22 de junho de 2006, quinta-feira
BRASIL,
PAÍS DO CYBER
A cerimônia de Cyber e Press de ontem mostrou bem a nossa
vocação para a Internet e, infelizmente, confirmou
a fase ruim na mídia impressa.
A DM9DDB, agência do ano em Cyber no ano passado, ficou em
terceiro lugar na classificação “internética”.
Mas curiosamente, quando a agência foi anunciada no telão
anunciou que era da cidade de “São Paolo”, com
O. Neguinho devia estar de fogo quando foi fazer essas anotações.
O Brasil continua fazendo bons trabalhos nesta categoria e, diferente
dos seus concorrentes americanos aposta, na maioria das vezes num
formato lúdico e simples, sem grandes produções
ou complicações, como sempre fez em filmes e anúncios
também. Além disso ganhou, mais uma vez, a competição
dos Young Creatives nesta categoria.
A americana Crispin Porter é que passou o rodo, ganhando
dois Grand Prix e pegando o título de agência do ano.
E foi a parte de Cyber que tomou a maior parte da noite, já
que não foram tantos assim os leões de ouro em mídia
impressa. Sinal dos novos tempos do Festival? Talvez.
A cerimônia foi dividida em duas e entre elas foram entregues
as medalhas (que tem um leãozinho, bacana) e o troféu
para a equipe portuguesa. Cumpri o que falei aqui e subi lá
com a camisa do Vascão.
Na
mídia impressa, a cerimônia começou ignorando
a briga da Giovanni para retirar do festival a peça da IPAS,
que teria ganho bronze. No telão da cerimônia e hoje
também no Lions Daily, jornal oficial do festival, o prêmio
foi confirmado.
Das agências brasileiras, Publicis foi a única a subir
no palco para receber um prêmio de Press. Rodolfo Sampaio,
Guilherme Jahara, Renata Florio e Leo Macias, responsáveis
pelo trabalho -- vejam na foto à direita -- estavam mais
felizes do que pinto no lixo. Jahara, na saída, destacou
orgulhoso que num ano difícil para o Brasil, além
do ouro, a Publicis conseguiu, até agora, 8 short lists.
Mas é consenso, já estivemos melhor. E ano que vem
vai ser diferente.
PAZ
As
cerimônias de entrega de prêmios em Cannes estão
muito civilizadas. Ninguém vaia, ninguém grita, nada.
Isso apesar do Grand Prix de Press, "Periscópio",
dado à África do Sul (imagem à direita), não
ter enchido os olhos do pessoal e do GP de Outdoor ser um longo
e enorme all type. All type grande para outdoor? Pois é.
Eram peças para a Tate Gallery em Londres que imitavam esses
longos textos que encontramos nas entradas das exposições
de arte... Veja lá as três peças da campanha
no site
do Cannes Lions.
DROGA DÁ CANO NOS BRASILEIROS
Encontrei
David Droga ontem na cerimônia de premiação
de Press e Cyber. Fui falar com ele sobre a entrevista que deu aqui
à Janela.
- David, quero saber se você cumpriu a sua parte na aposta.
Vestiu a camisa do Brasil no dia da derrota para a Austrália?
- Tenho que confessar: não!
- Olha que aposta é aposta…
- Não deu, sério. Fiquei muito chateado com a derrota
e não tive coragem, realmente achei que a Austrália
merecia ter feito um ou dois gols. Mas enfim, era o Brasil…
- Sim, a Austrália tem feito bons jogos e tem evoluindo,
tomara que passem.
- Eu acho que vamos passar. Quem sabe a gente não encontra
o Brasil de novo e tem mais uma chance?
- Tomara para vocês que não.
- Hahaha. Manda um abração lá para o Brasil
e boa sorte para a gente na Copa.
Mas vocês sabem que a Fenêtre jamais iria deixar o presidente
do Festival de Cannes mal com a galera, por isso, demos uma forcinha
ao David.
UMA BELEZA
Vocês já devem ter reparado que eu sou um ás
do Photoshop né? E as fotos que parecem fora de foco mas
na verdade possuem um grande conceito artístico por trás,
para você se sentir como se estivesse aqui, bêbado?
MAJESTIC DEVE EXPLODIR ESTA NOITE
Se forem metade das pessoas que dizem que vão ao Majestic
hoje assistir o Brasil no lounge do portal Terra, o hotel tem que
se transformar, rapidamente, no Maracanã, para caber tanta
gente. A Film Brazil já ofereceu sua casa aqui em Cannes
para receber todos os brasileiros. E ainda assim, acho que vai ser
pouco.
NEW
DIRECTORS
Falando em lotado, a exibição da mostra de filmes
de novos diretores de cinema selecionados pela Saatchi teve que
recorrer a mais uma sala, além do Grand Auditorium do Palais.
A divulgação foi engraçada, um gordão
de fio dental fez aparições relâmpago carregando
um cartaz do evento, que apostou no tema “Disruptivos”.
Mas o motivo da grande audiência não pode ser outro,
a palavra “New”. E foi o que passou: novas linguagens,
novas abordagens, nova coragem.
O diretor de criação mundial da Saatchi, Bob Isherwood,
abriu a mostra dizendo que este ano, dos trabalhos selecionados,
apenas 1/3 era publicidade e justificou dizendo que os novos talentos
não estão conseguindo espaço para mostrar seu
valor no nosso mercado.
Abrindo
e fechando a sessão de filmes, um grupo de dançarinos
de hip hop vindo de um gueto de Los Angeles. Isherwood, agora acompanhado
pelo fotógrafo, diretor e superstar David La Chappele, justificou
que aquela galera estava ali porque venceram as adversidades com
criatividade. Golaço.
Um dos melhores vídeos apresentados esta manhã foi
o Sentimental Journey, da cantora japonesa Yuki. Confira neste link:
https://www.youtube.com/watch?v=ajkjtBgfNGU
O clip já inspirou um comercial de Coca-Cola, com exatamente
a mesma técnica, que é um dos favoritos a leão
em Cannes.
SURREAL
Aconteceu de verdade comigo, agora esta manhã, mas dava um
bom comercial.
Chego com pressa num café e peço um sanduíche
e um suco de laranja para levar. A moça do balcão
pergunta se eu quero que esquente o sanduba. Digo que sim. Quando
ela tira o dito cujo de dentro da vitrine, a fatia de baixo do pão
cai (claro, com a manteiga virada para o chão, mas isso é
um detalhe óbvio).
A mulher se faz de rogada e na minha frente, ameaça colocar
o pãozolho de novo na composição do meu já
parco café da manhã.
Interrompo a graciosa francesinha e digo algo como: “ Aí
não, né, mon chérri”, com meu francês
mocorongo e um sorriso simpático nos lábios.
O olhar da garçonete me atravessa como se eu fosse transparente.
Ela joga a fatia cheia de cutão no lixo e leva minha refeição
para a cozinha. Volta com o suco e um embrulho quentinho nas mãos.
Saio andando pela Croissete. Abro meu farnel já perto do
Palais. Uma fatia está lá, o queijo e o presunto também,
mas ela não colocou a outra fatia, esquentou o presunto direto
na chapa.
Poderia assinar: Conheça a França.
FÊTE
DE LA MUSIQUE
Todo dia 21 na França, para comemorar o primeiro dia do verão,
tem a Festa da Música. Ontem, portanto, foi o dia de músicos
e DJs invadirem as ruas tocando todo o tipo de música. O
lugar mais animado ficava a um quarteirão do Palais onde
havia uma mega festa na rua, com DJs excelentes que, curiosamente,
tocavam tudo menos música eletrônica.
Quem não deve ter curtido muito foi essa velhinha que eu
fotografei e estava à beira de se jogar da janela com os
decibéis de bandas como o Rage Against The Machine. E olha
que a anciã devia ser surda.
Ruas lotadas com caixas de som à toda até 1h da manhã.
Mas a melhor definição do que foi a festa eu deixo
com o testemunho de dois cariocas, quando viram a confusão.
Rodrigo Tórtima: “Já entendi. Isso aqui é
que nem uma micareta, né? Só que sem o Chiclete com
Banana.”
Pedro Prado: “É como se fosse um grande húmus.
Quem é minhoca da terra está aí dentro.”
A MELHOR FESTA QUE NÃO FUI
Foi a da Getty Images. Dava para ver do calçadão que
o convescote na praia estava bombando. Constatei lá um problema.
Para todas essas festas é fácil arrumar convite durante
o dia. Na verdade as empresas nos mandam e-mails, distribuem papeizinhos
e a gente não tá nem aí. Talvez por preguiça,
talvez porque saiba que na hora sempre se dá um jeito.
O jeito, no caso é alguém que tem convite entrar,
pegar alguns convites e sair para entregar aos amigos. O processo
se repete até que todos os brasileiros estejam devidamente
alojados.
O problema é que na primeira tentativa, o segurança
arrancou de um de nossos colegas o cordão que era o convite.
Ficou manjado o esquema. Para piorar, o segurança que estava
na porta era o zagueiro do time da Holanda, que na manhã
anterior já tinha me enfiado o cacete no Futebol.
Como obviamente o segurança não está inscrito
no Festival....cacete, Cannes já tem até fantasma
no campeonato de futebol.
A
MELHOR FESTA QUE NINGUÉM FOI
A Beach Party da MSN em Palm Beach, um pouco afastado do centro
de Cannes estava sensacional. Mas eu deveria ter desconfiado quando
nos deixaram entrar quando eu apenas mostrei o crachá da
Janela. Fora alguns nerds que provavelmente trabalhavam para a MSN.
Fiquei com a sensação de que se tivesse uns computadores
em rede por lá, ninguém dançava, ficava todo
mundo jogando Doom.
Mas
tinha uma puta infra, incluindo um simulador de surf, que numa festa
com open bar pode ser utilizada também como uma máquina
de chamar o Raul.
(na foto à esquerda: Pedro Prado da F/Nazca, Rodrigo Tortima
da DM9 e Luis C. Salvestroni e Álvaro Rodrigues da Agência3)
MARTINEZ
Quer ganhar mais do que um diretor de criação mundial
de uma multinacional? Venha a Cannes e traz um isopor pra vender
Skol geladinha a “dôrreal” na porta do hotel que
serve de saideira para todo mundo em Cannes. A breja no bar do Martinez
está saindo pela bagatela de 10 Euros. Muitas vezes, entra
no seu corpo mais quente do que quando sai. E aquilo fica lotado.
WAZARI
Abriu o sol, caiu o saco e quem teve a chance vazou. Muita gente
alugou um carro e foi dar uma volta pelas cidades próximas
à Cannes para dar uma relaxada. Amanhã vai ser punk.
AMANHÃ TEM EXIBIÇÃO DO
SHORT LIST DE FILMES
E se durar 8 horas como no ano passado, a coluna vai sair mais tarde,
só para deixar o Marcio estressado. O Brasil parece ter reagido
ao fraco desempenho em press & outdoor e tem 21 indicações.
Vão marcar presença: Almap BBDO, F/Nazca, Eugênio
DDB, Lew Lara, Duda, Dez, Lowe, Fischer, Giovanni SP, Carillo, Age,
RC (Minas) e NBS (Rio), mostrando mais uma vez um equilíbrio
na distribuição dos finalistas.
Separei os links para os 3 filmes que a galera por aqui está
apostando como favoritos ao Grand Prix. Em qual você apostaria?
MTV: https://www.youtube.com/watch?v=vJQGMWuiniI
Honda: https://www.youtube.com/watch?v=GuyaVcqTgic
Guiness: https://www.youtube.com/watch?v=4BnVSLk8Li8
OBRIGADO DE NOVO
Rafael Simi, Daniele Marques, Carlos Espinoza, Pedro Martins, Léo
Assunção, Luísa Schneider e todo mundo que
está mandando mensagens e sugestões para a coluna!
Um abração!
As Notícias do Dia
por Marcio Ehrlich
Leão recusado continua vivo
A
despeito de aparentemente os comunicados das assessorias de imprensa
das agências Giovanni FCB e Santa Clara terem se encerrado,
a polêmica do Leão de Bronze para a campanha da ONG Ipas
-- que a Giovanni FCB comunicou publicamente que iria recusar -- parece
longe de estar encerrada.
As quatro peças da campanha continuam firme e forte como Leão
de Bronze no site oficial do Festival de Cannes, em www.canneslions.com/winners_site
. Só não foram entregues formalmente na cerimônia
de Press, ocorrida ontem à noite, porque apenas os Leões
de Ouro são chamados ao palco. Mas o troféu está
lá, à disposição de quem quiser pegar.
Cariocas
comemoram Leões de Cannes
Quer
dizer, não são bem Leões para as agências
cariocas, mas para profissionais que estão trabalhando no Rio.
O Leão de Bronze para a série "Ventilador de Teto"
e "Lâmpada de Teto", da Loducca para Brilho Fácil,
deixou empolgado Marcello Giannini, diretor de criação
da Publicis no Rio. É que ele foi o diretor de arte das duas
peças, quando atuava na Loducca em São Paulo.
Outra publicitária carioca feliz com os resultados de Cannes
é Camilla Oliveira, diretora do escritório da Duda no
Rio, que comemorou escrevendo "O LEÃO DE BRONZE É
NOSSO" no seu MSN, para registrar o prêmio conquistado
pela peça "Gol", criada pela agência para a
ESPN.
Apesar de a criação do trabalho ter sido feita pela
Duda de São Paulo, Camilla foi a responsável pelo atendimento,
já que, na época, a ESPN tinha as suas decisões
de marketing tomadas no Rio de Janeiro.
Brasil
fica com 22 finalistas em Films
A NBS garantiu a presença do Rio de Janeiro no shortlist
de filmes do Festival de Cannes 2006, com a campanha "Vida
Real", criada pela Telemar, e que já havia conquistado
Ouro nos Prêmio Colunistas Rio de Janeiro e Brasil, em 2005.
Com três filmes, dos quais dois incluídos no shortlist
de Cannes, a campanha teve na ficha técnica, segundo o site
da Abracomp, André Lima, Rynaldo Gondim e Pedro Feyer (redação);
José Luis Vaz (direção de arte), Conspiração
(produtora), Breno Silveira (direção do comercial),
Antonino Brandão, Aline Pimenta e Ana Laura Beckert (atendimento)
e Alberto Blanco e Flávia da Justa (aprovação).
O aproveitamento do Brasil no shortlist foi de 9%, já que
o país inscreveu 233 trabalhos. Na verdade, um resultado
até melhor que em 2005, quando alcançamos 20 finalistas.
Veja, a seguir, a relação dos finalistas brasileiros:
Título |
Agência |
Anunciante |
Corridors |
Age |
Nike |
Bird |
AlmapBBDO |
Gol |
Pele |
AlmapBBDO |
Golf |
Deserts |
AlmapBBDO |
Superinteressante |
What if |
AlmapBBDO |
VW |
Night |
Carillo Pastore |
Senac |
Instant camera |
Dentsu |
Sony |
Napkin |
Dez |
Vedacit |
Nightmare |
Duda |
Guarana Antarctica |
Calf |
Eugenio |
Uipa |
Soccer goal post |
F/Nazca Saatchi & Saatchi |
Skol |
Turtle |
Fallon |
Lar Center |
Bird |
Fischer América |
Neosaldina |
Washing machine |
Fischer América |
Nirvana Surf |
Canteen |
Fischer América |
Panasonic |
Shadows |
Giovanni FCB |
BMW |
Optical illusion |
Lew Lara |
Schincariol |
Rolling |
Lowe |
Pepsodent |
Real life1 |
NBS |
Telemar |
Real life2 |
NBS |
Telemar |
Hairless |
RC |
Fundaçao Mario Penna |
O redator Fabio
Seidl é o enviado (com todo o respeito) especial da Janela
em Cannes 2006.
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