A Janela descobriu o provável motivo pelo qual o Metrô, pela sua assessoria de imprensa, recusou-se a identificar a empresa responsável pela criação da peça acusada de racismo ao colocar dois casais — um de pessoas negras e outro de pessoas brancas — separados pela frase “Linha 4 – Conectando o Rio de ponta a ponta”. (Veja a matéria “Metrô esconde quem criou peça polêmica“).
Na verdade, não houve agência ou estúdio responsável pelo trabalho.
Segundo fonte interna, em conversa com a Janela, a peça foi desenvolvida pela própria equipe de comunicação do Metrô Rio. A empresa está sem agência de publicidade há mais de um ano, depois que deixou a carteira da Havas (atual Z+).
A Janela tentou o contato com os criativos envolvidos com a peça para dar o direito público de defesa, mas a empresa não forneceu a informação, limitando-se a transmitir um comunicado oficial. De qualquer forma, pela fichas técnicas de trabalhos antigos do Metrô Rio e informações do Linkedin, verificamos que Simone Pfeil é, desde abril de 2015, a gerente de Marketing e Comunicação da empresa e Gabriela Patricio, desde 2013, sua coordenadora de Comunicação.
Publicitários com quem conversamos criticaram a atitude de o Metrô Rio ter dispensado o suporte de profissionais externos:
“O Metrô precisa entender que propaganda é para especialistas. Fazer internamente é como se auto medicar”, comentou o dirigente de uma agência.
Outro empresário lembrou que vivemos uma época em que é preciso “ficar alerta 24 horas por dia”:
“Com certeza não houve maldade ou preconceito pelos funcionários do Metrô Rio. Mas uma agência, que vive hoje trabalhando com essa realidade do excesso de fiscalização do público, provavelmente teria percebido o risco de colocar os casais separadamente nas pontas”, lembrou.