12 de junho de 2008, quinta-feira
2 ½ PERGUNTAS PARA SUSAN CREDLE, DA
BBDO NY
Susan Credle, jurada americana em Film, tem uma trajetória
diferente da maioria dos criativos: está há 23 anos
na mesma agência, a BBDO NY. Uma das diretoras de criação
mais respeitadas dos Estados Unidos falou com a Fênetre pouco
antes de embarcar para Cannes.
FABIO SEIDL: No ano passado, o festival foi bem diferente.
Tivemos a internet migrando para TV, com o GP de Cyber sendo o mesmo
do de Film (Evolution, para Dove) e muitos trabalhos premiados envolvendo
responsabilidade social e ambiental, caso deste mesmo GP e do GP
de outdoor com placas de energia solar que iluminavam uma favela.
O que você espera para esse ano?
SUSAN CREDLE: Eu tenho tentado manter a minha cabeça
aberta para não me contaminar com expectativas e pré-decisões.
Como seres humanos e jurados, nós esperamos ser tocados,
impulsionados pelas idéias. Talvez seja por isso que as peças
que tem um fundo responsável tenham sido adotadas tão
rapidamente. E mais: imagem e som são poderosos juntos. Então
eu acho que filme, TV ou o que quer que a gente chame de essa comunicação
que usam som, imagem, ação sempre vão causar
impacto no júri. Mas acima de tudo, o que faz a gente se
mexer ou se sensibilizar é a mudança, é ser
diferente. Então, os trabalhos que se mostrarem novo, que
quebrarem esse passado recente, tem chances melhores de serem premiados.
FS: Você tem uma carreira incomum. Você começou
na mesma agência que está hoje. E lá se vão
23 anos. Para uma criativa, no Brasil você entraria para o
Livro Guiness dos Recordes. E você tem uma carreira multipremiada
com cases históricos para M&M’s, Cingular (Celulares).
E prêmios, como a gente sabe, geram convites. O que aconteceu
com você?
SC: A BBDO aconteceu. Várias e várias vezes.
Muitos criativos excelentes passaram pela BBDO o que me manteve
interessada e inspirada. E isso é o que move uma agência.
Eu nunca me senti presa na BBDO. Eu sempre digo que se eu acordar
por 2 semanas seguidas me sentindo triste, eu tenho que mudar. Claro
que eu já me senti chateada aqui alguns dias, mas nunca 14.
A agência aqui sempre coloca o trabalho criativo primeiro.
E todo mundo está comprometido com o produto criativo antes
de mais nada. E sinto isso na rede toda. Então, cada vez
mais, me sinto inspirada por essas pessoas. Inclusive pelo Marcello
Serpa e pela Almap.
FS: O que você viu até agora, fora da sua categoria,
que você acha que mereça um Leão?
SC: Tem uma peça da BBDO que eu daria um prêmio,
mas até onde eu sei, os jurados não podem votar nas
peças da própria agëncia. Então eu vou
deixar esse trabalho para os outros jurados.
O redator Fabio
Seidl é o enviado (com todo o respeito) especial da Janela
em Cannes 2008.
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