Vendem-se sonhos
Quem não se lembra do "Sonho
Maluco" do Programa Viva a Noite? Muita gente. Afinal, não
faltava era coisa melhor para se fazer num sábado à
noite do que assistir ao Augusto "Gugu" Liberato.
O Sonho Maluco era um quadro em que você pedia qualquer coisa
que o Gugu dava um jeito de fazer acontecer, sempre com a ajuda do
seu colega Liminha e, às vezes, não sempre, do saltitante
Bugalu.
Eram
coisas tipo entrar de moto num globo da morte com a Marryete na garupa
(ah, a Marryete) ou pular de pára-quedas com o grupo Dominó.
Pois A Vida é Bela é uma empresa portuguesa especializada
nisso: realizar sonhos, ou como eles gostam de dizer, "lifetime
experiences".
Funciona assim: você escolhe num catálogo ou na Internet
entre mais de mil opções, paga e eles resolvem o resto.
Tem para todas as idades, bolsos e malucos.
Pode ser dos mais básicos tipo nadar com os golfinhos até
pilotar um carro de Fórmula Indy, brincar de guerra em aviões
de verdade ou fazer uma viagem espacial.
Algumas
idéias são bem pitorescas: você pode, por exemplo,
comprar um pacote para dar uma desestressada destruindo carros com
uma marreta (não tem a opção de destroçar
um escritório, mas era uma boa). Ou pode participar de uma
corrida de tratores e, quem sabe, emendar num banquete medieval com
trajes de época.
Ah, e tem despedidas de solteiras. Solteiras, não solteiros,
o que me deixou curioso de saber a razão da discriminação.
O sucesso da Vida é Bela já atraiu empresas como a Nissan,
Vodafone, Pfizer, Pepsi e Unilever que ofereceram recentemente "sonhos"
em forma de incentivo e promoções para funcionários
e consumidores.
Agora no verão a empresa lançou uma praia, a Experience
Beach, com uma série de mimos que levam a sua marca.
É o marketing da boa vida. Saiba mais sobre os caras em www.avidaebela.com
NIGHTOLOGY
Não
teve promoção mais falada do verão por aqui
que a do whisky J&B. E o apelo era mesmo do cacete. Você
tinha duas opções.
Uma era pegar um jatinho do whisky J&B e fazer o circuito happy
hour-night-after hours-café da manhã em 3 cidades
diferentes da Europa.
A outra era pegar um avião comum e desembarcar numa giga-festa
num barco em Ibiza com gente de tudo que era lado.
Uma conhecida minha foi uma das felizardas a ter um convite para
o "Nightology Boat", despertando a inveja de muita gente.
Aliás, olho grande só pode ser essa a explicação
para o que aconteceu com ela. O avião que ia levá-la
pra Ibiza teve problemas graves, fez um pouso de emergência
em Barcelona e atrasou 6 horas.
Chegando lá, na correria, ela se emperequeta toda e quando
finalmente chega, fica com a sensação de que valeu
a pena. A festa é uma maravilha, boa decoração,
muita comida, muita bebida, galera animada...
Pelo menos foi o que ela contou dos 5 minutos que aquilo durou.
Logo depois caiu uma megatempestade tropical que ia botando abaixo
as torres de iluminação, o barco balançando,
as pessoas correndo, a roupa dela imunda, só faltou o Leonardo
DiCaprio e a Kate Winslet.
A organização teve que suspender a balada aquática
e mandar o pessoal de volta para os hotéis e depois para
casa.
Tem idéias geniais que não resistem aos mais simples
imprevistos.
O
ART TERRORIST
Dica do camarada Bruno Xavier, da Grey Londres, comprei o livro
Wall and Piece, do artista de graffitti Banksy.
Banksy é pop art, é maldito, é um famoso desconhecido.
Os jornais falam nele, chamam de "art terrorist" mas ninguém
sabe quem ele é. Um Batman do spray, bom de idéia,
de layout e de texto.
Na apresentação do livro, ele diz que só três
pessoas não gostam dos desenhos de graffitti: os pixadores
(que só escrevem nos muros), os políticos e os publicitários.
Nós, segundo ele, compramos os espaços públicos
para colocar nossas mensagens gigantes, sempre de maneira invasiva
e com um só propósito: vender. Já a arte do
graffitti vem de alguém que quer usar a rua para se expressar.
Inclusive criticando a publicidade.
Não
satisfeito em espalhar seu trabalho ácido nas ruas, Banksy
saiu do meio outdoor e invadiu os museus. Não que tenha sido
convidado. Meteu uma barba postiça e colocou, na marra, seus
trabalhos nas galerias sem que ninguém percebesse.
Na parte de pré-história do British Museum, por exemplo,
colou uma pedra que imitava desenhos dos um homem das cavernas,
mas mostrava pessoas correndo atrás de carrinhos de compras.
Na Tate Gallery, pendurou uma paisagem rural clássica que
comprou num mercado qualquer, não sem antes pintar nela câmeras
de segurança.
Algumas dessas obras deixadas por Banksy chegam a ficar dias nos
museus.
Banksy quer espalhar sua mensagem pelo mundo. E já esteve
até no polêmico muro que Israel construiu para separar
a Palestina. Participou do seguinte diálogo com um morador
do lado muçulmano:
- Você deixou esse muro muito bonito.
- Obrigado.
- Nós odiamos este muro, não queremos olhar para ele,
vai embora.
Conheça mais sobre o Banksy em www.banksy.co.uk
LOW COST, LOW SERVICE?
Se no Brasil o negócio das companhias aéreas low
cost vai bem, na Europa parece estar dando sinais de inchaço
e sofrendo com as dores do crescimento rápido.
Com a concorrência enorme, a impressão é que
as empresas trabalham com margens tão apertadas que acabam
sacrificando o básico. Vi três exemplos este mês,
alta temporada aqui, prova de fogo para a categoria.
O primeiro: a companhia inglesa Monarch (que já usei e foi
bacana), lançou uma campanha de outdoor aqui em Portugal
escrita em espanhol. Não tinha verba para um marketing com
noções de geografia?
Outro, mais sério: umas amigas foram usar a Vueling, companhia
espanhola que oferece vôos para Madrid e Barcelona a partir
de € 10. O vôo, do nada, foi antecipado em uma hora e
elas tiveram que embarcar correndo. Ficaram sem as malas. Uma delas
tinha conexão para o Brasil.
Outro,
bizarro. Fui para Londres de Easyjet, "marca ícone"
da geração de companhias baratas européias.
Foi tudo menos "easy": atraso de 12h em prestações,
anunciavam que ia atrasar 2h, depois mais três... Pelo menos
tive o direito de ir numa lanchonete pegar UM pão (que o
diabo amassou, eu vi) com queijo e UM salgadinho tipo Jesus-me-chama.
Os representantes da companhia chegaram a admitir que receberam
ordens para mentir sobre o atraso. A verdade: o avião quebrou.
Por isso, sublocaram um da libanesa Middle East Airlines com cheirinho
de vômito e ar condicionado precário.
As malas não foram. Mais de 1h30 de espera por elas e a visão
de uma funcionária esquisitona quase ensopapando um passageiro
faminto. Era a série Lost, mas sem a praia e as mulheraças.
Na volta, mais atraso, antipatia, desleixo com os aviões
e a apresentação. E o serviço de atendimento
a clientes não responde aos emails. Devem estar ocupados
lendo as cartas que, segundo amigos em Londres, estão nos
jornais direto, reclamando deles e da Ryan Air.
A paciência do consumidor também é "low".
A
MARCA DO MÊS
Curioso o titulo da marca espanhola de pirulitos Chupa-Chups para
a sua mais recente promoção: "O Prazer de Chupar
Leva-te à Fama."
Pensando bem, muita gente de sucesso começou assim: Pamela
Anderson, Paris Hilton...
SEM BRAÇO NEM CABEÇA
Aconteceu aqui em Lisboa. O criativo (brasileiro) chegou na foto
e deixou todo mundo intrigado.
- Viram os americanos? Aleijaram o Bin Laden!
- Como assim?
- Não tão sabendo, não? Ouvi no rádio
do táxi agora...
- Mas como foi?
- Acho que explodiram o esconderijo. Pegaram um braço dele!
- E ele?
- Deve ter fugido, sei lá! Não deu pra ouvir tudo,
estava chegando aqui.
- Peraí. E como é que sabem que o braço é
dele?
- Acho que pegaram outros caras, mas esses americanos sabem, sei
lá.
A turma chegou na agência e correu para a Internet para desvendar
o mistério, que durou pouco. Estava lá:
"Exército dos EUA prende Al-Zawahiri, braço direito
de Bin Laden."
A ÚLTIMA
Diz
a nova lei do trânsito em Portugal que o motorista tem que
andar com um colete fosforescente no carro. Pode ser amarelo, verde,
laranja, rosa. O que interessa é que, no caso de qualquer
problema, tem que sair do carro usando o adereço, para a
sua segurança e dos demais.
Até aí tudo bem. Mas imagina que você esqueceu
de vestir o troço e um guarda vem te perguntar: "Ô
cidadão, cadê o coletinho?"
Se você disser: "Hmmmm, foi mal chefia.... Fiquei tão
nervoso que deixei ali no carro, vou ali pegar." Multa de 120
Euros.
Se você disser: "Colete? Ih, não tenho colete
não, campeão!" A multa é de...só
60 Euros! Ou seja, METADE do preço do que TER (que é
o que manda a lei) e por acaso ter esquecido.
Então já sabe: se for apanhado sem colete em Portugal,
mesmo que tenha, diz que esqueceu. Afinal, é melhor não
cumprir a lei do que estar preparado para obedecê-la.
Falando no colete, dá uma olhada no esquete do grupo de humor
Gato Fedorento (espécie de Casseta e Planeta português)
sobre a escolha do apetrecho: http://www.youtube.com/watch?v=iuhxoxGftuk
Fábio
Seidl é redator da McCann-Erickson Portugal-
Mes/2006)
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