, o G Lounge. Então tá.
O FENÔMENO MASSIVE
Presença massiva na festa
da Massive.
A melhor festa que não fui, mais
uma vez, foi a da produtora holandesa
Massive, na praia, ontem à noite.
Até Ronaldo Fenômeno, que
faz palestra aqui nessa 5a feira, prestigiou
o evento que tinha uma multidão
na porta tentando entrar.
Se você vier à Cannes,
tenta descolar um convite pra essa balada
antes. Faz um spot fantasma com os caras,
sei lá, mas é sempre a
melhor festa.
CURINTIA
Ontem os Corinthianos estavam usando
uma boa tática, ficar até
às 3h da matina na gandaia para
“dar tempo de assistir o jogo”.
Alguns se reuniram em hotéis
que tinham o canal a cabo Al Jazeera,
único a transmitir o jogo por
aqui ou com um bom sinal de internet,
pra rolar aquela bela pirataria. A noite
toda se via gente com a camisa do time.
Por conta disso, o medo de assaltos
na cidade aumentou muito também
na madrugada. Recebendo emails me xingando
em 3, 2, 1....
EVACUANDO
A segurança sempre discreta
de Bill Clinton.
A organização de Cannes
acaba de soltar uma circular sobre o
esquema de segurança para a palestra
de Bill Clinton.
Primeiro já avisaram que a gente
tem que se pré-registrar e passar
por um sistema quase de imigração
para assistir o ômi.
Agora pediram para que as pessoas evacuem
algumas áreas do Palais. Vou
dar uma evacuada no banheiro e já
volto.
AZAFAMÊ EN CANNES
Pessoal que está só
na azáfama por aqui:
André Kirkelis e Claudio
Lima, da Ogilvy, levando o leão
para beber água que o
passarinho não bebe.
Cristina Leão, da ESPM,
está em família
nos Lions de Cannes.
Carlos Righi, da Fulano Filmes,
na palestra do Jeff Goodby.
Felipe Cama, da Dentsu, e Miguel
Bemfica, da McCann Milão,
se reencontrando.
A produtora internacional Carlinha
Carvalho só chegou ontem.
E já caiu no Martinez.
O maestro Milton Mastrocessario,
o Cebola, da WMcCann, sabe tudo
de Cannes.
O brasileiro Paulinho Areas
e o espanhol Pancho Cassis,
da Lola Madrid.
AZÁFAMA, A
EXPLICAÇÃO.
Teve gente achando que Azáfama
era o nome do meio do Marcio Ehrlich,
só que não.
Vasco Condessa, que começou
com essa história, esclarece:
“Azáfama (árabe
az-zahma) s. f.
1. Actividade. Atividade. Atividade
intensa. = AFÃ
2. Muita pressa ou intensidade na
realização de algo.
= AFÃ, CORRERIA
3. Falta de ordem. = ATROPELO, BALBÚRDIA,
CONFUSÃO
Só conhecia o significado de
“actividade intensa”.
O “atropelo, balbúrdia,
confusão”, desconhecia.
Deu-te muito jeito porque acertaste
algumas sem saber bem como. Como tanta
gente em Cannes.”
Valeu, Vasco!
MERCI BEAUCOUP
Gente que segue escrevendo para
a Fenêtre, mesmo sabendo o risco
que isso pode representar para o respeito
que os amigos tinham por elas:
Guga Diehl, da 9ine; Marcelo Maia,
da NovaSB; Mauro Silveira, da Giovanni
DraftFCB; Camila Caruso, da Bullet.
Muito obrigado, minha gente.
Continue mandando seus chamegos e
cafunés para fseidl@ig.com.br
ou sugestões de aumento de
cachê para o meu editor Marcio
“WhatsHisMiddleName” Ehrlich:
janela@janela.com.br
O redator Fabio Seidl é o enviado especial da Janela em Cannes 2012.