Publicada desde 15/07/1977.
Na Web desde 12/07/1996.
A Fenêtre é a cobertura da Janela Publicitária em Cannes.
20 de junho
de 2012, quarta-feira
UMA AZÁFAMA
Vasco Condessa, claramente preso
em uma azáfama.
Vou começar a coluna ao contrário
hoje, pela seção de cartas.
Vocês não acreditam, mas
a Fenêtre faz um sucesso em Portugal.
Parece que lá eles entendem minhas
piadas.
E hoje veio de Lisboa a correspondência
do Vasco Condessa, criativo da DraftFCB
e músico de uma das melhores
bandas de jazz do planeta, o Soaked
Lamb (dá um Google neles
agora). Vamos a isso: “Só para dizer que
comecei a ler a Fenêtre, já
com a lança da crítica
apontada aos teus disparates. Continuo
a não perceber como consegues
fazer parte da selecção
de futebol (só se o Mano também
seleciona essa)
Este ano cheguei mais tarde porque com
os chefes a passear em Cannes, está
aqui uma azáfama. Grande abraço.”
Bom, tive medo da lança do Vasco
apontada para mim, mas, principalmente,
adorei a palavra azáfama. Morei
quase 3 anos na Lusitânia e não
conhecia.
Por isso, vou usá-lá,
mesmo sem saber o que ela significa,
em todas as notas de hoje, em diferentes
contextos e vocês vão ver
como ela se encaixa. Vamos nessa.
OUTDOOR, MOBILE, MEDIA
E... O QUÊ MESMO? AH, EFFECTIVENESS
Em 2013 o Festival deveria vender
uma cota de patrocínio
para a marca esportiva Fila.
Mais adequado, impossível.
O festival já está muito
mais cheio, com salas de palestras transformadas
numa verdadeira azáfama, e quase
não consegui lugar na cerimônia
de ontem.
Foi até rápida a entrega,
mas porque as pratas não foram
exibidas no palco, só citadas.
E você sabe que o site de Cannes
virou veículo, né? Não
tem mais bobo no futebol.
Então agora, filmar nem pensar.
Já teve veículo brasileiro
ameaçado de expulsão do
evento porque estaria disponibilizando
conteúdo que seria do site de
Cannes antes mesmo de eles colocarem
no ar. É o bicho vindo, véi.
OUTDOOR
Destaque para
a Giovanni, aqui em Cannes chamada
apenas de DraftFCB Brasil, que
subiu duas vezes ao palco para
receber o ouro pelos ótimos
anúncios de JVC.
Anteontem comentei aqui que
a AgeIsobar merecia ouro com
as Real Fruit Boxes e finalmente
rolou. Os caras subiram pra
pegar. E os criativos da Ogilvy,
Marcelo Padoca e Fernando Reis,
chegaram literalmente correndo
ao Palais pra buscar o prêmio
deles por Forbes. O voo dos
caras pousou às 18h em
Nice, que fica a 40 min de Cannes.
E o evento começou 18h45.
Vieram com a roupa que estavam
na agência. Mais azáfama,
impossível.
A turma da DraftFCB Brasil,
mais conhecida como Giovanni,
numa das subidas ao palco.
A Age Isobar recebeu seu merecido
Leão pelo Real Fruit
Box.
Padoca e Reis no clima de festa
"venha-como-estiver".
MOLEQUE, ASSISTENTE,
CHINÊS E VENCEDOR DO GP
Se
alguém dissesse que um
assistente de arte de 19 anos
lá da China, com uma
peça que você nunca
viu na vida ia ser GP em Cannes,
você acreditaria?
É, teve gente chiando,
mas o GP de Outdoor (em Billboard)
Ogilvy China para Coca-Cola,
mas, azáfamas à
parte, foi unânime para
o júri, o que aliás,
é raro.
O segundo GP Chinês em
dois anos seguidos (em 2011
foi Press para Samsonite) foi
criado pelo estudante de design
Jonathan Mak, que só
tem um ano de profissão.
É dele também
uma ilustração
que rodou o mundo quando o Steve
Jobs morreu, com a imagem do
fundador da Apple dentro de
uma maçã. Olhando
bem, tem a mesma pegada. E foi
por essa imagem que a agência
convidou o moleque pra trabalhar.
O outro GP de Outdoor (em Ambient
Media) foi para a Jung Von Matt,
com o carro invisível
da Mercedes que, soubemos aqui,
contou com a colaboração
dos engenheiros da própria
marca.
O cartaz da Coca, GP em Outdoor.
O chinezinho Jonathan Mak, que
nem passou por Young
mas já levou GP.
O carro invisível da
Mercedes, era aposta óbvia
para Leão e levou GP
EFFECTIVENESS
Olha, a categoria, claramente criada
para fazer sombra a um prêmio
bem mais estruturado sobre eficiência,
os Effies, não rolou.
Apesar da boa intenção
de envolver os clientes como jurados,
ninguém entendeu, a apresentação
é azáfama, ficam os
jurados apresentando os cases, os
critérios são confuso,
não deu.
MEDIA
A
Duval Gullame da Bélgica,
do grupo Publicis, foi a agência
do ano nessa categoria e para
mim, junto com a ServicePlan
Munich que comentei ontem, um
dos grandes destaques do ano.
Trabalho consistente, divertido
e que vem ganhando vários
prêmios.
A peça Push to Add Drama
para o canal TNT, já
perdi a conta de quantos prêmios
levou
E a ação para
Carlsberg, com os Stunt Bikers,
também.
Os mais críticos vão
dizer: ah, mas essa azáfama
aí os caras fizeram uma
vez, pra meia dúzia de
pessoas. Não é
bem assim. Pensa nisso como
um comercial baratíssimo
que bombaram no YouTube, atingindo
milhões de pessoas.
Num país como o Brasil,
com 200 milhões de habitantes
e com a força de uma
Rede Globo, é complicado
entender, mas na Bélgica,
onde mora menos gente do que
em São Paulo, faz sentido.
E pra fechar a categoria olha
aí, mais um GP com ideia
do ano passado. O de mídia,
da OMD Londres para Google Voice
Search já havia ganho
em outdoor e este ano, com um
case mais consistente, veio
brigar em mídia. Tá
na regra.
Repita
comigo: pih-ka-di-lee sur-khus
O case Push to Add Drama, do
canal TNT
Você entraria no cinema
com essa turma na plateia?
MOBILE
Eu era incrédulo
em relação a essa
categoria mas gostei do que
vi em Mobile. Achei que ia ser
azáfama, só com
aplicativos e joguinhos, mas
teve muita coisa criativa também.
Curto por exemplo a ação
Parking Douche, da The Village
de Moscou, que levou ouro. A
tecnologia aplicada para fazer
as pessoas denunciarem, e sacanearem
com seus celulares os manés
que param o carro na calçada.
E o anúncio de iPad da
Bradesco Seguros da Almap é
engraçado demais. Leão
justo de ouro, capturado aqui
por Luíz Sanches e Marcos
Medeiros.
Luiz Sanches e Marcos Medeiros
subiram ao palco para
segurar o Leão da Almap.
Parking Douche, da The Village
de Moscou, Leão de Ouro.
O anúncio da Bradesco
Seguros no iPad, criado pela
Almap.
PORRERREI
Fiz contas aqui baseado no regulamento
antigo do Festival que considerava
um leão para cada peça
de campanha (ex.: campanha de 3 peças
premiada = 3 leões), mas nao
é mais assim.
Por isso, a briga matemática
do número de leões aqui
está mais azáfama, o
páreo é entre Ogilvy,
Y&R e DM9, as 3 com anos ótimos
aqui. E ainda tem categorias por vir.
E A FESTA DE GALA?
La Muvuque de Galle
Eu fui na festinha oficial, mas não
estava maneira. Aquela fila pela comida
fria, aquelas coroas de 60 anos dançando
Barry White, aquela galera queimando
a largada com vinho branco e esperando
dar meia-noite e meia pra tocar música
de “jovem”.
Se bem que era o lugar com menos brasileiros
por centímetro de Cannes. A coisa
aqui está de tal jeito que os
garçons dos restaurantes já
estão falando português.
Azáfama master.
VIDA DE GADO
Os jornalistas aqui estão
apanhando mais do que cachorro magro.
Os jurados brasileiros não
estão passando informações
antecipadamente (tomaram uma prensa
dos organizadores) e a imprensa, azafamada,
tem que ficar fuçando twitter
e facebook de criativo no Brasil que
acaba sabendo antes porque tem que
viajar pra cá pra receber.
Pra piorar, como o festival encheu
mais, além de não ter
tomada, não tem mais mesa e
cadeira vaga na sala de imprensa.
Mas também, só de brasileiros,
são mais de 50 ralando.
OK GO
As marcas ainda não entenderam
as redes sociais.
A palestra mais bacana que vi ontem
foi a promovida pelo YouTube.
Damian Kulash, vocalista e diretor dos
clipes do Ok Go, Matt Elek, da excelente
revista Vice e Marc Espeichert da L’Oreal
falaram sobre Inovação
e o Poder do Vídeo.
Damian trouxe bons insights. Defendeu
que mídia social é mais
simples do que as marcas pregam e tem
um caminho, que pra ele funciona, simples:
as pessoas compartilham o que é
engraçado, o que as deixa impressionadas
(é novo, ou grandioso, trabalhoso
etc) e o que as deixa com medo.
O problema, segundo ele, é que
as marcas ainda são muito azáfamas,
não entenderam isso, nem que
o seu papel mudou e que não dão
mais as cartas.
A sensação que tenho é
que tem muita gente jogando dinheiro
fora, sem saber o que está fazendo.
Tem muito investimento em pesquisa de
opinião e pouco em inovação.
PIRA PIRA PIROU
O único jeito de uma
mulher te dar bola em Cannes.
A porta do Palais tá parecendo
a saída do Metrô da Carioca,
ou para os paulistas, o Viaduto do Chá,
todo dia tem um louco fazendo uma azáfama
que ninguém sabe a razão.
Ontem era essa doida num balão
jogando papel prateado. Logo depois
chegou um cara fazendo bonequinhos com
balões. Em seguida, apareceu
o Accioly. Só maluco.
BRASIL, MOVIDO A
ÁLCOOL, PARA NA HOLANDA
The equipe pray in de left
e in de raite,
bat not control de mete.
Nos comportamos como verdadeiros craques
da seleção na Copa do
Mundo. Só que nesse caso seríamos
Ronaldinho Gaúcho e Adriano Imperador.
Vindo praticamente direto das festas
de ontem, o time do Brasil entrou em
campo suando a camisa. E no suor, veio
aquele cheiro de mé. Azáfama
total.
O jogo das quartas de final entre a
Laranja Mecânica, campeã
do futebol em Cannes 2010, e a Banana
Mecânica, atual campeã,
foi parelho, com boas chances dos dois
lados.
Melhor para o time holandês que
marcou num erro de saída de bola
brasileiro e ganhou pelo placar mínimo
de 1x0, em um jogo em que até
o juiz veio da balada e chegou 45 minutos
atrasado.
Vale lembrar que no ano passado, apesar
do nosso título, também
perdemos para a Holanda na fase de grupos.
O Brasil deve ainda entrar com um recurso
para pedir um anti-dopping contra os
holandeses, frequentadores dos coffee
shops de Amsterdã.
O problema é que a própria
seleção brasileira bebeu
a cerveja que serviria para estimular
os representantes dos países
baixos a fazerem xixi para o exame.
Resta agora torcer contra os argentinos
e, segundo muitos na praia, a favor
da sueca Maia, única mulher do
campeonato e que já recebeu o
singelo apelido de “escandinava
com bunda de mulata”.
AZAFAMANDO POR AÍ
Estas foram as pessoas que flagramos
em situações azáfamas
na Cote D’Azur ontem. Confira
se o seu cônjuge ou funcionário
está nesta lista ou continua
desaparecido em Cannes:
“Foto pra Fenêtre?
Boa, senão o Clóvis
Speroni vai achar que a gente
não veio.” Luis
Claudio Salvestroni, da Agência
3 e Paulinho Castro, da Staff,
dando satisfações
ao chefe. Na verdade, isso é
Photoshop, os caras estavam
em St. Tropez, gastando champagne
no cartão corporativo
e pedindo pro garçom
colocar como misto quente na
nota.
Serginho Lobo, da Santa Clara
e Luís Christello, da
Heads, fizeram questão
de tirar foto com a atração
turística principal da
cidade, esse carequinha aí
da direita.
Pedro Bexiga e Marcelo Lourenço,
dupla luso-brasileira da Fuel
em Lisboa.
Mais um portuga. Pedro Lima,
da Partners, não perde
uma Fenêtre. O gajo ganhou
a competição de
curtas da MoFilm aqui e levou
US$ 8 mil.
Carlos Renato Rocha, da Arcos,
na festinha de gala.
A dupla brasileira da Pereira
O´Dell, Paulo Coelho (esse
é mago, mas dos layouts)
e Arício Fortes, comemorando
seu leão pelo livro do
Snoop Dogg.
Fred Sartorello, da We, marca
presença no Happy Hour,
uma das melhores coisas do festival.
Duda Salles, da DPZ, está
com um olho no Festival e o
outro no final do curso da Berlin
School, que tem o último
módulo aqui em Cannes.
Esse criativo mascarado diz
ter a informação
do nome do meio de Marcio Ehrlich
(que o Gláucio Binder
insiste em escrever dizendo
que não existe, evocando
as origens israelitas do nosso
editor). Aguardem e verão.
Accioly: virou o rei do jabá
em Cannes. Só hoje de
manhã, já tinha
descolado 6 camisas, 2 bonés,
2 óculos, uma toalha,
3 bolsas e um monte de coisas
que ele nem fazia ideia o que
era. Mas aquelas mochilas bacanas
que a Margarida dava por aqui,
nada, né Acci?
ESCREVE AÍ
Você quer compartilhar suas
ideias? Você quer mandar suas
azáfamas? Você quer o
tchu? Você quer o tchá?
Então escreve para tchetchetcheretchetchê
o Fabio Seidl e você: fseidl@ig.com.br
ou pro Marcião: janela@janela.com.br
O redator Fabio Seidl é o enviado especial da Janela em Cannes 2012.