Janela Publicitária    
 
  Publicada desde 15/07/1977.
Na Web desde 12/07/1996.
 

Janela Publicitária - Edição de 10/JAN/1986
Marcio Ehrlich e Marcia Brito

 

Esta edição da Janela Publicitária foi publicada originalmente no jornal Monitor Mercantil.
O seu conteúdo foi escaneado e transcrito para ficar à disposição de consultas pela internet.

Cariocas fazem as suas previsões para 1986

Como será 1986 para a propaganda? Ninguém melhor para opinar que os dirigentes de agências do setor, que sentem as perspectivas dos anunciantes e os anseios de suas equipes profissionais. Por isso, a Janela está ouvindo uma série de diretores de agências, cujas opiniões começamos a publicar hoje:

ELYSIO PIRES

"Este ano teremos dois 1986: o primeiro semestre, que tenho certeza que será uma maravilha; e o segundo, um pano preto impossível de descobrir". Os primeiros seis meses já estão sendo bons, principalmente pela proximidade da Copa do Mundo. É bom lembrar que participar da Copa não é só comprar cota de televisionamento da TV Globo. Há muitos outros patrocínios em outros veículos e participar será algo muito importante pelo apelo que a Copa tem junto ao povo brasileiro.
"O segundo semestre talvez seja bom para as pequenas e médias agências, que se beneficiam com as realizações de eleições. Vão ser distribuídos mais cargos eletivos que prêmios de propaganda, trazendo muito dinheiro entre agosto e novembro. E com uma vantagem: este ano os empresários vão entrar no processo eleitoral como nunca antes.
"Na área profissional, prevejo uma melhora substancial de salários, principalmente na área de criação, recuperando o tempo perdido desde a crise em 1982".

NEIL HAMILTON

"Pelo rastro do que aconteceu no segundo semestre de 1985, com o reaquecimento da atividade econômica, só posso prever que o ano vai ser muito bom. Os ganhos reais de salário ocorridos em vários setores vão se reverter em negócios e a atividade publicitária continuará sendo beneficiada. Não acredito que estes fenômenos recentes de seca sejam tão significativos que cheguem a prejudicar o processo, e se isto acontecer, não o será antes de oito a dez meses.
"Dentro das agências, sinto que o nível de emprego vai melhorar muito, principalmente nas áreas de mídia e atendimento, que hoje são mais carentes no mercado carioca. Empresarialmente, é alta a probabilidade de todas as agências fecharem 1986 com um crescimento bem significativo".

JOMAR PEREIRA DA SILVA

"O primeiro semestre de 1986 está garantido de ser bom, graças à recuperação do poder de compra do consumidor, que está gastando mais. Difícil é prever o segundo semestre, principalmente se a inflação continuar subindo e obrigar o governo a tomar medidas radicais. A esperança é que os eventos do ano, como a Copa e as eleições, provoquem o mercado, estimulando a participação das empresas.
"Na CBBA/Propeg, que teve um ano estável em 1985, a meta agora é aumentar a receita com os clientes atuais e repor rapidamente a perda causada pela saída da agência do pool do Governo Brizola. A curto prazo porém, não teremos alterações na estratégia de administração, mesmo tendo havido a venda da CBBA para o grupo J. Walter Thompson".

VALDIR SIQUEIRA

"Em relação à VS estou extremamente otimista, em função das conquistas do final de 1985 e deste início de ano. A perda da conta da Petrobras desequilibrou bastante a agência mas nos deu a oportunidade de nos reposicionarmos para a conquista de clientes mais estáveis, que este ano vão consolidar a VS Escala.
"Em relação ao mercado como um todo, nada me leva a crer que ele desaqueça, principalmente pelo que vimos nos últimos meses. Acredito inclusive que a recuperação do mercado vai se dar não só junto aos anunciantes da iniciativa privada. Em 1986 os Governos - Federal e Estadual - voltarão a ser grandes anunciantes. No campo profissional, cada vez mais o talento criativo será o grande diferencial".

MAURICE COHEN

"Todas estas fusões que aconteceram com agências multinacionais comprando agências brasileiras vão mudar o comportamento do mercado. As demais agências terão que reagir ao novo formato, reavaliando as suas trajetórias para tornar uma realidade o "full-service" que todas prometem. Este conceito hoje é mais do que ter na agência departamentos de mídia, de RP, de promoção etc. É fazer com que a agência, além de contribuir com o pensamento estratégico do cliente, se torne um instrumento adicional efetivo no seu marketing, tornando-se tão possante nas suas ferramentas que o cliente não poderá viver sem ela. O "nós" do cliente terá que ser mais abrangente.
"Na SGB, vou me aprimorar para ser competitivo com aquelas agências. Vou continuar a contratar, evoluir, mudar e melhorar".
Semana que vem os prognósticos de Ney Cantinho (Norton), Paulo Rolf (Artplan), Roberto Leal (Thompson) e outros importantes dirigentes cariocas.

CBTU lança concorrência que assusta o mercado

A Nova República faz mais uma das suas na área de concorrências publicitárias.
Desta vez a CBTU - Companhia Brasileira de Trens Urbanos, ligada à Rede Ferroviária Federal e ao Ministério dos Transportes, que surpreende o mercado com a sua concorrência nº 007/85, datada de 29 de dezembro de 1985 mas distribuída às agências apenas no início deste mês. O tema é "informar e orientar a sociedade sobre o Vale Transporte".
Surpreende por vários motivos. Primeiro, por que, para retirar o edital, a agência é obrigada a pagar nada menos que Cr$ 300 mil; "em moeda corrente" (cheques não são aceitos). Segundo, porque fica sabendo que o Capital Social mínimo exigido dos licitantes é de Cr$ 500 milhões. Terceiro, porque a verba comunicada no edital é surpreendente: Cr$ 16 bilhões para serem gastos em um mês e meio de veiculação nacional.
Mas a quarta surpresa é a que mais assusta, porque deixa uma nítida impressão - segundo ouvimos de publicitários - de que se trata de uma concorrência arranjada, para a qual não só o vencedor já está definido como a campanha criada, aprovada e produzida Afinal, o edital determina que o dia de apresentação das propostas será 21 de janeiro, às 15 horas, na sede da CBTU, e o início da veiculação será dia 10 de fevereiro. Ou seja, no prazo de dez dias a Comissão de Licitação da CBTU analisará as propostas, e fará a escolha de uma agência, que terá então que criar, aprovar e produzir e distribuir todas as peças. Qualquer estudante de comunicação sabe que é impossível, por mais ágil que a agência queira dizer que é.
As coisas não param, porém, por aí. Como quinta surpresa, as agências deverão apresentar proposta, "pormenorizando as metas objetivadas da campanha e justificando as soluções adotadas". Só que junto com o edital não vem nenhum briefing explicando o que é o Vale Transporte e os objetivos da CBTU. E quaisquer informações ou esclarecimentos complementares teriam que ser solicitados por escrito à Comissão de Licitação "em uma única carta-consulta", cujo prazo final de recebimento encerrou-se quinta-feira, dia 9.
Finalmente, a grande surpresa que atingirá a agência vencedora. Em uma atitude inédita no setor, a CBTU estabeleceu que a agência terá por entregar, a título de garantia, nada menos que 5% (cinco por cento) do valor contratado de Cr$ 16 bilhões, ou seja, 800 milhões de cruzeiros, que só serão devolvidos "sessenta dias após a verificação do integral cumprimento das obrigações contratuais, descontados multas e quaisquer débitos da contratada". Ou seja, contando os 30 dias fora o mês dos pagamentos da veiculação de março, a liberação da caução não será realizada antes de cinco meses da assinatura do contrato, unicamente com correção monetária se o depósito tiver sido em ORTN.
A concorrência da CBTU, cujas páginas do edital estão assinadas por Décio Brasil, pela Comissão de Licitação, já mereceu um protesto da classe. A ABAP - Associação Brasileira de Agências de Propaganda, através de seu presidente Roberto Duailibi, enviou esta semana um telex à empresa protestando pelo alto limite do Capital Social exigido e pela exigência da caução de 5%.
Segundo um membro da Comissão de Licitação da CBTU, que não autorizou sua identificação nesta matéria, o presidente da Comissão, Dr. Ceneviva (jornalista e assessor de Assuntos Externos da empresa), que também assessorou a companhia na redação do Edital, recebeu o telex da ABAP mas não pretende realizar qualquer alteração no processo. A garantia, explicou, é uma norma das concorrências da CBTU, que desconhecia não ser isto uma praxe na atividade publicitária.
Até o meio-dia de quinta-feira, treze agências já haviam retirado o Edital. Pela ordem: Exclam, Salles, Denison, SGB, DPZ, Artplan, Premium, MPM, Almap, Integração, Estrutural, Pubblicità e Contemporânea. E até aquele mesmo prazo, nenhuma havia feito qualquer consulta à CBTU, o que, segundo o representante da Comissão, comprova que todas as agências estão a par do assunto.

Sindicato do Rio promove publicitários de 2º grau

A Propaganda não é uma atividade de nível universitário, como supõe muita gente. A prova disto é a campanha que o Sindicato dos Publicitários do Rio está fazendo junto ao CTP - Curso Técnico de Propaganda, através do qual promete que aos alunos que cursarem o CTP, em apenas dois anos, aprendendo "várias técnicas de propaganda e marketing aplicadas às várias (SIC) áreas de uma agência: Tráfego, Mídia, Criação, RVTC, Estúdio, Pesquisa, Planejamento, Atendimento...", serão dados dois diplomas: o de conclusão do 2º Grau e o de Publicitário, com o qual, diz o folheto enviado pelo Sindicato, "você entra no mercado de trabalho".

Curtas

• A partir de segunda-feira, será do Rio, pela primeira vez, o presidente da ABA - Associação Brasileira de Anunciantes. É Marcos Felipe Magalhães, diretor de marketing da Coca-Cola, que concorrerá com chapa única.
• Deverá ficar com a MPM a campanha do PAP - Plano de Alimentação Popular, da Cobal.
• O redator Nei Leandro de Castro é o novo vice-presidente de Operações da Assessor. Ele será responsável pela supervisão de criação da agência em nível nacional.
• A SGB está cheia de novidades. No Rio, Vitor Hugo Perez (ex-VS Escala) foi contratado como supervisor de contas e na criação entrou a dupla João Renha e Dalton Romão, vinda da Propeg de Salvador. Em São Paulo, o jornalista José Manoel Furtado assumiu a Diretoria de Comunicação Social da agência. Comenta-se que lá, o próximo a entrar é Guilherme Stutman, da Johnson & Johnson, que atuaria como vice-presidente de Marketing.
• Segunda-feira, o SBT faz a sua festa para o mercado publicitário na Discoteca Help. Será a festa do "Verde e Amarelo 86", e, se repetir a animação do ano passado, promete.
• É da Denison a campanha de lançamento do VDC - Vôo Direto ao Centro - a nova ponte aérea que está ligando o Rio e São Paulo ao aeroporto da Pampulha em Belo Horizonte. A agência conquistou também a concorrência do Programa Nacional de Desburocratização.
Esquipe para Grupo Peixoto de Castro: O Samba do Synteko-Teko• A Esquire está comemorando a conquista da conta da grife Christian Dior para todo o Brasil. E na agência entraram a escritora Marilda Pedroso, ex-Som Livre, para a área de Promoções Especiais e Maria Beatriz Américo, para Chefe de Estúdio. Roberto Bahiense, diretor da agência, aproveita para nos contar que seu cliente Grupo Peixoto de Castro está felicíssimo com o anúncio página dupla criado por Classir Scorsato e Alberto Garcia para a Divisão Construção Civil da Synteko, pelo tom leve e descontraído encontrado para comunicar a linha de produtos da divisão.
• A Embravídeo instalou no Rio uma ilha de edição com três gravadores U-Matic NTSC e dois TBCs para possibilitar a fusão de imagens gravadas e uma série de efeitos especiais para serviços de agências de propaganda e produtoras de vídeo.
• Duas de criação: Hermínio Naddeo assumiu a Direção de Criação da CBBA/Propeg no Rio; e o redator Toni Lourenço está reforçando a criação da J.W.Thompson carioca
• Encerrando a campanha da Aerolíneas Argentinas de 1985, a WM criou para o cliente um disco com, de um lado, os tangos, e, do outro, as músicas brasileiras, cujos títulos também foram os títulos dos anúncios produzidos. Entre eles Mi Buenos Aires Querido, Caminito, Carinhoso e Chega de Saudades.
• O comercial "Foca", criado pela Almap para a Panam, foi premiado pela Wells, Rich, Greene americana em sua reunião anual de agências com as quais mantém acordos operacionais. A criação do filme é de Enido Michelini e Adalberto D'Alembert.
• Para a campanha de abertura de capital da Lacesa-indústria de laticínios que fabrica no Brasil o iogurte Yoplight, a Norton Publicidade criou um programa institucional em tape de 15 minutos, produzido pela Mikson, que será apresentado a partir deste mês aos visitantes de suas fábricas.
• "Os profissionais de propaganda são tratados como jagunços pelo Poder Público. Servem apenas para fazer alguns serviços especiais, mas não servem para sentar na mesa para jantar com os patrões". A frase é de Júlio Ribeiro, presidente da agência paulista Talent.
• Correspondências: Praia de Botafogo 340 grupo 210 - Tel: 266-3131 ­ CEP: 22250- Rio - RJ.