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Na Web desde 12/07/1996.
 

Marketing & Publicidade - Edição de 06/MAR/1988
Marcio Ehrlich

 

Esta edição da coluna "Marketing & Publicidade" foi publicada originalmente no Jornal do Commercio do Rio de Janeiro.
O seu conteúdo foi escaneado e transcrito para ficar à disposição de consultas pela internet.

Fábio e Brandão, 1ºs no Rio.

Fábio Fernandes (1988)
Fábio Fernandes foi o redator mais premiado pelo Colunistas-Rio.

O redator Fábio Fernandes e o diretor de arte Paulo Brandão, ambos da Artplan, foram os criadores mais premiados no 7º Prêmio Colunistas-Rio, e receberão, durante a festa de entrega da premiação, seus diplomas do "Prêmio Rogério Steinberg", concedido pelos organizadores do Colunistas­Rio para os profissionais de criação que maior número de pontos tenham somado através dos seus trabalhos.
Para este levantamento, a secretaria do Colunistas considera 7 pontos para a conquista de um Grande Prêmio, 5 pontos por um Diploma de Ouro, 3 pontos por um Diploma de Prata e 2 pontos por um de Bronze.
Dentro deste critério, curiosamente Fábio Fernandes e Paulo Brandão alcançaram o mesmo índice: 60 pontos em 13 trabalhos. Só que o redator por 2 Grandes Prêmios, 7 Ouros, 3 Pratas e 1 Bronze, enquanto que Paulo Brandão por 1 Grande Prêmio, 9 Ouros, 2 Pratas e 1 Bronze.
Também receberão, como redatores, seu diploma do Prêmio Rogério Steinberg os criadores Mauro Matos, da Contemporânea, que ficou com um excepcional segundo lugar ao alcançar 59 pontos (1 a menos que Fábio Fernandes), com 2 Grandes Prêmios e 9 Diplomas de Ouro; e Marcos Silveira, da Artplan, chegando em terceiro com 38 pontos, obtidos por 7 Diplomas de Ouro e 1 de Prata.
Entre os diretores de arte, o segundo lugar ficou com Cristóvão Martins, com 54 pontos conseguidos por seus diplomas em 2 Grand Prix e 8 Ouros. E o terceiro, que também dará direito ao Prêmio Rogério Steinberg; ficou com Júlio Shimamoto, da Thompson, ao alcançar 15 pontos em 2 Diplomas de Ouro, 1 de Prata e 1 de Bronze.
O caráter mais exigente do júri, este ano, fez com que as demais posições ficassem muito pulverizadas. Mas vale registrar que chegaram em 4º lugar o redator Fred Coutinho, da Provarejo, com 18 pontos (3 Ouros e 1 Prata) e o diretor de arte Carlos Garcia, também da Provarejo, com 13 pontos (por 2 Ouro e 1 Prata). E em 5° das dezenas de outros profissionais premiados, conseguiram brilhantemente chegar o redator Nei Leandro, da Salles (15 pontos, com 3 Ouros), e o diretor de arte Rogério Cavalcanti, da Giovanni (12 pontos, por 4 Prata).
A festa do 7º Prêmio Colunistas-Rio está marcada para o dia 8 de agosto, no Hotel Intercontinental, quando estes criadores serão homenageados pelo mercado carioca.

Agências em Minas vivem a crise por atender o governo.

A publicidade mineira, que, para compensar a falta de grandes anunciantes na região, depende tanto das contas dos governos estadual e municipal, não conseguiu sair do clima de guerra desde que Newton Cardoso assumiu. As últimas de lá, contadas pelo Edison Zenóbio, do Estado de Minas, são que a Hoje (do presidente do Sindicato de Agências local, Hamilton Gangana) deixou o pool de quatro agências que formavam a MG-4, criada por ela mais a Asa, Facta/Agnelo (União da Facta com o publicitário paulista Agnelo Pacheco) e a JMM, especialmente para atender ao governo.
E a Facta/Agnelo, mesmo tendo até ganho prêmios para a campanha do Bemge — "Nem tudo que sobe cai"-, perdeu a conta por desavenças com o presidente do banco, José Luís Rocha. A notícia é surpreendente, pois se imaginava que Agnelo teria um acesso fortíssimo a Newton Cardoso. Ao que parece, não tinha.
O Bemge, além de no meio do processo, passar a ter o jornalista Demostenes Romano como seu superintendente de marketing, agora está com agência nova: a SMP&B, sucessora da Standard no mercado mineiro, e que já foi por três vezes Agência do Ano naquelas gerais.

Contemporânea pega Vereza como reforço

José Guilherme Vereza (1988)
José Guilherme Vereza trocou a Denison pelo desafio criativo da Contemporânea.

A Contemporânea acaba de levar para sua supervisão de criação o experiente e premiado redator José Guilherme Vereza, que estava como diretor de criação da Denison-Rio.
Vereza, conforme noticiado aqui em 1987, quando da cisão entre a Denison-Rio e a Denison-São Paulo, deveria receber inclusive participação acionária naquela agência, mas não resistiu à proposta de trabalhar na Contemporânea, atraído pelo pique criativo que a agência vem desenvolvendo desde a sua fundação (este ano foi a segunda mais premiada do Colunistas-Rio).
A contratação de Vereza, explica Mauro Matos, diretor da Contemporânea, faz parte da nova linha administrativa da empresa, de aumentar seus investimentos em pessoal, principalmente na criação, para manter o nível de qualidade que o próprio mercado espera da agência, nos trabalhos de todos os clientes.
Agora, na criação da Contemporânea, Mauro Matos fará o papel de "libero", ficando as duplas de redator e diretor de arte compostas, respectivamente, por José Guilherme Vereza e Cristóvão Martins, Arnaldo Rozencwaig e Wilson Nobrega, e Marcio Pereira e Tarcísio Dantas (ex-DM-9).
Um bom exemplo desta nova fase da agência é a campanha de lançamento da "Overconta Bozano, Simonsen". É o primeiro trabalho da dupla Arnaldo-Wilson, que sob a direção de criação de Mauro, valorizou as páginas de jornais desta semana, com o bem sacado "Tira da conta e põe no open. Tira do open e põe na conta...". A Contemporânea não só fez a campanha, como criou o nome do produto, fechando tudo com uma assinatura que é definitiva: "A Conta-Corrente que rende".

"Tira da Conta e põe no Open", da Contemporânea para Bozano, Simonsen

Souza Cruz testa mais Lucky Strike.

Após 120 dias de testes na região de Campinas — cidade considerada atualmente como um dos melhores mercados-piloto de novos produtos —, a nova marca de cigarros Lucky Strike está sendo introduzida no mercado de São José do Rio Preto pela Souza Cruz, para uma nova avaliação do produto, antes de estendê-lo para o restante do País.
Em Campinas, a marca foi lançada na versão Box, ao custo de Cz$ 42,00, buscando principalmente as classes A e B. Agora, em Rio Preto, Lucky Strike está sendo testado nas versões Box e Maço, este ao preço de Cz$ 30,00. Segundo o primeiro levantamento efetuado através de pesquisa de mercado, os fumantes rio-pretenses estão aceitando bem a nova marca, comprovando o resultado conseguido inicialmente em Campinas.
Lucky Strike é um cigarro "full flavor", com ponteira de cortiça, e oferece a promessa de uma mistura entre o sabor do fumo e a suavidade ao mar.
A chegada de Lucky Strike ao Brasil está sendo marcada por uma campanha publicitária com o tema "A Ousadia de Ser Livre", composta por filmes de 60 e 30 segundos para televisão e cinema, spot para rádio de 30 segundos, anúncios em jornais, além de uma extensa linha de material de ponto de venda, outdoor e backlight.
Além disso, um grande esforço promocional também está sendo realizado através de uma equipe de promotores, utilizando motos e veículos de apoio, que circulam por pontos estratégicos das cidades, fazendo distribuição gratuita do produto em embalagens de 4 cigarros, o que permite prever a transformação deste lançamento num dos mais importantes do mercado brasileiro no ramo.

Aba continua na luta pelo direito de anunciar.

• Marcos Felipe Magalhães

A base do trabalho da Aba para os próximos dois anos será no sentido de garantir a liberdade de anunciar e de aumentar a eficiência da propaganda.
A posição da Aba é a de defender a total liberdade de anunciar, como um direito fundamental de toda a empresa, legalmente constituída e de todo o produto legalmente fabricado e comercializado.
Nesse sentido, a Aba é contra toda e qualquer forma de censura, seja de caráter público ou privado, e sua atuação sempre será no sentido de fazer valer esse direito do anunciante, que se equivale ao direito de livre expressão do cidadão.
A contrapartida da total e absoluta liberdade do anunciante deve ser a equivalente total e absoluta responsabilidade por sua propaganda. Nesse sentido, a Aba é signatária do Código Brasileiro de Auto-Regulamentação Publicitária e fundadora do Conar, órgão que administra o cumprimento do Código.
Como signatária do Código, a Aba acredita que este é o único instrumento normativo que os anunciantes devem seguir, acatando suas determinações e respeitando as decisões dos organismos criados pelo Conar para avaliar e julgar qualquer pendência na área de propaganda.
A Aba não acredita na eficiência de qualquer normatização de caráter oficial para a propaganda e é radicalmente contrária a qualquer tentativa de limitar, reduzir ou cercear a liberdade de anunciar por parte da legislação. Experiências internacionais indicam que a melhor alternativa tem sido a da Auto-Regulamentação e, por isso, esta é a alternativa defendida pela Aba.
Com relação ao segundo aspecto da plataforma da entidade para 88/90 — a eficiência da propaganda — o objetivo será o de maximizar o retorno que o anunciante tem de suas aplicações publicitárias, contribuindo para que as empresas melhorem sua performance no campo da propaganda.
Para isso, a Aba vai trabalhar pela maior aproximação entre anunciantes, agências, veículos, produtoras e fornecedores, pela melhoria do padrão profissional dos executivos de propaganda dos anunciantes, pelo desenvolvimento de pesquisas e estudos sobre a ação da propaganda na sociedade pela disseminação das novas tecnologias publicitárias.
* Marcos Felipe Magalhães acaba de ser reeleito para presidir, por mais dois anos, a Aba — Associação Brasileira de Anunciantes. Ele é, também, diretor das Organizações, José Alves, fabricante da Coca-Cola em Goiânia.

MKT MIX

Free vence disputa pela Carbras Mar

Depois de uma concorrência publicitária que envolveu inclusive grandes agências, a Carbras Mar, uma das maiores fabricantes de barcos do país, decidiu entregar a sua conta para a Free, agência do criador Paulo de Tarso. E diz ele que o objetivo da Carbras Mar, para este ano, é disputar mais agressivamente o mercado, dando uma boa retomada na sua presença como anunciante.
A Free cuidará tanto da criação como da veiculação das novas campanhas da Carbras Mar.

Mais um Ministério abre concorrência.

No próximo dia 14, em Brasília, abre-se mais uma chance para as agências que têm lobby no Ministério da Educação conseguirem uma parte de sua conta. É que às 9 horas será aberta a concorrência Pública nº 001/38-DA/DMP/MEC, para contratação de "empresa para a execução de serviços de divulgação, publicidade, programas e campanhas promocionais, inclusive estudo, planejamento, criação, produção, distribuição, divulgação, veiculação e controle, a serem prestados ao Ministério da Educação, seus órgãos e entidades vinculadas e subordinadas".
Para informação dos interessados, o presidente da Comissão de Licitação será Ivo Borges de Lima, e os demais membros serão Aldo Vinholes Magalhães, Dante Teixeira Maciel e Maria das Graças Barbosa de Andrade.

CURTAS

• O Brasil não conseguiu emplacar nem um finalista no Festival de HoIlywood, cujos resultados serão divulgados na próxima semana. A Inglaterra e o Japão, dos países estrangeiros, lideram a corrida com 17 finalistas cada. O Canadá colocou 7, e em terceiro ficaram a Austrália, França e Itália, com cinco cada. Até Singapura e Noruega conseguiram ter seus representantes no short-list do festival.
• O redator Classir Scorsato, conhecido nas bandas do Rio, está agora agitando em Curitiba. É o novo diretor de criação da JJ Comunicação, fazendo dupla com o argentino Elio Palumbi, ex-McCann.
• Outro que deixou o Rio foi Renato Loes, em direção à McCann de Atlanta, EUA, onde já está integrando o grupo responsável pelo atendimento da conta internacional da Coca-Cola.
• A revista Bolsa passou de semanal para mensal. Com a loucura da economia brasileira refletindo numa loucura maior da Bolsa de Valores, e com os custos astronômicos para se colocar uma revista em circulação, não devia estar sendo fácil para a Bolsa sair com 4 edições mensais.
• A Globo Computação Gráfica é que está cuidando da produção das novas vinhetas que abrirão as programações da Rede Globo em 1988. Até o Jornal Nacional terá nova abertura, feita pela equipe de José Dias.
• A Timing Desenvolvimento Organizacional vai realizar no próximo dia 11, sexta-feira, no Leme Palace Hotel, mais um Seminário de Administração de Tempo, destinado a executivos e empresários interessados em aumentar a eficácia pessoal e gerencial através do melhor uso e administração do tempo. O apresentador do seminário é Boris Drizin, diretor da Timing, e as informações podem ser conseguidas pelo telefone (011) S75-1180, em São Paulo.
Fios Dentais Johnson's• A Johnson & Johnson distribuiu, no mês de fevereiro, mais de um milhão de amostras de seus cinco tipos de fios dentais, em anúncios de página dupla com o titulo "Escolha o tipo que mais se adapta a você". A empresa está investindo fortemente na área de educação da higiene bucal, criando até novos produtos para aproximar as crianças da prática de escovar os dentes. A última novidade da J&J é a escova Johnson's Jr. com aroma de cereja, morango, uva ou tutti-frutti. Que pena que no tempo da gente isso não existia...
• Humberto Saad está com mais uma linha de produtos licenciada: calçados, que terão a marca Dijon. Quem vai fabricá-los é a Flama, do Rio Grande do Sul, que já faz a conhecida Francesinha. A empresa lançaria desde chinelos esportivos de PVC a sapatilhas femininas de tecido, numa produção que deverá atingir em torno de 100 mil pares por mês.
• Phydias Barbosa acaba de lançar a edição 88 de seu excelente Guia de Produção, com uma extensíssima relação de profissionais e empresas envolvidos com a produção de RTVC e fotografia no Brasil e nos Estados Unidos. É um guia imperdível para quem trabalha na área, e pode ser conseguido solicitando à Rua da Matriz, 33/301, Cep 22261, Rio — RJ, ou pelo telefone (021) 246-9553.
• A Sir Som e Imagem estará patrocinando a apresentação dos filmes publicitários premiados no 34º Festival de Cannes de 1987, no dia 21 de março de 1988, no Copacabana Palace, às 20 horas. A realização é do Clube de Criação do Rio e da Promocine, e as informações de como conseguir convites podem ser obtidas no Sir/Rio, pelos telefones 205-7148 e 205-2997.
• Alexandre Accioly e Gabriel Paz convidam para o coquetel de lançamento do 1º Festival da Criança, que será realizado dias 6 a 10 de julho, no Riocentro, numa promoção do jornal o Globo. No coquetel, dia 7 próximo, será explicado o que pretende ser este evento que os organizadores esperam "entre para o calendário de férias do Rio".

CONTOS & CONTAS

Genilson Gonzaga

O dia em que Sarney não veio.

O Brasil inteiro se emocionou e comoveu com as cenas do resgate das vítimas do desabamento de um prédio no bairro carioca da Abolição, no último domingo. Todos assistimos apreensivos os esforços heroicos dos bombeiros e do pessoal da Defesa Civil para encontrar e salvar as pessoas que ainda estavam vivas sob aquele monte de escombros.
No dia seguinte, almoçando com o publicitário Paulo de Tarso, titular da Free Propaganda, ouvimos uma afirmativa com a qual concordamos prontamente: o grande ausente naquele cenário de dor e solidariedade foi o presidente Sarney.
Nenhum brasileiro desconhece que os índices de popularidade do presidente são baixíssimos, senão negativos. E de se concluir, portanto, que a assessoria presidencial deveria estar procurando todas as formas possíveis para reverter esse quadro. Mas perdeu uma excelente oportunidade de dar à imagem de Sarney um reforço positivo tão importante quanto os dividendos políticos que traria.
Sarney naquele dia (ou naquela noite) tivesse tomado um avião e vindo ao Rio para acompanhar in loco os trabalhos de resgate das vítimas, juntamente com seus ministros, teria provavelmente ganho mais em termos de imagem do que quando anunciou o Plano Cruzado, de triste memória.
Quantos publicitários e profissionais de marketing não estariam esfregando as mãos se lhes surgisse a possibilidade de criar para seus clientes um anúncio de oportunidade tão grandiloquente? Pois os assessores presidenciais não tiveram a mínima sensibilidade e deixaram escapar a chance de compor um case primoroso. E mais, de faturar para o presidente mais do que o suficiente para cobrir o prejuízo em termos de imagem que vem se acumulando nos últimos tempos. Mas, certamente, nem se deram conta da importância do momento. E o que é pior, mesmo que Sarney tivesse demonstrado o desejo de vir ao Rio, provavelmente procuraram dissuadi-lo, argumentando com temores infundados de possíveis hostilidades.
Paulo de Tarso está convicto — e concordamos plenamente — que se o presidente tivesse estado na Abolição, na madrugada de segunda-feira, teria ganho tanto em admiração popular que hoje, e decidisse enviar mensagem à Assembleia Constituinte sugerindo um mandato de seis anos ganharia com facilidade.
Perdeu a chance, por que os profissionais que o assessoram em questões de comunicação e marketing não vislumbraram o óbvio.
Mas, vá lá. Admitamos que seria muito difícil a vinda ao Rio naquele momento, apesar de todos os recursos de transporte com os quais um presidente da República pode contar. Ainda assim, Sarney não poderia se furtar a uma visita às vítimas, no hospital. Mas também não fez isso.
Ele não fez. Mas outro, fizeram. Na quinta-feira, a apresentadora Xuxa foi ao Hospital Salgado Filho para visitar as crianças salvas do desabamento. E contabilizou os lucros gerados pela alegria dos "baixinhos", que enterneceu os marmanjos.
É assim que se faz o marketing da imagem. Mas, infelizmente para o presidente, seus assessores não sabem disso. E, pelo andar da carruagem, não vão aprender nunca.

• Marcus Neves (interino).