A Despedida
Meus amigos,
Vamos direto ao assunto. A Janela Internacional, depois de 2 anos
e 3 meses, vai dar no pira, se pirulitar ou como se diz em Portugal,
“dar de frosques”. Estou voltando ao Brasil em fevereiro
(depois vocês vão ficar sabendo para onde) e acho que
não fará mais sentido continuar.
Essa coluna começou como um um filhote da Fênetre Publicitaire,
a “cobertura” que eu tenho feito sobre Cannes há
alguns anos.
Depois que eu vim para Portugal, sugeri que a coluna continuasse,
mensalmente, por outros motivos. Primeiro, porque descobri aqui
que haviam vários brasileiros fazendo um ótimo trabalho
e que nem sempre o pessoal aí ficava sabendo. Hoje, vi que
estava certo. Prova disso é que hoje, mais do que nunca,
há vários talentos brasileiros vindo para Portugal
e outros países.
Depois, fui vendo também que Portugal, o país-irmão
que a gente às vezes trata como país-primo de segundo
grau porque a informação não chega, também
tinha muita coisa bacana. Aliás, há muito tempo. Então,
queria dividir isso, inicialmente, com os meus amigos.
Mas a J-Inter cresceu para além dos amigos. Muita gente começou
a ler e a se corresponder comigo. Fiz novas amizades com gente que
depois tive o prazer de conhecer pessoalmente e com gente que acho
que nunca vou encontrar, de várias regiões do Brasil
e do mundo.
Então, a Janela Internacional foi além de Portugal.
Foi à Espanha, França, Inglaterra, Holanda, Irlanda,
Angola, Japão, China. A Janela foi à Copa do Mundo
na Alemanha. Conversamos com brasileiros que trabalham de Londres
a Bogotá ou em diferentes partes dos EUA. Batemos papo com
os presidentes do festival de Cannes que vieram da África
do Sul e da Austrália. Entrevistamos um diretor de criação
que veio de Hong Kong.
Falamos de publicidade, de música, de politica, de sacanagem.
E merda, falamos muita merda. E, como dizem, o tempo passa e a merda
fica, mas não era isso que eu queria que ficasse.
O que eu quero que fique é a curiosidade, os olho abertos
(sem trocadilho, hoje não tem piada) para o que vem acontecendo
no mundo e sempre com respeito às culturas diferentes da
nossa. Esse olhar além do umbigo do Brasil, porque o Brasil
é maior do que isso. O Brasil tem cabeça.
Então, do fundo do coração desse amigo aqui,
muito obrigado mesmo a você que participou, ainda que simplesmente
como leitor, da Janela Internacional. Se tudo der certo e o Marcio
descolar um patrocínio, a gente volta no Festival de Cannes.
Um abraço, já com saudades.
Fabio Seidl
A ÚLTIMA
Priscila Serra, minha amiga, você foi a primeira a achar que,
como redator publicitário, eu era um repórter de meia
tigela que merecia uma chance, não me esqueço disso.
Marcio, você sempre abriu espaços no mercado do Rio
de Janeiro e agora, com esse espaço que abriu aqui, com certeza
abriu muitos horizontes e muitas cabeças. A minha, inclusive.
Obrigado por tudo.
Fábio
Seidl é redator da McCann-Erickson Portugal-
Janeiro/2007)
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