Publicada desde 15/07/1977.
Na Web desde 12/07/1996.
 
A Janela Internacional traz o que acontece na Europa, pelo redator Fabio Seidl.
Edição de Novembro de 2004
 

A Janela vai a Paris

Publicis ParisPUBLICIS PARIS INOVA
Este missivista teve a oportunidade de conhecer as novas instalações da Publicis Paris, na Champs Elysées. Impressionante.
Não bastando a agência ter seus 10 andares em frente ao Arco do Triunfo e dar vista pra Torre Eiffel, comprou e reformou a área comercial do prédio.
O resultado é a Publicis Drugstore (havia uma farmácia nesta galeria): 3 andares com 3 cinemas; lounge bar; banca com jornais e revistas do mundo todo; quiosques “fashion”, de maquiagens e perfumes; delicatessen e 2 livrarias (uma, temática, de design).
Não acabou: tem um espaço só de artigos para computador (Mac, claro); megaloja de vinhos, galeria de arte e estúdio de rádio, tipo FM Hall. Ah, e a tal farmácia.
Se o objetivo de uma agência é ligar sua imagem à vanguarda e ao bom gosto, golaço da Publicis, que faz isso colocando dinheiro em caixa.
Quase comprei umas coisas lá, mas seria contra os meus princípios. As agências é que me dão dinheiro. Não o contrário.

PARIS 2012
Eu sou um dos que achou que o Rio, com todos os problemas, tinha (na época) apelo para sediar as Olimpíadas de 2012. Mas entendi melhor a eliminação quando soube mais sobre a candidatura de Paris, que tem um marketing bem diferente:
Paris 2012 - Dizem que não precisam de tanto dinheiro. Já organizaram uma Copa, não tem problemas de estádios, nem estrutura (transportes, etc).
- Aliás, eles já são o pais que mais recebe turistas no planeta.
- Ao invés de locais fechados, os jogos iriam interagir com a cidade. Afinal, como já dizia o filósofo Beto Jamaica, o que é bonito é para se mostrar.
- O hipismo, por exemplo, seria no enorme jardim da Torre Eiffel.
- A maratona sairia do Arco do Triunfo.
- O Rio Sena seria aproveitado para competições como o remo.
- A ginástica e a esgrima seriam debaixo dos tetos de vidro do imponente Palácio das Nações.
E por aí vai. Mesmo com a pressão de Londres, aposto um sanduba que eles levam. Mas nada de baguete, um do Cervantes.

TBWA/iPodOS MELHORES DO ANO
A revista Creativity, da AdAge, fez o cruzamento dos principais prêmios internacionais de publicidade: Cannes, Clio, D&AD, Art Directors, One Show... estão fora Londres e NY Festivals.
Aplicou lá um correto critério de pontos (Cannes tem um peso maior, os outros se equivalem) e saíram os Top 10 de 2004. O resultado é que trouxe, pelo menos para este amigo, duas surpresas.
Uma: a campanha mais premiada do ano é a do iPod, da TBWA Los Angeles.
Outra: o Brasil só pegou uma vaga entre todos os Top 10, com os outdoors da Almap para a Veja (Bin Laden/Saddam/Bush/Fidel). Japão e Singapura, por exemplo, pegaram 3.
No mais, o filme “Engrenagem” da Wieden+Kennedy UK para Honda teve o melhor desempenho, superando o GP de Cannes, Montanha, da TBWA UK para PS2. “Policiais”, da DDB London para VW venceu em press/outdoor.
A Crispin Porter Miami foi a melhor agência; Nike, o cliente e a Partizan, a produtora. A TBWA é o rodo, digo, a rede do ano.

MAIS BRASIL
Nas últimas edições falamos dos criativos cariocas que estão aqui, das agências brasileiras e personalidades que frequentaram a mídia. Faltava falar das produtoras que estão no Rio e trabalhando em Portugal.
Aos poucos, o mercado europeu, principalmente Portugal, vem utilizando o talento do Brasil nesta área. Aliás, a mais competitiva de todas.
Não é novidade para os cariocas que a Platinum de Leo Vilela tem feito fotos e manipulações para agências daqui. Mas vários prêmios depois, o trabalho vem chamando mais a atenção e o estúdio vem trabalhando para clientes como a Optimus (celular), a petroleira Galp, Shopping Amoreiras e Cerveja Coral.
A Sentimental Filmes, que este ano passou a ser representada no Rio (que ainda tem a vantagem de ser o paraíso das locações), também vem ganhando espaço nos filmes. Filmaram para o Guaraná Antarctica e para o tradicional vinho do Porto Sandeman.
Na área de animação, por enquanto, só paulistas, que emplacaram duas campanhas famosas: a Casablanca com a do provedor Sapo e a Vetor Zero com a linha infantil da Olá (Kibon).
Resta saber se teremos brasileiros atuando aqui na área de rádio. Se o sotaque atrapalha nos spots, a musicalidade ajudaria nos jingles e trilhas.

PenacovaPRODUTO DO MÊS
De volta à Lisboa, escolho meu produto favorito do mês: a Água PE-NA-COVA.
Além da relação da marca com a macabra expressão brasileira, outro detalhe merece atenção. É a promessa da “eterna pureza da serra do BUÇACO”. E eu nem sabia que o Buçaco era lugar de pureza.

TELEMARKETING BY-THE-BOOK WORLDWIDE
O Marcio Ehrlich colocou na Janela uma nota descascando os atendimentos automáticos no Brasil. Bem, parece que telemarketing é a mesma coisa no Brasil, aqui em Portugal ou em Burkina Faso. Segue-se um livrinho e pronto.
Outro dia mesmo me ligaram perguntando não sei o quê. Lá pelas tantas a menina com voz de robô (que aqui, pelo menos, não fala ”estarei fazendo o encaminhamento” entre outros gerúndios), pergunta:
- O senhor acessa a internet de casa e/ou trabalho?
- Sim. Tenho acesso a internet.
- E acesso a computador, o senhor possui?
- Perdão?
- O senhor tem acesso um computador...?
Não perdoei.
- Não!
O que vai acontecer com este questionário eu não sei. No mínimo, vão descobrir o “incrível cliente que acessa a internet de casa e/ou trabalho sem o computador.” Ou não, o que seria pior.

A ÚLTIMA
Vem aí o fim do ano e o verão brasileiro. E com eles, incentivos ao turista internacional através de campanhas publicitárias e pacotes.
Neste momento, Santa Catarina, Pernambuco, Bahia, Ceará e Alagoas estão na mídia e nas vitrines das agências de viagens da Europa.
Do Rio, capital do Reveillón e do Carnaval, nada. Ou sobra dinheiro no Estado, ou o pessoal tem medo que falte leito nos hospitais.

Fábio Seidl é redator da McCann-Erickson Portugal (e candidato a picolé no inverno lisboeta)- Novembro)