Janela Publicitária    
 
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Na Web desde 12/07/1996.
 

Janela Publicitária - Edição de 29/JUL/1989
Marcio Ehrlich

 

Esta edição da Janela Publicitária foi publicada originalmente no jornal Monitor Mercantil.
O seu conteúdo foi escaneado e transcrito para ficar à disposição de consultas pela internet.

Empresário nacional: desprezado e invejado

 

Ser empresário neste capitalismo heterodoxo praticado no Brasil é tarefa das mais ingratas. Além de sofrer as dificuldades impostas por um governo super­controlador, o empresário não tem apoio sequer do consumidor, como comprovou a pesquisa telefônica Listening Post nº 54, realizada pela Standard Ogilvy & Mather no último mês de abril com 400 donas-de-casa e 400 chefes de família em São Paulo, Rio, Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre, Salvador e Recife.
Pelo levantamento, a uma pergunta aberta sobre como definiriam o empresário nacional hoje, 45% dos entrevistados deixaram transparecer uma imagem negativa, ganhando dos 38% que lhes deram uma imagem positiva.
Conta o empresário nacional, pesa tanto a acusação de "aproveitador" ou "insuflador" da crise quanto a acusação de "explorador da mão-de-obra". O empresário é o "oportunista" sempre pronto a trair os acordos com o governo, a eminência parda nas mãos da qual o governo é "mero fantoche" (14% das menções). O empresário é o patrão que sempre quer "sugar o máximo de seus empregados/só vê o seu próprio lado/esquece o valor pessoal de seus empregados" (11% das menções).
Pelo outro lado, o argumento espontaneamente mais lembrado em defesa do empresário nacional ­ com 22% das menções - é de que ele é, acima de tudo, "um herói": um esforçado, um obstinado, um cidadão "atrapalhado" pelo governo, sempre em luta contra "o tentáculo estatal", que sofre para implantar e desenvolver seus negócios em meio à instabilidade geral do país. Um verdadeiro "Mandrake", cuja principal característica é a agilidade, a magia de um grande jogo de cintura.
Mas como somos todos brasileiros, os culpados e os maus são sempre os outros. Felizmente, nunca nós mesmos. Não por outra razão, nada menos que 55% dos entrevistados, quando perguntados sobre qual a relação de trabalho preferida, escolheram "Ter o seu próprio negócio", ou seja, também virarem empresários! Esta opção desbancou de longe ter um bom emprego numa multinacional (17%) ainda assim um incrível segundo lugar, numa empresa privada nacional (11%), numa empresa pública (9%) e numa estatal (6%).
Entre as principais razões para se tornarem patrões, os brasileiros ficam com "para ser independente/ter liberdade de ação" (23%), "para ter uma independência econômica" (17%) e "porque é mais motivador/mais gratificante/mais prazeroso" (17%).
Outro aspecto curioso da pesquisa foi verificar que, mesmo 84% dos entrevistados achando que o empresário nacional deveria se preocupar mais com a qualidade dos seus produtos e 82% deles considerar que seriam necessários mais canais de comunicação direta com o consumidor, a proteção do meio ambiente foi a preocupação que mais mobilização conseguiu, com 97% das respostas. A ecologia - provavelmente porque ela trata de uma sobrevivência a longo prazo - chega a ser mais preocupante que a melhoria nas relações de trabalho. Itens como "aumentos reais de salário", "mais justiça social", "melhor acesso da mão-de-obra feminina" e "prevenção de acidentes de trabalho" ficaram abaixo da onda verde, com indicações de 90% a 95%.
O que o brasileiro ainda mantém bem viva é a xenofobia. Mesmo não sendo uma cisão maciça, a maioria dos consumidores entrevistados fecharia as portas das empresas multinacionais como solução para desenvolver o país e suas empresas.

'Vive la France' superou expectativa da Mesbla

Provarejo para Mesbla: Vive La France
N.R.(2014): O evento foi produzido pela SRCom, de Sheila Roza. A foto acima é uma das pouquíssimas que encontramos na internet, postada por Osmar Carioca. Não conseguimos localizá-lo para confirmar o crédito da autoria.

O projeto "Vive la France", criado pela Mesbla em homenagem ao bicentenário da Revolução Francesa, superou as expectativas da empresa, gerando uma demanda adicional de consumo que, em apenas uma semana, absorveu 87,5% dos 800 produtos desenvolvidos com exclusividade para a campanha "A França está na Mesbla", promovida nas 48 lojas da rede em todo o Brasil entre os dias 24 de junho e 15 de julho. Para o superintendente de Propaganda e Promoções da Mesbla, Miguel Barros, esse resultado reflete o sucesso da estratégia de marketing integrado adotada pela empresa com a utilização simultânea de todos os instrumentos de comunicação de marketing disponíveis, de promoção à publicidade.
Segundo a diretora executiva da empresa, Leila Lória, esta foi a primeira vez que se realizou no Brasil uma ação do porte do projeto "Vive la France", capaz de utilizar, a nível nacional, todos os instrumentos de comunicação de marketing para uma campanha de 15 dias. "Criamos uma data só nossa, direcionando a demanda por produtos específicos - as linhas de inspiração francesa - encontradas apenas em nossas lojas", assinala Leila Lória.
As lojas da rede, aliás, foram transformadas em verdadeiras ruas francesas, decoradas com bandeiras em azul, vermelho e branco, réplicas da Torre Eiffel e até dos tradicionais carrinhos que vendem croissants. Produtos exclusivos, num total de 557 mil itens, foram criados para diversas linhas como a Provençal, a Les Vins et les Fromages (queijos e vinhos), a impressionista e a Bleu, Blanc, Rouge (azul, branco e vermelho) e reuniam desde buttons e mochilas até relógios e roupões de banho. Três grandes destaques da campanha - as linhas exclusivas de aparelhos de jantar, café e chá, assinadas pelo chef Claude Troisgros; a coleção de mesa assinada pelo estilista Daniel Hechter, e a de produtos de cama, mesa e banho com motivos inspirados nos traços impressionistas - continuam a ser comercializados.
Num investimento de US$ 1,2 milhão, o projeto envolveu a montagem de uma réplica da Torre Eiffel no Aterro do Flamengo, no Rio, para um grande espetáculo de música e dança, onde a estrela foi o bailarino Jorge Donn dançando o "Bolero", de Ravel; decoração e promoção nas lojas; produção de 1,5 milhão de tabloides, encartados nos principais jornais do país; veiculação de comerciais na TV e anúncios em jornais, além da utilização de serviços, de assessoria de imprensa e de relações públicas.
Para a campanha, a agência de publicidade da Mesbla, a Provarejo, criou um comercial de TV pontuado pelo flerte de um jovem casal pelas ruas de Paris. Na verdade, o cenário era o interior de uma loja da Mesbla, que ganhou o visual do centro parisiense com extrema riqueza de detalhes. "Nosso objetivo foi mostrar que as linhas de inspiração francesa estavam sendo comercializadas em pequenas butiques em todas as seções das lojas", disse a diretora de Atendimento da Provarejo, Dóris Calmon.

MKTMIX

• ASSESSOR NA MODA - A Assessor está com conta nova: a Vega Dados, empresa que atua em know-how e tecnologia de software para a Indústria da moda e da confecção têxtil, no Rio de Janeiro.
• EUGENIO MUDA E CONTRATA - Eugenio Fernandes mudou o nome de sua produtora. De "Eugenio Vídeo Produções" passou para "Eugenio Produções Cine­VT", para ampliar a sua participação de mercado. E contratou para o atendimento Áurea Helena Weissheimer (ex-Abap e Globotec) e Wilson Novaes.
• CULTURA RÁPIDA ­ Dia 10 de agosto, o Ministério da Cultura vai abrir a concorrência para a escolha de 2 agências que cuidarão de sua propaganda nos meses que restam de 1989. Deve ter boa verba por lá alocada que precisa ser gasta antes de o governo acabar. Os editais estão a disposição dos interessados na sala 111 do 1º andar do Ed. Central Brasília/SBN, Brasília, DF .
• NOVAS NA VS - A VS Escala contratou Kaleco Sá, ex-Diler, para cuidar do atendimento, no Rio, das contas de Brasília, como o Ministério da Saúde e o jornal Correio Braziliense. E a agência também passou a cuidar da propaganda da Souza Cruz para suas promoções na região Norte-Nordeste.
• DESCAMINHO NA GRAVATAHY - Acabou não se concretizando a abertura do escritório carioca da agência pernambucana Gravatahy, que chegou até a ter dia marcado, e contaria com a gerência de Sérgio Pavan. Mudanças nas relações comerciais de Pavan fizeram o Banorte - dono da agência - se desinteressar do negócio.