Janela Publicitária    
 
  Publicada desde 15/07/1977.
Na Web desde 12/07/1996.
 

Janela Publicitária - Edição de 27/JUN/1986
Marcio Ehrlich e Marcia Brito

 

Esta edição da Janela Publicitária foi publicada originalmente no jornal Monitor Mercantil.
O seu conteúdo foi escaneado e transcrito para ficar à disposição de consultas pela internet.

Brasil promove turismo nos Estados Unidos

Standard Ogilvy & Mather para PanAmCerca de 15% dos turistas estrangeiros que visitam o país são norte­ americanos. O Brasil, contudo, não representa mais de 0,6% do total de destinos escolhidos pelos americanos em suas viagens de turismo. Dispostos a modificar estas estatísticas de um tipo de turista que é peso-pesado para o setor no país, a Embratur, com apoio da Varig, Pan Am e American Express Card decidiram somar esforços e mais US$ 2 milhões para incrementar, em curto prazo, o trânsito de viajantes norte-americanos para o Brasil.
O pool, escorado pelo trabalho da agência Standard, Ogilvy & Mather, deslanchou este mês uma campanha publicitária destinada a mostrar para os americanos o que o Brasil pode oferecer para suas férias. A associação da estatal Embratur com mais três empresas privadas num empreendimento comum, por si só, já demonstra o potencial de negócios que os turistas dos EUA podem trazer para o país. Mas é a participação de duas companhias aéreas concorrentes, Varig e Pan Am, que reflete a seriedade com que a campanha vem sendo desenvolvida. O diretor de propaganda da Pan Am, Robert Drumm, estima que em um ano sua empresa e a Varig possam estar contabilizando um aumento de 20% no número de passagens vendidas para norte-americanos com destino ao Brasil.
"Varig e Pan Am sempre se relacionaram bem e agora decidiram se associar em busca dos mesmos interesses" - justifica Drumm. Por sua vez, Jerome L. Yannow, gerente comercial da Varig em Nova Iorque, também reforça a amizade com o parceiro: "Nós sabemos que o potencial turístico brasileiro é muito forte. Os americanos querem vir ao Brasil" - garante.
Eufórico, Yannow pode já estar somando a este interesse aquilo que se espera a campanha vá produzir na decisão de destinos de viagens dos americanos. Na prática, contudo, de acordo com a pesquisa encomendada pela American Express Related Travel Servíce, e que serviu de ponto de partida para a campanha publicitária, apenas um terço dos americanos entrevistados disse ter interesse em conhecer a América do Sul. Nestes números, pelo menos um conforto maior: para os norte-americanos, quase sempre América do Sul significa Brasil.
A campanha desenvolvida pela Standard, Ogilvy & Mather para o pool ganhou seu conceito com base naquilo que a pesquisa apurou. Os americanos estão em busca de uma viagem que lhes dê a oportunidade de conhecer belezas naturais, calor humano e, de modo especial, segurança. Desde o início deste mês, os maiores jornais das cidades de Nova lorque, Miami e Los Angeles já estão exibindo, aos domingos, anúncios da primeira etapa da campanha. Nesta fase, Varig e Pan Am aplicam os primeiros US$ 200 mil, anunciando pacotes de viagens de uma semana, a preços atraentes, que podem viabilizar o turismo de sonho dos americanos. Nas peças publicitárias a Embratur já entra com seu nome e logotipo.
Após esta primeira fase, que se encerra no próximo mês, a campanha assume seu formato definitivo. A frase chave - "What life was intended to be", numa tradução livre, "A vida que você gostaria de ter" - ganha 37 inserções da página dupla em cerca de 20 revistas americanas de circulação nacional, tais como Time, Newsweek, Travel & Leisure, House & Garden, e outras de uma lista que inclui até revistas de assuntos culinários. Todas elas criteriosamente escolhidas, pois atingem exatamente o público de maior poder aquisitivo e que está habituado a viajar com maior frequência.

Cannes espalha leões pelo Brasil

A propaganda brasileira conseguiu caçar oito Leões no conceituado Festival de Cannes, cujos resultados começaram a ser divulgados ontem. O único Leão de Ouro foi conquistado pelo filme "Einstein", da AdAg para as balas Soft. Foram três os Leões de Prata: "Democracia", da Contemporânea para o Jornal do Brasil; "Projecionista", da DPZ para Chandele, da Chambourcy; e "Out-door", da GGK para o creme Nívea.
Leões de Bronze, o Brasil conseguiu pegar quatro: "Intérprete de leão", da SGB para o Banespa; "Lançamento", da Artplan para a Vespa; "Ressonil", da DPZ; e "Estátua", também da DPZ, para a Bombril.
Além destes Leões, o Brasil recebeu um Diploma Especial de Humor pelo comercial "Passarinho", da Zorba, inscrito pela produtora Sequência.

Grafismos brasileiros serão editados nos EEUU

A revista americana Print está decidida a fazer um número especial dedicado a mostrar um panorama completo das artes gráficas no Brasil, hoje.
Felipe Taborda, correspondente da revista alemã Novum Gebrauchsgraphik, e agora também correspondente da Print, pede a todos os publicitários e artistas gráficos atuando no Brasil (brasileiros ou não), a lhe enviarem até 6 (seis) cromos - nos formatos 6 x 6, 6 x 7 ou 4 x 5 somente­ de seus melhores e mais recentes trabalhos, sejam marca, anúncio, poster, editorial, capa de livro ou disco, cartaz de cinema ou teatro, logotipo etc.
É importante que os trabalhos sejam em cromos e identificados, em inglês, o título (Title), e os créditos de Art Director, Illustrator, Photograher, Copywriter, Agency, Client e Year. O material deve chegar, impreterivelmente, até o dia 31 de Julho de 1986, para Felipe Taborda, à Rua Assunção, 443, Botafogo, CEP 22251, Rio de Janeiro - RJ. Qualquer dúvida, pode ligar para ele pelo telefone (021) 286-6482, ramal 202/205.

Citibank lança ouro com aprovação de pesquisa.

O Citibank acaba de lançar no mercado brasileiro um novo fundo de investimento lastreado em ouro, com o nome de Citiouro.
A campanha de lançamento do novo produto, criada pela VS Escala, foi baseada em uma sondagem de opinião realizada pela própria agência, com entrevistas em profundidade, para avaliar de que forma o público alvo - clientes e não clientes do Citibank (pessoas físicas e jurídicas) - analisa o ouro como alternativa de investimento.
Conforme explica Oswalber Fernandes, supervisor da conta na VS Escala, verificou-se na pesquisa que, embora a ideia de investir em ouro seja encarada de forma muito positiva, são pouquíssimos os investidores que chegam a concretizá-la, tanto por "não se lembrarem", como pela sensação de que o procedimento "é complicado" e ainda por acharem que o ouro é acessível apenas a grandes investidores e especuladores. "Isto é para milionário", chegou a dizer um dos entrevistados.
Curiosamente, porém, o target demonstrou uma enorme disposição em investir no metal desde que a instituição responsável tivesse imagem de alta confiabilidade, que não lhe fossem exigidas quantias muito elevadas, que o investimento tivesse liquidez e eliminasse qualquer complicação para participar. Além disto, acrescenta Oswalber, o costume do aplicador brasileiro em investir em papéis faz com que a posse física do ouro ("ter em casa") não seja valorizada, confirmando que a fórmula utilizada pelo Citibank teria todos os ingredientes para se tornar um grande sucesso.
A campanha escolhida, então, procurou dramatizar, através de uma apresentação sóbria como requer o produto, todo o potencial de atração que resulta da fusão da mística do ouro com a confiabilidade do Citibank, respondendo, com textos curtos e objetivos, às principais resistências apontadas pela pesquisa: descomplicação, flexibilidade de investimento, liquidez e dupla segurança.

Curtas

SGB traz Vicente de volta
Vicente Raggio (ex-Lintas, DPZ e Almap) é o novo vice-presidente de operações da SGB no Rio de Janeiro, ocupando o cargo deixado por Maurice Cohen, que no início do mês transferiu-se para a Scali, McCabe, Slowes.
Vicente Raggio estava ultimamente em São Paulo, como sócio da Graphix, fornecedor de serviços gráficos.

Telerj se liga numa boa
Surpreendente, a atitude da Telerj ­ Companhia Telefônica do Rio de Janeiro, de devolver as importâncias pagas pelos anunciantes da edição 1985 das listas telefônicas do Rio, confiadas à GTB - Guias Telefônicos do Brasil Ltda., que imprimiu somente 80 mil dos 2 milhões de exemplares previstos no contrato que assinou.
A empresa desembolsou Cz$ 34 milhões na operação. De qualquer maneira, o prejuízo que os anunciantes terão pela não publicação do anúncio e a população por não poder lê-los e à lista telefônica será incalculável.

Não vendo, não troco, não empresto
Juan Vicente, diretor da DPZ-Rio, nos atendeu o telefone morrendo de rir da notícia publicada pela imprensa carioca, ontem, sobre a intenção da compra da DPZ pela McCann Erickson.
Segundo ele, a grande dificuldade na negociação realmente está sendo no valor pedido pela DPZ. É que a agência estabeleceu seu preço em 20 milhões para ser vendida com todos os seus funcionários e 25 milhões para ser vendida sem os funcionários ...

Memória de um pioneiro
A Rede Brasil Sul está preparando um memorial de seu fundador, o jornalista Maurício Sirotsky Sobrinho. Para isto está solicitando que, quem tenha informações e matérias a respeito dele, colabore com o memorial enviando-as para Ilse Reichert, gerente de Relações Públicas da Rede Brasil Sul, à Av. Ipiranga, 1075/3º andar, CEP 90069, Porto Alegre - RS.

Consórcios se fortalecem
O consórcio Aliança é a mais nova conta da ABCI no Rio de Janeiro. A empresa é resultado da união de quatro grandes distribuidores Ford do Rio de Janeiro - Autobrás, Cliber, Jalex e Veja - que sentiram o momento propício para entrar no setor. A proposta do Aliança é vender que, por ter o consórcio o respaldo dos próprios distribuidores da fábrica, os automóveis podem ser entregues imediatamente após o sorteio ou o lance dos participantes dos grupos.

Contas jornalísticas
Dois jornais cariocas mudam as suas próprias contas publicitárias. O Jornal do Commercio entregou a sua conta à agência Assessor, deixando a Doberman. E O Globo passou a sua conta de noticiário e institucional para a Contemporânea, agência experiente em jornais (já atendeu o JB por um bom tempo). A parte de classificados continua com a Diler.

São Cristóvão publicitário
A Riotur começou a divulgar este mês o pavilhão de São Cristóvão junto ao meio publicitário, dentro da nova filosofia de sua administração de passar a locar o espaço às produtoras cinematográficas e agências de publicidade para gravações de comerciais e produções especiais.
Quem tiver interesse em conhecer de perto o local pode se comunicar com o administrador do pavilhão, Haroldo de Carvalho, pelo telefone 580-8000, ramais 122 e 222.

Um cruzado na mídia
O Jornal do Brasil recebeu, na quarta-feira, dia 11 de junho, Ângelo Franzão, diretor de mídia da McCann Erickson, quando ele apresentou seu trabalho sobre o "Impacto do Cruzado sobre a Mídia". Cerca de 50 publicitários dos diversos setores do Sistema JB assistiram à apresentação.

Haja imprevisto
A Brasil América Publicidade jamais poderia imaginar quão premonitória seria ao criar uma campanha para a Unimed com o jogador Sócrates, na qual ele aparece dizendo que a vida tem imprevistos.
Logo ele que, como bem lembrou o Zé da Galera, ninguém sabe quem ensinou a cobrar pênalti daquela maneira, merecia agora ser internado em qualquer serviço de fisioterapia sem que qualquer Unimed lhe pagasse a conta.

Organização é isto
De qualquer modo, vale elogiar a agilidade da TV Globo e seus patrocinadores da Copa pela rapidez com que substituíram as mensagens publicitárias que vinham acompanhando as transmissões enquanto o Brasil se mantinha na disputa.
Derrotado o "selecionado nacional", todas as chamadas foram alteradas para os comerciais tradicionais dos anunciantes, sem qualquer referência a futebol (o da Vitassay, falando sobre "levantar a cabeça", só começou um ou dois dias depois).
Só encontramos duas mancadas violentas de pouca agilidade: o daquele robozinho que dizia "está pintando Brasil no meu coração", e um outro da Sanyo, que continuaram veiculando mesmo depois da derrota brasileira. O comercial da Sanyo, então, é terrível em incompetência: aparece um sujeito, bastante canastrão, dizendo que em 1970 ele estava lá ajudando a batalhar pelo tricampeonato. Só que na tela não aparece nenhuma identificação de quem é o tal. Desde quando o espectador brasileiro é obrigado a lembrar, 16 anos depois, do rosto de todos os participantes do escrete de 70?

Slogans memoráveis
Se o Brasil não foi bem na Copa, a publicidade brasileira com certeza foi. Nós, aqui, particularmente, apesar de acharmos que já existe prêmio demais na publicidade brasileira, gostaríamos que houvesse um para premiar apenas slogans, para homenagear dois deles memoráveis que surgiram nesta Copa e que, com certeza, vão passar para a história da propaganda brasileira: "70 Neles", da DPZ, e "Olho na Copa e Brahma na mão", da Salles.
Foram duas ideias tão fortes que o da Brahma mereceu comerciais brincando com as suas próprias palavras.