Janela Publicitária    
 
  Publicada desde 15/07/1977.
Na Web desde 12/07/1996.
 

Janela Publicitária - Edição de 17/JAN/1986
Marcio Ehrlich e Marcia Brito

 

Esta edição da Janela Publicitária foi publicada originalmente no jornal Monitor Mercantil.
O seu conteúdo foi escaneado e transcrito para ficar à disposição de consultas pela internet.

Mais dirigentes cariocas fazem previsões para 1986

SEMANA passada começamos a publicar aqui alguns depoimentos de dirigentes de agências cariocas sobre as perspectivas de cada um para 1986. Vamos prosseguir hoje com novas opiniões.

Ney Cantinho, vice-presidente da Norton

"Para mim, 1986 será um ano de expectativa. Não gosto de bancar o super otimista para não me arrepender depois. Percebo que a insegurança é generalizada quanto ao que poderá acontecer no dia de amanhã nos resultados econômicos do País. Isto faz com que tenhamos que viver com o pé no chão, planejando bem como nunca antes. Os investimentos deverão ser feitos sabendo com certeza o que poderão trazer de retorno. Mesmo a nível de contratação.
"Para a Norton, acredito que continuaremos tendo bons resultados no Rio como nos últimos anos. Baseado no que a maioria dos nossos clientes nos garantiu, não só acompanharemos como ultrapassaremos um pouco a inflação".

Paulo Rolf, vice-presidente da Artplan

"A Artplan terá em 1986 um ano excepcional. Mesmo calculando a inflação deste ano em torno de 220%, cresceremos pelo menos 25% reais. Estou baseando minhas expectativas no quadro de clientes da agência, muito voltado para a área de produtos de consumo. Em 1986, vai continuar a tendência de consumo compensatório, com as pessoas cuidando mais do corpo, da beleza e do conforto, o que obrigará as empresas destes setores a anunciarem muito. Agências que tiverem produtos de consumo terão melhores resultados que as baseadas em verbas de serviços, que não estão crescendo tanto.
"Na área profissional da Artplan estaremos dando maior expansão aos setores de criação, mídia e merchandising".

Roberto Leal, vice-presidente da Thompson

"A Economia em 1986 continua nos dando sustos, pelas incertezas quanto à inflação. Os nossos clientes estão cautelosos mas sabendo que terão que reagir para enfrentar o mercado. Inclusive, acredito que os negócios da Thompson no Rio este ano crescerão mais graças ao aumento do faturamento dos clientes que por conquista de novas contas. E mesmo tendo a Thompson crescido em 1985 cerca de 500% em relação ao ano anterior, em 1986 também acredito que cresceremos acima da inflação".

Fenapro garante que Governo impugna concorrência da CBTU

O presidente da Fenapro - Federação Nacional das Agências de Propaganda, Álvaro Resende, informou ontem a este colunista que a entidade conseguiu do secretário de Imprensa e Divulgação da Presidência da República, Fernando Mesquita, e do Assessor de Propaganda, Luís Gutemberg, a promessa de que a concorrência da CBTU ­ Companhia Brasileira de Trens Urbanos, para a campanha de promoção do Vale Transporte, seria anulada.
Segundo Resende, para a decisão do Governo foi muito importante o apoio da ABAP, através do telex enviado anteriormente àquele órgão do Ministério dos Transportes, e também a matéria publicada nesta coluna semana passada, quando apontamos uma série de preocupações do mercado a respeito do edital. Nesta matéria, enviada por Álvaro Resende a Mesquita e Gutemberg, ficava claro o desgaste que esta concorrência, que tanto desagradava os publicitários, poderia trazer de incômodo também para a imagem da Nova República.
Durante a última semana, as manifestações de repúdio à concorrência da CBTU continuaram. Soubemos, por um dirigente publicitário carioca que, em conjunto, as seis maiores agências brasileiras - Almap, Denison, DPZ, MPM, Norton e Salles - haviam decidido não apresentar propostas. Além disto, corria muito forte no mercado o comentário de que a concorrência já estaria definida em favor da agência paranaense Exclam, conterrânea do ministro dos Transportes, Affonso Camargo, que sabidamente deixará o cargo em 15 de maio para concorrer a uma vaga no Senado pelo Paraná. Dizem os boatos que a Exclam já teria a 3ª campanha pronta, e não seria por outra razão que exatamente ela fora a primeira agência a adquirir o edital da CBTU.
Apesar da promessa da suspensão da concorrência, até às 11 horas desta última quinta-feira, 16 de janeiro, quando fechávamos esta matéria, a CBTU ainda não havia recebido qualquer comunicação oficial neste sentido. Disse Décio Brasil, coordenador da Comissão Permanente de Licitação da empresa, que a informação já lhe havia chegado extra­oficialmente, mas que isto não era o suficiente para qualquer tomada de decisão. Só a partir de uma comunicação oficial do Ministério dos Transportes é que a CBTU saberá que providências tomar, entre as quais estará seguramente a publicação de um aviso de suspensão na imprensa. Até está valendo e mantém a data de 21 de janeiro, às 15 horas, para a apresentação das propostas das agências de publicidade.

CARTAS

Prezado Marcio,
Li em MONITOR MERCANTIL de 27 de dezembro de 1985 matéria assinada por você com o Título "Guinle não consegue justificar o anúncio" e, sobretudo, pelo respeito e consideração que tenho a você, gostaria de fazer algumas colocações que espero mereçam a sua atenção:
1 - Nunca se tratou de "justificar o anúncio" até porque não seria necessário, uma vez que se trata de uma peça de uma campanha desenvolvida em 85 com grande sucesso e igual resultado.
2 - O que fiz, isto sim, foi tentar, dentro do possível, restabelecer a verdade dos fatos. Um deles, aliás, o principal, é que a Márcia Bulcão em momento algum solicitou a suspensão do anúncio nem à Casa Propaganda e nem ao Hotel. Mesmo assim a Agência, com a anuência do cliente, resolveu retirar o anúncio, substituindo-o por outro, provando com isto a postura altamente profissional da Agência.
3 - As explicações talvez sejam "pouco convincentes", até porque não são explicações, simplesmente, porque da parte do Hotel não havia o que e nem porque explicar, apenas, como já disse, expor o meu ponto de vista.
4 - Não posso entender e nem vislumbrar a grosseria a mim atribuída. Acho que não é só por ser "empresário de Turismo e Hotelaria que alguém deve evitar ser grosseiro", mas, simplesmente, como ser humano civilizado esta condição de comportamento se impõe. Publicamente ou não.
5 - Não tive, ao contrário do que você afirmou, a preocupação em ser espirituoso ao me referir ao umbigo da Márcia e me explico:
- Quis, tão somente, colocar que, se havia alguma longínqua semelhança, esta tinha sido muito valorizada pela ilustração.
- Ao dizer que o "umbigo da ilustração é muito mais bonito" não encerrei aí nenhuma agressão ou grosseira, pelo contrário, ao afirmar que o umbigo é muito mais bonito reconheço que o dela é bonito.
6 - Quanto aos resultados negativos da minha resposta é um critério de análise meramente pessoal ao qual me reservo o direito de respeitar sem concordar.
Em momento algum me "apresento como funcionário da área de atendimento" e muito menos tenho a pretensão de ser um profissional de propaganda. Empresto apenas à Casa Propaganda, com muito prazer, a minha colaboração como seu Diretor de Expansão e tenho convicção plena de que em momento algum provoquei qualquer tipo de desgaste à Agência e muito menos à publicidade carioca, que está dentro do cenário nacional suficientemente consolidada para se desgastar sem motivos.
Receba, caro Marcio, o meu abraço, certo de que tanto aqui no Hotel como na Casa Propaganda estou sempre à sua disposição.
José Eduardo Guinle

Curtas

• Mais uma concorrência em andamento promete agitar o mercado: a dos Correios e Telégrafos, que limitou a participação a agências cujo capital social esteja acima de 1 bilhão de cruzeiros! Além disto, a agência vencedora será obrigada a deixar em caução no Correios nada menos que Cr$ 200 milhões. Fenapro e Aba já estão se movimentando a respeito.
• A Almap-Rio contratou Celso Schwartzer (ex­Provarejo) como supervisor de atendimento, cuidando das contas da Gillette, Merck e Royal.
• A Artplan acaba de conquistar a conta de criação das campanhas do Supermercado Disco, cuja veiculação continuará sendo feita pela house-agency Passo. E a agência contratou como redator Marcos Silveira (ex-Tandem). A campanha nova do Disco entrará no ar em fevereiro.
• Está agora na Assessor a conta das máquinas de costura profissionais Pfaff, cuja campanha de mídia imprensa já está para sair. Na agência de Ivan Muniz também entrou a conta da Rama, fabricante de produtos naturais de beleza.
• José Adilson Miguel, diretor de Marketing da Brahma, está distribuindo a jornalistas o livro "José Carlos Pace - O Campeão Mundial sem Título", de Luiz Carlos Lima. Para quem não se lembra, o talentoso - e saudoso - Moco era patrocinado pela Brahma quando faleceu em 1977 em um acidente aéreo.
• O americano de Illinois J. Russel Chapman é quem está atualmente como vice-presidente de Marketing da R.J.Reynolds Tabacos no Brasil.
• Genilson Gonzaga é o novo diretor superintendente do Jornal do Commercio do Rio de Janeiro, no lugar de Ibanor Tartarotti, que assumiu novas funções no jornal. Genilson deixa a direção comercial da Revista Bolsa, mas não sua coluna "Marketing em Ação".
• Para quem ainda não sabe no Rio, o novo editor do caderno Propaganda e Marketing da Gazeta Esportiva, de São Paulo, é José Cláudio Maluf. Com isso, Maluf também deve substituir a Antoninho Pereira Rossini como participante do júri do próximo Prêmio Colunistas Nacional.
• Vai ser em março o julgamento do V Prêmio Colunistas Rio de Janeiro, que escolherá as melhores peças publicitárias criadas no Rio em 1985. As agências podem começar a separar suas peças e não reclamar que foram avisadas tarde. Dentro de poucas semanas sairá a campanha do prêmio informando como fazer as inscrições. O júri deste ano deve ser o mesmo do ano seguinte: Armando Ferrentini, Genilson Gonzaga, Lucia Leme, Márcia Brito, Marcio Ehrlich e Rafael Sampaio.
• Correspondências: Praia de Botafogo 340 gr. 210 - Tel.: 266-3131 - CEP 22250 - Rio - RJ.
• A Gradiente/Polyvox tem novo diretor de marketing: é Paulo Araújo, ex-Yamaha, que deve iniciar uma nova época naquela indústria, de preocupação com a imagem da empresa perante o consumidor. É a tal responsabilidade social do marketing, da qual muita gente se esquece.