Janela Publicitária    
 
  Publicada desde 15/07/1977.
Na Web desde 12/07/1996.
 

Janela Publicitária - Edição de 15/SET/1989
Marcio Ehrlich

 

Esta edição da Janela Publicitária foi publicada originalmente no jornal Monitor Mercantil.
O seu conteúdo foi escaneado e transcrito para ficar à disposição de consultas pela internet.

Mídias querem prever "O Futuro do Espaço"

Que os mídias brasileiros preparem os seus trajes espaciais. Vão todos viajar para o futuro. É que nos próximos dias 19 a 21 de outubro, o Grupo de Mídia do Rio de Janeiro vai promover no Hotel Sans Souci, de Friburgo, o seu seminário "Mídia Anos 90 - Previsões sobre o Futuro do Espaço", que pretende reunir mais de 150 profissionais de mídia de todo o Brasil em torno de discussões sobre o setor.
Orlando Lopes, comandante da nave e presidente do Grupo de Mídia do Rio, diz que a viagem tem como objetivo preparar os profissionais da área para as tendências da década dos 90. E é bom lembrar que - queiram os professores e teóricos/puristas ou não - ela se inicia na prática e na cabeça das pessoas dentro de exatamente 107 dias. Para conhecer "O Futuro do Espaço", durante aqueles 3 dias os mídias serão submetidos a uma maratona de quase 20 palestras e debates sobre as questões internas de mídia, as questões dos veículos de comunicação e as questões de relacionamento da mídia com as demais áreas de propaganda.
Entre os assuntos mais polêmicos do dia 19, dedicado aos assuntos internos da mídia, está a melhoria dos sistemas de fiscalização (checking). A comprovação de que um anúncio ou um comercial foi efetivamente veiculado se tornou crítica no momento em que os veículos passaram a reduzir os prazos de pagamento das faturas de veiculação. Sobre "Fiscalização e Concorrência" estará falando Miklos P. Hromada, presidente da Leda-Levantamento de Dados de Anunciantes. Mas o primeiro dia ainda apresentará Carlos Augusto Montenegro (Ibope) falando sobre "O Instrumental de Pesquisa dos Anos 90", Carlos Eduardo Jardim (IVC) sobre "Auditagem na Mídia Impressa", Paulo Chueiri (CBBA/Propeg) sobre "O Departamento de Mídia dos Anos 90", José Francisco Queiroz (Norton) sobre "O Perfil do Profissional de Mídia da Nova Década" e Luiz Grottera (Grottera & Mauger) sobre "Bureau de Mídia".
No dia 20, é a vez dos veículos se apresentarem. Entre as palestras confirmadas estão as de Luis Eduardo Vasconcelos (O Globo) falando sobre "Jornal", Jonas Suassuna (Zupt) sobre "Cinema", Ricardo Fischer (Editora Globo) sobre "Revistas", Eduardo Scarpa (Publicolor) sobre "Mídia Alternativa" e Affonso Vianna (Sima/Abre) sobre "Representantes". O Grupo de Mídia espera para a próxima semana a confirmação do palestrante sobre "Televisão". O último dia será reservado para as discussões sobre a relação da mídia com os outros setores publicitários. Estão confirmadas, por exemplo, as palestras de Roberto Leal (J. W. Thompson) que falará sobre "Os Empresários de Propaganda", Mauro Matos (CCRJ) sobre "A Criação", Paulo Secches (lnterscience) sobre "O Consumidor dos Anos 90", Luís Sérgio Borgneth (Mídia e Mercado) sobre "A Imprensa Especializada", e Daniel Barbará sobre "A Responsabilidade Social do Mídia". Mas também haverá debates sobre "O Cliente" e sobre "A Responsabilidade Social da Mídia", com nomes que ainda estão sendo confirmados.
Além destes encontros, no dia 18 à noite, os 15 presidentes dos Grupos de Mídia existentes através do Brasil estarão se reunindo reservadamente no 2º Encontro Nacional dos Grupos de Mídia, para trocar ideias sobre a situação da atividade nos diversos mercados brasileiros.
As inscrições para o Seminário "Mídia Anos 90" ainda não estão abertas, mas quando estiverem serão feitas na ABP, com a famosa D. Leila. Aliás, a partir da semana que vem, ela também poderá prestar informações sobre como participar.
Até o fechamento desta coluna, Orlando Lopes não sabia exatamente, quanto custaria a inscrição. É que ainda faltam confirmar alguns santos patrocinadores, que vão ajudar pagando algumas despesas e permitindo diminuir os preços das inscrições. Até o momento, confirmaram seus patrocínios O Globo, a Editora Globo e o Grupo Sima, louvados sejam.

RTVs pedem licença e vão à luta no Rio

Pode até não durar muito - como costuma acontecer com tudo no Brasil -, mas no momento os RTVs cariocas estão numa empolgação tão grande que de qualquer jeito vai trazer resultados imediatos, inestimáveis para a valorização do setor.
Veja só: na próxima quarta-feira, os RTVs cariocas em peso vão lotar a sala de reunião da Almap-Rio para ouvirem Fredy Nabhan - que atualmente é diretor free­lancer de comerciais - falar sobre sua experiência como um dos últimos RTVs fortes do mercado carioca. Fredy foi quem - há uns 8 anos - estruturou o departamento de RTV da MPM numa das fases mais produtivas e criativas da agência no Rio de Janeiro.
Depois deste encontro, o grupo de RTVs que está tentando organizar uma associação para representar a classe perante a publicidade carioca vai promover uma série de palestras de profissionais de cinema e som publicitário - e que talvez sejam até abertas a outros publicitários e a estudantes de comunicação (como maneira de estimular a formação de novos RTVs). Os convidados para estas palestras são quentíssimos. Já confirmaram a presença nomes como Carlos Manga (diretor), João Daniel (diretor), Paulo Parente (produtor), Mauro Matos (criador), Jean "JB" Benoit (diretor de fotografia) e José Dias (computação gráfica), cobrindo várias áreas que o RTV precisa conhecer bem.
Tudo isto é resultado de um movimento que começou há poucos meses mas já teve como realização concreta o debate "Nós da Criação", promovido pelo Clube de Criação do Rio, no auditório da Candido Mendes.
Quer dizer, o debate em si não foi lá tão polêmico quanto alguns imaginavam. Afinal, publicitário não é médico, detesta botar o dedo em ferida:
Mas o encontro serviu para deixar claro que as expectativas profissionais dos RTVs e dos criadores de agências não dançavam no mesmo ritmo.
Bom de gingado, Fábio Siqueira, diretor de criação da MPM, foi quem trouxe a melhor proposta para coreografar o passo. A partir de agora, prometeu, a MPM vai colocar seus RTVs em íntimo contato com as duplas de criação, acompanhado o briefing desde o início, para dar sua ajuda no resultado da criação de comerciais e fonogramas.
No mais, ficou claro que, para abrir mais espaço nas agências, são os próprios RTVs que devem levar suas pás e enxadas. Picaretas não. Por isso é que os RTVs têm mais é que ir à luta com essas palestras e cursos de aprimoramento profissional, mostrando que o interesse deles não é reclamar mais espaço profissional e sim dar à publicidade a colaboração que ela precisa deles.

O anúncio do desejo e o objeto do.

Está provado: nove entre dez estrelas da criação publicitária carioca preferem poesia. Isso ficou provado no sucesso que foi a Primeira Noite de Poesia, no Zanty Bar, em 19 de abril. Tanto foi que precisou de um bis em junho. Já a décima estrela preferiu partir para uma triste performance etílico-babaquítica, sendo devidamente ovacionada pelo público, com vaias na ausência de ovos.
A mistura poeta-criador-ao-vivo alternando com os atores do grupo, Ações Preferenciais, dirigidos por Marcio Ehrlich, mostrou que é uma boa maneira de passar o recado sem cansar a plateia.
Agora, a fórmula foi aprimorada e vem aí a Segunda Noite de Poesia do Clube de Criação do Rio de Janeiro com um tema da pesada: O desejo.
Que tipo de desejo, não sei. Mas pode ser desde aquele explícito, pela musa, até aquele mais sutil, o de mudança psico-orgânica-social-escambau.
Quem quiser participar, e já tiver o poema sobre o tema, que entre em contato com o Marcio Ehrlich ou comigo, rapidinho.
Quem não tiver o poema ainda, que entre em contato daqui a pouco.
Já estamos armando o grande circo do desejo quem sabe desta vez até com algo mais que a cara, o coração e a coragem: com patrocinador.
Para terminar, outro desejo: que todos, poetas publicitários e publicitários poetas, enviem logo seus poemas (mais uma foto e 6 linhas de biografia) para a Antologia Carioca dos Poetas Publicitários.
Não há julgamento nem prêmios nem nenhuma outra exigência para entrar, a não ser a de ser criador (também) de propaganda no Rio.
Tanto a Segunda Noite como a Antologia só dependem, para marcar datas definitivas, dos amigos (as) poetas que, unidos, jamais serão preteridos.
O prazo é o mesmo dessas coisas que a gente escreve todo dia pra sobreviver: pra ontem.
Poesia quae sera tamen. Ulisses Tavares, poeta e publicitário, ou verso.
(Transcrito do Jornal do Clube de Criação do Rio de Janeiro).iro).