Polêmica
na Shots
Portugal
também tem suas polêmicas. A da vez começou
com uma matéria sobre o país na última Shots
Magazine que causou desconforto nos portugueses e brasileiros deste
mercado.
A reportagem poderia ter dado espaço ao que país tem
de bacana: a recuperação gradual, a boa capacidade
de produção. O lado bom de ser novo e ter profissionais
de países diferentes.
Passou longe disso. Publicou críticas à economia,
ao mercado e que puseram em causa a quantidade de brasileiros que
trabalham aqui, usando números desatualizados. Se prendeu
em detalhes como o porquê dos brasileiros virem para cá
ou porque ganhamos mais, algo longe da verdade.
O criativo José Cabaço, moçambicano, 15 anos
de serviços à publicidade lusa, atual Wieden+Kennedy
EUA, foi entrevistado e colocou pimenta na conversa. Disse que o
país é provinciano, que não existem criativos
portugueses famosos e que sempre tem brasileiro nas equipes premiadas.
O semanário especializado Briefing rebateu através
do editor Rui Camarinha e do colunista Frederico Saldanha, português,
atual Grey Portugal e ex-DM9. Camarinha disse que "os melhores
criativos do Brasil não estão em Portugal" e
ressaltou a importância do país ter raízes.
Saldanha acusou Cabaço de arrogante e ridicularizou a importância
dada à questão da "fama".
Então vamos lá. É verdade: Lisboa tem muitos
estrangeiros. Mas Madrid, Paris, Amsterdã e Londres (terra
da Shots) também. E são ótimos mercados.
Outro fato: destes estrangeiros, alguns são bons, outros
nem tanto. Assim como há nativos que enganam e outros com
talento. No mundo todo é assim.
Portugal está longe de ser a Inglaterra, claro. Mas na opinião
deste recém-chegado, tem um potencial que ninguém
tem: além da identidade própria, consegue catalisar
a rica cultura latina e brasileira (publicitária e não
só) para a realidade européia.
E mais: essa discussão toda não vai servir pra muita
coisa. Eqüivaleria a dizer que as agências paulistas
são o que são por causa dos cariocas. Ou dos gaúchos.
Não é verdade. Mesmo que alguém achasse que
é...E daí?
É normal ter problemas. Mas a Shots não é a
lavanderia da roupa suja local. E como disse no artigo o brasileiro
Alexandre Okada, da Leo Burnett América Latina, o "patriotismo
criativo" já era. Aqui e no resto do mundo.
BIENAL DE DESIGN REPENSA A COMUNICAÇÃO
Está rolando em Lisboa a ExperimentaDesign, Bienal de Design
que vai até o fim de Outubro com 10 exposições
em diferentes locais da cidade.
Bem produzida, com um bom conceito e palestras disputadas. As com
Phillip Starck e a turma da fonthouse Emigré esgotaram os
ingressos com dias de antecedência (e Starck, curiosamente,
se recusou a falar de design e preferiu palestrar sobre a sua experiência
de vida).
A Estufa Fria, um Jardim Botânico indoor, foi o cenário
para a festa de lançamento e abriga a mostra "New Crafts,
New House" inspirada na vida caseira. Mais arte do que design,
mas bem humorada.
Tem peças como um despertador com joystick, para lutarmos
contra o tempo. Um relógio tipo cuco que informa as notícias
da hora. Um livro com uma tela oculta que passa pornografia, para
quem quer manter as aparências.
No CCB, espécie de CCBB lisboeta, está a mostra principal
e mais "publicitária". "Catalysts!" é
dividida em 4 temas: Acredite, Seduza, Informe e Comprometa-se.
Cada um questiona a atitude da comunicação visual.
Entram de sola, literalmente, ao fazerem as pessoas limparem os
pés num tapete escrito "Globalização"
e alertam, na entrada: "Designers, fiquem longe das corporações
que querem vocês para mintam por eles."
Ícones publicitários como a campanha do iPod (veja
a foto) foram subvertidos para questionar a guerra no Iraque. Campanhas
da Diesel e da Benetton são mostradas como exemplos de engajamento.
E no final, a mostra alerta: "o design e a publicidade só
se preocupam em encantar e ignoram o espírito critico."
Ponto para se pensar.
Saiba mais em: www.experimentadesign.pt
e www.catalysts.org
MARKETING
"OFF-SHOW"
Fim de verão e dos festivais de música que a rapaziada
gosta. Fui ver alguns e fiquei bem impressionado em ver como o marketing
entra nos eventos aqui.
Tinha ouvido muitas críticas negativas sobre a organização
dos shows anteriores, como por exemplo, o Super Bock Super Rock.
Ok, antes que venham as piadas sobre sexo oral, Super Bock é
uma cerveja. E o que foi motivo de piada mesmo é que em 2004...faltou
cerveja no festival!
Este ano, pós-Rock in Rio, os organizadores capricharam na
estrutura e atraíram muitos patrocinadores (e o problema
da cerveja foi resolvido com uma mega-área de alimentação
em todo o espaço do evento).
As marcas parceiras tiveram liberdade total para criar estandes
com atividades na área do evento, o que proporcionou muita
diversão "off-show".
A
MTV criou um lounge cercado de tendas indígenas (o tema era
"tribos") com DJs e jogos. Os shampoos Organics ofereciam
um trato no visual das meninas (e alguns malandros) com cabeleireiros
e maquiadores.
A Kellog's colocou rampas para bike e skate. A companhia de trens
CP, mini-futebol, churrasqueira, piscina...Mas o mais disputado
era o estande do provedor Sapo, com carrinhos bate-bate. Tudo isto
e muito mais, "di grátis".
No
Sudoeste, festival patrocinado pelos celulares TMN, a marca investiu
também na integração de seus produtos com o
evento. Era possível, por exemplo, mandar SMS e fotos dos
celulares direto para os telões. Quem cadastrava o celular
podia participar de promos relâmpago, "blind dates"
através do celular, quiz sobre as bandas que estavam tocando
e concorria a vários prêmios e mais serviços
para os celulares.
E quem não era da TMN? Aí estava o pulo do gato: eles
DERAM chips, já com créditos, para a moçada
não perder a farra. E depois, quem sabe, mudar de operadora...
Ano que vem tem Rock in Rio Lisboa . A briga por novidades promete.
RISING
STAR BRASILEIRO
O grupo FCB escolheu Lisboa para seu "Rising Star Program",
evento de formação com jovens profissionais de destaque.
Entre os 30 selecionados das agências da Europa e Oriente
Médio está um carioca. É Fabiano Bonfim (ex-Doctor),
diretor de arte e supervisor da FCB Lisboa.
PÁRA, PÁRA, PÁRA!
Como ele próprio diz: pááááára!
João Kleber em Portugal?
Sim. E faz MUITO sucesso com o pra lá de mal armado Teste
de Fidelidade, ou, na versão gravada aqui, "Fiel ou
Infiel?" .
Inventou aqui (aí tem isso?) a "Oração
da Bunda", versão calipígia do Pai Nosso, entoada
toda vez que aparece a boazuda que seduz os rapazes desavisados.
Já, já, a Igreja portuguesa
manda o adorador de "rabos", como se diz aqui, para o
inferno. E de volta para o Brasil.
O que eu não entendo é como eles esperam que a gente
acredite que, num programa com tanta audiência, as "vítimas"
não reconheçam a gostosa que dá em cima deles,
uma morena na rua chama a atenção até dos ceguinhos.
Outra coisa curiosa: ninguém fica pelado, mesmo depois de
2 horas com de esfregação com a popozuda.
Peraí que tem mais. Alexandre Frota... is back. Que beleza.
Agora todos os portugueses vão voltar a achar que todos os
brasileiros falam igual a ele. E gritar "Show de bola, caaara!"
sempre que nos virem. Da outra vez foi assim.
Depois de um reality show numa fazenda que terminou com ele beijando
na boca do Clodovil local; depois de vender seus filmes no Salão
Erótico de Lisboa; depois dos rumores que estava de nhémnhémnhém
com a Roberta Close daqui (a travesti Filipa Gonçalves)...Frota,
adivinha, está em outro reality show, agora, num quartel.
E no mesmo canal do João Kléber.
É a TV fanfarrona brasileira, tipo exportação.
ARREPENDIMENTO
PÚBLICO
Colaborador constante da coluna, "Vascão" Condessa,
da FCB, ataca novamente. Manda este anúncio que um cidadão
português colocou no jornal Público, um dos maiores
do país, no dia 9 de setembro:
"Pedido de Desculpa: Rogério Guimarães, eleitor
número 6823, situado em Caldas da Rainha, vem por este meio
pedir desculpas a todos os democratas por ter contribuído
com o seu voto para a eleição deste governo."
Se a moda pega no Brasil, os jornais vão faturar como nunca.
MARCA DO MÊS
Falando
em política, os jornais aqui deram bastante destaque para
as eleições na Alemanha, motor econômico da
União Européia. E eis que eu descubro de que um dos
partidos que mais se destacou por lá foi o...FDP!
Mas pensando bem, não foi só na eleição
alemã que só deu FDP.
A ÚLTIMA
Do criativo para o cliente que insistia em meter suas idéias
nas peças:
"O senhor, como criativo, é um marqueteiro bem mais
ou menos."
Fábio
Seidl é redator da McCann-Erickson Portugal-
Setembro/2005)
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