27 de junho de 2010, domingo

2010: O ANO EM QUE FIZEMOS CONTATOS

Explodem os fogos de artifício em frente ao Hotel Carlton. É o anúncio do fim de festa em Cannes. Uma festa aliás, bem brasileira. Batemos o nosso recorde de leões e olha que nem fomos tão beneficiados pelas nova categoria de Craft Lions (levamos só um, já é uma estréia), criada este ano para reconhecer a excelência na execução das pecas. E ainda tomamos um couro em Cyber, nosso ponto forte. Mas ganhamos, de novo, a competição de Young lions em cyber.

ONDE O BRASIL FOI MELHOR

Primeiro, acho que soubemos inscrever melhor. Falei aqui no ano passado da importância que algumas agências, como a Leo Portugal, deram ao estudo do regulamento. Pois este ano a Almap conseguiu trocentos leões com a mesma peça, a festejada campanha de Billboard. A F/Nazca também fez render o seu Xixi no Banho. É importante também dizer que o Brasil não foi só Almap. Teve o grande desempenho da Ogilvy, a segunda brasileira mais premiada e vinda de um ano, trazendo idéias novas, realmente diferentes e que também foram multipremiadas. Trouxemos mais ouros, com ajuda também da Lew’ Lara.

O QUE FALTA

A sensação que dá é que diminuímos o abismo entre a gente e os países que vinham levando tudo por aqui: EUA, Inglaterra, Argentina e Alemanha. Esta última aliás, voltou a ter um ano ruim. Pensa bem se essa ideia do “Replay” para Gatorade que levou 2 GPs não poderia ter sido criada no Brasil? Outro dia mesmo fizeram um amistoso entre as seleções da Itália e do Brasil com os jogadores da Copa de 94. O GP de Cannes já levou o comercial de Old Spice ao impressionante número de mais de 11 milhões de visitas no Youtube. O GP de filme, da Wieden para Old Spice (veja ao lado) não foi uma superprodução inconcebível para o nosso país, como foi em anos anteriores o Carroussel para Philips ou a campanha de Halo. Em vários bares de São Paulo já existiam câmaras com isolamento acústico para a rapaziada telefonar. Na Argentina, alguém foi lá e transformou isso no Andes Teletransporter, GP de outdoor. E ainda embalou num supercase. Ponto pros caras. Ou seja, dá para chegar lá. Falta emplacarmos mais filmes, só conseguimos um leãozito (parabéns Zé, Erh e todo o time da BorghiErh). E tirar o selinho em Titanium & Integrated. Mas foi um ano ótimo. Mas e aí, o que você ganha com esse resultado histórico brasileiro? Eu, pessoalmente, continuo acreditando que quando o Brasil ganha, nossa imagem criativa no mercado internacional melhora (isso gera mais transferências, mais empregos lá fora e aqui) e que o mercado fica, ao mesmo tempo, mordido e otimista (mais negócios, mais procura por talento). Resta agora ao Brasil transformar esse momento de premiação único num combustível básico: bufunfa, faz-me-rir, cascalhinho, grana. E para isso, existe Cannes, hoje um evento de contatos, de negócios, de aprendizado e de conversa. Podemos buscar o crescimento no mercado internacional, coisa que aliás as agências de Marcello Serpa e Anselmo Ramos/Luis Fernando Musa já vem fazendo há algum tempo. E que os argentinos fazem há mais tempo do que a gente. E isso, podem acreditar, vale para o mercado como um todo. São Paulo, Rio, Sul, Nordeste. Agências de publicidade, design ou digitais. Produtoras, fotógrafos, ilustradores. A criatividade é do Brasil.

ENTÃO É ISSO

Um abraço para todos vocês e desculpem se não deu para responder todo mundo pelo email, facebook (ou como o meu amigo Rodolfo Barreto diz, Facewood), Messenger e cartas-bomba anônimas. Muito obrigado pela paciência e pelo espírito esportivo. Valeu de verdade o apoio: Marcio, Sérgio da Proview, valeu demais Ritinha e, claro, obrigado pra caceta, Sr. Antonio Carlos Accioly. A vantagem de ter um amigo que é vários como o Acci, é que o ele está sempre por perto para te ajudar. Seja na hora das brincadeiras, ou na hora de trabalhar sério. Até o ano que vem, se a assessoria de imprensa do Festival permitir. THANKS AMANDA, CAMILLA AND THE CREW. Au revoir.

O redator Fabio Seidl é o enviado especial da Janela em Cannes 2010.