Publicada desde 15/07/1977.
Na Web desde 12/07/1996.
A Fenêtre é a cobertura da Janela Publicitária em Cannes.
21
de junho de 2007, quinta-feira
ANO QUE VEM
VAMOS SER BARRADOS
A
assessoria de imprensa de Cannes já veio avisar umas 20 vezes
a nós, jornalistas (nós não, que eu não
sou jornalista, mas enfim, estou aqui no bolo): mesmo que eles divulguem
a lista de vencedores, não podemos avisar ninguém
até às 21h daqui (depois que fecha a sala de imprensa
e que os prêmios já foram entregues). É a mesma
coisa que você dar uma Playboy para um moleque de 15 anos
e dizer que ele só pode abrir quando tiver 18.
Bem, mas estão falando sério. Agora as listas distribuídas
por eles vem com esse aviso de embargo que traduzindo para o tijuquês
quer dizer: “Aí, neguim, se tu piar, vagabundo vai
passar o cerol nesse teu crachá pra tu deixar de ser pirilampo.”
Hoje fui chamado a atenção por ter traficado listas
deste tipo aos meus ansiosos colegas brasileiros. Melhor eu ficar
pianinho ou ano que vem vou cobrir direto da sala de espera para
extraditados do aeroporto de Nice. Hoje, 15h (19h no Brasil) em
Cannes eles entregam o papelzinho com o shortlist de Filmes.
Vamos ver se antes disso vocês não vão ficar
sabendo de tudo pelos sites do Brasil.
CIDADE FANTASMA
Cannes vira hoje, com trocadilho, uma cidade fantasma. Todo mundo
está aproveitando o dia com menos atividades para ir para
a praia em St. Tropez, conhecer as vilas medievais de Eze, Saint
Paul de Vence e Antibes, ou gastar seus nababescos salários
no cassino de Mônaco. Como o que chegou meu nos finalistas
não levou nada, vou pegar um bronze na praia mesmo.
COLEGAS
DE AUDITÓRIO
Salas lotadas em praticamente todas as sessões dos bons
seminários que estão acontecendo no Palais. Ontem,
as duas principais foram a mesa redonda com Marcello Serpa (AlmapBBDO),
Tony Granger (Saatchi EUA) e Erik Vervroegen (TBWA Paris). Em formato
de talk show, os três responderam a perguntas feitas por uma
apresentadora sobre suas trajetórias.
O formato, chamado de Black Bag (menção a Portifolio),
é muito bacana e seria ótimo se o Festival repetisse,
com outros criativos, no ano que vem.
Os três, que tem perfis bem diferentes, interagiram bem, divergiram
em alguns pontos (a importância do dinheiro na carreira por
exemplo, em que Tony Granger destoou dos colegas dizendo: “Ora,
vamos lá, tudo que fazemos é em função
do dinheiro...”) mas trouxeram visões importantes.
O ponto alto da palestra culminou com Marcelo aplaudido no meio
de um raciocínio quando estava respondendo a pergunta sobre
o que é ser líder de uma grupo criativo. Segundo ele,
é saber reconhecer e encorajar os mais jovens e dar espaço
para estas pessoas caso tragam idéias melhores do que as
dele. Na seqüência, Vervroegen, mais direto, respondeu
que na agência não quer ser pai nem amigo de ninguém,
quer é ajudar as pessoas a ser melhores e fazerem melhores
trabalhos e que acredita que pode torná-las famosas.
Granger disse que o papel de um diretor de criação
é clarear as coisas.
Marcelo Serpa volta a palestrar, agora com Pablo Del Campo, nesta
sexta, no workshop da LatinSPOTS
A
TENDÊNCIA É A PUBLICIDADE DO BEM
Outro ótimo seminário veio através da Leo
Burnett, em parceria com a revista Contagious. “Idéias
que Vendem e Se Espalham”, trouxe as novas tendências
da comunicação que envolvem não só criatividade,
mas tecnologia e engajamento.
A onda em Cannes, meus amigos, é o marketing do bem e o festival
já premiou com dois GPs idéias que prezam por isso.
Um deles, em cyber, é este filme para a Campanha da Beleza
Real de Dove, que mostra um compromisso com a consumidora
Se não exibir, clique aqui: https://www.youtube.com/watch?v=hibyAJOSW8U
O outro é o GP de outdoor que absorvia energia solar e abastecia
uma comunidade sulafricana.
Conheci no seminário também um projeto espetacular
chamado 60 Earth Hour, espécie de apagão voluntário
que mobilizou os australianos este ano e em 2008 vai se espalhar
pelo mundo. Conheça o projeto que pode trazer um Titanium
Lion aqui: https://earthhour.smh.com.au/
Esse lado social que Cannes está apontando culmina, claro,
com a palestra do Al Gore, na sexta, colada (ou acavalada, vamos
ver) com a exibição dos shortlist de Filmes. E tomara
que se espalhe pelo resto do mercado no mundo todo.
Conheci aqui também um projeto que ainda não está
em Cannes este ano, mas anotem aí para 2008. Um projeto da
Leo Burnett Worldwide liderado pelo brasileiro Alexandre Okada (atualmente
em Miami) e que está ajudando a mudar a mentalidade do povo
japonês em relação à caça às
baleias. No pós-Segunda Guerra, a carne de baleia era a principal
fonte de proteína para o povo japonês. Os mais velhos
se lembram de comer carne de baleia na escola. E este foi o insight
para a idéia: pode-se dizer que as baleias salvaram o povo
Japonês. E que agora é hora do Japão salvar
as baleias. Vejam o filme animado pelo mestre Koji Yamamura:
Não falei nada de filmes até agora, né? É
porque as long lists estão chatíssimas e tem tanta
coisa mais legal para ver que quase todo mundo está deixando
para ver filme no shortlist de sexta. Mas o que se comenta é
que entre os favoritos a GP estão estes dois filmaços
para Coca-Cola, da Wieden+Kennedy e Levi´s, da BBH.
Os brasileiros Nando Cohen (Lobo) e a dupla carioca de diretores
300ml Hungry Man, foram alguns dos destaques da mostra New Directors
da Saatchi&Saatchi por aqui. A mostra, de 17 anos, continua
sendo uma das melhores coisas do festival.
MOMENTO AMAURY
Fotos para ver ao som de Keep it Coming
Love, de KC and the Sunshine Band, a música tema de Amaury
Júnior.
Álvaro Rodrigues (Agencia 3) e José Luiz Vaz não
têem tempo nem de jogar videogame no Lions Village
Flavio Cordeiro (Binder) e a jornalista Claudia Penteado conferindo
os vencedores de Press&Outdoor.
Alexandre Okada, brazuca diretor de criação regional
da Leo Burnett, para América Latina.
José Luiz Vaz, de novo, agora com o reporter Paulo Macedo,
ambos na moda eterna de Cannes: de bermudas.
ONTEM, OS PRÊMIOS
Angelina e Brad, depois da gripe, ontem no Palais
Jaspion e Karate Kid recebem pelo Japão
Sergio Gordilho, diretor de criação da Africa.
Os cyberyoungs brasileiros: Ouro!
Keka e André, da F/Nazca, com Jahara, da Publicis.
Começou a mostrar problemas o crescimento do Festival. Ontem,
na cerimônia de entrega dos prêmios de Press e Cyber,
muitos delegados tiveram que assistir tudo de pé ou nas escadas
ou por um telão em outro auditório, simplesmente porque
os patrocinadores passaram a ter lugares reservados no Grand Auditorium.
Praticamente o primeiro andar todo, para ser mais exato, e as laterais.
Sentei ao lado de onde o coitado da segurança avisa isso para
o pessoal e ele quase apanhou.
A cerimônia começou meio fanfarrona, com telões
na rua para acompanhar o “tapete vermelho” e entrevistas
com os publicitários. A Microsoft mandou sósias de Angelina
Jolie e Brad Pitt e tudo.
Lá dentro, depois de ver de novo os japoneses vestidos de Jaspion
e de kimono e de um grupo de publicitários chilenos subir vestidos
de bichinhos para um prémioque conquistaram para um cliente
chamado Fantasias Duende Azul (!), o que vimos foi uma boa performance
do Brasil.
Em Cyber (e já começou um movimento para mudar o nome
da categoria para Digital Lions, que é muito mais atual), a
verde e amarela Africa acabou em segundo lugar na classificação
geral, 5 pontos atrás da Crispin+Porter de Miami, mesmo tendo
conquistado mais leões do que a Crispin, (os ouros conquistados
fazem diferença nas contas). E o Brasil ainda foi lá
buscar o ouro no Youngs em Cyber e Bronze em Press. É tanto
brasileiro ganhando prêmio que a cãoanização
do festival acabou trocando as bolas: quem ganhou ouro levou medalha
gravada com o nome de quem ganhou bronze. E vice-versa.
Em Press, quase tudo igual ao dia anterior. Subiu a Neogama, a Publicis
(que recebeu o quarto ouro em 3 anos seguidos, só para corrigir
a informação que dei ontem aqui) e, agora, a Almap,
que voltou a coroar a longeva campanha de Havaianas.
Quem também apareceu foram a Keka Morelle e o André
Faria, da F/Nazca, que tinham recebido ouro na noite anterior, mas
não chegaram a tempo de subir no palco. Estavam lá atendendo
a imprensa e recebendo os parabéns dos amigos.
Aliás, parabéns a todo mundo. O Brasil voltou a levantar
a cabeça. O clima quando chegamos aqui era meio de derrotismo
e só se falava em Argentina. Bola pra frente.
HOJE, ENGOV
Hoje para comemorar o início do verão, tem a Fête
de la Musique por toda a França. Em Cannes, vão fechar
as ruas para que bandas e DJs possam tocar na porta dos bares. Se
todo dia tenho acordado com minha cabeça no lugar do meu
fígado (me sinto as campanhas da Playstation), imaginem hoje,
VOLTAM AS GREVES. FICAM OS BRASILEIROS.
Greve de funcionarios das empresas de transporte franceses no inicio
do verao é que nem Carnaval aí no Brasil, todo ano
tem. E já não é a primeira vez que rola durante
o festival. A paralisação dos trens, ônibus
e aviões tem tirado o sono dos brasileiros que tem a volta
para o Brasil ou as férias marcadas para os próximos
dias. O problema é que desta vez as greves estão acontecendo
também na Itália, país vizinho e rota de fuga
natural. Quem tem que voltar entre hoje e amanhã não
vai conseguir. No meu caso, esses badernistas acabaram com a folguinha
que eu tinha programado pra hoje.
Sacanagem.
AMANHÃ, SEI LÁ, MIL COISAS
Aproveito também para dizer que amanhã vai ser um
dia complicado de mandar notícias ao longo do dia porque
o shortlist começa cedo, emenda com o seminário do
Al Gore e vai até fecharem a sala de imprensa. Portanto,
sejam pacientes com Fabinho. Por vocês sempre dou um jeito.
Aliás olha, muita gente escrevendo e eu esquecendo: obrigado
Vasco Condessa (DraftFCB), Fátima Megale, Flavio Waiteman
(África), André Pedroso (Euro RSCG), meus amigos que
sempre entram no messenger enquanto estou falando com o Marcio Ehrlich
(Ricardo Real e Scripts, Fernando Freitas e Chiquinho da Quê,
parabéns.).
O redator Fabio
Seidl é o enviado (com todo o respeito) especial da Janela
em Cannes 2007.