Publicada desde 15/07/1977.
Na Web desde 12/07/1996.
A Fenêtre é a cobertura da Janela Publicitária em Cannes.
24
de junho de 2007, domingo
FOI
BROCHANT.
E não é que foi mesmo? Até ele, o prefeito
de Cannes, Monsieur Bernard Brochant compareceu à cerimônia
de entrega de prêmios de Filmes, Campanhas Integradas e Titanium,
este mistério de categoria até para Alex Bogusky que
presidiu o júri dela, segundo o próprio, no palco.
Uma cerimônia que além do alcaide da cidade (que é
ex-publicitário) teve de tudo um pouco, menos prata e ouro
para o Brasil.
Teve o brasileiro Ícaro Dória no palco. Ele que é
da Saatchi NY foi receber ao lado de Tony Granger (que subiu de
chinelas, repare) e dos demais diretores de criação
da agência, o prêmio de agência mais premiada
do Festival em 2007. Sobre este prêmio, dois detalhes curiosos.
A Saatchi novaiorquina, até 2005 estava numa seca de prêmios,
quando resolveu mexer na equipe. O outro: o terceiro lugar neste
ranking ficou com, atenção, a Ogilvy Cingapura. O
segundo, você deve estar se perguntando, ficou com a DDB Londres,
nenhuma surpresa.
Ainda
sobre os rankings, fique sabendo que das 5 produtoras mais premiadas
do mundo, as 4 primeiras são americanas e a quinta, adivinha,
é argentina, a Rebolucion. E, conforme era esperado, a Argentina
passou o rodo nos leões de filmes e ainda levaram um GP de
Campanha Integrada.
Ainda tivemos tivemos também na cerimônia presença
de um robô, de verdade, que entrou andando e falando sozinho
para receber o prêmio de anunciante do Ano para a Honda.
E como não podia faltar, um micaço. Olha essa história:
enquanto entregava o prêmio da categoria filme, de Young Creatives,
o presidente deste júri, Bob Scarpelli não se tocou
da subida de um intruso, vestido de smoking que foi lá falar
com a dupla italiana vencedora.
O
sujeito entregou o prêmio ao lado de Scarpelli em seguida,
se dirigiu ao microfone do mestre de cerimônias e gritou:
“E agora, o próximo vencedor!”
Disse isso, TIROU A ROUPA e ficou vestido apenas com um saiote de
bailarina. O apresentador chamou a segurança e nada. O malandrão
ficou lá rebolando e saltando tal e qual uma libélula
com a marca de um site escrita nas costas (newcreatives.com).
Todo mundo meio achando que era parte do show, mas não. A
segurança chegou e o bailarino saiu, zoando muito.
Bem, diante de tanta coisa, seria uma injustiça validar o
trocadilho chechelento que dá titulo à matéria.
Cannes premiou bons trabalhos, mesmo cometendo pecados inaceitáveis,
quase todos, pela economia de ouros. A campanha Todos por un Pelo,
por exemplo, que apontei na sexta como meu favorito, foi aplaudido
do início ao fim da exibição de seus 6 filmes
pelo público no Grand Auditorium e só pegou prata.
E os GPs foram muito questionados pelo público. Mas isso
você vai ler ali mais abaixo. Vamos à resenha da última
festa de Cannes. E não esqueça de conferir todos os
premiados (com vídeos, inclusive), em breve no www.canneslions.com
A ÚLTIMA FESTA
Olha, foi meio caída. Os caras não conseguem manter
um nível legal nessas galas. Tem ano que é bom, tem
ano que não.
A música demorou a pegar e quando pegou, abaixaram o som.
Mas tava tão mais ou menos que ninguém reclamou. Era
para acabar às 2h30, acabou as 2h e ficou por isso mesmo.
Acho que a ausência da galera brasileira também contribui
para o clima morno. Muita gente já tinha ido embora para
curtir o finalzinho da estadia na Europa longe da publicidade.
Teve até ovo colorido no buffet (alguém lembra do
cachorrinho quente da coluna do ano passado? Não lembra porque
não foram vocês que comeram...). Só faltou aquela
dose de conhaque para tomar com a cerveja. E para não dizer
que não tinha nada bom, tinham essas duas louras dançando
em cima da mesa. Mas foi só.
O BALANÇO (MAS NÃO CAIO) DE CANNES
- O BRASIL E O QUE AS PEÇAS CONTAM
Achei o nível do Festival bom. Talvez no ano passado tenha
sido melhor.
E foi um festival de poucas surpresas foram poucas.
Fiquei surpreso com o baixo desempenho da TBWA\Paris, que foi agência
do ano 4 anos seguidos esta década e não aparece na
lista das mais premiadas.
A Argentina, que todo mundo está falando, não é
surpresa faz tempo. E acho que o Brasil só vai dar a volta
por cima em filmes na hora que voltar a fazer propaganda brasileira.
Os argentinos, vejam só, fazem propaganda argentina. Acho
que eles têm ganho os leões na base da personalidade
(e aqui já estou respondendo a pergunta do leitor Rafael
Simi sobre essas diferenças).
A publicidade brasileira faz falta. Faz falta também ver
aqui aquelas campanhas que o público em casa adora e que
ganham prêmio. E a gente sempre soube fazer isso: o humor
das formiguinhas da Philco e do Denílson X Guga para Pepsi,
o raciocínio do Carlinhos e do Hitler da Folha.
Dá uma olhada no Careca da Arnet que eu postei na sexta e
diz se não é uma versão século XXI do
Garoto Bombril? Não que seja chupado ou refeito, nada disso.
É o mesmo humor simples e carismático que a gente
sabe fazer bem.
Até acho que tínhamos ótimos filmes que foram
injustiçados e que postei nas edições passadas.
No final levamos 2 bronzes com Man´s Life da Santa Clara e
Bitola da DM9, ótimos, com bons raciocínios e divertem.
Mas o Brasil é maior do que esses 2 bronzes. E maior do que
levamos em Press&Outdoor, mesmo a gente tendo ido bem.
Veja aqui os filmes brasileiros que levaram Leão:
Não gostei do Grand Prix de Filmes ter ido para um dos Grand
Prix de Cyber.
O festival está mandando essa lição de que
precisamos olhar para a nova ordem da comunicação
mundial, mas achava mais certo então rever as categorias.
Viral é filme ou não é filme? Se o viral é
criado para uma função específica (estar num
ambiente digital) então só deveria poder concorrer
em cyber.
Eu acho isso e o Bob Scarpelli também disse isso no discurso
de abertura dele. Disse que torce para que um Dia, tenhamos categorias
voltadas, dentro de Filme, para produções feitas apenas
para celulares ou outros meios digitais. Eu acho que essa hora é
agora.
Esse ar de “ah, tá” que o GP de Filmes trouxe,
nos leva a outro fenômeno que eu não entendo: o júri
dar prêmios em outdoor para coisas que jamais poderiam ser
pôster ou terem sido mídia urbana. Ou por terem uma
quantidade absurda de texto, ou por terem uma quantidade de detalhes
de layout. Acho que esse clima de vale tudo gera um certo descrédito.
Veja aqui o filme da Ogilvy Toronto, Evolution, para Dove:
E aproveite que já está com a mão na massa
e veja dois filmes que eu queria ter postado antes mas só
achei agora, os dois levaram ouro:
O primeiro é a continuação do bom trabalho
que a Táxi Canadá está fazendo para o Viagra.
O comercial é numa língua inventada mas a gente entende
exatamente o que eles estão dizendo por causa de uma única
palavra.
Cannes está com muita coisa boa fora do formatão
Filme+Anúncio. As categorias outdoor e mídia este
ano vieram com muita coisa original. Vi hoje o shortlist de Titanium
e Integrated.
Os Grand Prix escolhidos para os dois aliás, não foram
os que mais me impressionaram:
O de Titanium foi o case dos games com personagens do Burger King
que eles dizem que fizeram o público comprar “a propaganda
da marca” e que o jogo vendeu que nem água nas lanchonetes.
Algumas ressalvas. Vendeu bagaray porque custavam 10x menos do que
um jogo comum nas lojas. E a estratégia, para mim, é
o que o McLanche Feliz faz sempre. Ou não é. Acho
um excelente case, mas se ser Titanium é ser revolucionário
então perdi um pouco a referência.
O de Integrated foi o desenvolvimento de um produto novo, o Axe3
que são dois desodorantes que viram um só (e fazem
o consumidor comprar 2 frascos ao invés de um e gastar mais
produto também, o que é ótimo para as vendas).
Confesso que estava torcendo pelo Earth Hour da Austrália,
falei isso na sexta. Por concidência, sentei do lado dos caras
da agencia na cerimônia de cãomiação
e fiquei conversando. Estavam meio felizes e meio frustrados. Achavam
que merecia o GP.
Mas tinha muito case bacana: o dos chocolates Mars que mudaram de
nome para Believe (Acredite) para torcer pela Inglaterra, teve uma
empresa que alagou o mundo no Second Life para falar de Aquecimento
Global, uns japoneses (sempre eles) que inventaram um avião
a pilha para vender as baterias Panasonic Oxyride que não
levaram em Titanium mas ganharam bronze em filme (com um vídeo
simples da mesma ação)
E ainda teve essas duas: Barrio Bonito da BBDO Argentina para Nike
(que foi premiada) e as ações da Arnold Boston para
Truth, confiram:
É gente, Cannes mudou e se valorizou. O festival deixou
de ser uma mostra de propaganda e virou uma convenção
com ótimos seminários, bons stands e uma novidade:
um “Off-Palais” forte.
Fora da área paga do festival, os delegados (ou mesmo quem
não pagou para entrar), pode freqüentar stands para
conhecer diferentes serviços de publicidade. O andar que
a FilmBrazil, pool de produtoras brasileiras, ocupa em frente ao
Palais, ganhou concorrentes: A África do Sul e a Nova Zelândia
por exemplo, criaram áreas de convivência perto da
praia para apresentarem seus serviços. Barcos estão
sendo alugados para servirem de escritórios. A Getty Images
e a JC Decaux montaram na areia da praia espaços para os
delegados relaxarem e curtirem. A Havas montou um espaço
no Hotel Carlton com debates, bar e até shows de artistas
conhecidos como James Blunt.
Por tudo isso, espera-se que o festival, que esteve abarrotado,
no ano que vem receba ainda mais gente. Esperamos até, mais
brasileiros.
MOMENTO AMAURY RASPANDO O TACHO
As fotos são para ver ao som
de Keep it Coming Love, de KC and the Sunshine Band, a música
tema de Amaury Júnior.
Galera chapando nas poltronas do Martinez em plena madrugada.
E essa foi só uma parte do time do Propmark que arrebentou
aqui na sala de imprensa. Parabéns.
A criativa espanhola foi de muleta e tudo para a pista de dança.
Tiozinho vendendo crepe para a rapaziada às 4h da matina
no Martinez.
Carlos Righi (Fulano Filmes) e Aaron Sutton (MPM) na festa do
Terra
O flash da Fenetre na sala de exibição do short
list incomodando a dupla da África, Edu Martins e Carlos
Fonseca.
FABIO SEIDL ENSAIA DISCURSO PARA CANDIDATURA A VEREADOR
Eu faço questão de terminar a cobertura mandando
um abraço especial para os jornalistas brasileiros que cobriram
de verdade o festival. E que SEMPRE receberam muito bem este intruso
e ainda arranjam tempo de ler a Janela.
Vocês não fazem idéia de como essa galera dá
duro para que você aí no Brasil fique sabendo de tudo.
E antes até mesmo do que nós, publicitários
aqui em Cannes. Não é fácil: é a informação
que vem errada, é conta que tem que refazer, é gente
de fora querendo se meter, é a fome, é a rede que
cai e derruba a galera do vídeo (diz aí, Rita!). E
com isso tudo, posso garantir: ninguém no mundo cobre Cannes,
em tempo real, como os brasileiros.
Então, meu agradecimento e reverência a essa turma
toda: à Super e múltipla Laís Prado e CCSP,
aos craques do PropMark, ao Vox News - primeiro veículo que
me convidou para ser correspondente, muito carinho, aos onipresentes
do Blue Bus, aos oráculos do Meio e Mensagem, ao Multishow
que sempre dá espaço para o mercado e...bem, tomara
que eu não tenha esquecido ninguém.
No mais: Fred Moreira, da F/Nazca, abraço, brother. Accioly
da Margarida Filmes e Paulinho Calia da YB: valeu mesmo! Priscila
Serra, de novo e sempre: valeu por acreditar.
Marcio Ehrlich, você é um maluco, mas seus leitores
são mais, então obrigado pelo espaço e confiança
incondicional. A todos vocês amigos, familiares, gente que
ainda não tive o prazer de conhecer pessoalmente, todos que
me escreveram e ainda não pude responder.
Obrigado a todos pela paciência. Até a próxima,
se Deus quiser e a assessoria de imprensa de Cannes permitir.
TO AMANDA AND THE PRESS RELATIONS CREW, THANKS AGAIN. CONGRATULATIONS
FOR THE AMAZING WORK.
Fabio Seidl
O redator Fabio
Seidl é o enviado (com todo o respeito) especial da Janela
em Cannes 2007.