Janela Publicitária    
 
  Publicada desde 15/07/1977.
Na Web desde 12/07/1996.
 

Janela Publicitária -- Edição de 29/AGO/1980
Marcia Brito & Marcio Ehrlich

 

Janela Publicitária
Esta edição da Janela Publicitária foi publicada originalmente no jornal Tribuna da Imprensa.
O seu conteúdo foi escaneado e transcrito para ficar à disposição de consultas pela internet.


Propaganda e Mercado
No programa Propaganda e Mercado deste sábado, às 13:30 hora; na TV Bandeirantes, Clementino Fraga Neto, presidente do capítulo carioca da ABAP -- Associação Brasileira de Agências de Propaganda e vice-presidente da Esquire, vai responder como o empresário da Propaganda está vendo o esvaziamento da economia e do setor publicitário no Rio. E João Daniel Tikhomiroff, da Jodaf, vai mostrar como foi feita a trucagem usada no comercial do Banco Mercantil de São Paulo, aquela em que o ator sai da água completamente seco. E, ainda, Maria Emília Saldanha, gerente de promoções da Editora Vecchi, vai falar como as promoções podem auxiliar na imagem de uma empresa. Não percam! Agora às 13:30 horas, hein!

O que os anunciantes cariocas acham de serem atendidos por São Paulo?

Parece não haver mais dúvida que o mercado publicitário do Rio de Janeiro, tal como no restante do país, não está enfrentando seus melhores dias. Acrescentando-se ao fato de que o Rio não dispõe de grandes e fortes anunciantes em número igual a São Paulo, por exemplo, vem se notando que as agências nacionais estão deslocando o atendimento das contas cariocas, em parte ou no todo, de seus escritórios do Rio para os de São Paulo, numa tendência, segundo alguns empresários da propaganda, de diminuir seus custos. É acaciano que, para contrapor os riscos de ter seu próprio negócio, o empresário deseje não parar de ter lucros.
Mas o que os anunciantes acham disto?
Para Rogério Herlin, gerente de produto do Guaraná Taí, que tinha sua criação na DPZ-Rio, e há dois meses passou a ser atendido por São Paulo, "o ideal seria uma conta carioca ser atendida pelo Rio, para o cliente ter maior mobilidade de respostas imediatas às suas necessidades". Herlin afirma que a Coca-Cola aceitou a proposta da DPZ porque a agência se comprometeu a montar um esquema que não a atrapalhasse. "Como o negócio é recente -- continuou Rogério Herlin -- ainda não pudemos sentir problemas, mas, por uma questão de lógica sabemos que ele pode surgir."
Herlin -- que prevê ainda um prazo de quatro meses para a Coca-Cola avaliar melhor a nova situação -- teme que, com o esvaziamento econômico do Rio, também caia a disponibilidade de profissionais de gabarito a médio prazo, assim como diminua bastante a qualidade dos fornecedores cariocas, que tenderiam inclusive a se deslocar para São Paulo.
Já Mauro Buccos, gerente de marketing da Seagram, enfrenta uma situação diferente. Seus produtos, Cachaça de São Francisco e Ron Montilla são atendidos pela Standard, que tem a dupla de criação principal em São Paulo mas mantém criadores no Rio para material promocional e outros serviços. Para Buccos, a questão depende fundamentalmente de como a agência está estruturada para manter este esquema, "porque para a Seagram não há diferença". Inclusive porque Buccos considera que a capacidade do profissional de criação e de produção gráfica no Rio não tenha nada a dever à do de São Paulo.
Perguntado sobre a responsabilidade do anunciante na preservação do mercado local, Mauro Buccos defendeu a posição da Seagram, que "tem aqui a Artplan e a SGB atendendo localmente seus produtos, apesar de ambas terem criação em São Paulo". Ele acusa, porém, as agências de terem responsabilidades nas dificuldades imputadas ao criador carioca, "porque as próprias agências nacionais, em sua maioria, concentram em São Paulo seus departamentos de pesquisa, que atualmente são indispensáveis à criação". Informando que estava "falando como publicitário", Buccos ainda lembrou que também na mídia as próprias agências não prestigiam o Rio, deixando, em São Paulo, não só sua central de mídia como um número muito maior de informações necessárias para o profissional trabalhar.
Outra situação curiosa é vívida pela IBM que, segundo Brian Cullen Vianna, gerente de promoções da empresa (e que até ano passado também atuava na propaganda), tem seu atendimento e sua dupla de criação no Rio, mas a direção de criação, sediada em São Paulo, vem regularmente ao Rio para definir novas estratégias junto ao cliente.
Segundo Brian Cullen, esta situação não prejudica a IBM, que respeita a decisão operacional da Norton de manter supervisão sobre a criação do Rio, principalmente por ser a matriz da agência em São Paulo, "da mesma maneira que qualquer empresa que tenha filial em outro Estado".
Na próxima semana pretendemos continuar entrevistando outros anunciantes.

Um retrato em preto & preto do fotógrafo profissional no Brasil.

No dia 19 passado, o fotógrafo publicitário Sebastião Barbosa comemorou, de sua maneira, o Dia Mundial da Fotografia. Sebastião festejou o acontecimento mostrando seu trabalho ao povo, na Cinelândia, aproveitando a oportunidade para também convocar seus colegas de profissão, através de um criativo cartaz, para uma meditação sobre os problemas que a classe tem enfrentado. Pela importância do alerta contido no documento e para informação dos leitores, transcrevemos aqui, na Janela, o "Retrato do Fotógrafo Profissional Brasileiro", segundo Sebastião Barbosa.
1 -- A profissão de fotógrafo não existe juridicamente no Brasil; posto que ela não é reconhecida ou regulamentada por lei congressual ou decreto-lei;
2 -- O equipamento estrangeiro, utilizado pelo fotógrafo profissional, é considerado supérfluo e taxado em 300% como qualquer bugiganga, cigarros, bebidas, etc.;
3 -- Os materiais básicos (filmes, papéis, prod. químicos), são colocados no mercado quase exclusivamente por uma multinacional sem que qualquer órgão público lhes controle os preços cobrados e a qualidade dos produtos postos à venda;
4 -- A chamada Indústria especializada nacional, acobertada pela falácia de estar produzindo o "Similar nacional" nos impinge seus produtos de péssima qualidade, a preços iguais aos materiais importados, sem oferecer a assistência técnica e a reposição de peças que seria honesta e correta.
5 -- Por não ser uma profissão legalizada, inexistem escolas oficiais de formação profissional que serviriam para incentivar os jovens, criar e dinamizar novos mercados de trabalho e implantar honestidade e disciplina no meio;
6 -- A já famosa lei 5.088, que rege os direitos autorais no Brasil, além de não estar regulamentada para proteger o trabalho dos fotógrafos, na pequena parte que caberia a estes, é cheia de duplos sentidos e evasivas duvidosas;
7 -- Diante do marasmo geral e do desencontro reinante na classe; ao consumidor indireto do trabalho do desorganizado, despreparado e desprotegido fotógrafo profissional do Brasil (Empresas jornalísticas, Agências de publicidade, editoras e até agências de fotografias), resta a impunidade sob todos os títulos; desde a forma, por vezes desonesta, de "dar" o trabalho, o desconto de percentuais ilegais e indevidos, o pagamento e a utilização desenfreada de fotografias estrangeiras (comercializadas à larga por agências estrangeiras), sem que caiba qualquer espaço obrigatório ou mesmo algum dividendo desta comercialização aos profissionais nacionais, como é costume em outros países.

Brainstorming • Brainstorming • Brainstorming

A Thompson abriu mão da conta da Companhia Atlantic de Petróleo, após 50 anos de atendimento (era a mais antiga do escritório carioca da agência), alegando que a conta não estava sendo rentável. De qualquer maneira, lavamos as mãos e informamos às outras agências que o responsável pela propaganda da Atlantic é Jaime Jobim, que tem seu escritório na Av. Nilo Peçanha, 155 - 9º andar, com o telefone 292-4411.
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A Associação Brasileira dos Diplomados em Comunicação Social homenageará, durante almoço amanhã, no Restaurante Solaris, os Destaques do Ano em Comunicação, eleitos pela entidade. Este ano, na área de propaganda foi eleita D. Eugênia Nussinkis, diretora de propaganda da Gillette; na área de ensino, o Prof. Albert Ebert, decano da UFRJ; na área de Relações Públicas, Regis Carneiro, presidente do Diretório da ABRP; e na área de Jornalismo, o jornalista Oscar Barbosa, da Rádio JB. Presidirá a entrega Lício Ramos de Araújo, presidente da ABDCS, e do CONRERP-RJ.
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Continua dando resultado para a Lage Stabel & Guerreiro sua associação com a BBDO International. Provavelmente não por coincidência, a BBDO atende nos Estados Unidos grande parte da conta da Gillette, e no Brasil, a Gillette resolveu entregar à LS&G a conta publicitária de seus novos produtos. As partes atendidas pela Almap e pela Esquire, no entanto, não deverão sofrer alterações.
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A Marschalk, uma das agências de crescimento mais rápido dos EUA, e que já fazia parte do Grupo Interpublic, foi incorporada à rede Campbell-Ewald Mundial, da qual a Proeme faz parte no Brasil.
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Espera-se que em breve se resolva o pequeno desencanto no relacionamento da Embratur com suas agências. A despeito das constantes declarações super otimistas e dos planos promissores de Miguel Colassuono, a verba necessária para financiar as campanhas não estava dando o ar de sua graça. Agora, pelo que se comenta, finalmente a Embratur, recebeu pelo menos 300 milhões de cruzeiros para destinar à publicidade, devendo dividi-los entre Almap, Denison, MPM, Norton e Salles.
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A Samello está preparando o lançamento, para outubro, de uma linha de calçados que promete gerar polêmica. O nome da linha é -- e imaginem o que pode advir dai -- "Coca-Line".
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Stanley Chevalier -- o Estanislau Cavalheiro -- é agora o novo Diretor de Criação da agência Assessor.
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A conta da fábrica de produtos de couro Mundial, que era da Redinger & JG, está agora com a Garden, agência que também conquistou parte da conta da Polipropileno.
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Os sócios do Clube de Criação do Rio estão sendo convocados para a Assembleia Geral Extraordinária, na sede à Av. Ataulfo de Paiva, 135, sala 1405, Leblon, dia 19 de setembro, segunda-feira, às 20:30h., para deliberar pelo pedido de licença por algumas semanas de Carlos Martins e Hayle Gadelha membros do colegiado do CCRJ, e sua eventual substituição durante aquele período. Ao que parece, as novas normas do CCRJ que instituíram o colegiado não previram diretores que automaticamente alçassem aquelas funções no eventual impedimento dos membros efetivos.
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José Roberto Berni desligou-se da direção da Divisão & Engenho, em Salvador, passando a secretariar a APsBahia, na preparação do IV Congresso Brasileiro de Propaganda.
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A TV Globo apresenta hoje o especial de Augusto César Vannuci, sobre "Cem anos de Espetáculos", patrocinado exclusivamente pela Hering, a das malhas, que comemora este ano seu centenário. Os comerciais institucionais que irão ao ar junto com o programa foram produzidos pela Central Globo de Produção, supervisionados pela Denison, agência que sabe faturar muito bem as efemérides como esta de seus clientes. Lembrem-se do recente cinquentenário dos Chocolates Garoto.
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Comenta-se em São Paulo que o Senador Amaral Furlan estaria pretendendo processar Luís Fernando Furquim, presidente da ABA-Associação Brasileira de Anunciantes, por suas declarações a Asteriscos, no Diário Popular deste último domingo, quando Furquim disse, entre outras coisas, que "o projeto Furlam é uma caca". Ainda sabendo que não deve ter sido bem caca o que Furquim disse, o senador não deveria esquecer que a liberdade de expressão é um dos primordiais direitos da democracia. Ou será que por ser senador biônico Amaral Furlan não sabe disso?
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A Saldiva, agência paulista que não tem escritório no Rio, acaba de conquistar a conta da Colmeina, empresa líder no mercado das ceras e produtos similares, recentemente associada à Airwick, outra empresa do setor. A Colmeina Airwick produz a cera Colmeina, além dos conhecidos Neocid, Renov-ar, gotas Binaca, Pinho Lider e Cypol, numa verba para 1981 prevista para 150 milhões, o que dobrará o faturamento da Saldiva.
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Os filmes "Du Loren Torcicolo" e "Apartamentos sem quartos", criados pela Estrutural, ganharam, respectivamente, os prêmios "Outstanding Product" e "Special Merit", no recém encerrado Festival do Filme Publicitário de Chicago.
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A McCann-São Paulo esta com novo gerente -- Raymond Kryvicky -, que há cinco anos veio da McCann, dos Estados Unidos para a agência no Brasil, tendo sido aqui Supervisor de Atendimento a nível de Gerência e subgerente do escritório de São Paulo. Como presidente e gerente-geral da McCann-Brasil continua Jens Olesen, também sediado em São Paulo.
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A Bloch está se preparando para lançar a revista Bon Vivant, a ser editada pelo mesmo grupo que cuida de Ele Ela. E por falar em Ele Ela, o número que está nas bancas alcançou o recorde de 420 mil exemplares, atingindo, segundo estudos da Marplan, um total de 5.664.000 leitores, com uma renda mensal média de Cr$ 48 mil. E Ele e Ela, agora também conta com uma coluna de propaganda assinada por Marcio Ehrlich.
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Ainda sobre a Bloch, já foi Inaugurada, este mês, a Rádio Manchete FM, de Recife.
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Enquanto uns falam em crise, outros divulgam opulências. É a loucura dessa contradição da Propaganda: O Açúcar União, através da Gang, sua nova agência, está comunicando que nos dias 1, 2 e 3 de setembro, nacionalmente, no primeiro intervalo de Coração Alado, serão veiculados três filmes, COM 2 MINUTOS DE DURAÇÃO CADA UM, com a nova campanha do produto. Segundo o convite, os comerciais, realizados com os mais sofisticados recursos cinematográficos, são verdadeiros filmes de arte.