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A Fenêtre é a cobertura da Janela Publicitária em Cannes, com o apoio da Proview em 2010.


 

16 de junho de 2010, quarta-feira

ENTREVISTA EM RITMO DE COPA

Eugenio Chorão, CEO da Euro RSCG Design & Arquitetura

Ah, os sobrenomes portugueses. Estes nomes de família tão diferentes para nos brasileiros que eles chamam de « apelidos ». Me lembro de alguns muito bacanas. Trabalhei com um cara que era simplesmente o « Rego », redator gente fina. E tinha o Rola, produtor de áudio. Muitas vezes Rego e Rola trabalhavam juntos. Na televisão, um dos maiores comentaristas se chamava Paulo Catarro.
O chefe do maior hospital de Lisboa se chamava Doutor Carrasquinho. Volta e meia participava de campanhas contra o cancer de próstata e a TV anunciava: Dr. Carrasquinho recomenda exame de toque.
E isso de chamar os outros pelo segundo nome? Como varias « miúdas » se chamavam Maria João ou Manoela João ou Margarida João, era comum um amigo dizer que namorava João. E quando você ouvia seu vizinho fazendo amor com a patroa dele e ele dizia: Vai João, vai João! Bem antes isso do que ouvir: vaaaaai Nelson, como alguns camaradas meus escutavam.
Tudo isso para dizer que conversei com o Chorão de Portugal. Não se trata da versão lusa do vocalista do Charlie Brown Junior, mas o CEO de uma verdadeira usina de inovação, a Euro RSCG Design e Arquitetura, uma das mais profícuas empresas do ramo na Europa e uma agencia icônica no forte mercado de design português.
Gente boa, Eugenio Chorão, pouco antes de ir a Cannes, conversou com a Fenêtre sobre suas expectativas sobre o Festival e sobre Portugal na Copa, nosso adversário no ultimo jogo da primeira fase.

FENETRE PUBLICITAIRE - O design português é extremamente criativo, forte e com um mercado muito desenvolvido. Acha que Cannes pode ser uma ponte para que os designers portugueses sejam mais reconhecidos globalmente? Há trabalhos que podem reforçar esta expectativa?

EUGENIO CHORÃO: Pela sua importância e notoriedade, o Festival de Internacional de Cannes é uma forma natural dos designers de todo o mundo, incluindo os portugueses, conseguirem um reconhecimento internacional. Os designers portugueses são normalmente conhecidos à sua escala e esta é uma maneira de quebrar fronteiras. De um modo geral, a notoriedade e o reconhecimento dos designers varia na relação direta com a visibilidade das marcas que estes trabalham. Em Portugal temos bons profissionais e algumas, ainda poucas, marcas multinacionais que refletem e divulgam a qualidade do nosso design - estou a lembrar-me da EDP, da Galp, da Sumol Compal, por exemplo. Os países que têm mais marcas multinacionais têm mais hipóteses de mostrar o seu trabalho a uma escala maior.

FP: Muitas peças de publicidade como anúncios e cartazes foram premiadas no primeiro ano da categoria design no festival. Acha que isso descaracteriza a categoria ou não? Isso pode mudar?

EC: A separação entre above the line e below the line é cada vez mais tênue. É normal que as peças de publicidade se transformem em design e vice-versa. As fronteiras esbatem-se e isso não descaracteriza a categorias. Existe sobretudo comunicação. E o que interessa é que seja eficaz.

FP: Qual a diferença de ganhar um leão na categoria Design em Cannes e ganhar um prêmio em outros festivais de Design?

EC: O Festival de Cannes, pela sua importância e notoriedade, é o mais importante de todos. Os festivais locais são importantes para estimularem a criatividade, mas são uma espécie de preparação para Cannes. Existem as provas locais e os Jogos Olímpicos. Ir a Cannes é ir ao Jogos Olímpicos, à prova para a qual nos preparamos durante anos, onde todos querem ir, mas só os melhores chegam.

FP: Com a seleção de Portugal no mesmo grupo do Brasil, acha que vai ter motivos para chorar ou para sorrir na Copa do Mundo?

EC: Sou Chorão só de nome. Portugal vai ganhar!

É isso, Eugênio, muito obrigado, bom festival e boa sorte na Copa (a não ser contra o Brasil).

O redator Fabio Seidl é o enviado especial da Janela em Cannes 2010.