De volta ao básico
O
computador, como sabemos, foi uma invenção para deixar tudo muito
mais rápido na nossa vida. Na publicidade então, nem se fala.
A decisão de que vai haver virada de noite, por exemplo. Agora é
a jato.
E a reprovadinha das 6 da tarde? Sai voando. O cliente recebe o layout em um
PC qualquer, daqueles com monitor pequeno e descalibrado e, sem tirar a peça
do Outlook, dá um reply dizendo: “Nã-na-ni. Faz mais.”
Ouvi dizer que vão inventar um PC próprio para isso, ainda mais
veloz. Vem só com duas teclinhas: “Nã-na-ni” e a “Ok”
pro usuário nem perder tempo.
Bem, dá para apresentar o trabalho pessoalmente também. E já
repararam na velocidade que hoje se diz “troca-a-cor-do-fundo-aumenta-o-logo-mexe-na-foto-splash-no-preço-tudo-pra-hoje”?
Nem se compara com 15 anos atrás (aliás, não peguei essa
época, nem sei do que estou reclamando).
Pois bem. Aqui em Portugal, e em vários outros países, muitas
agências voltaram a usar o velho layout feito na munheca, por ilustradores.
O argumento, claro, não é a galhofa que eu disse aí em
cima.
É: “criativo custa caro e é pago para pensar, não
para manipular layout.”
A imagem que ilustra esta matéria, por exemplo, é de um trabalho
aqui da McCann.
Se o Marco Leal, diretor de arte da peça, tivesse que fotografar, pesquisar
no banco de imagens, separar e manipular tudo ia demorar uns dois dias.
Por isso ele fez este rascunho tosco em 2 minutos e mandou para o ilustrador
com as referências ele queria. Depois foi só ficar coçando
o saco dele e enchendo o do Léo Vilela, que fez a foto. Quer dizer, teve
mais tempo para pensar na direção de arte deste trabalho e em
outras campanhas também.
Talvez isso seja impensável para campanhas rápidas, como as de
varejo. Mas como é que se fazia o varejo antigamente?
Não é para encher a bola o Melo, o Rocha, o Benício e tantos
outros bons ilustradores. Mas será que não deixamos de lado métodos
que, hoje, podiam fazer a diferença para um trabalho pensado e caprichado?
CONSUMO RESPONSÁVEL
A Cerveja Sagres está colocando nas discotecas lisboetas testes, tipo
bafômetros, para os clientes saberem se estão dentro do limite
de álcool permitido por lei para dirigir.
A empresa também está distribuindo “alcoolímetros”
em forma de chaveiro para a moçada. Bacana.
COMO PINTO NO LIXO
Eduardo Storino (esquerda) e Fabiano Bonfim (direita), cariocas a serviço
da FCB Portugal, tiveram bons motivos para comemorar na última semana.
Fabiano, diretor de arte (ex-Doctor e GR3), em Portugal há cinco anos,
conquistou a supervisão de criação para a conta das Ceras
Johnson.
Já Storino, diretor de atendimento, abriu o Restaurante Armazém
22.
E não é por ser nosso amigo não, mas é bom demais.
Comida criativa e clima bacana. Para quem estiver por aqui, fica na Rua dos
Navegantes, 22, perto da Igreja dos Navegantes, em Cascais.
TUDO AZUL
Também sou leitor do Blue Bus, site irmão aqui do Janela (não
tem essa de “concorrente”). Gosto de como eles abrem espaço
para pessoas indignadas com o dia-a-dia da publicidade.
Este mês já pegaram no pé da DM9 com a Cia. Athletica, da
campanha da Almap para a VW (também comentada com entusiasmo na Janela)
e perturbaram até umas garrafas coloridas de uma promoção
da Coca-Cola.
A campanha da VW, de tão questionada, me fez baixar o filme na internet.
Tá bem, a campanha é polêmica. Mas não fala sério
e, claro, quem criou teve esta intenção. Este bafafá me
lembrou um título de uma nova campanha da Talent: “Não Gostou
do Comercial, Não Compre o Produto.” Fica mais fácil.
Mas a melhor de todas as questões foi colocada sobre as tais garrafinhas
plásticas multicores da Coca por um leitor.
"Garrafa de refrigerante tem que ser transparente! As pessoas gostam de
ver o líquido e se não tem nenhuma coisa boiando." Disse
o rapaz.
“Então as indústrias que fabricam latinhas vão ter
que criar latas transparentes!”, retrucou um outro. Genial.
BRASILEIRO À FRENTE DA LEO NA AMÉRICA LATINA
Depois de muitos comentários por parte do mercado e da imprensa portuguesa,
a Alexandre Okada, atual diretor de criação da Leo Burnett Portugal,
confirmou: aceitou a direção criativa do grupo para toda a América
Latina.
Okada, 33 anos, paulista de Bauru, veio do escritório da Leo em São
Paulo, onde era redator. Ainda no Brasil, passou pela Bates, Y&R, ADD e
DM9.
Em Lisboa, ganhou diversos prêmios, incluindo Leões em Cannes,
e colocou a agência entre as mais premiadas do Grupo Publicis no mundo
todo, disputando com marcas como Saatchi, Fallon e BBH.
Também é conhecido por ter participado no desenvolvimento da carreira
internacional de muitos brasileiros.
Está de mudança para Miami, onde já está o também
brasileiro Carsus Dias, diretor de arte com quem já trabalhou.
É o segundo brasileiro em atividade a comandar uma rede multinacional
no exterior. O outro é Márcio Moreira, diretor mundial da McCann
WorldGroup.
MELHOR QUE O SANTORO
O Clube dos Criativos de Portugal promove, como já ouvi dizer que acontecia
no CCRJ (aí, Alvinho, pode ser uma boa) pré-estréias de
filmes para publicitários.
Recebi convite para “The Life Aquatic with Steve Zissou”, comédia
no estilo dos “Tennembaum” com Bill Murray, William Dafoe, Cate
Blanchett e...Seu Jorge.
O cantor brasileiro (sempre me disseram que ele foi mendigo) rouba - e como
bom brasileiro, ainda mais ex-mendigo, tinha que roubar alguma coisa - a cena.
E deixa Rodrigo Santoro, no chinelo (Havaianas, claro, de quem foi garoto-propaganda).
Primeiro porque, diferente da estréia internacional de Santoro em “As
Panteras 2”, ele fala. Só 5 ou 6 frases, mas fala.
Depois porque ele além de falar, canta em cena. A trilha é baseada
em adaptações de músicas do David Bowie para o samba, em
português. É o merchandising da malandragem.
REGRAS SÃO REGRAS
O programa de TV com maior audiência em Portugal no ano passado (graças
a Alexandre Frota que até beijar na boca de outro, digamos, homem, beijou)
está de volta.
A Quinta das Celebridades 2 estreou domingo. Na abertura, a apresentadora explicava
as regras da fazenda onde se passa o reality show.
“Regra número tal: Não há eletricidade, exceto para
a equipe de filmagem....Regra número tal: Ninguém pode usar eletrodomésticos.”
Pensando bem, eu é que devo ter ligado no programa errado. Só
os Flintstones conseguem usar eletrodomésticos sem eletricidade.
A MARCA DO MÊS
Este
simpático quiosque estava na Feira Social, na Praça do Comércio
de Lisboa. A dita feira, bem família, tinha shows e stands sobre cidadania,
doação de sangue, etc.
E o que fazia por lá o “PORRAS”?
O estabelecimento, batizado com a palavra que, coisa rara, em Portugal quer
dizer a mesma coisa que no Brasil, servia churros, o que torna nossa imaginação
sobre como seriam tais produtos ainda mais (com trocadilho) fértil.
A propósito: “Farturas”, que também está no
letreiro, não tem coisa nenhuma a ver com a potência do dono do
quiosque. É só um melequê gorduroso espanhol.
A ÚLTIMA
A sociedade portuguesa está indignada. Os bandidos daqui mataram meia
dúzia de policiais em serviço. Não foi esta semana não.
Foi nos últimos 3 anos. Dois policiais por ano! É um absurdo.
Fábio
Seidl é redator da McCann-Erickson Portugal-
Março)
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