Esta edição da Janela Publicitária foi publicada originalmente no jornal Tribuna da Imprensa.
O seu conteúdo foi escaneado e transcrito para ficar à disposição de consultas pela internet.
Mãe Menininha, no final, vendeu Olivettis e Olivettos.
Se alguma campanha produzida neste ano de 78 tiver que passar para a história da propaganda brasileira como polêmica, sem dúvida será esta da DPZ para a Olivetti usando a Mãe Menininha do Gantois como modelo.
Há muito tempo não se vê uma campanha ter tanta repercussão. Colunas sociais, reportagens gerais, colunas especializadas de propaganda, jornais de negócios, todo mundo falando a favor e contra, dando e colhendo opiniões.
Até na “Seleção da Janela” a peça impressa causou o maior quebra-pau, exaltando ânimos como nunca visto! Um jurado queria inclui-la e lhe dar quatro estrelas e outro o classificava como “a vergonha da publicidade brasileira”!
Mas, no final, o que restará? Pelo menos, muita badalação para a DPZ, para o redator Washington Olivetto, que possivelmente nunca deu tanta entrevista na vida, e para as próprias máquinas Olivetti.
Em sua entrevista para a Bandeirantes, Ênio Mainardi comentou que, atualmente os veículos falam muito de propaganda e de seus profissionais porque na verdade, não podem falar de assuntos mais relevantes para o povo brasileiro. E seja por medo ou por pressões externas, acabam apresentando tantas baboseiras para seus leitores-espectadores, que os anúncios se tornam a coisa mais interessante do veículo. E daí eles viram até papo de rua.
Este caso parece confirmar a opinião de Ênio. Sinceramente, não conseguimos ver, até agora, uma justificativa REALMENTE relevante para tanta discussão. Na verdade, nem temos opinião formada sobre a citada campanha, nem achamos que ela devesse ser analisada de forma radical: “é ruim” X “é boa”. Por isso não vamos defendê-la ou atacá-la, mas colocar questões para se avaliar as reações que ela causou.
Será que o Ênio Mainardi tem razão? Um devoto de São Francisco, ou um católico fervoroso então também não teria por que protestar pelo uso de um modelo se fazendo do santo para vender cachaça, ou de padres e freiras vendendo azulejos, águas minerais, óleo de cozinha, sandálias, detergentes, bancos etc.? E se os anúncios forem prejudiciais mesmo? Por que o consumidor não protesta? Dentro de uma preocupação ética interna, é válida a propaganda testemunhar que usa pessoas que não têm nada a ver com o produto? A liberdade de expressão é ou não um direito também extensível às agências de publicidade? E alguém aí pode atirar a primeira pedra?
Atendimento já tem entidade.
Por que não participar?
Na próxima terça-feira, 23 de maio, às 18h30min, na sede da Standard (São Clemente, 233), será realizada mais uma reunião do recém-fundado Grupo de Atendimento do Rio de Janeiro.
Lutando para unir profissionais que, a experiência demonstra, perderam o hábito de participar das decisões da Propaganda brasileira, e de lutar pelo estabelecimento da classe, o Grupo de Atendimento, ao que parece, encontrou desta vez pessoas realmente dispostas a levá-lo adiante, e que já estão cuidando de, nesta fase inicial, realizar reuniões semanais, sempre abertas a todos os profissionais daquela área.
Em sua última reunião, terça-feira passada, na McCann, o grupo estabeleceu as disposições de seu funcionamento aprovadas pelos titulares das comissões presentes. Segundo estas disposições, o grupo não terá presidentes nem vices, apenas comissões que cuidarão de aprimorar o relacionamento entre o pessoal de atendimento e de outras áreas da propaganda. Até o momento, foram criadas treze comissões, a princípio assumidas pelos seguintes profissionais: de mídia, Carlos Areias; de produção gráfica, Antônio Carlos Gonçalves; de merchandising e promoções, Cleverson Valadão; de regulamentação profissionais, Roberto Figueiredo; de marketing, Milton Bonano; de administração geral, Cecília Dutra; de divulgação, Sérgio Cavalcanti; de pesquisa, Valdir Siqueira; de RTV, Flávio Salgado; de relações públicas, Fernando Júlio; de criação, José Carlos Chaves; de planejamento, Roberto Bahiense; e de tráfego e de novos negócios, ainda sem titulares. Além destas comissões, o grupo terá um tesoureiro e um secretário.
Como sugestão da JANELA, o grupo de atendimento poderia definir um termo para identificar os profissionais desta área. “Homem de atendimento”, além de chauvinista é muito grande. “Contato”, atualmente está sendo preferido para designar a pessoa de veículos e “supervisor de conta” é nome de cargo específico. Chamar de “atendimento Fulano” tal como “o mídia Beltrano” também é ridículo. Afinal, uma categoria profissional precisa ter sua designação bem estabelecida. É um dos primeiros pontos por sua valorização no meio. Esperamos resultados.
Procura-se uma saída para vender mais discos.
Apesar do brasileiro ter uma atração muito grande pela música durante todo o ano, é apenas em seu último trimestre que as vendas de discos costumam aumentar fortemente em decorrência do Natal e dos grandes lançamentos feitos pelas gravadoras, a partir de agosto e setembro.
Este problema já vinha preocupando, há algum tempo, a Associação Brasileiras de Produtores de Discos, órgão representativo das indústrias fonográficas, cientes das dificuldades que representa para as gravadoras o mercado apresentar uma curva de vendas quase linear durante o ano, com apenas um forte pique anual. A ideia seria criar um evento que fosse caracterizado como “O dia do disco”, no meio do ano. Este evento procuraria motivar o consumidor a comprar discos, de maneira mais intensa, em outro período que não o último trimestre.
A solução parece ter surgido quando a McCann-Erickson, que já tinha conhecimento do problema, por ter a Phonogram como cliente, apresentou à Associação uma campanha que cumprisse aqueles objetivos, tendo como amarração o “Dia dos Namorados”. A campanha, já aprovada, terá o tema “No dia dos Namorados, declare-se com um disco. Seu amor vai gostar de ouvir”, e será veiculada, a partir do dia 21, em Belo Horizonte, como mercado forte para uma eventual expansão da campanha em outros mercados no ano de 1979.
Segundo estratégia de mídia da McCann, a campanha deverá se utilizar de televisão e rádio, apoiados por cartazetes nos pontos de vendas.
Seleção da Janela
Na semana de 8 a 15 de maio a imprensa carioca esteve repleta de bons anúncios, demonstrando que o dia das mães sensibilizou anunciantes e agências mais até que o Natal e mesmo o carnaval.
O júri desta seleção, composto por Marcello Silva, redator da Jotaé, Zianno Grigoli (Diretor de arte da SGB), Antônio Mário Tenreiro Júnior (Redator da McCann) e estes colunistas destacou quatro anúncios.
Recebeu três estrelas “Meu mãe...”, criado pela L&M para a Embratel, tendo como redator Ney Azambuja e D.A. João Carlos Olivieri. Esta peça, independente de pertencer ou não a alguma campanha, marcou pela oportunidade de vender o cliente bem, e aproveitar para comemorar o dia das mães.
Outro anúncio que mereceu três estrelas foi o da Johnson & Johnson “Hoje, não se esqueçam...” uma peça limpa, com texto de humor gostoso de se ler. Infelizmente não conseguimos nos comunicar com a agência realizadora da peça, para saber seus criadores. Assim que soubermos publicaremos. A Janela tarda, mas não falha. E, por falar nisso, aí vai a ficha do anúncio “Queremos um congresso...” do Grupo de Mídia, selecionado com três estrelas da Janela de 28 de abril; a agência realizadora foi a Lintas-SP, a redação de Silvio Lima e a Direção de Arte de Edmar Sales.
Com duas estrelas destacamos o anúncio “O sorriso da mãe preta...” realizado pela Salles para a Fenaseg, (campanha maravilhosa essa), tendo como redatores, Bernardo Vilhena e Fábio Siqueira, e diretores de arte Delano D’Avila e Carlos E. Studart.
Finalmente, o anúncio comemorativo dos 30 anos da criação do Estado de Israel, “Viver um ideal...”, que recebeu do júri uma estrela. Esta peça foi realizada pela SGB para o Ponto Frio, e teve com o dupla de criação Álvaro Gabriel Marques de Almeida (redação) e João Galhardo (D.A.).
Obs.: Ao lado, o anúncio da Denison, "Este é o tanque", citado na Seleção da Janela da Semana anterior. |
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(N.R.2017: Um dos criativos do trabalho "Meu mãe", o diretor de arte João Carlos "Jonga" Oliveira, escreveu em seu blog sobre o trabalho. Vale ler aqui.
Brainstorming • Brainstorming • Brainstorming
Apesar de não ser notícia totalmente confirmada, uma fonte altamente conceituada nos garantiu que a Standard de São Paulo acaba de levar, para seu Departamento de Criação, nada menos que Sergino Augusto de Oliveira e Souza, vindo da vice-presidência da Cosi, Jarbas e Sergino, e Dorian Taterka, o conhecido Dodi, diretor da RTV do primeiro time da Thompson-SP.
• Hilda Fuchshuber (ex-McCann) é a nova assistente de Direção de Arte da Caio Domingues.
• Quem não assistiu ao programa informação (TV-Guanabara) da última segunda, apresentando uma entrevista com Ênio Mainardi, da Proeme, perdeu uma brilhante demonstração de como um publicitário pode ser sincero, realista, e não-demagogo sobre os problemas da propaganda brasileira.
• Antônio Mário (ex-Labor, ex-agência da casa) começou como redator na McCann, fazendo dupla com o diretor de arte Luís Santana. Agora, a McCann do Rio passa a funcionar com três duplas.
• Que loucura o último comercial do Colgate Fluor-gard! O sujeito vestido de dentista “comprova” a absorção do flúor pelo esmalte dentário enfiando um giz (!) dentro de um líquido azul! Onde está o respeito à inteligência do consumidor? E onde está o Código de auto-regulamentação????!!
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Será hoje na livraria Francisco Alves de Ipanema (Rua Farme de Amoedo) à noite de autógrafos do livro "O conto da propaganda". Ao contrário do que muito gente está pensando, não se trata de um livro sobre propaganda, mas de uma coletânea de contos escritos por publicitários sobre temas os mais variados. Ao nosso ver, o título do livro foi mal bolado, e gera confusões que podem inclusive afastar o leitor não interessado em propaganda. Teria sido muito mais lógico, se o interesse era fazer paródia ao “conto do vigário?”, colocar como título “O conto do publicitário”.
• Evandro Barreto e Carlos Alberto Scorcelli, da Artplan, viajam na próxima semana a Madrid para participar do Seminário Internacional de Marketing da Filipe Morris.
• A exposição dos outdoors premiados neste último concurso será inaugurada no Palácio Buriti, em Brasília, dia 30 de maio. Depois vem para o “Rio e São Paulo”. Mas, por que Brasília primeiro.
• Falando nisso, não houve uma agência vencedora, e sim profissionais vencedores. Ney Azambuja, o redator, é da L&M, e Ernani Gouveia, o Diretor de Arte, é da SGB.
• E não precisava, hein?
Parece que o próprio cliente respondeu à pergunta do primeiro comercial do Chanceler que dizia “onde estão os carrões, os iates? E precisa?”. E parece que a resposta foi que precisa, sim. Tanto que no último comercial, Pedrinho Aguinaga aparece cercado de belas mulheres numa discotéque de alto luxo, já apelando para a sugestão de que “com Chanceler você fica mais bonito”. No próximo comercial, não vai ter por onde. Pedrinho Aguinaga sai da discotéque com as mulheres, entra num tremendo carrão, e vão todos ver o sol nascer passeando de iate.
• Após a campanha da Franco Paulino Morais anunciando que a Marcovan estaria financiando não só o material de construção como a mão de obra, as vendas daquela firma aumentaram em 90%.
• Maurice Cohen já voltou de férias e reassumiu a direção da Standard-Rio.
• A fábrica de polipropileno Polibrasil, um empreendimento conjunto da Pronorte, da Shell e da Petroquisa, será inaugurada hoje, com a presença do Presidente Geisel. A Polibrasil já é conta da Standard.
• Outra loucura de comercial é a de um produto para emagrecer que abertamente, está recomendando que as consumidoras não façam ginástica, que basta tomar o tal “medicamento”. Depois as pessoas se espantam com a morte da cantora Tuca...
• Marcio Ehrlich estará fazendo uma palestra no próximo dia 1º de junho para os alunos de jornalismo, da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
• A Societé des Hotels Méridien e a Diretoria do Méridien Copacabana convidam para o coquetel de apresentação da imagem da marca Méridien hoje, às 17 horas.
• Wilson Soares, da Presse Service Ltda., comunica que sua empresa acaba de completar 10 anos de atividades.
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Atenção estudantes de Comunicação
Alunos da área de jornalismo, publicidade e relações públicas interessados em estágio para aprender, podem telefonar para esta coluna (tel.: 286-4876), em qualquer horário. |
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Dilson Tavares (ex-contato da Abril) foi contratado pela Standard para atender a conta da Fininvest.
• Segundo nosso informantes, o coronel Péricles Augusto Machado Neves pediu demissão do CBPE.
• Aços Assolan, do Grupo Pardolli, é o novo cliente da Léo Burnett.
• Está para ser divulgado o regulamento do prêmio Jeca Tatu, instituído pela CBBA, e que dará 50.000 cruzeiros às mensagens publicitárias comerciais e institucionais que valorizem a nossa cultura.
• Para quem também gostou do último comercial da Du Loren, aí vai sua ficha técnica: a agência foi a Estrutural, a redatora Marina Colasanti, o Diretor de Arte Rogerio Steinberg, e o Diretor Luís Weksler, da produtora Avant-Garde.
• A D.A. Carlos Martins, da Caio, dará uma palestra na Faculdade de Comunicação de Natal, RN, especialmente convidado pela Reitoria daquela Universidade.
• Para quem não sabe, o excelente Diretor de Arte da Artplan, Cláudio Sendin, também é exímio designer de móveis. Tanto que a mobília de sua própria casa foi toda desenhada e confeccionada por ele. Cláudio, está inclusive, pensando até em aceitar encomendas.
• Luiz Macedo, diretor da MPM, recebeu ontem o Prêmio Tendência 78 na categoria criatividade.
• Esta coluna saí as sextas-feiras e fecha às quintas-feiras ao meio dia. Qualquer comunicação deve ser feito para a rua Barão de Itambi, 7/605, Flamengo, Rio. CEP 20000. Ou pelo telefone 286-4876. Podem telefonar a qualquer hora.
• Profissionais de atendimento, mídia e criação de várias agências tem se queixado a estes colunistas de que a TRIBUNA DA IMPRENSA, de sexta-feira não chega a seus Departamentos, parando na Diretoria. Estas queixas, meus caros, vocês devem levar a seus próprios diretores, exigindo que eles comprem mais exemplares do jornal, para enviar pelo menos um para cada departamento. Digam que este é um fringe-benefit do qual não abrem mão.
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