Janela Publicitária    
 
  Publicada desde 15/07/1977.
Na Web desde 12/07/1996.
 

Janela Publicitária - Edição de 04/JUL/1997 - Espaço da Promoção
AMPRO-Associação de Marketing Promocional

 

Esta coluna era integrante da Edição Mensal Especial da Janela Publicitária, publicada no jornal Monitor Mercantil.
O seu conteúdo foi escaneado e transcrito para ficar à disposição de consultas pela internet.

O tema e a indignação são os mesmos

Volto hoje ao mesmo tema do Espaço da Promoção do mês passado: a especulação de que as agências de marketing promocional têm sido vítimas, a partir do comportamento antiético e promocional de algumas empresas, que solicitam planejamento, criação, orçamento etc., e depois não concretizam o negócio e nem nos remuneram pelo exaustivo e dispendioso trabalho.
Para não ficar apenas na discussão institucional do problema, vou reproduzir dois episódios concretos que me foram relatados, omitindo, naturalmente, os nomes da agência e do cliente.
CASO 1 - A agência recebeu um briefing sobre uma campanha de incentivos. Cinco pessoas da equipe - profissionais de arte, criação e planejamento ­ foram mobilizadas para a preparação do material promocional. O trabalho de busca da melhor estratégia e a apresentação nos moldes do que há de mais atual em matéria de tecnologia exigiram um mês e meio de atividade. A equipe trabalhou 11 horas por dia, na tentativa de finalizar a tarefa e, só de hora extra foram gastos mais de R$ 4 mil. A agência fez a apresentação do projeto para o cliente e ficou à espera da aprovação. Sem resposta, passou a fazer ligações constantes, na expectativa de uma decisão. Depois de algum tempo, o cliente comunicou que iria cancelar o projeto, porque não sabia bem o que queria.
CASO 2 - Uma indústria de bebidas solicitou o layout de uma barraca promocional para ser colocada em um posto de gasolina. Uma semana foi o tempo gasto para a preparação do projeto. Quatro profissionais se empenharam, entre outras atividades, em fotografar o local, escanear cromos com as logomarcas e dar andamento ao trabalho. Com o orçamento inicial recusado, a agência fez alguns cortes para chegar aos R$ 4 mil que o cliente dispunha. Satisfeito, o cliente solicitou à agência que se preparasse para finalizar o trabalho em curto período de tempo. O tempo foi passando e nada de resposta, apesar dos inúmeros contatos. Finalmente, o cliente avisou que não precisava mais do projeto.
Acho que devemos insistir com o assunto até a exaustão, para que possamos, senão extirpar definitivamente este mal, reduzi-lo ao mínimo, através do constrangimento. O job especulativo, como bem definiu Gilberto Strunck em um artigo para o jornal da Ampro, não pode mais fazer parte de nosso dia-a-dia.
É necessário que as agências de marketing promocional se mobilizem, não só questionando e rejeitando a participação em processos especulativos como também denunciando essas deformações de mercado, como fizeram as empresas nos dois casos descritos acima.
Como presidente do Capítulo Rio da Ampro, estou disposta a dar todo o apoio a esta cruzada, inclusive recebendo novas denúncias, porque é importante que tornemos público esses exemplos.
Há de chegar o dia em que seremos mais respeitados - ou pelo menos remunerados por algum trabalho que tenha sido abortado antes do fim.

• Maria Helena Araujo
Presidente Ampro/Rio