Giovanni
FCB esclarece a polêmica da Ipas
Os protestos da agência Giovanni FCB pela campanha da ONG
Ipas, que chegaram a público durante o Festival de Cannes,
foram apenas o ápice de uma crise que vinha se arrastando
há um mês.
De acordo com informações que a Janela colheu da agência,
já no dia 26 de maio último -- semanas antes do início
do Festival de Cannes -- a assessoria de imprensa da Giovanni FCB
havia enviado e-mail para o Clube de Criação de São
Paulo solicitando que eles retirassem do ar as peças da campanha
publicadas no site da entidade, já que elas haviam sido enviadas
para publicação sem a autorização da
direção da agência. No e-mail, ao qual a Janela
teve acesso, a Giovanni FCB afirmava que a IPAS "não
é nossa cliente e nem parceira", deixando claro ainda
que "a campanha não é da Giovanni,FCB".
Confirmando informações publicadas na Janela (Fenêtre
de 21/06/2006), a diretora de comunicação corporativa
da agência, Marilena Senra, conta que a partir da divulgação
da campanha no CCSP, a Giovanni FCB foi surpreendida pelo recebimento
de diversos e-mails de protesto de instituições católicas
e grupos anti-aborto questionando a atitude da empresa.
Como reação, ao mesmo tempo em que solicitou ao CCSP
a retirada das peças do ar, a direção da Giovanni
FCB emitiu um comunicado interno solicitando ao responsável
pelas inscrições em Cannes que aquelas peças
fossem retiradas das premiações em que eventualmente
pudessem ter sido inscritas e respondeu a todos os e-mails de protesto
esclarecendo o mal-entendido.
shortlist foi surpresa
Dá pra imaginar, portanto, a saia justa em que a agência
se viu, poucas semanas depois, ao descobrir que as inscrições
não haviam sido canceladas e seu nome estava entre as selecionadas
no shortlist de Cannes, exatamente com a campanha que ela havia
dito para todo mundo que não era sua. "Chegamos a pensar
em pedir a retirada das peças naquele momento, mas consideramos
que isto poderia chamar a atenção do júri negativamente
para as peças brasileiras em pleno momento de concessão
dos Leões", conta Marilena, sem deixar de sentir a ironia
por ter a agência sido acusada pelo jurado de filmes, Jader
Rosseto, de comprometer a imagem do país exatamente quando
ela havia tomado o cuidado para que isso não acontecesse.
Se a campanha da Ipas ficasse apenas no shortlist, tudo teria acabado
ali. Mas aconteceu de a série de peças agradar o júri
e levar um Leão de Bronze. "Como poderíamos,
depois de todas as cartas de esclarecimento que emitimos, aparecer
em Cannes recebendo um prêmio pela campanha?", pergunta
Marilena.
Em plano agito do festival, a atitude da Giovanni FCB acabou passando
-- inclusive com registros em alguns veículos especializados
-- como sido motivada por revanchismo em relação à
equipe que deixou a empresa. A diretora da Giovanni FCB também
refuta esta insinuação. "Sou amiga do Fernando
Campos", garantiu Marilena, completando que chegou a falar
com ele por telefone para explicar os verdadeiros motivos da recusa
do Leão.
Marcio Ehrlich
- 27/06/2006
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