• Nacional e Propeg negam irregularidade no Turismo

    Vanessa Mendonça

    Dirigentes das agências Propeg e Nacional, que atendem a conta do Ministério do Turismo, negam ter havido irregularidade nas contas relativas ao período de julho a dezembro de 2018, quando o departamento de marketing do órgão foi dirigido por Vanessa Mendonça (foto).

    A denúncia está sendo apurada pela Controladoria Geral da União (CGU) e foi motivo de matéria, nesta quinta-feira, 18/02, no site G1, com o título “CGU aponta irregularidades em contratos do governo federal durante gestão de atual Secretária de Turismo do DF“.

    Segundo a CGU, poderia ter havido favorecimento na entrega dos trabalhos do Ministério do Turismo para a agência Nacional, sem a realização de concorrência interna com a Propeg. O período corresponde ao final do Governo Temer. Com a entrada de Jair Bolsonaro na presidência da República, Vanessa Mendonça deixou o cargo para assumir a Secretaria de Turismo do Distrito Federal.

    Anselmo Pinheiro
    Anselmo Pinheiro

    A própria agência Propeg, supostamente prejudicada no processo, nega as informações que estão circulando. Em conversa com a Janela, Anselmo Pinheiro, diretor da Propeg em Brasília e também presidente do Sindicato das Agências de Publicidade do Distrito Federal, garantiu que não houve nada de anormal. “Criativamente, a Nacional estava acertando mais, daí ter realizado mais trabalhos para o Ministério. Não houve irregularidades, nem tivemos qualquer prejuízo”, afirmou.

    Envolvida na acusação, a Nacional se defendeu através do advogado Gustavo Schiefler, com um documento de 160 páginas que procura rebater as suspeitas levantadas pela CGU. Schiefler, em comunicado distribuído à imprensa, destacou que “as trocas de e-mails foram feitas a partir de comunicações oficiais, a partir dos endereços de e-mail oficiais. O conteúdo delas eram formalizações de orientações ou pedidos passados em reuniões presenciais. O conteúdo do que foi apresentado não é equivocado, ilícito ou ilegal”.

    Gustavo Schiefler
    Gustavo Schiefler

    Na própria matéria do G1, o advogado da Nacional ainda lamentou as acusações terem sido baseadas na documentação da CGU emitida antes da defesa da agência. “Em nenhum momento a agência foi ouvida, esse processo foi unilateral”, protestou.

    Falando com a Janela, o presidente da agência Nacional, Paulo de Tarso, chegou a comentar que “os tópicos levantados, lidos por um publicitário, beiram o absurdo”. Para o executivo, o que a Nacional fez “é o que rotineiramente se faz no atendimento de uma conta”.

    O relatório da CGU coloca sob suspeição os e-mails da agência, como se fossem para gerar jobs para ela própria. Tarso rebate que “eram e-mails de confirmação de briefing passado de forma oral, em reunião, assim como e-mail com a posição do nosso Jurídico sobre um procedimento que o cliente pretendia adotar e queria saber se teria nossa concordância; enfim, coisas do dia-a-dia”. Para o presidente da Nacional, é incompreensível alguém acusar ser “armação”, entre a Nacional e Vanessa Mendonça, “uma troca aberta e oficial de e-mails nos quais, inclusive, havia outros profissionais do Ministério do Turismo copiados”.

    Dirigentes de diferentes agências ouvidos pela Janela — mas que não quiseram se manifestar oficialmente — demonstraram preocupação com a colocação como suspeita de atividades que fazem parte do dia-a-dia de uma agência na relação com seus clientes. Como reflexo, um empresário que cuida de diversas contas de governo diz ter passado a orientar sua equipe até a alertar os profissionais mais novos das secretarias de publicidade governamentais — que muitas vezes são inexperientes — em relação a demandas que mais tarde possam vir a ser questionadas em auditorias. “A agência é sempre o lado mais fraco. Numa ‘caça às bruxas’ que ocorra após uma mudança de governo, é muito comum acabarem culpando a gente. Agora cabe a nós sermos cada vez mais rígidos com as normas de compliance”, citou.

    Em nota divulgada pela defesa de Vanessa Mendonça, ela finalizou afirmando que as observações da CGU são “anêmicas e claudicantes”.

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    Marcio Ehrlich

    Jornalista, publicitário e ator eventual. Escreve sobre publicidade desde 15 de julho de 1977, com passagens por jornais, revistas, rádios e tvs como Tribuna da Imprensa, O Globo, Última Hora, Jornal do Commercio, Monitor Mercantil, Rádio JB, Rádio Tupi FM, TV S e TV E.

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