Publicada desde 15/07/1977.
Na Web desde 12/07/1996.
 
A Janela Internacional traz o que acontece na Europa, pelo redator Fabio Seidl.
Edição de Fevereiro de 2005
 

O Santinho, o Diabrete e o Marketeiro

A Revista Sábado, que em Portugal sai religiosamente todas as Sextas, resume como foram as campanhas eleitorais que terminaram esta semana.
José Sócrates (oposição, vencedor da eleição), o Santinho X Santana Lopes, atual Primeiro Ministro e…“Diabrete”.
As Eleições aqui não tiveram nada como um Duda x Nizan para o mercado ficar discutindo. Nem o clássico local entre o criativo brasileiro Edson Athayde X o português Pedro Bidarra, já que os dois não fizeram campanhas.
Foi uma briga diferente, da propaganda comportada de Sócrates que, disparado nas pesquisas pouco se expôs, contra a “polêmica” de Santana, assinada pelo brasileiro Einhardt Jeróme da Paz.
Einhardt é cunhado de Ciro Gomes, para quem fez a última campanha para a Presidência do Brasil. E pegou aqui um candidato desgastado e difícil.
Para se ter uma idéia, Santana começou a campanha insinuando que o adversário era…. gay! Se valeu do fato de Sócrates (40 e poucos anos, solteiro) ter dito numa entrevista ser a favor da legalização do casamento entre homossexuais.
A militância caiu na pilha e foi pixar “gay” nos outdoors de Sócrates. Ficou feio.
Einhardt, por sua vez, tentou convencer o eleitorado de que Santana era um homem de coragem e Sócrates, inexperiente. E com o pouco tempo e o problema que tinha para resolver, foi pra luta aberta.
Espalhou cartazes com a foto de Sócrates (!) e perguntando: “Conhece Ele? Que Obras Já Fez?”. Depois, colocou fotos de Sócrates e políticos controversos do seu partido desafiando: “Quer Mesmo Que Eles Voltem?”
Uns amaram, outros odiaram, mas Einhardt, deixou claro que não está nem aí: “Quem deve gostar de mim são meus filhos e meus clientes”. disse ele em entrevista ao Meios e Publicidade, que o colocou na capa como “O Sr. Marketing Político”. Depois das eleições, revela, vai procurar clientes fora da área política.

CURIOSIDADES DA ELEIÇÃO PORTUGUÊSA
- PALHAÇADA: Logo que a campanha eleitoral começou, TODOS os candidatos apareceram com narizes de palhaço colados nos outdoors.
- VOTOU EM QUEM?: Diferente do Brasil, aqui se vota só no partido. Cada partido tem uma lista de nomes em ordem de importância. Ou seja, se o partido tem poucos votos, só entra o número 1 da lista, se tem mais, entram os a seguir… E, não, a maioria dos eleitores não sabe direito quem está nessas listas.
- PERDE, MAS LEVA: Se um candidato a Primeiro Ministro perde a eleição mas o partido foi bem votado, ele se elege. Só que como deputado.
- TERCEIRO MUNDO: Vi mais de uma vez: quando a imprensa quer detonar um partido diz que está fazendo “política de terceiro mundo”. Exemplo: dar camisetas e bonés é 3º mundo. Pensando bem, é mesmo. Mas como é inverno, aqui deram cachecóis. E os jornais disseram que era chique.
- DINDIN: Os deputados aqui, com custo de vida Europeu, ganham 2 mil Euros, menos de R$ 8 mil. No Brasil, ganham R$ 13 mil. E tem uma proposta na câmara brasileira para aumento de salários para mais de R$ 17 mil, fora os benefícios, que aqui também são mais modestos.
- O MEU NOME É MANUEL: Não entendo como eles conseguem fazer uma eleição séria sem candidatos do naipe de Enéas ou Marronzinho. E sem nomes esquisitos como “Waleska do Açaí Cremoso”. O máximo que teve aqui foi um Manuel Alegre, respeitadíssimo. Sem graça.

GREY PORTUGAL REFORMULA E APOSTA EM TICO
Tico MoraesA Grey, que no dia 7 passa a fazer parte do grupo WPP, passa por reformulações em vários países.
Em Portugal, a agência ainda no ano passado foi buscar o premiado diretor de criação Frederico Saldanha, que é português e estava em São Paulo na UpGrade e, antes, na DM9.
Agora foi a vez de Saldanha apostar num brasileiro. O diretor de arte carioca Tico Moraes sai da Leo Burnett Portugal para ser supervisor de criação por lá.
Tico, apesar de algum tempo afastado do Brasil, ainda é muito lembrado pelos amigos que fez em agências do Rio como a Mental Mark, Doctor, McCann, a própria Grey e a VS.
Foi um dos “pioneiros” na vinda de criativos brasileiros para Portugal, convidado, na época, para a agência em que o próprio Frederico Saldanha era sócio, a Edson. Boa sorte, Tico!

NA CONTRAMÃO
Aliás, a criatividade portuguesa vai ficando menos verde-e-amarela. Do meio de 2004 para cá, 10 criativos brasileiros deixaram Lisboa. Poucos chegaram.
E antes que digam que foi alguma coisa pessoal com este missivista: a maioria recebeu convite de agências brasileiras e até americanas.

PORTIFAS
Graças a Deus, já que mostra que alguém lê esta joça, tenho recebido muitos portifolios por email.
O problema é que alguns não consigo abrir e outros não tive tempo, nos últimos dias, de ver. Então, além de pedir desculpas, quero tentar facilitar a vida de quem manda e quem recebe (este sou eu).
Façamos assim: por favor, não mandem os trabalhos direto pro email da coluna (que só acesso como webmail).
Mandem um email antes pra gente trocar uma idéia e ver como eu posso fazer para ajudar. Podem ter certeza, eu vou responder. Beleza?
Pra já só tenho uma dica não muito nova, que até saiu em outros sites. A FCB Portugal (ainda) está vendo pastas de diretores de arte. Para se informar como mandar os trabalhos escreva para: mbarbosa@lisbon.fcb.com.

A MARCA DO MÊS
Estive no Rio mês passado, de férias, e acabei vendo uma maneira diferente e arrojada de se fazer marketing de pizzaria.
Eu já tinha pedido pizza uma vez na O FORNO e tinha me chamado a atenção um bebê gigante/garoto propaganda nas embalagens da marca. Tanto que meus amigos apelidaram o restaurante de O BEBÊZÃO.
Só que eu descobri agora que o tal neném-godzila (filho do dono, por suposto) desapareceu. Pelo menos, deu lugar para uma idéia de outro mundo.
Agora, as embalagens da O FORNO que, vejam vocês, foi fundada na intergalática Varginha (MG) trazem alienígenas e os seguintes “dizeres”: “Essa você vai ET que provar. “

OK, TUDO BEM
Tá, eu tenho uma Marca do Mês daqui também. É a 20th Century Fox portuguesa, ou quem quer que represente o estúdio por aqui.
Com ela pude me certificar que problemas na tradução de nomes de filmes não são um privilégio brasileiro.
Eu já tinha visto, por exemplo, que o bom “Adaptation”, de Spike Jonze (no Brasil, Adaptação), aqui chama-se INADAPTADO.
Mas agora meu amigo Carlos “Ia” Murad, da Leo Burnett, foi ao site luso da Somlivre (somlivre.pt) e descobriu que o “White Man Can’t Jump” (Homens Brancos Não Sabem Enterrar), em que Wesley Snipes e Woody Harrelson são jogadores de basquete de rua, aqui chama-se…BRANCO NÃO SABE METER.
A Janela Internacional só não apurou se a comunidade africana em Portugal se privilegiou deste tipo de propaganda na época do lançamento do filme.

CHAMA O ÔMI
Um puto (calma, um rapaz...) liga para agência pedindo um estágio e a telefonista, claro, usa o procedimento padrão quando não se sabe o que fazer com uma ligação: passa para a criação.
Atende o diretor de arte, que me contou a história.

RAPAZ: Oi, é que eu queria um estágio e...
DIR: ARTE: Olha, neste caso, tens que falar com..
RAPAZ: O Léo! Ele está?
DIR. ARTE: Ahn, acho que não tem nenhum Léo aqui na criação...
RAPAZ: Como não? E o Senhor Leo Burnett?
DIR. ARTE: CUMA?!
RAPAZ. O Senhor Leo Burnett!! Ele está?
DIR. ARTE (que pelo menos foi sincero): Olha...se você quer falar com o Leo Burnett....eu tenho uma notícia triste... ele...morreu!

Quem quase morreu também, do coração, foi o garotão.

A ÚLTIMA
É sacanagem chamar a menina de Nazarelli.

Fábio Seidl é redator da McCann-Erickson Portugal- Fevereiro)