25 de junho de 2010, sexta-feira

FAROFA NA PRAIA, NO BOM SENTIDO

Classe de 2010: os produtores brasileiros na Film Brazil este ano. Adivinha quem está ali na frente? Os diretores Oscar Rodrigues Alves (Nuclear) e Fabio Mendonça (o2) A festa da Film Brazil foi uma das mais bacanas de ontem à noite, em Cannes. E digo isso porque só fui nessa. O pool de produtoras brasileiras fez uma “caipirinha party” que começou pouco antes do sol se pôr na Cote D’ Azur. Música bacana, galera animada e um Buffet brasileiro que entreteve boa parte dos gringos que lá estavam. Rolou até uma feijoada completa. Então quando algum amigo seu de alguma produtora vier tirar onda em Cannes, pode cortar a onda dele dizendo que ficou sabendo que o cara levou farofa para a praia, porque é verdade. O engraçado é ver como os gringos reagem aos acepipes e gorós tipicamente brasileiros. Metade amou queijo com goiabada, a outra metade ficava tirando o doce do queijinho. Eles chegam todos empolgados gritando “we want caipirinhaaa”, mas depois de dois goles de pinga, já começam a deixar o copo de lado, meio bêbados. Olha aí o estado desse gringo na saída.

SHOTS

A outra festa da noite que todo mundo tentou entrar era a da Shots. Quando passei por lá, tinha uma galera decidindo se ia aplicar o truque da “cara de chefe”, o golpe do “dar o nome de um criativo famoso que deve estar na lista” ou a manobra “salto com duplo twist carpado ao lado da mureta com aterrissagem Diego Hipólito ao lado do banheiro químico”.

CONEXÕES FEITAS MAIS FACILMENTE

Existe uma diferença grande das festas de Cannes de hoje para alguns anos atrás. Antes, as produtoras, veículos e agências faziam as festas para reunir o mercado, mostrar que estavam superbem e felizes, queriam fazer a festa mais legal, mais comentada, mais barulhenta. Bom era dizer que ninguém tinha acordado antes das 3 da tarde porque tinha ido na festa tal e bebido uma quantidade de álcool capaz de abastecer a frota brasileira de carros flex. Hoje, as agências fazem festas, quando não fazem jantares, para os seus funcionários, quando não fazem para sua diretoria, e olhe lá. Veículos chamam mídias, imprensa, pessoas chave para ambientes em que as pessoas se divirtam, mas possam falar de negócios. Produtoras chamam diretores de criação, RTVs e olhe lá. Como foi ano de Copa, muitas das festas ainda foram fechadas às pessoas dos próprios países, gente que foi convidada para ver o jogo, tomar uma cervejola e fazer aquela verdadeira social. E é assim que Cannes segue à risca o slogan do festival desse ano: “connections made easy”. Ninguém está mais vindo aqui para gastar dinheiro e fazer concurso da camiseta molhada com Moet Chandon. Infelizmente. Chuif.

MISTÉRIO

Hoje pela manhã, vários sujeitos vestidos de inquisidores circularam pelas palestras e corredores do Palais. Ninguém sabia direito dizer o que era. Mas eu descobri. Era o Accioly, que mais tarde foi visto andando com um casaco na cabeça para se proteger de uma gripe. Então, você que está aí em casa, fungando, com tosse, dor de cabeça, garganta ruim, já sabe. É só pegar um agasalhinho, botar no quengo, e pronto, passa. Vem aí, um quebra-quebra na indústria farmacêutica. Aliás, o Accioly com esse treco na cabeça não tá a cara do Imperador do Star Wars?

SURPRESA

A Y&R que em 2008 trouxe para cá Al Gore e em 2009 trouxe Roger Daltrey, vocalista do The Who, divulgou que este ano traria uma grande surpresa para sua palestra. Fui até lá e...surpresa! Não tinha ninguém especial. Três produtores falando sobre o futuro da música.

EU SOU ESLOVACO, COM MUITO ORGULHO, COM MUITO AMOR

Acabei descendo para dar uma olhada nos lounges no primeiro andar do Palais e me deparei com um mundaréu de gente frenética no estande da Record/Estado de S. Paulo. Era a TV passando o jogo Eslováquia e Itália, que parou o festival ontem. Vários italianos estavam por lá e saíram bem, como se diz na terra deles, putazzos. Principalmente porque a brasileirada toda, e não só a gente, era Eslovaco desde criancinha.

POR DENTRO E POR FORA DO PALAIS

Estande da Record e Estadão Estande do Meio & Mensagem Estande do Design Brasil Young Lions Além do estande da Record/Estadão, que oferece, além dos jogos, cafezinho brasileiro, champagne (nacional, aquelas que eles fazem aqui na França mesmo), o Brasil marca presença com mais dois estandes. O do Meio&Mensagem (que ainda tem um lounge no Hotel Majestic logo em frente, assim como o Terra e a Publicis), mostra dados sobre o mercado brasileiro. E o estande da Design Brazil promove concorridos happy hours ao lado das exposições das peças premiadas dos Design Lions. Mas o espaço mais legal do festival é o dos Young Lions, com um lounge com mesa de totó e cybercafé patrocinado por Youtube (que banca os drinks), HP (sofás para se espalhar) e Bing (cervas e aperitivos). E Cannes, dentro do seu conceito Connections, está cheio de atrações para quem quer fazer contatos ou negócios até fora do Palais. A Microsoft por exemplo, tem dois espaços na Croissete. Um é o “Experience” onde apresenta seus últimos e próximos produtos (me surpreendeu o potencial que tem a mesa multitouch e com câmeras infravermelhas Surface – dá uma olhada em www.surface.com), com espaço de degustação de games e do novo Windows Phone. O outro é o “Microsoft Beach”, este para aquele “relax”, drinkzitos à beira-mar e outros mimos. O Grupo Havas tomou conta de um bar bem no pé do Hotel Carlton, onde promove shows de música ao vivo e um open bar de alto nível. Ninguém mais está vindo aqui a passeio.   Microsoft Advertising Experience Center Experienciando a Microsoft Havas Café

FREESTYLE

Comentário na porta do Palais, ontem: “Todo mundo batendo palma para a seleção dos Young Directors da Saatchi, mas só mostraram videoclip. No shortlist, só tem fantasma. É melhor criarem logo uma categoria Freestyle Lions. Todo mundo faz o que quer mesmo...”

FRIENDS

Mais um, agora falando comigo: “Curti muito a a Fenêtre! Mas mostrei pra minha mulher e ela não entendeu nada, não achou graça, disse que eu tava maluco. Dei um esporro nela! Falei: você acha graça em Friends (o seriado)? Friends é o cacete, pô!”

MOMENTO AMAURY JR EDIÇÃO OLHA OS CARAS AÍ

Um momento para a galera matar as saudades criativos que estiveram no Rio ou São Paulo e foram para outros mercados. E as mulheres poderem saber onde mandar cobrar as pensões.
	Victor Afonso, o glorioso “Zeca”, agora DC da Master em Curitiba.
Alexandre Level, gente boa e agora diretor de criação da mineira ProBrasil.	Luter Filho, Young Lion este ano e criativo da SantaClara, reecontra o amigo Guilherme Somensato, agora na DDB Budapeste.

Esta sexta vai ser punk. Estão programadas 7 horas de shortlist de Film e Craft que começam às 8h da matina.
Fora a exibição dos finalistas de Titanium & Integrated.
Tudo isso vai acavalar com o jogo do Brasil (às 16h aqui), que eu não perco de jeito nenhum. Os portugueses que estão por aqui (e não são poucos) estão confiantes. Vai ter gozação na Croissete. E espero que sejamos nós a invadir a Tuga Beach, quartel general lusitano para assuntos publicitários e futebolísticos nas areias francesas. Mais tarde eu conto como foi. Abraço.

E olha que o short list de filmes até que não foi tão grande. Só 359 filmes passaram pela peneira (isso aqui já teve ano com 600 filmes) e estou trazendo aqui os que mais arrancaram palmas do exigente público no Grand Auditorium.

Mesmo sem a campanha “Write The Future”, que não foi inscrita a tempo, a Nike tem bons representantes com chance de leão como o filme da Wieden em que o pai de Tiger Woods “conversa” com ele, mesmo estando morto.
O que esteve muito na moda aqui: batalhas épicas entre pessoas comuns (executivos, nerds etc) e musicais onde cada personagem canta uma musiquinha famosa (primeiro uma criança, depois um soldado, depois um palhaço e assim vai). Esse aliás, já virou quase categoria.
A categoria mais decepcionante acabou sendo as que criam filmes para fundações e ONGs. Foi um mar de chororô e de peças que fazem o espectador ficar deprimido.

TITANIUM E INTEGRATED

Short list ainda mais reduzido e as campanhas Replay, para Gatorade e Turnaround Pizza, já mostradas aqui, são grandes favoritas. Absolute Spike, o curta de Spike Jonze também tem chances.
O Brasil conseguiu seu primeiro shortlist na categoria com Xixi no Banho, da F/Nazca, já vencedora em PR. Parabéns pra rapaziada.

E O JOGO?

Na boa, o que você ainda está fazendo na agência lendo a Fenêtre? Aqui o clima é de Copa desde cedo. Mais de 400 (isso, 400) brasileiros são esperados nos lounges praianos do Meio e Mensagem e da Film Brazil.
O problema é que essa gente toda não cabe nesses locais e a segurança francesa está enchendo o saco com isso.
Quem não chegar cedo, dança. Por isso, fui.
Eu volto ainda hoje com a cobertura do jogo e amanhã com aquele já tradicional balancê de Cannes.

Mas que joguinho mocorongo esse do Brasil com Portugal, hein?
O primeiro tempo foi mequetrefe, mas em compensação, o segundo foi bizonho, deu até sono.
Bem, pelo menos serviu pra reunir a brasileirada aqui em Cannes e encharcar a caveira na praia do Hotel Martinez no evento promovido pelo Meio e Mensagem.
E só assim mesmo, com muito vinho e cerveja para aturar o Josué de Camargo e Luciano, o Michel Bostas, o Graffiti (apagado) e o técnico fugitivo dos sete anões.
Confira agora os melhores momentos da torcida.

Para começar a urucubaca, tinha um portuga infiltrado, esse aí é o Fred Saldanha, da Ogilvy Brasil, segundos antes de ser linchado.	O Adriano Matos, da MoMa, já estava com cara de desconfiado.
O André Gustavo, da F/Nazca, até engasgou depois que o Nilmar perdeu aquele gol debaixo da trave.	No intervalo, Fernando Freitas, agora na Grey Budapeste, reencontrou seus amigos de Quê, Eduardo "Dudu" Almeida e Tatiana Soter.
Tinha gente saindo pelo ladrão do salão do Martinez na praia da Croissete.	Marcello Serpa queria saber se o Marcos Medeiros já tinha informação sobre outro placar: o da Almap aqui em Cannes na disputa pela agência do ano.
Paulo Giovanni, da Mix Brand Experience assitiu o jogo com o amigo Adilson Xavier, da Giovanni+Draft FCB.	Não adiantou nem a torcida dupla dos gêmeos Renato e Roberto Fernandes, da JWT e da Almap. Ou seriam Roberto e Renato Fernandes?
Depois do jogo, Rodolfo Sampaio, da MoMa, fez um frila de comentarista.	Rynaldo Gondim dando a sua palinha na resenha pós-pelada.
O Vilano e o Pedrinho Utzeri da Fischer, procurando a saída para a seleção.	Agora, pior do que ver o Brasil jogando mal, foi assistir esse jogo sentado perto do Accioly. N.R.: Vuvuzolly ninguém merece (M.E.)

O redator Fabio Seidl é o enviado especial da Janela em Cannes 2010.