Criativos brasileiros
entram no mercado latino
Pode ser até uma boa notícia de fim-de-ano. Parece,
felizmente, que a criatividade brasileira, assim como o nosso futebol,
está começando a ser reconhecida e exportada para
outros países que não só Portugal (que, aliás,
este ano pareceu viver um fluxo contrário, a turma voltou
mais do que foi...)
Outros mercados como o africano (vide a Janela Internacional passada),
o norte-americano (este eu vou deixar para uma próxima Janela)
e o latino (pronto, era onde eu queria chegar) começaram
a contratar brasileiros.
A Janela Internacional já havia anunciado meses atrás
a ida de Alexandre Okada, ex-Leo Burnett Brasil e Portugal, para
a direção geral criativa do grupo para a América
Latina.
E agora temos mais um brazuca à frente de uma agência
na América Latina (caminho, se não me engano, por
onde também passou Zippo Chagas, conhecido diretor de arte
do mercado carioca e já de volta ao Rio).
Carlos "Ia" Murad, também ex-Leo Burnett Brasil
e Portugal, é o novo diretor de criação da
Leo Burnett Colômbia.
Colômbia? Pois é. Esta é primeira coisa que
muita gente pensa. Mas parece que não é bem assim.
Como já dizia meu ex-dupla, o peruano-carioca Javier Posada:
"O Brasil, brother, está de costas para a América
Latina."
Então eu bati um papo com o cara, que estava em Bogotá,
saindo de férias para o Brasil para saber como é essa
história.
FS: Você trabalhou no Brasil, estava bem em Portugal
e tinha proposta para ir para Miami. O que te motivou a trabalhar
num país como a Colômbia, que a gente conhece tão
pouco?
CM: Recebi a proposta para ser diretor de criação
em Bogotá porque estavam precisando melhorar a de direção
de arte. Como qualquer um, estranhei. Nunca tinha imaginado conhecer
a Colômbia, muito menos trabalhar. Fui convidado a conhecer
o país e a agência. E percebi um grande potencial.
Aqui temos todos tipos de clientes e boas idéias, só
falta trabalhar a parte gráfica. Na América Latina,
a Leo Bogotá é uma das maiores do grupo. Só
na criação somos 40, mais do que na Leo São
Paulo, por exemplo. Outro lado decisivo foi a cidade, ao contrário
do que todos pensam, é muito segura e bonita. Me sinto mais
seguro aqui do que em São Paulo.
FS: Como é o mercado colombiano?
CM: A forma de pensar é diferente. Quando cheguei, vi muitas
metáforas, anúncios com coisas que parecem coisas.
Para mim ainda esta muito difícil porque os fotógrafos
aqui não são tão bons como no Brasil. Mas estamos
fazendo alguns trabalhos com São Paulo e Rio.
FS: O que os caras acham de ter um brasileiro à frente
da equipe?
CM: Eles são super abertos. Além do futebol,
o Brasil é famoso pela direção de arte. É
impressionante como servimos de referência.
FS: A língua é uma barreira para você?
Como foi a adaptação?
CM: Isso é engraçado. Para nós brasileiros
é muito facil compreender o espanhol, mas isso não
acontece no sentido inverso. Depois de 3 meses aqui, isso já
não é um problema pra mim. No começo, o portunhol
ajudou muito. Além do mais, os colombianos são super-hospitaleiros,
como no Brasil. E o custo de vida é muito barato, compensa
muito financeiramente.
FS: É viável para um brasileiro, mesmo que
seja redator ou atendimento, trabalhar no mercado hispano?
CM: No caso do redator o que mais importa são as idéias.
Em 5 meses dá para aprender a língua. No caso do atendimento
penso que requer um pouco de espanhol desde o começo. Mas
nada que seja um grande problema, o que interessa é o talento.
Entonces, buena sorte, compañero!
PAPAI
NOEL ESCAFEDEU-SE
Ao que me consta, o Papai Noel, assim como o futebol carioca, o
ponto G e o mensalão segundo o congresso nacional, "só
existe para quem acredita".
Mas, de passagem por Londres, fui surpreendido por um jornal que
anunciava em sua manchete que o bom velhinho não só
andava mesmo por aí, como marcou bobeira, levou uns pipocos
e já estão até atrás dos margiranhas
que rechearam o gordinho com azeitona.
"A caçada pelo assassino do Papai Noel"! Uau. Rasguem
suas campanhas de Natal. Este ano não vai ter nada para ninguém.
NATAL,
ÉPOCA DE PERU E BACALHAU
Comer bacalhau, como se sabe, é quase um esporte nacional
português. Pois eis que eu estava no supermercado em Lisboa
e me deparei com esta pitoresca campanha do Bacalhau Dias: "Você
já pensou em comer o Dias?"
Eu não, obrigado.
ENCHENDO
LINGUIÇA
Eu não sei se vocês já perceberam, mas está
faltando assunto nesta coluna. Na verdade, estou de férias.
E já que o assunto é o ócio, queria falar de
uma coisa que ninguém falou: o sucesso do evento Umbigo de
Fora, no Rio, que tive a oportunidade de conferir.
Claro que esta é uma opinião totalmente parcial, já
que participei anteriormente deste festival de música-e-outras-paradas-que-os-publicitários-fazem.
Mas esta coluna não tem credibilidade nenhuma, então,
azar.
Enfim, foi legal ver que o festival não morreu, pelo contrário,
só cresceu.
Que
lotou, que novas bandas tem aparecido, que irmãos gêmeos
que foram separados no nascimento se reencontraram como foi o caso
do diretor de arte Marco Martins, da Agência3, e do guitarrista
do Mané Sagaz, cujo nome, as cervejas agora não me
permitem recordar.
Na verdade, agora sem as cervejas eu já nem acho os dois
tão parecidos assim. Tive até que dar uma manipulada
na foto para eles parecerem mais.
Parabéns galera do Rio que faz este mercado ser um dos mais
animados do mundo, parabéns bandas, parabéns artistas
que estavam expondo, parabéns Cara de Cão e Nova Onda
que mais uma vez patrocinaram o evento, parabéns Casa da
Matriz Produções que acreditou em todas as edições
do evento e, acima de tudo, parabéns Charles e Bassini.
N.R.:
"Ninguém falou" do Umbigo de Fora, Fabio? Não
esculacha! O Blog do Marcio não só falou do sucesso
como deu foto do Bassini e do Charles. Está vendo no que
dá dizer que não lê Blogs? Perdeu! Perdeu!
ACABOU
Olha, boas Festas aí para você, um ano novo de muito
trabalho, sucesso e, se Deus quiser, um hexacampeonatozinho, que
não ia fazer mal a ninguém.
Um abração!
Fábio
Seidl é redator da McCann-Erickson Portugal-
Dezembro2005)
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