23 de junho de
2010, quarta-feira
RADIO,
MEDIA & OUTDOOR
O Brasil dominou a cerimônia de premiação
de ontem com diversas agências premiadas e terminando o país
mais premiado em outdoor.
Em Media, a Lew’Lara ainda ficou como a terceira melhor agência
e teve à frente dela uma Fischer Portugal movida por energia
criativa luso-brasileira. Uma surpresa para as duas.
Em Rádio, tivemos o primeiro ouro da história do país,
com uma ótima peça da Lew'Lara para a Cultura Inglesa,
legendando nos displays dos rádios dos carros que possuem
sistema de transmissão ao vivo de texto as músicas
em inglês.
A agência disputou com apenas outros dois ouros o Grand Prix,
que acabou com um spot colombiano para uma ONG, a Cruz Vermelha.
Basicamente, trazia pessoas fazendo barulhos diferentes e depois,
juntos, mostravam o som de um helicóptero e uma ambulância,
o conceito era que juntos podíamos fazer a Cruz Vermelha
seguir em frente.
O nível da categoria, entretanto foi fraquíssimo e
os poucos leões distribuídos mostraram isso.
Media, a categoria que veio a seguir, foi um pouco melhor. Me chamaram
a atenção duas peças ótimas para o mesmo
cliente, feitas em dois países diferentes.
“The Story Behind the Still” para as câmeras digitais
Canon 7D, Ouro para a Grey NY (abaixo, à esquerda).
Já a Leo Burnett Sydney, ganhou o GP criando para o mesmo
cliente o Photochains, que usa um princípio parecido: a partir
de um detalhe de uma foto de um usuário, os outros eram convidados
a fotografar outra coisa. (abaixo, à direita)
A cerimônia terminou com a longa distribuição
de leões para Outdoor.
O protocolo só foi quebrado por uma figura português
que subiu na hora da entrega de um leão, arrancou a camisa
e mostrou uma camisa escrito: “Um dia eu ganho um desses.
Estou na Lisbon Ad School”, de quebra o gajo ainda saiu em
várias fotos na saída do Palais. Até na Fenêtre,
como vocês poderão ver mais abaixo. Lá em Portugal,
a turma chama isso de “emplastro”.
O jurado brasileiro Marco Versolato, da Y&R, foi recebido com
muita festa pelos seus compatriotas. Versolato “conseguiu”
nada mais nada menos do que 4 vezes mais leões do que a média
brasileira na categoria.
Conversei com ele depois da premiação e ele disse
que conquistou o respeito dos demais jurados justamente por não
querer puxar a sardinha para o país e sim defender as melhores
ideias de onde quer que elas viessem.
Desta premiação, acabei gostando mais da segunda metade,
a subcategoria “Ambient” que trouxe cases bacanas como
esse de Heineken (veja abaixo, à esquerda)
E o “Swap” de Coca-Cola Zero, da McCann Madrid, que
colocava um copo do produto sem açúcar dentro do copo
do comum no cinema e lá dentro um comercial convidava as
pessoas a pegarem o copo de zero dentro do copinho vermelho de Coca:
“um comercial não ia convencer você que o sabor
era igual” dizia o filme de cinema, feito para uma promoção,
que ganhou em outdoor. Simples e bom.
Fez muito sucesso também o painel digital da AlmapBBDO para
a revista Billboard (abaixo à direita) mas a peça
para o Andes Teletransporter foi imbatível e acabou levando
o júri.
Com o resultado de ontem, mais a expectativa de pelo menos 10 leões
em Press que podem ser confirmados nas próximas horas, o
Brasil caminha firme e forte para ser o país mais premiado
do festival, algo que ainda não aconteceu neste século.
SHORTS
Muito bem, prometi ontem comentar o shortlist de Press e Outdoor
e para não deixar de fazê-lo, vou ser breve: achei
repetitivo. Vocês podem conferir as peças no site canneslions.com
então nem vou me alongar muito no assunto. O Brasil acabou
sobrando na turma justamente pela irreverência e pela capacidade
de se virar com até mesmo com pouca produção.
MOMENTO AMAURY JR
Olha aí a galera na saída da cerimônia de
premiação de ontem.
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A Dentsu dando dava uma entrevista
a cada degrau que descia da escada do Palais. |
O time da Lew’Lara rindo à
toa. |
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A “equipa” brasileira
da Fischer Portugal e o “emplastro” da Lisbon Ad
School. |
O jurado Marco Versolato, da Y&R,
recebe os cumprimentos do amigo Miguel Bemfica, da JWT Madrid. |
FALAM OS LEITORES
GUSTAVO BASTOS, 11/21:
"Fabio,
parabéns por mais uma cobertura mineiríssima de Cannes.
Mas faço uma crítica séria: poucas fotos do
Accioly. Veja que no post de hoje, dia 22, vemos várias fotos
de pessoas que estariam em Cannes, mas a gente não pode saber
ao certo, já que não há um Accioly nas fotos
para comprovar. De resto, parabéns."
SEIDL RESPONDE:
O amigo tem toda a razão. O que aconteceu é que ontem
uma falha na transmissão das fotos fez com que esta bela
imagem do Accioly cornetando a minha coluna ficasse de fora. Mas
segue a própria para quem já estava com saudades do
nosso Acciolito.
MARIO BARRETO, Imagina:
"Todos podemos perceber que as condições da excelsa
cobertura melhoraram demais!
Onde estão as reclamações do hotel? Não
ficas mais hospedado nos pulgueiros dos anos passados né?
Penso que, uma vez dominada a técnica do jabaculê agora
o nível é suíte dupla no Martinez.
E isso depois de um Safári Africano... És um nababo.
Estou por aqui acompanhando diariamente, só esperando onde
este fausto irá parar.."
SEIDL RESPONDE:
Mário? Que Mário? Ah, aquele. Só não
me lembro quem é esse Fausto. E essa ex-Celsa é alguma
ex- minha? Que condições são essas dela? O
filho não é meu, juro. Sobre o hotel, este ano temos
patrocinador e não podemos ficar falando mal das condições
da carceragem, nem da ração, nem dos banhos de sol
a que temos direito todas as quintas-feiras, das onze da noite às
onze e quinze.
DANIEL XAVIER, Cartoon Network:
"Seidl, eu tava aí também na Copa de 2002. Foi
quando no conhecemos na sala de imprensa e também a minha
única vez no festival. Hoje, começa Cannes e eu corro
pro Janela pra te ver representando firme e forte o jornalismo gonzo
e lembrar daquele ano. Grande abraço!"
SEIDL RESPONDE:
Obrigado, Daniel. O que a gente quer é isso mesmo, fazer
uma cobertura muito gonzada. Sobre aquele nosso encontro. Sabe como
é, eu estava bêbado, foi só por uma noite, uma
brincadeira entre amigos e...bem, você nunca mais ligou, hein?
Beijo, gato.
ANDRÉ PELLENZ, diretor
"Fabio, como o querido e amado produtor da série que
estou dirigindo, o Accioly, está aí com você,
no bem-bom enquanto a gente tá ralando aqui, lembrei de Cannes
e... da Fenêtre, claro! A única fonte confiável
de informação séria, imparcial e relevante
deste festival.
Aproveito o clima da Copa pra vc lembrar aos leitores, já
que é época de Copa, daquele jogo em Marselha que
fomos assistir e que... o Brasil perdeu. O dia em que descobrimos
que publicitários são um bando de pé-frio.
Você estava, não?"
SEIDL RESPONDE:
Então vamos lá a duas informações: uma
séria e outra confiável: A séria, na Copa de
98, você só pode estar querendo jogar a sua fama de
pé frio pra cima de mim. Eu não fui nesse jogo não.
Era só um guri na época. Agora, a confiável:
Accioly está em todos os lugares. Portanto, pode procurar
aí atrás da sua estante, na despensa, no bolso, deve
ter um Accioly aí em algum lugar.
Continuem usando o seu tempo ocioso mandando trelelês para:
fseidl@ig.com.br e janela@janela.com.br
RITMO
DE FESTA
E não é que deu overbooking na festa de ontem também?
Por algum motivo, esqueceram de avisar os delegados de que a festa
de gala que abre o festival é normalmente chatinha e olha
só: foi todo mundo.
Depois das 22h, uma hora depois do rega-bofe começar, já
tinha uma multidão barrada.
O certo seria o pessoal que chegou mais tarde esperar os apressadinhos
comerem, beberem, chegarem em todas as suecas, caírem de
bêbados e serem resgatados pela ambulância para poderem
entrar.
Mas o que acabou acontecendo comigo, pasmem, é que ao ver
o meu crachá de Press “B”, o chefe da segurança
acabou permitindo que eu passasse na frente dos demais esfomeados.
“Está trabalhando!”, disse ele aos seus asseclas.
Mal sabe o pobre coitado do que eu realmente faço por aqui.
E o baile tava uma uva. Tinha aquela turma que ficava só
pegando o camarãozinho da paella e deixava todo o arroz (essa
nossa classe mérdia é uma média mesmo) e ainda
a rapaziada que não podia esperar na fila do banheiro e tirava
a água do joelho na caruda, do lado do píer do Hotel
Carlton, na frente da área reservada aos bambambans do festival.
Presença garantida também de, ora vejam vocês,
Antonio Carlos Accioly, o homem e o mito, registrado aqui tirando
uma cerveja morna das mãos deste humilde missivista. “O
Marcio falou que você não pode beber, tem que trabalhar!”
Agora fala a verdade: em que outra cobertura jornalística
de Cannes você vê: babuínos transando, um sujeito
chamado Buceta, um cara fazendo xixi na frente de todo mundo e a
desenvoltura múltipla do Accioly em toda sua plenitude?
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MOMENTO AMAURY JR FESTA
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Louise e Cleber Paradela (Agência
Tudo) |
Duda e Marcos Pedrosa (CGcom) |
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Erh Ray, da BorghiErh, festa é
estar com a família. Detalhe para o “hang-loose”
do Rayzinho. |
Paula, Righi e Krysse: a Fulano Filmes
em ação na Cote D’Azur. |
BICHADO |
Uma
contusão, graças a um pisão no pé,
me tirou da fase final do Campeonato de Beach Soccer e para
mim, acabou o sonho do bi nas areias da Riviera francesa.
Aliás, para o Brasil também. Depois de perder
por 5 X 0 da Estônia, o time acabou eliminado do campeonato,
apesar de ter vencido a Argentina nas quartas (jogo duríssimo,
3x2 e os devotos de Maradona tinham feito 15 gols em 3 jogos).
A boa notícia, para o Marcio, é que com isso
consegui assistir alguma coisa do festival. |
DANDO UM GOOGLE
NOS NÚMEROS |
A
palestra do Google teve como orador o brasileiro Henrique de
Castro.
E infelizmente, acabei encontrando o que muita gente havia comentado
ontem que tem rolado nas palestras: uma apresentação
de case ao invés de uma palestra.
Henrique começou bem humorado, sacaneando alguns argentinos,
mas o que apresentou a seguir foram muitos números que
vendiam a empresa.
Era como convencer os beduínos da importância da
água.
Todo mundo já sabe que sem o Google, ninguém mais
sai de casa. Acabou surpreendendo pouco. |
OUTRAS IMPRESSÕES |
Conversando com as
pessoas ontem na festa, mais de uma pessoa comentou um ponto
interessante: Cannes está virando um festival onde mais
vale a história que você conta, do que o que realmente
você faz.
Ou seja, os cases são tão ou mais importantes
do que as ideias.
E eles ou impressionam, ou são meras prestações
de contas.
Os que impressionam, podem ou não ter realmente funcionado
nos seus países de origem. E duvido que o Festival tenha
como medir se tudo aquilo que se conta aqui nas votações
é verdade, se foram mesmo 500 mil pessoas que participaram
daquele flash mob ou se o jornal da TV que mostra a repercussão
da campanha é relevante.
E os que prestam contas, a maioria, fazem mais do mesmo e podem
acabar mostrando a ideia de uma maneira fraca, mesmo que ela
seja boa.
E agora? Como evitar que o festival vire um campeonato de histórias? |
SPIKE JONZE |
Se
um dia eu tiver a honra participar do Programa do Raul Gil -
assim como grandes nomes da cultura e das artes brasileiras
como Alexandre Frota, a Carla Perez ou os caras do Grupo Molejo
- eu quero tirar o meu chapéu para o Spike Jonze.
Jonze é um dos maiores diretores da história recente
da publicidade e do cinema. E é um cara extremamente
simples. Na sua palestra, patrocinada pela Kraft Foods, resumiu
o diferencial seu trabalho em dois pontos.
1. Dizer não. Foi isso que o ajudou a concentrar sua
energia em coisas que realmente quis fazer e que achou que saberia
fazer. Recusar clips milionários para fazer curtas de
baixo orçamento. Recusar roteiros de escritores premiados
para acreditar em ideias novas.
2. Trabalhar com a raiz das ideias. Isso significa, sentar com
os roteiristas ou criativos e tentar entender o caminho que
eles levaram até chegar aquele produto, supostamente,
final. Ele diz que procura sempre fazer o caminho de volta com
eles para entender o que era a intenção inicial
da ideia pura, o que foi deixado pelo caminho e porquê.
Falou pouco, mas disse muito. |
ADICIONANDO
NO FACEBOOK |
A
terceira das palestras mais disputadas de hoje foi com o fundador
do CEO, Mark Zuckerberg. Tinha gente guardando lugar no auditório
2 horas antes.
O americano, de 26 anos, começou uma revolução
na internet aos 21, fazendo um novo Orkut se tornar uma nova
mania mundial com 500 milhões de usuários até
o momento e, mais importante, um grande negócio.
Mark fala da sua empresa com a empolgação - e,
às vezes, a oratória - de um adolescente, mas
mostra maturidade no que diz respeito a visão e autocrítica
da sua empresa.
Diz que não tem planos de vender a empresa tão
cedo, diferentemente da maioria dos jovens empreendedores ansiosos
de Silicon Valley.
Falou que não enxerga o Facebook como uma empresa de
mídia, nem de tecnologia, mas dos dois, um modelo híbrido
que o mercado ainda não conhecia.
Fez questão de mais de uma vez, querer se colocar num
lado oposto à filosofia da Apple, que oferece uma plataforma
cada vez mais aberta e gratuita.
Sobre o segredo do seu sucesso, foi sucinto: todo mundo tem
amigos e família e gosta de partilhar as coisas, o Facebook
não é uma onda, veio para ficar.
Só sobre a polêmica questão da privacidade,
que recentemente colocou em cheque a sua empresa, que estaria
disponibilizando os dados dos usuários para fins comerciais
é que ele falou, falou, e não saiu de cima do
muro.
Disse que estão melhorando e que as pessoas tem que aprender
também a se preservarem ou se flexibilizarem sobre isso.
Revelou também o próximo passo do seu portal:
a localização. Ou seja, vai incorporar o conceito
do Foursquare e dizer onde nós e nossos amigos estão.
Deus me livre. |
OUTRAS COBERTURAS
EXÓTICAS |
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Tá
pensando que só a Janela é esquisita? Os brasileiros
José Carlos Lage e Alexandre Mastorillo, da produtora
paulista Imagem e Cia criaram a cobertura “Dois Caras
e 1 iPhone” e estão fazendo entrevistas de uma
pergunta só com a brasileirada por aqui.
Confira no site dos caras: www.imagemcia.com.br
Mas o campeão do jornalismo-fanfarrão é
o David
on Demand. O figura aí do lado anda com uma câmera
na cabeça, um computador e um fone recebendo ordens ao
vivo das pessoas pelo twitter dele @davidondemand.
A galera vai acompanhando no site onde ele está, ao vivo,
e mandando ele fazer qualquer coisa. E ele faz. No próximo
ano, a gente podia ter um Ehrlich On Demand, o que vocês
acham? |
ESQUENTOU A
CHAPA |
Depois da farta e abundante
distribuição de leões nos primeiros dias
do festival, tivemos um parco leãozito em Cyber, categoria
onde somos craques. A cara da turma digital por aqui não
é de bons amigos. |
MOMENTO AMAURY JR RESSACA
Olha aí os poucos bravos que
estavam de pé hoje cedo para assistir os seminários |
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Fred Saldanha, da Ogilvy, festejou
os 10 leões da sua agência até o momento,
mas ligou o despertador. |
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Já Ícaro Dória,
brasileiro que trabalha na Goodby San Francisco, só faltou
trazer um colchonete para lidar com o fuso horário de
9 horas da sua casa até aqui. |
Um sujeito fez uma brincadeira de
“Adivinha Quem É” comigo na saída
do Palais. Adivinhem quem era? |
AQUELE ABRAÇO
Para Ana Alqueres, do Britannia e Bernardo Romero, da África
que estão acompanhando a nossa cobertura de chantilly com
chocolate granulado, castanha e cereja do Festival de Cannes.
Continuamos recebendo ofensas, cobranças e chamegos em fseidl@ig.com.br
e janela@janela.com.br
O redator Fabio Seidl é o enviado especial da Janela em Cannes 2010.
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